-Era minha meia irmã Gisele, e ela disse que vai voltar!
Aquela semana passou mais rápido do que o normal, talvez pela minha anciosidade com volta de Gisele ou talvez pelas brincadeiras de Marie. Marie ficou realmente mais extrovertida, depois da noite de seu aniversário, e também ficou mais ousada. Meu pai teve uma viagem de negócios de última hora e coube a mim ir buscar Gisele na rodoviária da cidade.
Ela chegaria no sábado, e eu chamei Marie pra ir busca-la comigo. Chegamos na rodoviária alguns minutos antes do horário de chegada do ônibus, mas ele atrasou, então ficamos conversando, contava histórias de quando ela vivia conosco, nossas aventuras, ou pelo menos parte delas.
O ônibus chegou pouco mais de 20 minutos depois do previsto e fomos em direção a ele. Pessoas saiam, de varias cores e formas, mas nenhuma era Gisele, pensamos que talvez fosse o ônibus errado, mas então ela saiu. Parecia triste, mas quando me viu largou as malas no chão e correu em minha direção e nos abraçamos, um abraço apertado e cheio de emoção, de quem não se vê a muito tempo, o que era o caso.
-Nossa, você mudou muito...-Ela disse chorosa.
-Talvez, mas você continua a mesma...
Nos abraçamos por um longo tempo ainda, e então lembrei de Marie.
-Gisele, essa é Marie, minha namorada.
-Namorada?-ela perguntou meio atônita.
-Sim, muito prazer!-disse Marie estendendo a mão.
As duas continuaram conversando e eu fui buscar as malas.
-Marcos me falou muito de você.-disse Marie tentando puxar conversa.
-Falou? Sobre o quê?-perguntou Gisele.
-Sobre o tempo que passavam juntos, de como eram amigos, das aventuras.
-Tenho certeza que ele não contou as melhores...
Chamei um táxi, entramos e eu dei o endereço de casa. Coloquei as malas no porta-malas e sentamos todos atrás, eu no meio das duas.
-Como vocês se conheceram?- perguntou Gisele a Marie.
-Eu me mudei pra cá no inicio do ano e começei a estudar na mesma sala que ele. Ele foi o primeiro a falar comigo aqui, a se aproximar. Ficamos amigos e um dia rolou.
-Rolou?
-Pois é, eu nem acreditava, desde que eu cheguei e olhei pra ele, começei a gostar dele, mas eu era muito tímida, não tinha coragem de falar, mas ele foi quem veio falar comigo, e foi quem tentou primeiro também. E começamos a namorar, eu acho que desde aquele dia eu estou bem melhor...
-Isso é comum, ele melhorar as pessoas em volta...
Elas continuaram conversando até chegarmos em casa, a maior parte do tempo sobre mim, o que me deixou um pouco desconfortável.
Quando chegamos, elas foram na frente e fui pegar as malas e pagar o taxista.
-Namorada e ex?-perguntou o taxista.
-Mais ou menos...
-Sei como é isso...
-Eu realmente espero que não.
Ele riu, agradeceu e foi embora. Quando entrei em casa as duas continuavam conversando.
-Conversando sobre o quê?-perguntei.
-Gisele estava me contando sobre como você a ajudou a passar por momentos difíceis.-respondeu Marie- Acho que eu tenho que ir agora...
-Pode ficar Marie.
-Não, tudo bem. Vocês tem muito o que conversar...
-Tem certeza? Não quer que eu te leve em casa?
-Não precisa, vou deixar vocês dois sozinhos. A noite eu volto e saímos os três juntos, certo?
-Certo...
Nos beijamos e ela foi embora, me deixando sozinho com Gisele. Eu me sentei ao seu lado.
-O pai foi pra uma viagem de negócios, só volta segunda...-disse.
-Tudo bem...
-Você tá bem Gisele?
-Estou, talvez só um pouco cansada da viagem...
-Você conversar?
-Sobre o quê?
-Sobre o quê está te fazendo ficar assim, você pode negar, mas eu te conheço.
-Eu não sei...
-É por causa a sua mãe?
-Em parte, mas isso eu já superei...
-É sobre o que então? Você que pode falar o que quiser comigo.
-Sobre nós dois...
-Gisele, eu...
-Tudo bem, sabe, você estar namorando com ela, ela parece ser muito legal...
-Ela é.
-E muito bonita...
-Eu sei.
-Mas quando eu fui, você me fez uma promessa, que qiando eu voltasse, faríamos dar certo, você sabe, nós dois...
-Eu sei o que eu disse, mas as coisas eram diferentes.
-Diferentes como?
-Eu não sabia que você ficaria tanto tempo longe, da doença da sua mãe e... e não conhecia a Marie...
-Você está apaixonado por ela?
-Sim.
-E você a... a ama?
-Não sei responder ainda...
-E teve mais alguma antes dela?
-Sim...
-E você gostava dela também...
-Não...
-Então por que?
-Eu acho melhor falar de outra coisa...
-Não! Não, eu quero saber, eu tenho que saber!
-Mas é melhor não saber.
-Pode contar, você sabe que pode confiar em mim, e eu confio em você.
-Você realmemte quer ouvir isso?
-Eu preciso...
-Muito bem, lembra da Barbara?
-Barbara? Barbara a nossa prima?
-Sim...
-Mas ela é casada agora, e esta grávida... não é de você, certo?
-Claro que não! Foi bem antes...
-Então conta, por favor, eu tenho que saber porque...