Abrigo 35

Um conto erótico de Christian
Categoria: Homossexual
Contém 1803 palavras
Data: 07/02/2014 22:48:35
Assuntos: Gay, Homossexual

Capitulo 35

Com os olhos arregalados de espanto e boca escancarada em incredulidade eu dei alguns passos vacilantes para trás. Olhei para todos eles, todos os meus nove antigos amigos, parados na entrada da academia. Perguntas giravam desenfreadas em minha mente quase como um furacão particular em minha cabeça. lembranças do tempo que eu vivia grudado junto com eles explodiram em minha memoria, fazendo eu quase me ajoelhar na frente deles e implorar para que eles me perdoassem por tudo. Ter sumido como um fantasma, me escondido como um vampiro se esconde da luz do sol e fugir como o diabo foge da cruz.

Eu com os meus pensamentos pré estabelecidos e pós morte estava bastante convicto que havia apenas uma maneira de que eu pudesse começar tudo do zero para fazer os meus irmãos felizes e essa maneira era me livrando de tudo que me prendia ao passado e começar uma nova vida que girasse em torno deles três. Mas agora eu conseguia ver o quão estupido e idiota eu fui, que adolescente em sã consciência abdicaria de viver para si mesmo á viver para os outros? Em sã consciência ninguém, mas eu não estava são naquele dia. O estresse e a dor de ter perdido as pessoas que eram os pilares de minha vida abalou a minha fraca construção tanto mental, emocional e física.

Agora eu conseguia ver como eles tinham mudado, todos eles, suas feições que antes eram de adolescentes agora adquiriram marcas mais adultas. Homens e mulheres feitas me encaravam curiosos e felizes. Passei os olhos por cada um deles, cinco mulheres estonteantes e quatro homens para lá de gostosos. Quando Julian, o moreno que antes tinha o corpo razoável agora exibia fortes músculos, deu um passo para frente eu recuei quatro passos.

- Tiam você não está reconhecendo a gente? - Até a voz dele estava diferente, ficou engraçado a forma como eu falou. Ele falou o meu apelido de infância naquela voz super máscula. Não respondi nada, nem conseguiria. Estava surpreso demais para fazer, falar ou sentir qualquer coisa.

- Somos nós, Tiam - Larissa apareceu do lado de Julian, seus cabelos loiros caia em ondas douradas emoldurando seu rosto fino e belo, seus olhos verdes me olhavam preocupados - Seus amigos.

Mas ao invés de responder que eu sabia quem eram eles eu idiotamente disse:

- Como...como...como vocês me encontraram? - Essa era a pergunta que furava meu cérebro como um prego fura a madeira e eu queria saber a reposta para essa pergunta.

- Ah, Chris - A voz que falou não veio de nenhum dos meus amigos e sim detrás de mim. Me virei e todos os meus irmãos estavam em pé e Heitor também. Quem tinha falado era Larissa - Quem contou para eles onde você estava foi basicamente nós três.

Fiquei ainda mais surpreso com isso. Se não estivesse em um momento tão perturbadoramente esquisito e que me fazia me lembrar de um passado que eu escolhi não ter. Larissa enrolava a ponta da camiseta avidamente e não olhava para mim, Pedro e Caio olhavam para tudo quanto era lugar menos para o cara que passou os últimos quatro anos se matando por eles. O único que olhava para mim era Heitor e com um estalo eu percebi uma coisa, ninguém quis se levantar para abrir a porta, inclusive o meu namorado.

Antes mesmo que eu pudesse perguntar Heitor respondeu a pergunta que estava explicita em meu rosto com um aceno positivo de cabeça. Queria me sentir traído, queria que outra emoção sobrepujasse a culpa e a vergonha que eu estava sentindo naquele momento. Era mais do que doloroso ter que olhar para os olhos das pessoas que eu considerei irmãs por tanto tempo e disser que eu mesmo escolhi me afastar deles, não conseguiria fazer isso de jeito nenhum.

Para completar o pacote as minhas pernas começaram a fraquejar, andei alguns passos vacilantes na direção de um dos pilares que sustentavam a academia e me deixei cair, quase podia sentir aquele velho Christian ressurgindo aos poucos, um Christian fraco, sem atitude, tão submisso que não conseguia disser não nem para as coisas mais fúteis. Até cheguei a pensar que se não era aquilo que estava destinado para mim, ser para sempre e sempre o cara que nunca iria mudar.

Incrivelmente a vontade de chorar não veio, fiquei apenas sentado com a cabeça apoiada nos joelhos pensando em como eu não merecia ser feliz. Tentei buscar felicidade de todas as maneiras possíveis, queria ser feliz e não importava como eu iria conseguiria essa felicidade, não consegui impedir meu cérebro de me comparar com um ladrão, mas ao invés de roubar bens materiais eu roubava os sentimentos dos outros, vivia de ilusões e ecos dos sentimentos de verdade.

Antes mesmo de levantar a minha cabeça eu já sabia que Heitor era quem tinha se sentado ao meu lado, mas mesmo assim levantei a minha cabeça que parecia pesar toneladas. Meus antigos amigos ainda me encaravam ansiosos, engoli em seco e abaixei a minha cabeça novamente, respirei fundo e dessa vez quando eu falei a minha voz soou um pouco mais normal e um pouco menos gaguejada.

- Sabia que vocês ficaram completamente diferentes? - O espaço ficou em total silencio, parecia que todos estavam segurando a respiração. Quando eu achei que eles não iriam falar nada devido a minha pergunta idiota fui surpreendido por gritos de felicidades, palmas e segundos depois abraços apertados.

- Tiam como eu senti saudades suas! - Os olhos de Allana estavam cheios de lagrimas, mas em compensação um sorriso enorme tomava de conta de seu escultural rosto.

- Não chora - Passei o dedo polegar pelos seus olhos, ela colocou a minha mão em sua bochecha e depois cobriu a minha mão com a sua - Se você chorar eu também choro.

- Por que você fez isso conosco? - Julian me puxou para um abraço apertado, beijou o meus pescoço como ele costumava fazer antigamente e ficou agarrado comigo o tempo todo. Ele só me soltou por que Heitor chegou por trás dele, cutucou-o na costa, deu um pigarro super exagerado e se apresentou como o meu namorado - Namorado do Tiam? Opa! Você fez uma ótima escolha, cara.

Enquanto Heitor e Juan começavam a ficar amigos, eu abraçava, conversava, matava saudades dos meus outros amigos. Quando estava abraçando Fabiola ela cochichou baixinho em meu ouvido.

- O grandão ali ficou com ciúmes de você, Tiam.

Estava pronta para retrucar e disser que ela estava enganada, mas pensei melhor e analisei a situação que se desenrolou a minutos atrás e constatei que Heitor estava sim com ciúmes de mim. Um sorriso muito bobo se formou em meu rosto e com o canto do olhos eu vi ele, serio e concentrado, se apresentando como o meu namorado para todos os meus amigos homens.

- Tiam? - Virei o rosto na direção da voz e Melissa veio na minha direção, passou a mão pelo meu rosto, cabelo e ficou me analisando - Tiam você parece que não envelheceu nada!

- Mas eu estou com 21 anos - Retruquei, eles não iriam agir como todo munda agia quando eu contava a minha idade - Assim como vocês.

- Mas eu jurava que você estaria diferente - E começou a me analisar novamente. Heitor, como um bom namorado, se postou do meu lado, passando um braço musculoso sobre o meu ombro, ficou ali parado - Acho que você virou algum tipo de mutante ou quem sabe um vampiro.

- Ou um escravo - Heitor resmungou e eu dei uma cotovelada no estomago dele. Tinha contado para Heitor a minha vida antes de conhecer ele, no começo ele ficou indignado, mas depois viu que eu não era mais aquele tapado e aceitou tudo.

- Ahn? O que foi que ele falou? - Larissa arqueou uma sobrancelha perfeita em confusão.

- Ele não disse nada - Respondi e por via das duvidas dei outra cotovelada nele.

E ao invés de gemer de dor como eu previa ele me surpreendeu rindo.

Ri também e como uma doença que se alastra pelo ar momentos depois todos nós estávamos rindo.

*****

Julian, Anderson, Felipe, Yves, Pedro, Caio e Heitor estavam treinando pesado na academia e Melissa, Allana, Miranda, Dayane, Fabiola e Larissa estavam no loft preparando algo para comermos. E eu? Ah, eu estava sentado em um canto da academia onde conseguia olhar aqueles homens cheios de músculos, suando e batendo um nos outros. Sendo que o único que eu sentia tesão era um cara de cabelos ruivos que não desgrudava os olhos de mim.

Como não tinha uma mesa no loft de Heitor que suportasse quatorze pessoas, todos nós fomos comer na área onde as lutas corporais aconteciam. Heitor no seu atual de macho-alfa-dominador-ciumento não me deixava sair de perto dele nem por um segundo sequer. Conversamos, rimos e comemos aos montes nesse dia, parecia que eu não tinha ficado quase cinco anos longe dos meus amigos.

Quando estávamos já todos bem alimentados veio a conversa que eu não queria ter.

- Tiam por que você não nos procurou quando seus pais morreram? - Foi Yves quem perguntou, na mesma hora todo o meu corpo ficou rígido como uma pedra e com toda a certeza Heitor tinha sentido isso. Não respondi nada então ele continuou - Você sabe como foi ruim saber a morte de seus pais e a sua mudança pela boca dos outros?

- Desculpa - Disse baixinho, entrelacei meus dedos com os dedos de Heitor buscando apoio no seu corpo - Desculpa mesmo, mas eu não quero discutir mais isso. O que passou, passou.

Eles não tocaram nesse assunto, fiquei muito feliz com a volta dele e com a minha atitude adulta de não querer me distanciar deles novamente. Quando enfim eles foram embora dizendo que voltariam amanhã para passar um dia novamente comigo eu pensei em tudo que eu passei.

Contei quatro tipos diferentes de mim mesmo.

O primeiro foi o Tiam, o Christian que viveu a infância e a adolescência como qualquer garoto normal. Teve melhores amigos, sentiu, fez, falou tudo durante esse tempo.

O segundo foi o Chris, o Christian que foi a minha parte adulta em um adolescente. Trabalhei como um adulto para colocar comida na mesa, roupa para vestir e coisas mais.

O terceiro foi um outro Chris, mas esse representava a falha que o Chris adulto-adolescente tinha. Era fraco de opinião e facilmente manipulado.

E o ultimo foi o Christy-Ann, o ultimo Christian foi a minha ultima fase. Foi nessa fase que eu descobri quem eu realmente era e o que futuramente eu poderia me tornar.

Heitor já estava dormindo quando eu cheguei naquela conclusão. Tiam, infância. Chris e Chris, a fase adulta e a meia idade e Christy-Ann, a velhice. Esses todos convergindo no que eu sou hoje. Não poderia ser quem eu sou hoje se eu não tivesse vivido como cada um dos Christians acima.

Finalmente eu estava encontrando um rumo para mim mesmo.

Finalmente.

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 0 estrelas.
Incentive Blind/Deaf/Mude.... a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários

Foto de perfil genérica

Top demais, fico feliz que o Cristian esteja achando seu caminho e buscando sua felicidade.

0 0
Foto de perfil genérica

faço minha(humildemente) as palavras da Pandinha. Lindo demais.

0 0
Foto de perfil genérica

Caro Chris, comecei ontem a ler seu conto e ja estou aqui no ultimo capitulo que vc escreveu, acho que algumas pessoas que no inicio leram e hoje ja nao comentam mais, sao completamente equivocadas com as coisas, sexo é muito boom sim, mas qdo ha sentimento se torna maravilhoso, seu conto apesar de ser ficticio tem muito sentimento, e pra escrever algo assim o autor no minimo tem coraçao e vc pelo que vejo tem muito mais que um orgao(coraçao) pulsando ai no peito, eu e varios amigos que estao lendo seu conto estamos amando, continue por favor! E sua nota??? 100000........

0 0
Foto de perfil genérica

MUITO BOM!! AMEIIIIIIII! OS VERDADEIROS AMIGOS NUNCA NOS ESQUECE, MESMO ESTANDO LONGE.

0 0
Foto de perfil genérica

UAu! FICOU PERFEITO ESSE CAPÍTULO, ADOREI! O CHRISTIAN FINALMENTE ENCONTROU A SUA FELICIDADE *=*

0 0
Este comentário não está disponível
Foto de perfil genérica

Jeitinho de final.... Mas vc dc q nos avisaria quando isso acntcece. D qualquer forma,se for,foi lindo.

0 0
Foto de perfil genérica

:D Sr. W, te proíbo de parar esse conto, certo? Hhahahahaha to feliz pelo Chris finalmente

0 0
Foto de perfil genérica

Perfeito! Você é incrível.

0 0
Foto de perfil genérica

MUITO BOM. QUE BOM QUE OS AMIGOS CONTINUAM O AMANDO.

0 0