Rafael ficou desnorteado quando viu a cena. Ao longe, ele pôde ver a grande troca de carinho e a alegria estampada no olhar do Fábio, por estar ao lado do Davi.
- Traíra! Como você teve a coragem?! Passou-se por meu amigo, e me apunhala desta forma. – ele estava mal, e falava consigo mesmo. De repente um ódio tomou conta dele. Ainda não caía sua ficha, da cena que acabara de ver. A primeira reação era a de ir lá e socar a cara dos dois, mas se conteve e voltou pra casa.
- Beijo meu amor. Agora eu preciso ir mesmo. Hoje é a minha apresentação do coral. Torce por mim. – Davi deu mais um selinho nele.
- Claro que sim meu lindo. Beijos! Vai logo antes que eu te agarre de novo. – Davi sorriu para ele. – Ó! Não esqueça de que eu amo muito você. – Fábio fez um coração com a mão para ele.
- Eu também! Tchau.- ele se foi.
A igreja estava lotada, pois todos os irmãos aguardavam a tão esperada apresentação do coral, que ocorria todos os anos. Davi estava nervoso e andava de um lado para o outro, enquanto o pastor fazia sua pregação final.
- Meus irmãos! Devemos abominar tudo aquilo que for pecado. Senão não teremos o reino dos céus. Se vocês vivem em pecado, orem a Deus, e jejuem. O senhor é o grande purificador de almas. Mas se vocês não se arrependem a tempo, poderão ir para o inferno, pois não caberão pecadores no paraíso.
O pastor falava de forma enaltecida e condenatória, o que deixava o Davi aflito por dentro. Era uma grande batalha entre o seu coração, e as pregações impostas a ele. A Rebeca, a tal garota chiclete, passou a persegui-lo, a fim de obter um namoro entre os dois. Davi tentava de todas as formas dribla-lá. Quando foi anunciada a apresentação, uma luz baixa se formou na igreja, e todos estavam apostos. O coral iria cantar Hallelujah e o povo estava eufórico.
O Davi puxou a canção, e a sua voz parecia a de um pássaro. A melodia entrava com harmonia aos ouvidos de quem ouvia. Quando ele se virou para cantar com o resto do coral, quase teve um treco! O Fábio estava na plateia emocionado ao ver seu namorado cantando. Nem parecia que ele com seu jeito bruto e mal encarado, estava ali, feito um menino bobo, babando e cheio de orgulho do garoto pelo qual se apaixonou.
Davi não sabia o que pensar. O Fábio olhava para ele, e sorria. Aquele lindo sorriso, lhe deu gás para brilhar e fazer uma bela apresentação. Todos foram ao delírio com o final. Muitos aplausos e assovios. Davi só tinha olhos para o seu amor, e nem percebeu quando a sua mãe, veio lhe cumprimentar.
- Parabéns meu filho! Tava lindo! O coral emocionou mais uma vez.
- Obrigado mãe. Quando uma multidão de fiéis se juntou para parabenizar o grupo, Davi aproveitou e foi para fora da igreja atrás do Fábio.
- Fábio! Cadê você? Poxa, será que ele foi embora? – Davi olhava para todos os lados e não via nada.
- Você acha mesmo que eu iria embora, sem ao menos te beijar e dizer que você tem a voz mais linda do mundo? Porque nunca me disse que sabia cantar? Eu fiquei emocionado com você meu amor.
Eles se abraçaram, pois não estavam em local seguro para algo a mais. Mas o abraço foi o suficiente para a Rebeca presenciar a cena dos dois e ficar intrigada. O Davi precisava tomar mais cuidado, ou algo muito ruim poderia acontecer.
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Na escola, ele estava cheio de disposição e novidades para contar ao amigo, mas foi recebido com frieza.
- Rafa, nem te conto! O coral estava lindo! A igreja estava lotada. – o amigo nem olhava na cara dele. – Rafa! Aconteceu alguma coisa? Poxa, eu estou aqui te contando algo tão bom você nem está me dando ouvidos.
- Desculpa. Estava perdido em meus pensamentos. Outro amigo meu, me ligou ontem pra dizer que o amigo dele o traiu com sua namorada. Imagina só que barra? Existem muitos amigos fura olho por aí. E são os que você mais confia. Aquele que você jamais espera que irá te derrubar. – ele na verdade, estava lançando uma indireta ao Davi.
- Nossa! E porque você está me olhando desta forma. Seu olhar tá diferente.
- Você seria capaz de me trair, Davi?
- Como assim? Que pergunta doida é essa? Não estou te entendendo?
- Deixa pra lá! É besteira da minha cabeça. – ele estava com maus pensamentos.
- Eu hein! – Davi retrucou. – E aquele cara? O amor da sua vida. Vamos tentar achá-lo?
- Claro! Eu conto muito com a sua ajuda! – ele usava um tom de deboche. – Por falar nisso, você vai ou não vai me dizer o nome do seu namorado? Estou curioso.
- Eu queria te apresentar ele. Mas tudo bem; posso te adiantar o nome. É Fábio!
A vontade do Rafael era voar no pescoço do Davi e esganá-lo. Mas o coitado não tinha culpa de nada, ele era inocente em toda história. Jamais poderia imaginar que o Fábio fosse um antigo caso do Rafael.
- Ele é um cara lindo! Super bacana, divertido... Sabe amigo, eu nunca pude pensar que um dia eu conheceria alguém como o Fábio. Eu amo tanto ele.
A declaração do Davi era alimento para raiva e rancor do Rafael. Ele estava se sentindo traído até a alma.
- Ele tem tatuagem por todo o corpo. No inicio eu até estranhei, mas agora? Já estou até acostumado.
- Imagino... Ele tem uma fênix nas costas?
- Como você sabe? – Davi ficou surpreso.
- É que... Todo homem gosta deste tipo de tatuagem nas costas. Me fala mais dele. Como vocês se conheceram?
- Ele mora na mesma rua onde moro... – e assim, o Davi ia relatando toda a sua história com o Fábio. Agora o Rafael tinha tudo que precisava: o local onde encontrar o Fábio.
QUINZE DIAS DEPOIS...
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O amor do Fábio e do Davi ia a mil por hora. Ambos davam um jeito de se encontrarem e ficar juntinhos, se amando... O Davi fazia o maior esforço, para escapar das garras do namorado, que sempre partia para as segundas intenções, mas ele ainda não se sentia preparado. És que chega o sábado, num dia meio nublado...
- Estranho... Uma mensagem do Davi. – Fábio olhava no seu celular.
“Amor, vamos aproveitar que a sua mãe está de plantão hoje, e vamos nos encontrar em sua casa. Me aguarde ás 09:00 hs. Beijos do seu amor”.
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- Oi Rafa, entra. – Davi atendeu o amigo.
- Tá sozinho?
- Sim. Meus pais foram à igreja.
- Eu vi isto aqui na porta. – era um bilhete criado por ele mesmo, numa espécie de letra falsa, informando um recado do Fábio.
- Quem te deu isso?
- Eu encontrei no canto da porta de entrada.
“Meu amor, quero que venha até a minha casa, hoje às 09 h. Estou morrendo de saudades. Não vai faltar”. Beijos.
- É um bilhete do Fábio. Mas porque ele não me ligou? Será que não passou pela cabeça dele, que o meu pai poderia ter encontrado este bilhete? É bem o tipo do Fábio, correr riscos. Ai meu Deus! Onde será que eu enfiei o meu telefone?
- Vai ver você deixou no quarto. – Vai dar uma olhada. Quem sabe não tem uma ligação dele.
Rafa aproveitou que o Davi foi procurar no quarto, e colocou o celular do amigo debaixo de almofadas que estavam sobre o sofá. Ele havia pegado o celular do Davi em sua mochila dele.
- Não achei.
- É esse aqui?
- Cara, que cabeça é a minha.
- Bom, eu já vou indo. Tenho um encontro hoje. Depois te conto. Ah! Não vai deixar seu namoradinho esperando.
- Vou ver se eu vou. Beijos. – ele se despediu do Rafa.
ENQUANTO ISSO...
- O que você está fazendo aqui Rafael? Como descobriu o meu endereço?
- Me deixa entrar? Por favor? – ele forçou um choro e o Fábio cedeu.
- O que você quer? Eu fui tão claro com você da última vez.
- Fica comigo Fábio. Eu te amo. Não me deixa sozinho.
- Cara! Para com essa perseguição. – ele gritou.
- Tudo bem... Então usa o meu corpo, só pela última vez, como há dois anos.
- Hã? Você bebeu né? – O Rafa ia tirando a roupa, e ficou completamente nu para ele. Ele tinha um belo corpo, e coxas grossas.
- Eu aposto que esse teu novo namorado nem fode direito. Vem me comer. Vamos pro quarto. Ele chegou perto do Fábio, que por fraqueza, permitiu a aproximação. Rafa alisou o pau dele, e chupava sua orelha... – Você gosta de sexo, e eu estou aqui disposto a lhe dar todo o prazer do mundo.
- Oi amor, a porta... O que é isso? – a BOMBA!!!
- Davi! – Fábio ficou sem cor.
- Que palhaçada é essa? Rafael? Você? O que está acontecendo aqui? – ele gritou e ficou desnorteado.
- Eu estou com o meu namorado. Era dele que eu te falava.
- Como assim? Vocês se conhecem?
- Claro amor. Eu cansei de te falar do meu amigo Davi.
- Para de me chamar assim! Davi eu quero te explicar!
- Você é um covarde! Eu odeio você! Me solta, ou eu sou capaz de te matar! – bradou o Davi, cheio de ira e ódio. Ele não acreditava no que via.
- Vamos conversar meu amor! Não é isso que está pensando.
- Eu tive que me reinventar! Mudei por você. Briguei com o mundo e você me devolveu desta forma?
- Davi, eu te amo. – nada do que o Fábio dizia, era capaz de conter o ódio do outro. Afinal, pegou a pessoa ao qual acreditava confiar, na cama com o seu então melhor amigo.
CONTINUA...