Era só o que faltava! Fiquei olhando pra mensagem pra ver se eu tinha lido errado, mas que nada, só faltou ele assinar e ainda me chamou de burro! Entre aspas, mas chamou. Eu pensei em ligar pra ele pra saber qual era a da palhaçada, mas pensei melhor e não liguei. Desliguei o celular, não tava a fim de me estressar, não naquela noite. Voltei a dormir.
No outro dia eu acordei por volta das 10 da manhã e com uma vontade de malhar... Uma coisa que eu acho sem graça é malhar, eu ia à academia umas três vezes na semana no máximo, mas graças à genética e a prática dos esportes eu tinha um corpo legal. Agora tá melhor, kkk tá, parei galera! Tomei um banho, me vesti e saí de casa. O dia tava lindo.
A academia ficava a duas ruas de casa. Fui, malhei e voltei. Na volta encontrei a Vanessa e a gente veio conversando. Ela perguntou o motivo de eu ter vindo embora da festa cedo e eu contei que bebi demais e vim embora.
Cheguei em casa, tomei banho e fui pegar meu celular. Liguei ele e não tinha nenhuma mensagem ou ligação, então mandei uma mensagem pro Gustavo:
"Vem aqui em casa no fim da tarde antes de eu ir pra faculdade, acho que a gente tem que conversar".
Passei a tarde revendo o conteúdo da faculdade, lá pelas cinco tava entrando no banheiro quando recebi uma mensagem, era do Gustavo.
"Tô passando aí, só não vai me bater rsrs"
Eu dei um sorriso, tomei meu banho, vesti uma cueca e uma bermuda, quando alguém bateu na porta do quarto.
— Entra!
A porta abriu e o Guga entrou e me deu um sorriso meio sem graça. Era até engraçado ver um homem daquele tamanho sem graça.
— É... tudo bom Vinícius?
— Tudo Gustavo, mas pra poder ficar melhor, me explica que história é essa!
— Cara, aconteceu!
— Aconteceu! Porra Gustavo, tu ficou quase três meses me mandando as porras daquelas mensagens pra tu agora me dizer que aconteceu, cara?
— Tu queria que eu falasse o quê, cara?
— A verdade Gustavo, só a verdade, pra mim poder dizer que nunca vai rolar nada entre a gente.
— Caralho, tu fala como se fosse fácil, tu queria, bem, que eu chegasse até ti e dissesse: Vinícius, cara, tu nem sabe, do nada eu percebi que eu tô apaixonado por ti? Se é eu isso eu falo, Vinícius, tu nem sabe cara, eu descobri que tô completamente apaixonado por ti!
— Porra, claro que não Gustavo, não era assim.
Ele me interrompeu.
— Imagina como eu fiquei, porra! Eu nunca senti porra nenhuma por homem algum e de um dia pro outro me vejo afinzaço de um cara e esse cara é meu amigo, imagina como eu fiquei, porra. Quase pirei, foi foda pra mim admitir no começo. Eu não sou viado cara, mas aconteceu. Eu fui gostando de ti, porra!
Ele falou aquilo quase que num desabafo, eu fiquei olhando pra ele.
— Cara, eu não sei o que ti dizer.
— Não sabe mesmo, porque pra ti é fácil. Tu continua a gostar de mulher, nunca se sentiu atraído por outro homem né, nunca teve vontade de beijar outro cara, tocar nele, sentir tesão, ver que teu pau fica duro pensando em outro cara. Isso tudo é foda Vinícius.
Mal sabia ele que eu já tinha beijado outro cara. Ele sentou na cama e colocou a mão na cabeça. Me coloquei no lugar dele, se com um beijo só eu já tinha ficado daquele jeito, imagina me ver apaixonado por outro cara.
— E porque as mensagens?
— Eu sei, não foi legal, mas no começo confesso que essa foi a única coisa que me passou pela cabeça. No começo, em cada mensagem que tu respondia, parecia que uma corrente elétrica passava por mim, ficava arrepiado, mas depois eu vi que tu foi ficando puto, mas em vez de eu parar, não, continuei até que no aniversário, tu disse que se eu fosse macho era pra te procurar.
— Mas tu não fez isso!
— Tu tá enganado, eu fui atrás de ti. Eu perguntei pro Fábio se ele tinha te visto e ele disse que tu tinha saído de lá, então eu saí e vi o Rodrigo puto da vida. Eu fui perguntar de ti pra ele e quase que quem apanha fui eu. Ele dizia que tinha nojo de ti, que tu tinha feito algo que ele nunca pensou que tu fosse capaz, eu perguntei o que tu tinha feito, mas ele não quis dizer. Foi então que eu te liguei, lembra?
Aí que quem passou a mão pela cabeça fui eu. Respirei fundo.
— Cara, eu sei que nunca vai rolar nada entre a gente, mas eu te peço, não deixa de falar comigo, por favor, cara, eu prometo pra ti que eu vou esquecer essa parada. Juro que vou fazer de tudo pra arrancar essa parada que eu sinto por ti, antes de tudo a gente é parceiro, te considero pra caramba.
— Nisso fica tranquilo, não vou deixar de te tratar da mesma forma que sempre tratei.
Ele olhou pra mim e deu um sorriso lindo, eu sorri de volta.
— Cara, fiquei aliviado, sabe?
Eu ri e vesti uma camisa. Falei:
— Cara, tô com fome. Bora lá na padaria comer algo?
— Padaria?
— É, tô com fome de besteira, sabe?
— Porra, assim tu me quebra! Tenho que manter a forma.
— Até parece! Tu tem um corpo perfeito Guga.
— Corpo perfeito, é?
Ele riu. Foi aí que eu me toquei no que tinha falado.
— Ah, é verdade mesmo, porra! - A gente riu.
— Cara, só não fala nada do que a gente conversou aqui pra ninguém. Não quero que eles pensem que eu sou viado ou algo do tipo.
— Claro, pode ficar tranquilo que não vou falar nada.
A gente foi na padaria, comprou só besteira e sentou numa mesa.
— Porra, vou ter que pegar pesado no treino amanhã.
A gente riu e ficou conversando sobre faculdade e às vezes eu percebia que ele me olhava diferente, com cara de bobo, sabe? De que realmente tava a fim de mim.
— Só não me olha assim cara, fico sem graça.
Ele ficou sem todo sem graça.
— Desculpa! - ele ficou meio que vermelho.
— Guga, tu ficou vermelho! Eu só tava te zuando, cara! — eu ri da situação.
— Mas vê meu lado. É foda ficar na frente de quem a gente tá apaixonado e não ficar bobo.
Jogo empatado, com aquilo ele tinha me deixado sem graça.
— Fica sem graça não, prometo que não falo mais nada sobre isso.
— Não fiquei sem graça.
— Ficou sim, toda vez que tu fica sem graça tu coça a orelha esquerda.
Fiquei mais sem graça ainda.
— Não falei? Tá coçando a orelha!
Foi aí que eu reparei que eu tava com a mão na orelha mesmo, eu abaixei.
— Jogo sujo isso, tu reparou uma coisa de mim que nem eu mesmo sabia.
— Se eu for falar tudo o que eu reparei em ti, é capaz de tu ter um ataque aqui mesmo!
A gente riu. Era estranho conversar com um cara que acabou de dizer que era a fim de ti e ainda por cima o cara ser bonito. Era um estranho bom. A gente ficou conversando mais um pouco, foi quando ele voltou a tocar no assunto Rodrigo.
— Tu não vai mesmo me contar o que rolou naquela noite?
— Já disse que a gente só brigou, eu pedi pra ele sair da minha frente e ele não quis. A gente discutiu, eu empurrei ele e ele me deu um soco que caí no chão e depois fui embora. Foi só isso.
— Sei, vou fingir que acredito. Cara, o Rodrigo tá muito estranho depois daquela noite. Ontem ele foi lá em casa depois à noite, parecia que queria contar algo, sabe? Ele perguntou se podia dormir lá. Algo aconteceu e eu vou descobrir.
Imagina se ele sabe que eu agarrei e beijei o Rodrigo?
— Já disse que foi só isso — quando eu olhei no celular — Caralho, vai dar sete horas! Tenho que correr pra faculdade!
— Eu te levo.
A gente passou em casa, peguei as minhas coisas e ele me deixou na faculdade.
— Valeu pela carona!
— Eu que tenho que agradecer por tudo.
— Será que rola outra na hora da saída?
— Eu saio hoje 10 horas.
— Também.
— Selado, eu te dou um toque.
— Então tá, a gente se fala.
Nessa hora eu hesitei em abraçar ele e ele percebeu. Então ele estendeu a mão, eu olhei, ignorei a mão dele e dei um abraço, ele me abraçou com uma vontade! Senti cada músculo dele contra o meu corpo, não sei se foi sem querer ou por querer, ele meio que cheirou meu pescoço e não deu pra segurar, fiquei arrepiado com aquilo. Na hora eu me afastei dele.
— Tenho que ir, tô atrasado e não esquece a minha carona.
Ele riu e fez sim com a cabeça. Que porra tinha sido aquele arrepio? Era só o que me faltava!
Entrei no prédio da faculdade, tava quase chegando no andar da minha sala, quando eu vejo o Rodrigo parado em frente da sala dele. No mesmo momento me deu um frio na barriga e um arrepio, eu meio que parei. Foi quando ele olhou pra mim e outro arrepio aconteceu, voltei a andar e quando fui chegando perto, abaixei a cabeça e passei por ele e entrei na sala com o coração batendo que nem uma bateria de escola de samba. Me sentei na cadeira e pensei se eu ia ficar assim toda vez que eu visse ele.
Um professou faltou e uma colega, a Jake, perguntou se eu queria ir com a galera na cantina. Eu disse que depois eu ia, assim que acabasse de copiar o que tava no quadro. Ficou eu e mais três pessoas na sala, quando meu celular vibrou, era uma mensagem do Guga:
"Cara, tu não sabe como eu tô feliz em saber que entre a gente não mudou nada. É por isso que eu fiquei a fim de ti, tu é um cara de responsa!"
Eu sorri, mas não respondi de volta. Terminei de copiar e fui encontrar a galera, a sala do Rodrigo tava vazia. Quando cheguei lá eles estavam conversando, foi quando eu vi o Rodrigo aos beijos com a Jake, a menina que tinha me chamado pra ir. Eu fiquei parado na mesmo hora vendo aquela cena, ele pegava ela com força beijando pra valer. Vários sentimentos eu senti, mas os mais fortes foram inveja e tristeza vendo ele beijando ela, quando alguém me acordou do transe:
— Senta aqui Vinícius! — disse o Lucas apontando um lugar perto dele. O Rodrigo parou de beijar ela, olhou pra mim e voltou a beijar.
— Eu tenho que ir.— falei isso e saí dali. Ainda ouvi alguém me chamando. Fui pra sala e me sentei, ainda ia ter uma aula, mas aquele beijo não saía da minha cabeça. Porra, o que tava acontecendo comigo? Porque eu tinha ficado tão perturbado por causa dele?
Peguei minhas coisas e fui embora, cheguei em casa e fui direto pro meu quarto. Me deitei na cama e fiquei pensando no Rodrigo. Porque eu tinha ficado assim depois daquele beijo?
— Caralho, Vinícius! Para com isso, porra! Tu não é viado pra tá pensando em outro homem! — fiquei vendo novela, ou melhor, tentando ver algo que ocupasse minha cabeça, quando meu celular tocou. Era o Guga, tinha esquecido dele.
— Oi.
— Cadê tu cara? Vim na tua sala e falaram que tu foi embora.
— Foi, eu passei meio mal e vim mais cedo pra casa e nem te avisei, foi mal Gustavo.
— O que foi que tu teve? Já tá melhor?
— Tô sim.
— Porra, fiquei preocupado contigo, vou passar ae pra te ver.
— Não foi nada Gustavo, sério mesmo, já tô melhor. Acho que eu comi demais na padaria.
— Hum, beleza. Qualquer coisa, se tu passar mal de novo me avisa, beleza?
— Tá bom Gustavo! Eu te aviso primeiro e depois os meus pais!
— Não, tu entendeu o que eu quis falar.
— Relaxa, vou desligar. Tchau!
— Tchau!
Desliguei e fiquei vendo tv.
A semana correu normal. Eu via o Rodrigo só na faculdade e cada vez eu me sentia mais estranho em relação a ele. Com isso fui me isolando, não aparecia mais na bola pra não ver ele, sair com a galera eu inventava uma desculpa pra não ir, só pra não ver ele. Minha rotina virou de casa pra faculdade e da faculdade pra casa, eu saía só pro necessário. O Gustavo tentava me tirar de casa, mas sempre uma desculpa. Começaram as provas na faculdade, aí mesmo que eu tinha motivo pra não sair.
Dia 24 junho, uma sexta, eu tava voltando da faculdade, isso era umas 10 horas, quando eu vi uma galera em frente à casa do Rodrigo. Fiquei sem entender e continuei andando. Quando cheguei mais perto, vi todos os meus amigos ali. O Fábio me viu e veio falar comigo:
— Tu ainda mora aqui?
Eu ri pra ele.
— Fala Fábio!
— Porra, porque tu sumiu da galera?
— As provas.
— Ah, tá, “as provas” — ele falou isso me imitando.
— Mas que porra é essa aí?
— Hoje é aniversário do Rodrigo.
— Hum. Bom, deixa eu ir nessa, tô com fome.
— Cara, o que tu tem? Me fala mano, a gente é amigo, cara!
Foi quando eu vi o Rodrigo. Meu coração deu uma acelerada, aquele maldito frio na barriga. Ele tava lindo, com uma camisa quadriculada azul escura, uma calça jeans preta e um sapato preto também. Ele tava falando com alguém e ria, o sorriso era lindo. Foi quando ele olhou pra mim e o sorriso que ele tinha na boca foi sumindo, acho que a gente ficou se olhando uns três segundos, mas pra mim tinha sido três horas. Ele olhou pra quem ele falava e voltou a rir.
— Tchau Fábio.
Fui andando até chegar em casa, entrei, fechei a porta e me encostei nela. Uma coisa eu tinha certeza, eu tava completamente apaixonado pelo Rodrigo, isso não tinha mais como negar. Às vezes o coração prega cada peça na gente que é foda!
Meus pais como sempre não estavam em casa. Fui ver algo pra comer e não tinha nada que eu queria, então peguei minha carteira e a chave de casa, respirei fundo, abri a porta, saí e fui andando, quando eu ouvi alguém me chamando. Eu olhei e era a Silvia, mãe do Rodrigo.
— Oi, meu amor.
— Oi tia, tudo bom?
— Tudo, aonde tu vai?
— Tia, vou comprar algo pra comer. Papai e mamãe não tão em casa, aí a senhora já viu.
— Imagina comprar comida, vem comigo.
Ela pegou na minha mão e foi me levando pra dentro da casa dela, e os que me conheciam ficaram olhando aquela cena. Ela me deixou em frente à mesa da comida.
— Fica à vontade, pode comer o que tu quiser.
— Tia, mas a senhora sabe que eu e o Rodrigo...
— O Rodrigo não manda em nada, fica aí que eu vou fazer uma quentinha pra ti levar e comer depois.
Ela pegou um prato e colocou na minha mão e saiu, indo pra dentro da casa. Aonde eu tava não tinha ninguém, a maioria tava fora da sala. Eu respirei fundo, tentei pegar o menor pedaço do bolo só pra dizer que eu comi algo e vazar dali antes que o Rodrigo aparecesse. Me virei e fiquei olhando o que eu ia comer. Olhei os doces e fiquei em dúvida entre a nega maluca e o bolo de morango, quando alguém falou:
— A de morango, vai por mim!
Aquilo me fez arrepiar todo, era o Rodrigo. Fiquei um tempo parado, mas fui me virando até que eu vi ele ali por completo na minha frente, lindo. Puta que pariu, como o Rodrigo tava lindo!
Bem, eu atualizei o conto com uma versão revisada que uma leitora do conto fez. Queria deixar aqui o meu muito obrigado a Josi, a pessoa que teve esse trabalho todo. Então vc que estiver lendo a partir de hoje, irá ler uma versão bonitinha, sem erros ortográficos e tudo mais rsrsrs. Aproveita e me segue lá no Wattpad https://www.wattpad.com/user/viiniiciiusp Tô escrevendo e postando uma história lá. Dá lá essa moral rsrs.
Caso queria mandar um e-mail: viiniiciiusp@hotmail.com