K:Obrigado.
A enfermeira foi saindo e o meu sono havia ido para o espaço, pelo olhar do Digo parece que não era o único sem sono.
D:Ainda não lembra...do incidente...desses últimos dias.
K:Não e nem sei se quero...esse pesadelo parecia tão real.
D:Você foi na festa de formatura e...
K:Eu sei a minha mãe me contou...
D:Cala a boca e deixa eu falar sem interromper.
K: Ta.
D:E eu acabei indo lá...sozinho.
K:Pra que?
D:Eu não sei...quando vi já estava lá...eu acho que fui te ver...ou não. Eu vi você com seus amigos teve um momento que todos foram dançar e você ficou sozinho...
K:Do que você ta falando?
D:Eu tive um impulso...foi sem pensar.
K:O que foi que você fez?
D:Eu fui ate onde você estava...peguei na sua mão e fomos para a pista de dança...nos dançamos e...nos beijamos na frente de todo mundo.
Eu travei na hora, ele não pode estar falando serio...na frente de todo mundo...da escola inteira.
K:É alguma piada?
D:Eu não te forcei a nada, você correspondeu.
K:Você me expôs pra todo mundo? VOCÊ TEM NOÇÃO DO QUE FEZ?
D:Eu não fiz nada sozinho e baixa o tom de voz pra falar comigo, estamos em um hospital.
K:Eu só estou aqui por culpa sua.
D:Coloca uma coisa na sua cabeça, nos não temos futuro juntos, eu vou ser pai, o que eu vou dizer para o meu filho? Olha filhão seu pai é viado e come o seu tio?
K:Vai toma no cu, seu filho da puta...eu não te procurei e nem te chamei pra nada, você não tinha nada que fazer lá.
D:Eu tinha que te dar uma lição e fazer você entender e me esquecer.
Foi a partir dai que me veio um pensamento na cabeça, mas logo pensei não é só uma coincidência.
K:Ta feliz? Já ferrou com a minha vida, quer mais o que cara?
D:Eu estou pensando em nosso futuro, você também devia fazer isso e aceitar a minha proposta.
K:Proposta. Que porra de proposta é essa?
D:De você ir morar com a tia.
Vocês que estão me lendo agora, devem estar pensando o mesmo que pensei, como uma pessoa que diz gostar de você pode fazer o que ele fez e ser tão frio assim.
K:Você que mandou aqueles caras atrás de mim num foi?
Ele nem me olhava mais, ficou de costas pra mim no parapeito da janela.
D:Não era para eles encostar um dedo em você, era pra ser só um susto.
K:UM SUSTO? SE É LOCO? OLHA PRA MIM, ERA ISSO QUE VOCÊ QUERIA QUE ELES TIVESSEM FEITO OU QUEM SABE ME MATAR LOGO.
D:NÃO ERA ISSO NÃO, EU SÓ QUERIA TE DAR UM SUSTO PARA VOCÊ IR EMBORA E ME DEIXAR EM PAZ, SÓ ISSO.
D:Sabe quanto tempo faz que eu não consigo transar com a minha namorada? Desde daquela noite, ela já esta cansada das minhas desculpas eu também to.
K:E por causa disso você resolveu descontar as suas frustrações sexuais em mim?
D:
K:Não vai falar nada?
D:
K:Vai embora.
D:Mas...
K:Mais nada, vai embora daqui...eu não preciso de você aqui...não quero gente fraca e covarde perto de mim.
Ele olhou pra mim com uma cara de por favor não faz isso comigo, e passou as mãos no rosto acho que querendo se acalmar e se aproximou da maca onde eu estava e com as duas mãos segurou meu rosto e ficou a poucos centímetros de mim.
D:O que eu mais quero é cuidar de você...estar ao seu lado e te mostrar o quanto eu te amo, eu errei eu sei... eu nunca quis te machucar, você me conhece e sabe que eu sou meio xucro e as vezes não sei o que fazer e sempre faço besteira, não é fácil pra mim admitir que eu estou apaixonado pelo meu próprio irmão, eu não sou viado, mas com você é diferente e sempre foi, me perdoa por não saber o jeito certo de te amar, eu erro achando que estou acertando...eu to perdido, não sei mais o que fazer.
Eu permaneci em silencio durante todo o tempo que ele falava, ficava muito feliz por saber que ele gostava de mim, mas decepcionado e com raiva de suas atitudes, ele era uma caixinha de surpresas e nunca se sabe o que pode acontecer, do mesmo modo que ele colocava tudo aquilo para fora, amanhã ele pode mudar de ideia e dar um jeito de complicar ainda mais minha vida.
D:Fala alguma coisa pelo amor de deus...não me deixa mais nessa aflição...
K:O que você quer que eu diga? Depois de tudo que você já me fez? Acha que é simples assim esquecer o que aconteceu...como posso acreditar numa pessoa instável, que em um momento diz que gosta de mim, mas só eu virar as costas que você vem e me manda para o hospital.
D:Eu vou mudar, eu posso ser diferente...eu posso mostrar pra você e pra quem quer ver que eu posso ser outra pessoa... eu te amo porra... não queria admitir mas eu amo e não tem nada que possa mudar isso...e eu sei que você também me ama.
Ele foi se aproximando de meu rosto e logo senti seus lábios junto aos meus e eu tentei protestar, mas ele tinha um poder sobre mim... que me desarmava completamente.
K:Eu...
D:Não fala nada...só me ame...do mesmo jeito que eu te amo.
O Digo tinha alguma coisa que te faz perder totalmente os sentidos, não sei se era o seu jeito doce de ser quando esta carinhoso ou o sabor dos seus lábios ou a pegada, sim ele tinha uma pegada, cara do céu era a sua arma e ele sabia disso e fazia de proposito e ali naquela cama de hospital eu esqueci de tudo e de todos só fiquei preso ao que seu corpo me proporcionava.
Aos poucos nos desfazemos de nosso beijo e ele com seu rosto junto ao meu, roçava seus lábios em meu pescoço subindo para o meu queixo roçando seu rosto com sua barba por fazer em min, seus carinhos era algo impagável, não trocava nada no mundo por aquele momento, e desejava que jamais acabace, mas tudo que é bom dura pouco, ouvimos alguém na porta e separamos rapidamente e o Digo voltou para a sua poltrona e a porta se abre e a enfermeira entra e olha umas coisas lá e enquanto isso eu não conseguia parar de olhar pra ele que com uma cara de pau que não cabe em si disfarçava sua ereção enquanto a enfermeira não estava olhando e eu me segurava para não rir, depois que ela saiu trocamos mais caricias, mas logo o sono foi voltando.
D:Dorme meu anjo...sonha comigo assim como eu sempre sonho com você.
K:Se eu dormir você vai sumir de novo...eu não quero.
D:Não tem como...você é a minha vida...metade do meu coração...minha metade...como poderia sumir...seria o mesmo que deixar de existir...já que não posso eu me rendo ao amor que sinto por você.
D:Vagarinho, vagarinho
Fecha o olho no seu ninho
E o sono vai chegar
E o sono no escurinho
Vagarinho vagarinho
Põe o mundo pra sonhar...
K:Eu lembro dessa musica mamãe cantava pra mim quando era criança.
D:Eu também já cantei pra você...você não lembra...mas eu sempre cuidei de você...sinto muito se ficaram só as lembranças que eu fui mal pra você...mas é passado...agora tudo será diferente...
D:Vagarinho, vagarinho
Fecha o olho no seu ninho
E o sono vai chegar
K:Eu também te amo...Digo.
E dormi...
Acordei no dia seguinte...olhei para o lado e o vi dormindo meio desajeitado, com certeza ele iria ter dores no corpo devido a posição que dormia, fiquei o tempo todo que estava acordado velando seu sono e assim que acordou me viu olhando pra ele e deu um sorriso sincero e se levantou se esticando todo.
D:Bom dia
K:Bom dia, nem vou perguntar se dormiu bem, porque pela sua posição não foi tão boa assim.
D:E não foi mesmo, mas valeu a pena só de acordar e te ver, já ganhei meu dia.
Ficamos na rasgação de seda por mais um tempo e logo a enfermeira entra com o medico para fazer a avaliação, e o Digo sempre do lado atento a tudo e toda hora perguntava alguma coisa ao medico demonstrando sua preocupação comigo o medico me perguntava um monte de coisa e eu respondia, era bom ver ele assim, será que eu vou me acostumar com essa nova face de Rodrigo? Espero que sim.
Med:Bom senhor Carlos acho que já pode ir pra casa, seus exames estão bons, não vejo motivo para mante-lo aqui, claro que desde que siga as minhas recomendações e tome todos os remédios da maneira certa.
K:Claro que sim, na hora. Então já posso ir?
Med:Sim pode arrumar suas coisas seu irmão pode assinar alguns papeis na recepção.
D:Ta eu já estou indo lá, enquanto isso se ajeita ai que já venho pra te ajudar.
Os dois saíram e eu fiquei super animado, finalmente sairia daquele lugar e a primeira coisa afazer é comer uma comida de verdade por que aquilo que eles serviam era insuportável de comer, sem tempero.
Logo o Digo voltou e não me deixou fazer nada, ele mesmo fez a minha mala e juntou tudo, já tinha ligado pra minha mãe e ela me esperava em casa, chegando lá minha mãe me dava um abraço forte, é muito bom estar de volta na casa da gente, fui para o meu quarto tomei um banho e me deitei e logo o Digo entra no meu quarto e tranca a porta e deita do meu lado.
D:Nem acredito que estou aqui contigo.
K:Ta arrependido?
D:De jeito nenhum...me sinto mais leve...mais feliz...eu vou cuidar de você pode ter certeza disso.
Ficamos namorando por mais algum tempo e vi que ele estava cansado afinal passou a noite ali naquele hospital, pedi pra ele tomar um banho e ficar ali comigo deitado e abraçadinho, mas ele achou melhor não, minha mãe estava ali e ela poderia suspeitar se é que ela já não estava de olhos abertos, nos despedimos com um super beijo e ele ajeitou a calça pois estava animado e saiu.
Durante aquela semana quase não sai de casa, por recomendações medicas, mas eu estava de saco cheio de ficar em casa e o Digo sempre falava pra eu obedecer o que o medico tinha mandado, mas na quinta ele chegou em casa com uma cara não muito boa.
K:Que foi Digo algum problema?
D:Nada não.
K:Eu te conheço muito bem e sei que tu ta bolado com alguma coisa.
D: Já falei que não é nada.
K:Digo agente precisa conversar sobre o que vamos fazer agora em diante.
D:Hum...eu sei...eu vou terminar com a Dani só preciso saber como...você sabe que ela esta esperando um filho meu...e nessa altura do campeonato terminar com ela poderia fazer mal pra ela e para o bebe.
K:Ela esta de cinco meses...é isso?
D:Fez seis ontem.
K:Quer esperar o bebe nascer para terminar?
D:Eu preciso Kadu é a vida do meu filho que esta em jogo...nossa relação esta péssima e ela já percebeu isso...confie em mim faltam só três meses...passa rápido.
K:E é por isso que você esta com essa cara?
D:Não é nada não meu anjo (ele entrelaçou os braço em minha cintura e me beijou).
D:Só coisa lá do serviço.
K:Quer ajuda?
D:Você trabalhando?
K: Ta me olhando assim porque? Eu não sou preguiçoso não, é só falar que eu ajudo.
D:KKKKKKKKK Tabom meu amor, eu sei que o senhor é um rapaz esforçado e trabalhador, mas não precisa não porque eu não vou correr o risco de algum marmanjo se engraçar para o seu lado.
Eu nem acreditava que tudo isso estava acontecendo o Digo estava mostrando um lado novo dele que eu não conhecia, ele sempre ia lá em casa me ver, minha mãe quase não parava em casa devido ao trabalho e ao namorado, ela ate o presente momento não falou nada a respeito, mas eu e o Digo já sabíamos o que estava acontecendo e em uma sexta feira a noite minha mãe foi no meu quanto me chamar para descer que ela queria conversar comigo e prontamente desci e la na sala estava o Digo com a Daniela que já estava com uma barriga enorme. Mesmo compreendendo a situação eu não conseguia deixar de ficar um pouco desconfortável estando em sua presença.
Dan:Oi Kadu quanto tempo. (beijo no rosto)
K:Oi Daniela tudo bem, nossa você ta diferente.
Dan: Se da valor a sua vida não ouse dizer que estou gorda.
Todos rimos, eu não gostei nenhum pouco de vela, eu sei que ela não tinha culpa e também eu me sentia culpado, pois ela era uma ótima pessoa, sempre alegre carismática do tipo que se você precisar e ela tiver condições de te ajuda, pode ter certeza que ela não pensaria duas vezes para fazer isso e era por essa razão eu me sentia culpado, não queria enganá-la.
M:Bom sentem se todos.
D:Qual é o problema mãe?
Notei que o Digo estava visivelmente nervoso e com muita pressa e toda hora me olhava com uma cara de cachorro sem dono acho que ele também não estava muito a vontade.
M:OK Tudo bem eu chamei vocês aqui para dar duas notícias.
Minha mãe era outra que também parecia estar muito nervosa, ela com suas mãos esfregando uma na outra era uma evidencia de seu nervosismo.
M:A primeira é que eu estou namorando.
Disso todo mundo que estava ali já sabia então pra nós não foi novidade nenhuma.
D:Só isso?
M:Como só isso? Você entendeu bem o que eu disse meu filho?
K:Mãe tem dó né, quem aqui não sabe que a senhora tava com alguém.
M:Vocês já sabiam? Mas como?
K:Mãe basta olhar pra sua cara, suspirando pelos cantos sorrindo atoua ouvindo musicas românticas... fora uma cueca desconhecida que achei debaixo do sofá no mês passado.
Nem preciso dizer que ela ficou vermelha de vergonha kkkkk, se bem que eu também não fiquei muito a vontade em falar desse episódio, vocês sabem né que filho que gosta de falar da vida sexual de seus pais ainda mais se tratando de sua mãe?
M:Bom... ai Kadu rsrsrs... Mas a segunda noticia é que nesse próximo domingo haverá um almoço na casa da pessoa que eu estou me relacionando e preciso que todos vocês estejam presentes.
D:Domingo agora?
M:Sim.
K:Mãe quem é esse cara?
M:O nome dele é José Antonio, temos a mesma idade e ele tem dois filhos, a Luana que tem dezoito anos e o Pedro Henrique de vinte e oito anos. São uns amores e tenho certeza que vocês também vão gostar deles.
D:E por que só agora a senhora resolveu contar pra gente?
M:Bom Rodrigo, você já esta de casamento marcado (O Digo imediatamente olhou pra mim e eu retribuí), logo o Carlos também já estará se casando, então nada mais justo que eu também conheça uma pessoa (vi o Digo fechar os punhos rsrss).
D:Ta mãe eu entendi, não estou questionando isso é claro que a senhora tem todo direito de viver a sua vida, o que eu to querendo saber é por que só agora a senhora resolver contar pra gente.
M:Por que estamos pensando em morarmos juntos.
K:Mas já.
D:Quanto tempo tu acha que ela e esse cara estão de namoro?
M:Não é bem assim Rodrigo, bom mas enfim é isso que eu queria contar e peço a colaboração de vocês, por que é muito importante pra mim o apoio de vocês.
K:Por mim esta tranqüilo.
Já fui abraçando a minha mãe e deixando um beijo na bochecha dela.
D:Por mim também, a senhora sabe o quanto eu te amo e só quero que seja feliz, se for esse cara por mim tudo bem
Digo disse abraçando-a também, tadinha ficou emocionada, acho que ela temia que nós não concordássemos com isso.
Esse almoço seria muito especial pois pessoas importantes entrariam na historia que serão responsáveis por muitas alegrias e tristezas na minha vida.
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Talvez a duvida desse leitor seja igual a de muitos outros então segue a pergunta e a resposta.
“Ainda não entendi como você conseguiu se apaixonar pelo seu irmão cujo único tratamento que você teve dele foi desprezo, humilhação e revolta! e não importa quantos atos hediondos e dignos de pessoas desequilibradas ele te faça, você age como se não fosse nada. Conheço diversos irmãos que nem se olham na cara,não por brigas constantes, mas por força da convivência. É cansativo ver a mesma cara todo dia desde o começo da sua vida. Mas você e ele foram além! O que ele te fez passar já seria caso de morte na família em diversos outros lugares!No entanto, você se apaixonou por ele!!Não consigo conceber isso.”
Bom cara eu nunca fui uma pessoa rancorosa, nunca guardei magoas de pessoas que fizeram algum mal pra mim, fico com raiva na hora, revoltado, mas depois eu nem ligo, pra que eu vou ficar com isso na cabeça, então é isso eu não guardo magoas de ninguém, o Bruno diz que isso é um grande defeito meu, eu não penso assim. Por mais que o meu irmão tenha me machucado não só com palavras mas fisicamente eu não consigo ter raiva dele não é porque eu amei ele como homem, mas também como irmão, se esses irmão que você se refere agem assim...bom fico muito feliz por não ser igual a eles. Eu não acho cansativo muito pelo contrario o que eu mais quero é estar presente na vida de todos não só do Digo, mas da minha mãe, do Bruno enfim todos os parentes e amigos que desde criança tenho uma ótima convivência diária. Talvez você tenha dificuldades de compreender a minha situação porque você teve uma criação diferente da minha, nossa família é muito unida e uma coisa que eu nem coloquei aqui, porque achei desnecessário é o fato de todos nós nos cumprimentarmos com beijo no rosto e abraço, sempre foi assim na nossa família e é algo que tenho muito orgulho, então não vale apena viver com o coração cheio de magoas e ódio.