Despir toda minha roupa e entrei na banheira. Fechei os olhos, criando um mundo só meu, mas não era um mundo como esse, em que vivo. Abrir os olhos e fiquei fitando o teto branco.
Abrir um sorriso quando me lembrava do meu passeio na delegacia, de como foi zuar com aqueles policiais tolo e mostra quem é que manda para o estuprador.
Peguei o roupão e sair do banheiro. Vesti apenas uma cueca branca e me deitei na cama, adormecendo logo em seguinda. Quando acordei, estava vestido com o uniforme da escola: um terno preto com colete e gravata vermelha.
Olhei para a cômoda e vim o diabo em pessoa, no sentido figurado, a mulher que cuida de mim desde que nasci.
-- Você está quatro horas atrasado para escola! -- Ela disse. Eu odeio ela, parece um sargento, pior que Hitler.
-- Eu não vou na escola! -- Protestei, e cruzei os braços. Ela começou a rir da minha cara. -- Do que está rindo?
-- Você vai nas escola querendo ou não! -- Ela se aproximou e me puxou pela orelha até na entrada. Lá estava o Bernhard.
-- Está entregue, senhor. -- Ela disse me soltando. -- E se você aprontar mais uma na escola, eu vou te amarra naquela árvore e te chicotea como na época dos escravos. -- Ela não seria capaz disso.
-- Você faz isso e eu te jogo na sargenta! -- Ameacei.
-- Obrigado, Margret. Agora deixe que eu cuide desse diabinho. -- Disse Bernhard.
-- Tome, come esse hambúrguer pelo caminho. -- Disse Margret, me dando uma caixinha de papel com o hambúrguer dentro.
-- Obrigado, dona Margret, a senhora é muito boa comigo. -- Disse irônico.
Entrei no carro sem a mínima vontade, a minha vontade era ir pra um bar no subúrbio de Berlim e encher a cara, tudo isso só pra acabar com a reputação do meu pai como senador.
Peguei o hambúrguer e morde-o. Ainda não estava processando a informação de que estava indo pra escola.
Eu odeio aquele lugar, odeio todos os alunos e professores, com exceção dos 25 universitária que fazia universidade no andar de cima, o Bernhard era uns deles. Eles sim tinha o meu respeito, exceto a vaca da Kirsten, a namorada do Bernhard. Toda vez em que eu vejo os dois juntos, dá vontade de vomitar encima dela.
Chegamos na escola.O Bernhard fez questão de me acompanhar até a minha sala.
-- Bom dia, senhor Deutsch. Vim trazer o seu aluno. -- Bernhard disse, para o meu professor de geografia.
-- Bom dia, Bernhard. Eu já sabia que essa peste ia aparecer. -- Disse senhor Deutsch. Ele era mais uma pedra no meu caminho.
-- Não se preocupe, senhor, eu não irei atrapalhar a sua aula mas informo que não dou garantia. -- E sorrir para ele.
-- Se comporte, Hícaro. -- Entrei na sala e todos aqueles olhares de ódio voltaram para mim. Todos nessa sala me odeia.
-- Eu não quero mais você como meu parceiro. -- Wilfried disse. Coloquei o último pedaço de hambúrguer na boca e mastiguei.
-- Infelismente você terá que me aturar até a minha morte. -- Eu disse e cuspir a hambúrguer mastigado na cara dele.
Essa escola era cheia de idiotas! Wilfried, era um deles, um playboy nojento e sem fibra. Alto, musculoso, pesava uns 100 kg, pele morena, cabelos negros e olhos castanhos. Atrai atenção de todas as garotas da escola. O senhor pegador! O atleta mais bem sucedido, que sabe jogar todos os esportes que a escola oferecia. Grande porcaria!
Ele não fez nada contra mim. Me sentei ao seu lado. Coloquei a mochila na mesa enquanto o senhor Deutsch começava a tagarelar a sua inútil matéria geográfica. Era até perda de tempo ouvir o que ele falava. Peguei uma folha de papel e fiz pequenas bolinhas. Quebrei a caneta do playboy ao meu lado.
Era agora que a diversão começava. Molhei uma bolinha com cuspi, coloquei no tubo e joguei na garota da primeira filha. O senhor Deutsch olhou pra mim e me disfarcei com outra coisa.
-- Foi ele, senhor Deutsch. Ele que está jogando essas bolinhas ai na frente. -- Wilfried me dedurou. Eu apenas o fitei sério.
-- Me faça o favor de dá o fora dessa sala! -- O senhor Deutsch gritou. Levantei sorrindo e vitorioso.
-- Faço isso com o maior prazer! -- Eu disse, e dê gargalhadas dele. Sair da sala como um prisioneiro que acabou de ganhar a liberdade.
Fui para a quadra de basquete recém-inaugurada. Assim que fechei a porta e me virei, uma bola de basquete parou na minha frente, peguei nela com as duas mãos e dê cinco passos na frente. Havia um cara perto das arquibancadas. Olhando de longe ele era familiar ao antigo amigo meu que sumiu sem da explicação.
Ele se virou pra mim e ficou me fitando. Dê mais alguns passo a frente e ele também. Não podia ser ele, ou podia. Ele veio andando em minha direção.
Aquele corpo magro, aquela altura de 1 e 80, a pele branca e os cabelos negros. Era ele sim, Sebastian Manteuffel, o meu melhor amigo, ou melhor, ex-melhor amigo.
-- Hícaro? É você? -- Ele disse, meio surpreso. Não, o fantasma, idiota!
-- Sou eu mesmo, Sebastian. -- Disse, olhando no fundo dos seus olhos.
-- Você está tão diferente! -- Revirei os olhos.
-- As pessoas mudam. -- E como eu mudei. Ele abriu os braços.
-- Não vai querer um abraço do seu amigão? -- Eu queria era esmurra a cara dele.
-- Dispenso o seu abraço! -- Disse, com nojo. Sebastian fechou os braços e corsou a nuca.
-- Está bem, você está com raiva de eu ter ido embora sem dizer nada, não é?
-- No dia em que em que eu mais precisei de você, me abandonou.
-- Eu tive os meus motivos pra ter ido embora naquela noite. Me desculpa por isso.
-- Eu despenso a sua desculpa! -- Gritei.
-- Você gritou comigo? -- Era a primeira vez que eu gritava com ele, por isso ficou surpreso.
-- Gritei. Acha que eu sou o mesmo garoto idiota de antes, está muito enganado.
-- O Bernhard estava certo, você não é o mesmo diante. -- Disse Sebastian.
-- É por sua culpa que eu sou o que sou hoje. Se você não tivesse indo embora, tudo seria diferente.
-- Hícaro, você não é mais criança. Vê se entendi isso!
-- Me faz um favor, Sebastian: volta pra onde você veio e me esqueci. -- Sebastian se aproximou.
-- Não, eu não vou voltar e não vou te esquecer! -- Ele disse, olhando nos meus olhos e apontando o dedo no peito.
Eu não poderia continuar aquela discussão. O meu coração estava acelerado e a minha respiração pesada.
Dê meia volta e fui para o banheiro masculino. Lavei o rosto e me olhei no espelho.
"Por que ele me abandonou sem explicação? Por que ele voltou?"
Eram duas perguntas sem respostas, e sem pista. Era até um mistério pra mim desvendar. O pior era que eu não conseguia me lembrar de nada que ele tenha feito para partir.
Sequei o rosto com o papel toalha e entrei no último boxe. Abaixei a tampa da privada e me sentei na mesma. Peguei o celular e olhei as fotos do Sebastian que tinha.
Deixei uma lágrima rola do meu olho esquerdo. Confesso que sinto algo por ele. O Sebastian era o único que me entendia, ele e a minha mãe. Ele foi embora e a minha mãe morreu.
Perdi os dois no mesmo dia. Depois de alguns dias que eu me tornei o que sou!
Sair do banheiro e fui para o refeitório. Todos já estavam lá, inclusive o Sebastian. Passei entre as mesas, indo em direção a partes solar, bem antes de eu chegar lá, o Wilfried para na minha frente.
-- Saia da minha frente, se não quiser que eu quebre os seus dentes! -- Ameacei. Ele deu espaço pra mim passar. Passei por ele.
-- Sabe, Hícaro. -- Ele gritou para todos ouviram. -- Você está precisando de um macho pra te foder a noite. É falta de macho!
-- Você quer ser o meu macho pra me foder a noite? -- Perguntei. Todos caíram na gargalhada, menos ele, que ficou todo sem graça.
-- Dispenso a sua proposta! Você não faz o meu tipo! -- Ele disse. Esse cara adorava me desafiar e sempre saia derrotado.
-- Então, o que faz o seu tipo? As putas desse colégio? -- Disse, olhando para todas as meninas ali presente.
-- Chega, Hícaro. Para com isso! -- Sebastian me agarrou pelo braço e me levou para o jardim da escola.
-- Me solta! -- Puxei a minha mão. Ele me olhou com um olhar diferente, como se tivesse se decepcionando.
-- Você está precisando de tratamento. Está doente! -- Dê gargalhadas. Eu não sabia que o Sebastian contava piadas e da boas.
-- Virou comediante? -- Continuei dando gargalhadas. Ele me fitava sério, até com um pouco de ódio nos olhos. Nada intimidador!
-- Olha aqui, Hícaro, é melhor você para com esse fingimento, para de se comportar feito maluco, um retardado!
-- Fingimento? Sebastian, você não me conhece mais, não sabe nada sobre mim. Você é um estranho. Pra mim você está morto.
-- Não me faça perder a cabeça, é melhor você para antes que eu dê-lhe uma surra. -- Aquilo pra mim foi como uma ameaça.
-- Você não é homem suficiente para me bater! -- Eu disse. E ele deu-me um soco no canto da boca e cair no chão.
Continua…