Capitulo dezenove: Despedidas.
– Não chore – Nathan me pediu mais uma vez naquela noite – Em dezembro você volta para mim – ele queria me tranquilizar, mas o que ele disse só teve o efeito contrario.
– Mas é muito tempo – eu disse.
– Relaxa Lucas – Kimberly passou seus braços ao redor de mim – Já estava claramente bêbada – Bebe um pouco.
Benjamin, nosso da minha antiga no Canadá escola, tinha dado uma festa e convidado Jess e pedido para ela repassar o convite para nós, mas com tudo o que aconteceu ela havia esquecido. Quando eu disse para ela que iria embora amanhã, ela disse que precisávamos de uma despedida e a festa veio a calhar.
– É Lucas – Jess me estendeu um copo de batida de morango – Não fizemos quase nada nessas suas férias. Se divirta um pouco. Solte a bicha que está dentro de você.
Eu dei uma gargalhada e comecei a beber. Era bem docinha e isso deixava o sabor do álcool completamente oculto. Bebi um copo atrás do outro sempre dançando e cada vez mais “soltando a bicha de dentro de mim”. Deveria ter umas cem pessoas na casa de Benjamin o que deixava o ambiente bem quente devido a proximidade entre as pessoas e isso (ou talvez o álcool) foi me dando calor. Não sei exatamente quando a ideia me surgiu ou como eu fui parar em cima da mesa, mas eu estava lá. Começei a dançar e a beber cerveja enquanto despia de forma sensual (ou parecia assim para mim). Primeiro tirei meu colete e o atirei na plateia que gritava em delírio. Me abaixei e empinei minha bunda para o alto e levantei deslizando minhas mãos por minhas pernas. Tirei minha camisa deixando meu corpo moreno, magro e liso exposto. Atirei minha camisa para um grupo de quatro garotos que conversavam ao pé da escada. Pude ver que eles não gostaram muito, mas levaram numa boa. Vi Jess sussurar algo no ouvido de Nathan e ele veio até mim. Pensei que ele iria me tirar de lá, mas ao invés disso ele se juntou a mim na brincadeira. Quando estávamos os dois de cueca, nós nos beijamos arrancando vaias das meninas na plateia de olhares de nojo dos meninos. Braços fortes nos arrastaram para baixo e nos guiaram escada acima enquanto Jess recolhia nossas roupas.
– Me deixa. Eu quero voltar para lá – eu reclamei caindo na gargalhada.
– Já vi que você nunca bebeu antes – Matt disse sorrindo – bebeu um pouquinho e já está mal.
– Deixa ele em paz – Nathan disse tentando ser sério, mas sua voz soou meio esquisita por conta do álcool me fazendo rir – Ele é meu namorado.
– Outro que nunca bebeu – Matt abriu a porta de um quarto e nos colocou para dentro.
Jess entrou logo em seguida completamente sóbria, já que não podia beber por conta do bebê. Ela atirou nossas roupas para cima de nós furiosa.
– Quando eu disse para você beber, eu não disse para você ficar bêbado e fazer vexame Lucas – Jess brigou comigo – Tem ideia do risco que correram lá fora? Está todo mundo bebendo e vocês dois fazendo Strip em cima de uma mesa e ainda por cima se agarrando? Se um daqueles caras lá em baixo resolve bater em vocês? Ninguém iria conseguir impedir!
– Relaxa Jess – Matt interveio – Deixa eles se divertirem. O garoto vai embora amanhã.
– Olha Matt, eu te agradeço por tirado eles de lá, mas eu ainda não esqueci o que você fez – Jess disse ainda furiosa – Agradeceria se fechasse a droga dessa boca e me deixasse falar com os dois.
– Você perdoou os dois mais ainda não me perdoou? – Matt pareceu irritado.
– Depois conversamos Matt. Vai procurar por Kimberly. Já faz um tempão que não a vejo e ela estava enchendo a cara.
– Ok então. Mas vou cobrar a conversa.
Matt também havia bebido. Era possível ver pelo seu rosto alegre e pelos seus gestos mais descontraídos. Ele saiu do quarto nos deixando lá.
– Me desculpa Jess – Natham pediu – Eu não sei o que deu em mim, quando eu vi... – e apagou naquele momento começando a roncar.
– O nome disso é cachaça – Jess disse ajeitando Nathan na cama – Vai dormir também que já são quatro da manhã e sua mãe disse que você tinha de estar em casa as nove.
Eu deitei na cama ao lado de Nathan que roncava alto demais, porém eu estava com tanto sono que senti que isso não seria problema para mim.
– Jess! – Chamei quando ela abriu a porta do quarto para sair.
Acordamos bem tarde na manhã seguinte. Matt nos levou até a minha casa contra a vontade de Nathan, mas como ele era o único que tinha carro, ele acabou concordando. Eu me despedi de Jess e Kimberly e entrei no carro com Matt e Nathan. A viajem até em casa durou vinte minutos e foram os vinte minutos mais desconfortáveis da minha vida.
– Quero que voltem a ser amigos – disse antes de chegar em casa.
– Como posso se amigo de alguém que tentou me matar? – Nathan provocou.
– Você me atacou primeiro – Matt rebate.
– Você estava beijando o meu namorado! – Nathan gritou – Queria que eu ficasse olhando sem fazer nada?
– Seu namorado agora, por que ele era meu namorado! – Matt argumentou.
– Chega! – disse querendo dar um basta na situação – Eu não era de namorado de ninguém. Gostava dos dois e escolhi um de vocês. Isso não quer dizer que vocês não possam se dar bem.
Assim que acabei de falar pude ver o quão idiota havia sido o que eu disse. Eles eram rivais por minha causa e por minha culpa seriam para sempre inimigos.
– Só tentem tudo bem?
Ninguém respondeu e eu considerei isso uma vitória.
Quando chegamos em minha casa minha mãe e meu pai estavam colocando minhas malas e a da minha mãe no carro do meu pai.
– Já ia te ligar – Minha mãe me abraçou – Que bom que já tomou banho. Se despeça de todos e vamos embora.
Fui até Cindy que chorava nos degraus da varanda segurando um lencinho. Era quase que imperceptível, mas sua barriga já começava a dar sinais de que meu irmão ou irmã estava vindo.
– Tchau Cindy – a abracei apertado como fazíamos todos os anos quando eu ia embora – Vou sentir sua falta.
– Também vou sentir a sua meu bebê – ela bagunçou meu cabelo – Quando você voltar, vai ter alguém aqui querendo te conhecer – ela acariciou a barriga.
– Também estou louco para conhece-lo – disse dando um beijo em sua bochecha.
Fui até Nathan que começava a chorar ao lado do carro.
– Nathan. Eu te amos e sei que você me ama. Mas talvez sua mãe esteja certa.
– Co-como ass-ssim? – ele gaguejou.
– Somo jovens e voláteis. Além disso muita coisa pode acontecer até Dezembro e eu não quero te prender até lá – lágrimas escorriam por meus olhos.
– Está terminando comigo?
– Terminando não – disse segurando sua mão – Apenas dando um tempo. Quando eu voltar, e se ainda estivermos apaixonados um pelo outro, seremos um só de novo e desta vez sem nos esconder. Eu te amo Nathan.
– Eu também te amo Luke – ele me beijou de forma longa e calorosa.
– Até dezembro.
– Até.
Agora era a vez de Matt. Ele não havia saído do carro, e eu entrei pelo lado do carona.
– Vim me despedir de você – disse a Matt que só virou para mim naquela hora.
– Vocês terminaram?
– Demos um tempo. Não quero que Nathan se sinta culpado se fazer algo enquanto eu estiver fora. Ele está livre para amar quem ele quiser.
– E se ele tiver outro quando voltar?
Eu sorri e dei um beijo no rosto de Matt que sorriu.
– Então eu serei seu se ainda me quiser.
– Eu sempre vou te querer – Matt respondeu começando a chorar – Tchau.
– Tchau.
Sai do carro e fui até o carro do meu pai me sentando no banco de trás junto de minha mãe.
– Já está pronto para ir meu filho? – Meu pai perguntou.
– Eu nunca vou estar pronto para deixar esse lugar.
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Espero que tenham gostado de mais esse capitulo e até o próximo!