Coração Indeciso - Capítulo XXXII

Um conto erótico de Arantes, Henrique.
Categoria: Homossexual
Contém 5204 palavras
Data: 04/02/2014 08:57:46

Ufaaaaaa, até que enfim ele postou, né? Uashuashuhsuahsahuas’ Bom, tá aqui o sofrido Henrique. Quero dizer novamente que não foi minha culpa ficar todooooo esse tempo sem postar, mas sim das outras pessoas hsuahusahuhsua. Então aproveitem, espero que gostem e como sempre.... Como diz Caê: Mando um beijaço a todos!―Não me segura! Deixa eu matar esse desgraçado! ― Vi um canivete cravado em meu ombro a dor era imensa. Ela arrancou o canivetedo meu ombro. Soltei um grito que me deixou mudo. Meu ombro sangrava fartamente enquanto eu pressionava com minha mão.

Ricardo apertou o pulso dela e o canivete caiu. Ele chutou o canivete, o canivete foi para debaixo de sua cama e ele perdeu o pulso dela. Ela pulou em cima de mim e tentou esganar-me no canto da parede, onde eu estava. Com um de meus braços livre, taquei molemente no rosto dela, derrubei-a com uma rasteira.

―Ela desmaiou mesmo? ―perguntei.

―Sim. ― falou Ricardo chamando a policia. Ele pegou uma camisa no quarto tentou envolve-a em meu ombro.

― Não, não tenho que lavar. ― falei. Fui ao banheiro e lavei minhas mãos e depois dolorosamente meu ombro que sangrava fartamente.

“Alô, um carro de policia e uma ambulância aqui no condomínio das Teresas, rua 24. Sim, sim tem um ferido. Invasão de domicilio. Tudo bem.”. Ela começou a se mover. Ele carregou rápido ela para o quarto de visitas e a trancou-a lá.

―Queres que eu chame um táxi para você? ―perguntou-me.

―Sim, por favor. ―falei.

―Leva uma facada por mim e ainda pede ‘por favor’? Cara é minha obrigação! ―falou ele.

―Não foi uma facada. Foi uma canivetada. ―Tentei fazer um humor totalmente desnecessário. Discava novamente o número de um táxi no seu Rzar gigantérrimo, cabia direitinho na sua mãozorra. Ele parecia estar se sentindo muito culpado. Eu me odiava por isso!

―Não, não é sua culpa. É a culpa de uma psicopata. ― Comecei a chorar, sabia que era uma péssima hora para isso, mas não contive.

―Desculpa por te fazer por isso. ―falou ele se sentando no chão e me abraçando, meu ombro doeu. Mas mesmo assim deitei minha cabeça em seu ombro.

“Por favor um táxi, urgentemente, aqui no condomínio das Teresas. Rua 24”, falou ele. ”Sim, por favor.”

― Logo vai passar, eu prometo. ―falou ele.

«Me soltem daqui!» gritou Thaís batendo na porta. «Ricardo, seu broxa, ridículo – deu a pancada mais forte gritando – come bosta!». O táxi apitou. Ricardo me levantou consigo. Descemos as escadas.

Pressentia que esse seria nosso beijo, então roubei-o. Estar com ele era tão mágico. Parecia que meu corpo todo estava a incendiar, tocá-lo me arrepiara.

― Desculpa, mas essa é a última vez que vamos ter um lance. ― falou ele. ― Isso chegou ao fim. Só vai te machucar, tu é gente boa e não quero que sofras por mim.

Engoli em seco aquela sensação de abandono,as lágrimas me fugiam como a luz do sol toda manhã que batia em meu rosto, eu não havia aproveitado minha chance. Só fiz burradas!

― Tudo bem. ― falei quase inaldível. Ele limpou a última lágrima do meu rosto e me beijou. Ele me levou até o carro. ― Tchau... ― Toquei na mão dele abrindo a porta do carro, ele colocou uma nota de cinquenta reais em minha mão.

Eu sempre pensei que no dia que eu consiguisse tê-lo não o soltaria jamais. Vi que estava errado e que um dos meus maiores sonhos havia sido desmanchado como uma caixa de papel quando cai água.

― Ao Hospital Regional Dom Pedro II ― falei ao taxista.

Estava sem minha carteirinha do plano então o jeito seria ir ao um hospital público. Não queria preocupar Ricardo com isso. Meus pensamentos estavam revoltos, muito irrequietos. Logo quando o táxi pegava a saída da rua o carro da policia cheg pela entrada.

“Eu tô ferrado, ter que dar depoimento esclarecer as coisas e o pior de tudo: E se ela denunciar Ricardo como pedofilo?”, pensei no caminho que logo se findaria. Eu já tinha um contra-argumento. ‘Ele não queria me deixar sozinho, em casa, então decidi ficar jogando com ele até que meus pais chegassem. Ela apareceu com um canivete e me sangrou, foi isso, policial. Ela é uma doente.’”.

― Boa noite. ― disse ao sair do carro.

Entrei pela entrada de emergencia/ emergencia. “Ai que horrível! Todos me olham com despreso. Acho que pensaram que participei de alguma briga de rua.”, pensei. Cada pessoa gemendo ou; com algo para remendar, operar. Que cena horrível.

― Boa noite. ― disse a atendente com alguns fios, rebeldes, estavam fora do pitó de seu cabelo.

― Boa noite. Eu... teria como me atenderem? ― falei.

― Teria que assinar uma ficha. ― falou ela batendo uma BIC no enter do teclado branco, na parte númerica.

― Eu sou destro. ― falei meio que erguendo dolorosamente meu braço.

― Eu posso fazer sua ficha. ―disse com um ar de aff-que-saco, suspirando. Fui repassando tudo que ela me perguntava. ―Tem carteirinha do... SUS? ― perguntou já sabendo a resposta.

― Hm, não. Você poderia, por gentileza, ligar para meus pais? ―falei.

― Tudo bem. O número? ―falou ela voltando a bater a caneta só que agora no telefone. Disse lhe o número

― Olá, boa noite. Sra. Amelia? Bom aqui é do Hospital Dom Pedro II, seu filho acabou de .. . ― “Escandalo em AGORA!”, pensei. ― Calma senhora. Tem alguém ai por perto da senhora? Por favor, passe para seu marido.

“Tudo bem. Está mais calma? Ele pediu para que ligasse para a sra então, tudo bem a sra vem aqui? É na urgencia e emergencia. O.k então, tchau, boa noite.”

―Bom, eles estão vindo, agora você entra ali na enfermaria que vão lhe atender. ― ela apontou para uma entrada com aquelas portas, em verde vomito claro com uma borracha de coloração preta ao redor das vidraças, vai e vem.

Eu não sabia que se eu seria atendido ali ou em um consultorio, me deu califrios só de pensar que teria que tomar uma antitetânica.

Caminhei exitante até a porta, suava frio. Mamãe, de um jeito frenético, entrou pela porta. Eu nem sabia onde era essa reunião.

― Como aconteceu isso, Henrique?! ― falou mamãe cobrindo a boca.

―Onde tá o papai? ― perguntei.

― Nem me fale neste traste! ― falou ela. ― Vamos aonde é para ir?

― Por aquela porta. ― falei apontando para vai e vem.

― Vamos! ― Me puxou pela mão esquerda. A qualquer hora ela desataria a me esculhambar. ― Por que você não foi para o HGNF?!

― Porque papai está com a minha carteirinha! ― falei. E logicamente nada de Augusto, sinceramente já não sabia mais o que sentia o que sentir. Talvez devesse sentir somente dor.

― Henrique? ― me sentou na maca.

―Hãn, que mãe? ― Tava notando um enfermeiro grandão. Ele me lembrava muito o Ricardo, assim de costas. Como será que ele estaria?

―Eu já te perguntei, tu não respondeu. Como aconteceu isso? ―perguntou ela tentando ser calma.

― anamoradoRicaromecanivetou. ― falei sussurrando inaldívelmente.

― Que garoto? ― falou ela. Repeti ainda maisbaixo. Sabia que uma hora ou outra ela iria saber quem tinha me “canivetado”. Só tava com um pouquinho de medo. ―Não entendi nada.

―Não quero mais falar também. ― falei.

― Só não te bato por que tás ferido. ― ameaçou.

―Ai, mãe a senhora nunca me bateu. Nem venha. ― falei. ― Acho que tô ficando com febre.

― Deita ai menino agora fica sentado. ― falou ela.

― Não. Nem sei se tá limpa. ― reclamei olhando para o plastico azul. ― E ia ficar muito “ai tô miserável. ― emprensei meu braço esquerdo nas minhas pernas.

― Boa noite, o que temos aqui? ― perguntou um médico idoso.

― Um corte ... ― disse mamãe me olhando. ― Foi em uma briguinha.

― Amélia? ― falou o médico.

― O sr me conhece ? ― perguntou mamãe.

― Benicio Almeida, do Hospital dos Trezentos. ― falou ele. ― Amigo de escola da sua mãe, Francisca.

― Oh, meu Deus! Como vai o senhor e Dona Alicia? ― perguntou.

―Vai bem. ― disse ele desenrolando meu ombro. Gemi. ― Temos que fazer uma limpeza. ― Ele puxou um banco, colocou luvas e molhou um algodão em água oxigenada. Começou a passar em meu ombro que latejava. Fechava meus olhos e comprimia meu maxilar. E murmurava “Ais” .

“Está um pouco inflamado, você já tomou a vacina antitetânica?” perguntou o médico.

― Não, ele morre de medo de injeções. ― falou a mamãe.

― Bom, mas agora ele vai ter que tomar uma dose aqui e vamos fazer uma sutura. Costurar, melhor dizendo. ― Comecei a virar o beiço. ― Vai ser rápidinho. Nem vai doer. Ele é alergico algum medicamento?

― Sim, ele é alérgico a Fenergan, Rocefin. Te lembra daquela vez que tu tavas com infecção urinária? Foi tomar rocefin e ... ― falou mamãe mamãe rindo enquanto ele, o médico, preenchia um prontuário. Não ri para ela. ― Ele também não come mariscos. Acho que é só isso tua vó que tem uma lista, né?

― É. ― falei de saco cheio.

― Tudo bem qualquer coisa ele ficava mais um pouquinho para bater-papo. ― Puxou a folha do prontuario.

Eu tava quase em prantos. Queria sair dali, queria uma coisa... Uma? Não. Queria Augusto e Ricardo comigo. O médico saiu.

― Mãe, liga pro Augusto? ― falei.

― Para que? ― perguntou.

― Ele é médico. Se esqueceu? ― respondi malcriado.

― Boa noite, o prontuario, por favor. ― respondeu um enfermeiro aquele com o jeito do Ricardo.

“ Ai meu Deus com ele é deu tomar e comer tudo que eu sou alérgico. Acho que tô bipolar Ainda pouco tava pensando no Augusto. Tenho que pular desse ‘avião’. Será que ele voltou com a Vanessa?”, pensei.

― Me daí ai seu telefone mãe! ― falei.

― Não! Para que? ― falou ela.

― Jogar tudo bem? ― falei.

― Eu sei que tu não vais jogar! ― falou ela.

― Me dá mãe ― choraminguei.

― Não, eu já disse que não! ― falou mamãe. ―Vai encomodar as pessoas uma hora dessas! Meia-noite!

Eu queria ouvir aquela voz rouca e tesuda, só de pensar AHHHHHHHHHHH! Eu vou acabar com tudo isso! Vou virar padre, um santo (hahahahahahahaha).

― Tá. ― Me rendi. Ao meu lado o “enfermeiro Ricardo” preparava meu assassinato. A semelhança era inegável. Ai, Jesus, que dor no coração.

― Hm, você vai querer deitado ou sentado? ―falou quando ele se virou para mim.

― Menino que cara é essa? ― falou mamãe rindo quando olhou para mim mordendo meu lábio.

― Para mãe! ― falei com a voz mansa. ― Vai doer! ― Dei três risinhos e solucei um pouco sem chorar, pois olhei para mamãe.

― Sai mãe, sai tás me fazendo mal! ― falei antes do enfermeiro me fazer tirar a camisa.

― Mas o que foi menino? ― falou com jeito inocente e rindo.

― Para! Sai, mãe. ― falei.

― Tá , tchau, bobão. ― falou ela. Nem parecia aquela mulher estressada que eu tinha encontrado há pouco.

― “Arrevedeci”. ― falei. O enfermeiro fechou a cortina, até que para um hospital público estava bem equiparado.

― Tire a camisa, por favor. ― falou ele o enfermeiro dando uns tapinhas na injeção. Tirei-a, estava nervoso. Comecei a me lembrar de como eu gostava ( e gosto, por causa de Ricardo) de homens musculosos desde pequeno. Ele se chamva Gabriel Vasques.

Passou álcool, senti um frio na espinha, rápido, minha mão esquerda encostou onde não deveria ter encostado. Opa. Ele riu. Que vergonha meu Deus. Tirei-a rapidamente dali. Minha esquerda ficava, nervosamente, em cima da minha perna.

Apertei a cama e o colchão, me arrependi, lá estava impregnado de chiclets velhos. Ah, o chupões? Por isso pedi para mamãe sai, mas já haviam sumido, ainda bem. Ele me vacinou com a antitetanica, não me contive e sotei um murmurio de dor, não conseguiria fazer menos do que isso. Quando tirara a agulha me senti zonzo e com o braço pesado.

― Se quiser se deitar, você pode. Ainda vou anestesiar seu braço, vai ficar melhor. ― falou o enfermeiro.

― Não é preciso ficar deitado? Vi em Grey’s Anatomy. ― falei.

― Ah! Isso? É ficção! Mais também pode, queres? ― perguntou ele.

― Acho que é melhor, né? ― falei.

―Tá. ― disse ele com a seringa na mão.

Fechei os olhos ele se aproximou, senti a “picadinha” no ombro soltei uma lágrima. Senti uma ardencia horrenda. Miséricordia, esse dia foi o PIOR da minha vida! Tava meio que arrasado e cansado. Para que tanto castigo? Nunca fui muito mau.

― Pronto. Vamos su-tu-rar, hehehehe. ― disse ele. Essa risadinha... Quanta intimidade. Abri meus olhos.

― Já posso entrar? ― disse mamãe entrando.

― Tá, né. ― falei. Mas ela deu meia volta, o celular dela tocou. Deveria ser “ el señor bussiness”. Mamãe foi para longe, de certo, iriam brigar.

― Só irei suturar e fazer o curativo. ― falou ele trazendo gazes e alguma outra coisa do gênero “álcool iodado”.

― Acho que pelo menos não vou sentir nada. ― reclamei olhando para mamãe.

― Tá sentindo isso?! ― falou ele, ironico. Já tinha dado três laçadas, fechando uma parte do corte.

― Não. ― disse desconcertado.

― Então. ― disse ele. Acabei de levar uma patada...

― Desculpa. ― disse ironico.

― Tá. ― disse ele.

― Eu tava sendo ironico! ― falei.

― Ah, mas eu não percebi. ― falou Gabriel (se ele já estava com intimidade comigo por que não?) querendo ser engraçadinho. E eu sendo infantil (como sempre).

― Riesenmacho, riesenmacho* . Wie sie zu verstehen? (Machões, machões. Como entendê-los.)― Respirei fundo.

― Nur denken Sie wie ich. (Basta pensar como eles.) ― retruncou e boquiabriu-me.

― Hãn? ― falei.

― Três anos de alemão são ótimos, certo? ― falou ele rindo e dando o último laço.

― Mon Dieu. ― falei quando ele passou um antisseptico e colocou o curativo. Ainda bem que eu não iria voltar aquele hospital. Que vergonha!!

― Pronto, tchau. ― disse ele. Até que tava sendo legal implicar com ele.

― Já? ― perguntei.

― Sim. ― falou ele me ignorando.

― Tá. ― falei.

Queria meu computador. A bomba estava quase para explodir, papai iria querer esganar-me! Vou finalmente ir (ou fugir) para França! Queria fazer isso a muito tempo e já tinha tudo na minha cabeça. Como fazer e tudo. Finalmente conseguiria o que sempre quis. A anestesia tava passando.

― Tás de castigo! ― falou mamãe balançando e guardando o telefone na bolsa . ― Eu estava até aguentando. Mas, não é mais o seu pai que diz. Sou eu! CHE- GA! Eu até disse para seu pai é uma fase. ― Ah, então havia sido ela!

― Não é minha culpa! ― disse. ― É mentira de quem quer que seja!

― Tua irmã me contou tudo! Como você pôde, Henrique? Meu anjinho virou isso? ― falou ela.

― Ela tá mentindo. Nada é verdade! Juro. ― Tinha que ser falso! ― Mamãe!

―NADA DE MAMÃE! Rá deixa teu pai saber de tudo que tu tava aprontando! ― O telefone dela tocou de novo.

<Alô?> falou ela. <Ah, oi mãe. É nós estamos aqui.> Ela foi se afastando, com certeza, iria falar todos os detalhizinhos.

Teria um dia para fazer tudo. E fugir do depoimento? Acho que não ficaria muito bem diante da poilicia. Por mais vingativo que eu fosse, eu acho que ... Eu vou! Papai não vai gostar disso, mas eu vou!

―Vamos, te veste. Tua vó quer falar contigo!― falou ela.

― Agora? ― perguntei vestindo a blusa.

― Amanhã. Agora vamos! ― disse ela dando as costas. Supirei seguindo ela.

“Como seria se o Augusto tivesse aqui e... visse o ‘toquezinho’? Hm... Acho que ele iria fechar a cara (Ri mentalmente). Por que eu não apertei? (Ri de novo)”, pensei. Entrei no carro que estava lá perto e mamãe falava e falava, fingia escutar, mais estava inerte nos meus pensamentos. Só parei para escutar quando ela disse “policia e tu vai para o exercito. Falarei com teu tio Sergio”.

― Hein? ― Falei e olhei para ela. Ela estava seria e olhando fixamente. ― De jeito maneira!

― Isso não és tu que decide! ― falou ela. A minha familia é muito bipolar, não, minha família é rídicula, hipócrita e ahhhh! Ela! Sempre santinha agora estava a fazer isso! A opnião de meus pais sempre podia ser moldada. Só dependia de quanto estava em jogo e se haveria danos “permanentes”.

―Veremos. ― desafiei. Ia fazer o céu e descer e o inferno subir para que isso não se tornasse realidade. Militarismo, arg! Eu não queria ir, eu não sabia o que fazer. Comecei a chorar.

― Veremos... ― retruncou ela.

Quando chegamos em casa. Eu fiz meu papel de filhinho revoltado. Ai, me dava tanta raiva quando eu percebia que havia feito o papel de mimado. Papai e todos já haviam chegado, sabia disso pois agora havia três carros (contando com mamãe). Fui para o meu quarto tranquei a porta. Escorei-me e fui até o chão. Sempre tudo cheio de reviravoltas. Tapei minha boca e solucei diversas vezes.

Lembrei-me do sonho que havia tido. O mar revolto, as ondas a me arrastar... Eu tentarei ser feliz sem eles! Sem ninguém, só eu. Eu vou viajar, vou para meu destino! Me levantei. No passar de olhos por cima da cama vi meu computado. Ah, ele veio deixar aqui... Comecei a chorar, deixá-lo estava me rasgando o coração.

Fui até a cama e me deitei de uma vez, gritei abafando na cama. “Por quê? Por quê?”, pensei. “Só quero ser feliz com quem quer que seja! Quero amar e ser amado!”, pensei imaginando-me com ... RICARDO E AUGUSTO? AHHHHHH! Outro dilema! Os dois se odiavam, acho que só não foram aos socos ainda pouco, pois a cretina distraia Augusto.

Enquanto meu computador ligava, eu abraçava meu travesseiro. O mundo caia na minha cabeça de repente, como podia? Às vezes nem eu me entendia por causa desses baques. O que tinha de tão horrível em ser diferente? Bom na América nada se pode. Até na França havia disso, ano passado queriam se livrar dos Ciganos.

Fui para o site da TAM e coloquei no horário mais próximo possível, foi o voo de 12:00. Pega foi caríssimo, mas cartão de “papito” serve para que, né? Logo tudo certinho. Agora elaborei a permissão de viagem. Tinha todos os dados em mãos e o principal: assinaturas, em meu punho. Próximo passo fica para oito da manhã. Já era quase de manhã, quatro e vinte da madrugada.

Deco? Deco tava na clínica veterinária. Bom, agora sim eu estava demonstrando que era egoísta, deixando uma das melhores coisas comigo...

Fechei os olhos escutei a impressão, a impressora era do escritório de papai e eu peguei para mim, um modelo wireless. Pensei “Para melhorar é preciso piorar. O pior sempre acaba.”. Comecei a cantarolar.

“Anjos de gás

Asas de ilusão

E um sonho audaz

Feito um balão...”

Minha breguice sempre voltava nessas horas. Por dentro eu estava “Fukushima”, aquele enfermeiro havia até me alegrado, mas agora meu sorriso foi quebrado. Implicar com ele era legal. Não sei o que me deu, mas fui molhar as plantas. A folha ainda estava no finalzinho saindo pela impressora.

Abri a válvula da torneira e agarrei a mangueira transparente, molhei o canteiro, a samambaia que pendia do seu vasinho. Nunca mais eu havia feito isso, me esqueci como era boa a sensação de senti-las ‘felizes’, as plantinhas ficando mais verdes.

Fechei a válvula. Agora completava cinco horas. Fui ao banheiro, tirei aquela roupa imunda. “Ah, o que tem demais em viajar?”, pensei. Ficar aqui sofrendo? Claro que não! Ah, mais que eles vão ficar putos; ah, isso vão... Bom eles são meus pais... Depois de trocar de roupa fui para a cozinha comer algo.

Não havia comido nada, só.... Ah... dormindo abraçadinho com meu carinho... Meu Ricardi... não ... Ricardão. (Hahahahahahaha)

Peguei duas fatias de pão e passei requeijão, uma fatia de peito de peru defumado e queijo, da sadia, entre o queijo e o presunto alface, sempre. Peguei um daqueles saches de chá de erva doce; coloquei água morna no copo e mergulhei o sache. Subi com o prato e a caneca na mão.

Enquanto comia o sanduíche e tomava goladas do chá ia preenchendo os formulários que, obviamente, estavam em PT/FR, um fica na PF e outro comigo, aff que complicação. Bateram na porta do quarto. “Já sabe, né? Nada de sair daí. Estamos de olho em ti.”, papai engrossou a voz.

Terminei os dois. “Já são sete horas!” pensei. Ainda tenho que ir ao cartório pelo menos a lei facilitou isso, pelo menos isso. Ajudar cidadãos decentes. Os pais não precisavam estar na autenticação... Daqui a pouco iria imprimir minha passagem.

O cartório iria abrir nove horas. Tinha que me arrumar e arrumar minhas malas. Droga, eu também teria que ir à embaixada, como eu havia me esquecido disso? Quando abri meu computador fui direto para meu e-mail. Ia tirar o visto só para três meses, não precisava de muita coisa, lá eu aumentava o prazo. Só havia o som das teclas e do deslizar do meu dedo no computador. Imprimi minha passagem e tudo. Bateram na porta e tentaram abrir, mas não conseguiram.

― Henrique, sou eu a Cida.

― Oi, Cida. ― Fiz voz triste. ― Não quero conversar.

― Tudo bem. Qualquer coisa tô aqui.

< Cida.> chamou minha “adorável” irmã.

Sai do quarto sem ninguém me ver, tranquei a porta e fui no quarto de papai e de mamãe onde tinha um comprovante de estadia na França, uma vez minha foi para lá. “Obrigado tio Cristiano.”, pensei.

Digitalizei e passei tudo para mim, mudei data e tudo. E preenchi um atestado de residência que encontrei na internet. Uau, quanta burocracia. Acho que o cartaz de ida para a França deveria ser uma papelada gigantesca e “Benvienue!” em cima.

Peguei minha bolsa carteiro, seria minha bolsa de mão, coloquei um livro, Insaciável; mp4, CDs, CD player (Eu ainda tinha [troquei a pilha]). Coloquei meu CD Extranjera no CD Player e comecei a escutar. Era o que eu tava precisando.

Pegava minhas roupas e jogava nas malas e me jogava na cama rindo. Mas claro depois arrumava-as. Citava trecho das musicas. Chamei o táxi. Peguei toda minha documentação é claro. Até a dispensável. Meu Deus!, já! “Quinze para as nove?”

Me vesti e me perfumei, tranquei a porta de meu quarto, me esguiando pelas paredes sai. Quando fechei a porta respirei bem forte. Ufa! Que alivio, o arzinho ainda estava meio gelado, não sei o porquê, mas estava me sentindo livre. Ai não queria ficar mais naquela casa. Já havia sofrido tanto.

O táxi estava me esperando. Fui com uma pasta cheia de comprovantes e essas coisas. Hoje não estava afim de nem um tipo de conversa, somente rir. Ainda bem que meu serviço estava ‘parfait’. Chegando lá, claro paguei o táxi. Tive que pega a senha. Pega, eu era o primeiro!

― Bom dia. Em que posso ajudar? ― falou um senhor de cinquenta anos.

― Bom dia. A autenticação desse documento. ― falei.

― Hm... Viaje é? ― perguntou.

“Não é uma autorização para explodir um avião. Bah! Que pergunta!”, pensei.

― Sim. ― Contriariado respondi.

― Tudo bem. ― Ele carimbou e deu algum tipo de aviso no computador. ― Prontinho, mais alguma coisa?

― Não, não, só isso mesmo. ― Sigue para a embaixada também estava no inicio da fila.

Não havia ninguém na fila de espera graças ao meu bom Deus. Comecei a fala em francês, queria puxar o saco deles.

― Salut! ― falei para a atendente.

― Salut! ― respondeu ela. ― Tu èst français?

― Non, non. Je suis brésilien. ― falei.

― Ah, então podemos falar um bom e velho português. ― Non, non. Je suis brésilien. ― falou ela rindo “limpando” a testa com as costas da mão.

― O.k. ― falei.

― Então em que posso fazer por você? ― perguntou-me.

― Pode resumir essa papelada em uma só para eu ter uma “viagem” mais curta pelo aeroporto.

― Você marcou hora? ― perguntou-me.

― Não mais eu preciso. Para ainda hoje!! ― falei apressado. Fiquei meio tremulo. Deixei parecer que choraria.

― Hm… ― pensou ela. ― Tudo bem, mas não conte para ninguém! ― falou sussurrando.

― Obrigado. ― falei. ― O bom-humor francês me salvou. ―falei. Ela riu confiriu os dados comigo, carimbou, assinou, digitou, tomou um gole de cafezinho, entrou em uma porta, sentou-se de novo. Atendeu o telefone (digitava ao mesmo tempo), imprimiu.

― Ah ― falou ela. ― Je finis.

― Para que tanta papelada? ― perguntei.

― Para que possamos ter uma sociedade eficiente e organizada. ― falou ela pegando a papelada.

― Pensava que a França era só o show da Alizee. ― falei.

― NON! Mon Dieu! Não diga uma coisa dessas. ― falou ela. Chegou e se sentou.

― Ah é legal. Bom a conversa tá boa, mas tenho que viajar. Um prazer, viu, Ramona. Salut! ― falei.

― Salut. Bom voyage. ― falou ela. ― Proximo.

Agora era eu ir para casa e seguir para o aeroporto. A volta para casa foi muito rápida. Tomara que ninguém tenha dado falta de mim. Bom esse era o horário da Cida ir comprar a comida. Bom estava na hora. Pedi para o taxista me esperar. Subi correndo abri a porta e peguei minhas maletas.

― O senhor pode me ajudar? ― perguntei quando ele saiu do táxi.

―Claro, claro. ― falou ele, estava feliz (por ir morar em uma das cidade mais magnificas do país), estava sendo “um pouco” abusado (por ir sem avisar para tio Cristiano, mas ele sempre me convidava então...) e um pouco triste. Mas assim era a vida.

Pensei numa frase que vi no twitter “Eu mando beijos para ti, tchau, recalque.”, comecei a rir.Iria para “Párri”! A noite daquela cidade era magnifica pelo menos por foto. Faltava uma hora e meia para o voo sair. Pensei em me despedir da minha amiga, fui. Pedi para chamarem ela.

―Amiga, eu tô indo fazer o que eu sempre quis estudar culinária na França! ― Abracei ela.

― Ahhhhhhhhhhhhhh, não creio! Sério? Que foda, migo! Talvez um dia eu te visite. Mas onde tu vai ficar?

―No apartamento do tio Cristiano.

― Aquele coroa gente fina? ― perguntou ela.

― Ele mesmo. Bom amiga tenho que ir daqui a pouco sai meu voo. ― abracei ela.

― Mas cadê teus pais? ― perguntou.

― Em Marte. ― falei entrando no carro. ― Diz que eu mandei um beijo a todos!

―Hã? ― respondeu. Quando a janela fechou, ela ficou olhando e entrou.

A corrida estava num valor maleável. E as horas corriam. Ai, meu Deus ainda tinha que fazer check-in , passar pela PF ! As filas enormes.

― Senhor, vá mais rápido! Por favor! ― pedi. Ele acelerou e em chegamos em dez minutos.

Onze e dez e, uma fila de check-in enorme com vinte pessoas! Achei uma com cinco, fui para lá. A atendente me deu o outro boleto e pediu os dados. Fui para o posto da PF, passei por toda burocracia e quando sai logo ouvi a chamada para o voo. Nossa que rápido, nem deu tempo de eu me sentar!?

Ah, meu Deus! Eu era o último, uns poucos entravam no avião. Ah, mas, assim que é bom. Quanto mais cedo sair, mais cedo chego lá. Entreguei o bilhete e fui para o avião. Aff, era o melhor mesmo, ninguém sentiu minha falta. Nem procuraram-me.

Fui para meu lugar. Peguei meu CD player voltei a ouvir. Meu acento era perto da janela, abri a janela e afivelei meu cinto. Dali não sairia até minha chegada. Estava chateado, mas pelo menos a Dulce Maria me entendia. O dia-dia tão chato e repetitivo, afinal era dia-dia...

A aeromoça avisava sobre tudo: saídas, mascaras de oxigenio, cinto de segurança e essas coisas. O avião começou a andar. Oh, meu Deus! O avião decolou. Não acreditava... Ou acreditava? O Augusto havia ido me impedir, ele havia se lembrado de mim! Mas como ele sabia?

Ana + Ana saber onde Augusto trabalha + aeroporto mais óbvio do mundo = Augusto atrá de mim. Ah, isso era tão... bom? Ele se importava comigo.

Comecei a lagrimar, eu tinha que deixá-lo. Ele agora teria sua vida e eu... Eu?! Eu não nem sabia mais quem era. O nerd? O puto? O gay? O louco. Eu não queria estragar a vida dele. Ele se importava comigo, mas eu também me importava com ele! Afundei minha cabeça no acento, chamei a aeromoça.

― Você poderia me entregar um travesseiro para mim, por favor? ― perguntei.

― Agora? ― perguntou ela.

― Sim, por favor. ― falei.

― Tudo bem. ― falou ela.

Sei lá, mas eu sentia um aperto imenso em meu peito, sentia-me como se estivesse lendo um poema de amor. Eu me sentia dividido. A aeromoça me entregou o travesseiro, não havia ninguém ao me lado. “Obrigado”, murmurei. Abracei o travesseiro de modo que ficasse entre mim e o avião.

Ainda via o restante da minha Brasília, era um sentimento de pesar, mas ao mesmo tempo de felicidade, alivio de sair dali. Agora já estavamos numa velocidade maior. Pegando atalhos? Acho que sim, já estavamos num territorio que eu não conhecia.

“Será que ele viria atrás de mim? Mas ele já tem uma vida, sem mim, com o filho dele! Eu era apenas um estranho, tarado, que acabara de entrar na vida dele.

“Ah, não... ah, não.” , falei enquanto me veio uma lembrança.

~~ “Você ficara confuso entre a paixão conhecida, que também tem a chama dentro de si, e as descorbertas do deconhecido que te arrastarão para a indecisão.”, falou com uma voz mecanizada, uma velha vidente, desconhecida.

―Seu coração não poderá fugir para sempre. O amor irá atrás de ti. ― disse colocando o tarot. E se desconectando totalmente do que ela se apresentou. ― Olá, bom dia, vamos ao tarot? ― Ela perguntou. Nem respondi nada, somente assenti.

― Tire quatro. ― Tirei as cartas. Cada vez que ela devirava uma acabava sibilando algo.

“O Diabo: Tentação. Bens materiais conseguidos com artimanhas. Vitalidade que desperdiçada, conduz a uma velhice difícil. Amores desenfreados. Riscos aceitos. Obsessão. Magia.

O Mago: Resolve problemas difíceis. Trabalho que oferece triunfo e felicidade. Com inteligência e habilidade se resolvem problemas difíceis. Tomar a iniciativa que conduz a uma melhor situação laboral ou sentimental. O consulente influi positivamente o seu entorno.

A Justiça: é preciso julgar aos demais com benevolência. É o momento onde sofremos as conseqüências dos nossos atos. Processos legais. Recompensa ao jogo limpo. Desencanto. Necessidade de reflexão com lógico.

Louco :

Adquiriu o conhecimento de si mesmo, mas não tem consciência de si mesmo. Algumas das interpretações: desorientação, destino, imprudência, irresponsabilidade. O consulente fica a mercê das forças ocultas. Abandono do material. Uniões sentimentais pouco duradouras.

―Você poderá perder sua liberdade por atitudes impulsivas. Tire mais duas. ― Tirei e veio uma terceira que quando eu ia recolocar. ― Não, não essa carta também fala de você. Tire-a e virei-a.

“Jesus! Era a carta da morte!”, pensei.

Morte: Resolução de assuntos pendentes. É preciso fechar em paz um ciclo passado ou abandonar algo ou alguém. Provas que mudarão por completo nosso modo de ser. Necessidade de reflexão e inteligência.

O Mundo: Autoconhecimento que leva ao triunfo em todos os aspectos. Franqueza e harmonia no trato com os demais. Profissão eleita livremente. Evolução harmoniosa. Longa vida cheia de riquezas e êxitos.

Os Amantes: reencontros afetivos que proporcionam maturidade. Dificuldade para realizar uma escolha. Excesso de desejos e caprichos. Afã de possessivo. Necessidade de equilíbrio físico e afetivo. Matrimonio. Decisões de trabalho. Insatisfação no plano sentimental, laboral ou familiar. A intuição ajudará a tomar uma decisão que não pode tardar.

─ Essas últimas deixaram tudo as claras para você. ─ Você dará uma grande volta sairá da monotonia que você detesta e ira para uma vida cheia de casualidades e de correria que você detestara. Tome cuidado com suas decisões elas podem lhe retirar sua liberdade. Mas será um homem muito prospero e que sofrera uma grande transformação. E... reencontrara sua alma gemea que deixou para trás.” ~~

“Gente, que estranho isso.”, pensei depois de voltar dessa ‘lembrancinha’. “Será que aquela velhinha tava falando serio?”. Por que tudo tão complicado!? Respirei sobre o travesseiro. “ Já estamos sobre o mar?” , olhei pela janela.

Decidi descansar os olhos. Fechei-os e coloquei outro CD, agora um personalizado. A primeira faixa falava tudo sobre mim “Emanuel - Intrusa”, eu era um intruso na vida de Augusto. Fui assim a viagem inteira. Pensando e escutando musica.

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