Algumas explicações:
1- Alguns de vocês devem achar estranho o 8.1, mas o que aconteceu foi o seguinte: eu publiquei o capítulo 8 ontem por volta das 6 da tarde, mas aí do nada a cdc excluiu o conto e o reverteu pra rascunho. Tentei repostá-lo mas não consegui, inclusive alguns leitores (Geo Mateus era um deles, se não estou enganado), que eu vi que tinham comentado, esse texto pode está um pouco diferente do outro, mas tem a mesma base...
2- Talvez não poste amanhã e nem sexta, porque vou fazer uma cirurgia na gengiva amanhã (quinta feira) e vou ter que ficar em observação, bla bla bla.
3- ~ignorem~ VOU TIRAR O APARELHO ORTODONTICO SEGUNDA FEIRA JKJDJKDJKDJKJKJKKJ voces sabem o que é passar 5 anos com um monte de ferro na boca???????? enfim, só isso mesmo, obrigado.
Quando saí do elevador, dei de cara com meu pai, que estava abraçado com a Marta. Ela estava orando com um terço na mão, o que me deixou bem preocupado, já que ela não parecia ser uma mulher religiosa..
- Pai, o senhor quem tá cuidando do caso do Duda? Como ele tá? - Perguntei preocupado.
- Não, meu filho, mas é um amigo meu, o Dr Henrique, que é tão ou até mais competente quanto eu. Por ser da minha família, eu não posso cuidar do caso, infelizmente. - Respondeu meu pai.
- Me deixe ir vê-lo, papai. - Pedi com uma voz chorosa.
- Você pode ir, mas tem duas coisas que tenho que te avisar primeiro. A primeira coisa é que você tem que ser forte, a segunda é que você só pode ficar 5 minutos com ele.
- Entendi.
Meu pai apontou o caminho e segui em direção ao quarto de número 4, que era o quarto dele. Parei em frente a porta e uma descarga de sentimentos caíram em mim: dor, raiva, ódio, remorso, amor, preocupação.. tudo de uma vez só. O Alexandre tinha vindo atrás de mim a pedido do meu pai, mas me esperaria do lado de fora, já que só um podia entrar na sala.
- Eu to contigo pra o que der e vier, e vamos superar isso juntos! Eu te amo - Disse o Ale, me dando um beijo na testa.
Entrei na sala e fiquei horrorizado com o que vi: o Duda tava deitado em uma cama com vários fios ligados a ele, estava com escoriações no rosto e ele parecia péssimo. Segui até próximo a maca e, apavorado, dei um selinho nele e me abaixei até as suas mãos, e comecei a chorar e a orar, pedindo pra que Deus o tirasse daquela situação. Em meio aos meus choros, sinto uma mão nos meus ombros e dizendo que tudo iria ficar bem. Me virei e vi que era uma enfermeira que estava dentro da sala.
- Calma, Enzo, tudo vai ficar bem - Exclamou ela.
- Como você sabe meu nome? E como você entrou aqui sem eu ver? - Perguntei.
- Bom, o seu nome eu sei porque antes de colocarmos o Sr. Eduardo em coma, ele gemia o seu nome, falava coisas do tipo "Eu quero o Enzo, eu quero o Enzo", então, quando vi você o beijando, liguei os pontos e lembrei.. Já como eu entrei aqui, bom, eu já estava aqui antes mesmo de você chegar, você quem deveria estar tão desnorteado e não me viu aqui.
- Eu a abracei e comecei a chorar
- Calma, ele vai ficar bem - Disse calmamente a enfermeira.
- Como você me garante isso? - Perguntei, enxugando as lágrimas na camisa.
- Ele esta em coma induzido, já que ele tem um coágulo no cérebro. A medida que o coágulo for se dissolvendo, vamos diminuir as drogas e ele sairá do coma. - Explicou.
- E os movimentos das pernas? - Perguntei.
- Isso provavelmente foi consequência do baque que ele levou na cabeça.. ele também poderá ter a visão prejudicada por alguns dias após sair do coma, já que ele vai passar um tempinho em coma.
Fiquei observando o Duda ali e falei pra enfermeira:
- Eu o odeio, mas o amo, sabe como é? Foi tudo muito diferente, eu nunca havia ficado com homens antes dele e nunca tinha tido nem vontade, mas ele soube roubar o meu coração.. e agora não sei se consigo viver sem ele, mesmo com ele me chamando de bixinha, me batendo e me odiando! Isso parece tão estranho, ainda mais por ele ser meu meio irmão, por isso peço pra senhora, por aquilo que a senhora mais ama na vida, não contar nada do que viu e ouviu aqui pra ninguém. - Pedi quase chorando.
Meu pai apareceu na porta e pediu pra eu sair, que já tava na minha hora. A senhora, bem simpática por sinal, me deu outro abraço e disse que nosso segredo estava guardado. Senti que podia confiar nela.
Quando cheguei de volta a recepção, perguntei a Marta como aquilo havia acontecido, mas nem ela mesmo sabia me explicar. Tudo que ela sabia era que ele tava parado no sinal e ele tentava ligar pra alguém, mas o sinal abriu e o carro de trás acabou não o vendo parado e bateu com muita força na traseira do carro, fazendo com que ele voasse fora do carro e batesse a cabeça no capô. Como ele era de menor e ainda estava sem cinto, o meu pai entrou em acordo com o motorista do carro e decidiram que não era necessário acionarem a polícia, mas alguns repórteres e colunistas ainda conseguiram registrar alguns momentos do acidente.
O Alexandre me esperava junto com a Marta e meu irmão, que havia chegado a pouco tempo da universidade.
- Seu irmão vai dormir na casa da Jéssica, já que ela tá sozinha em casa, então vou te levar em casa e você vai ficar sozinho lá, Enzo.. Não posso deixar a Marta sozinha aqui. - Disse meu pai. (Jéssica é a namorada do meu irmão).
- Não precisa se preocupar, Sr. Eduardo, eu levo o En até em casa e, se o senhor permitir, durmo junto com ele, pra ele não se sentir tão só. - Disse o Alexandre.
Meu pai concordou, então descemos o elevador, chegamos ao estacionamento, entramos no carro e o Ale me olhou com um olhar de pena.
- Não me olha assim, quem tá morrendo é ele, não eu. - Disse.
- Amor.. eu sei que ele te fez muita coisa errada, mas a sua preocupação é visível, e se você fica mal eu fico mal também
- É, eu to bem mal mesmo, mas não por ele e sim pela minha família - menti.
Fomos em direção à casa do Alexandre, pra que ele pegasse seu Uniforme e seus utensílios de higiene pessoal. Quando chegamos ao apartamento dele, sua mãe e seu pai pareciam preocupados com o filho, já que passava da meia noite e ele não atendia o celular.
- ONDE VOCÊ SE METEU CARLOS ALEXANDRE MACEDO DE PAULA????? - Disse a mãe do Ale.
- Calma mãe. Foi o seguinte.. - E ele foi contar tudo que aconteceu com meu irmão e o por que de ele ter pego o carro e blá blá blá. A mãe e o pai dele eram bem super protetores, já que o pai era delegado e a mãe também, então eles viam o dia-a-dia da grande São Paulo e o grande número de sequestros.
- Desculpe, Dona Carla, mal tive tempo de me apresentar.. Me chamo Alexandre, a senhora nunca me viu por aqui pois moro em SP há uns 3 meses mais ou menos, mas seu filho é.... meu melhor amigo. - Disse, tentando ser simpático
O Alexandre soltou uma risadinha maliciosa quando eu disse "melhor amigo", mas a mãe dele não entendeu e fez pouco caso.
- Olha, não precisa se desculpar, e olha, eu libero sim o meu filho pra passar quantos dias ele quiser com você, sei como você deve estar precisando de um ombro amigo agora. - E me deu um abraço.
O pai do Ale fez pouco caso, me cumprimentou e disse que já tinha conhecimento do acontecido e me desejou força, já que ele me conhecia de outras idas a casa do Ale.
Partimos de carro até em casa da mesma forma que fomos ao hospital: o Ale fazendo carinho nas costas da minha mão, me olhando e me dando selinhos, dizendo que tudo ia ficar bem e que ele estava ali pra mim e por mim. Chegamos em casa, tomamos banho, trocamos de roupa e deitamos na cama, um do lado do outro.
- Eu nunca esperaria dormir assim contigo, amor. - Disse o Ale
- Nem eu, mas olha, não tô afim de sexo não, cê sabe né..
- Sei amor, respeito! Te amo, boa noite.
Deitamos de conchinha, reversando nas vezes que eu colocava minha cabeça em seu peito e ele me fazia cafuné e dava beijos na minha testa e na minha cabeça.
Fiquei pensando em porque ele tava me chamando de amor, já que não estávamos namorando nem nada. Fiquei preocupado de ele estar confundindo as coisas, e ainda tava preocupado com o estado do Duda, resultado: não dormi quase nada.
Acordei as 06 em ponto da manhã, o Ale ainda dormia. Fui ao banheiro, tirei a barba, escovei os dentes, coloquei o uniforme e acordei o Alexandre, que fez sua higiene e me deu um beijo de bom dia.
- Dormiu bem? - Perguntei.
- Como não dormir bem quando se tá do lado de quem você ama? - Respondeu.
Corei. HAHAHAH. Apesar de não demonstrar, eu estava forte por fora e completamente acabado por dentro. Tentei ligar pro meu pai pra saber notícias, mas o celular dele estava na caixa postal e da Marta também.
- O que será que tem pra comer? - perguntei
- Não sei, mas vamos, hoje vou te levar em um lugar especial e que eu vou sempre que estou triste.
Entramos no carro e fomos em direção ha um lugar que mais parecia uma fazenda dentro da cidade, tinham alguns cavalos e um lago, com um longo tapiri no centro. Várias pessoas tomavam café, ele segurou minha mão e fomos como um casal até lá. O Ale cumprimentou o garçom e começaram a começar sobre futebol, já percebi que eles eram amigos de longa data.
- Então, eu quero ovos mexidos com queijo coalho, uma porção de panqueca e suco de laranja. E o mesmo pra esse cidadão aqui, só que no lugar de suco de laranja, trás de maracujá. - Disse ele.
Porra, aquele fdp me conhecia muito bem! Até o suco que eu gostava ele sabia.
- Eu te amo - Disse eu.
- Eu também te amo. - E me deu um selinho.
- Porra Ale, de novo? Alguém pode ver. - Falei
- Porra En, de novo? Ninguém viu, eu sei ser discreto. - Disse ele.
Comemos, ele pagou a conta e seguimos em direção a escola. Quando chegamos, os comentários sobre o acidente do Duda começaram a rolar, e confesso que me deixou bem incomodado. Chegamos à sala de aula, sentei na primeira cadeira da ultima fila, de frente pra mesa do professor. A Larissa tava sentada em cima da cadeira do professor, em cima do colo de um menino que eu ainda não sabia o nome e rebolava em cima da pica do moleque. Me exaltei com aquilo, porra, a menina era namorada do Duda, que tava pra morrer num leito de UTI. Decidi que ia dar um basta naquilo.
- Escuta aqui Larissa, tu já sabe como o Eduardo tá?
- Sei sim, o que você quer que eu faça?
- Olha, eu sabia que tu era burra, mas não que tu era piranha! Teu namorado tá morrendo e tu tá quase dando dentro da sala de aula pra outro?
Ela levantou e eu pensei que ela ia me bater.
- E daí? Quem tá morrendo é ele e não eu. O que você quer que eu faça, que eu me vista de preto e vá fazer uma oração no pé da maca dele? Me poupe.
Dei um tapa na cara dela e voei em cima, mas fui separado pelo Alexandre e pela Mariana. Não sei quem lembra, mas falei dela no capítulo 2, ela era a calada da turma e tal.
- EU VOU ACABAR COM A TUA RAÇA, ESCUTA BEM O QUE EU TO TE FALANDO! ISSO NÃO VAI FICAR ASSIM - Gritou a Larissa.
Eu ia respondê-la, mas fui atrapalhado pelo professor de Sociologia, que entrou na sala, observando tudo aquilo.
Bom, gente, hoje vocês vão fazer uma redação sobre a Redução da Maioridade Penal, já que temos um aluno da escola que bateu o carro, ultrapassou o sinal vermelho, deu um cavalo de pau no meio da rua e está na UTI entre a vida e a morte.
Fiquei indignado o quanto as pessoas gostavam e poderiam aumentar uma história.
- Desculpa professor, mas como o senhor sabe disso, se não saiu em nenhum jornal? - Perguntei.
- Eu estava no local e ví tudo, aliás, só não saiu no local porque o pai do menino comprou os repórteres que estavam no local. - Ele respondeu
- É mesmo, professor? Então me diga, onde foi o acidente? - Perguntei com tom de deboche.
- É.. foi ali na...
O professor começou a gaguejar e a ficar soado, então eu disse
- É professor, o senhor tem que saber mentir melhor e a aprender que se meu pai ficar sabendo que o senhor espalhou boatos do meu irmão por aí, ele não vai gostar nada disso.
Ele percebeu que eu tinha o mesmo sobrenome do Duda e então percebeu que éramos "irmãos".
- Me desculpe, Enzo, mas eu só passei o que eu ouvi. - Disse ele, cabisbaixo.
- Ah, é mesmo, só repassou o que o senhor ouviu? Pois eu ouço nos corredores que o senhor vive atrás de garotos de programa pra satisfazer os seus segredos mais ocultos, inclusive, cuidado, professor.. eu posso "repassar o que eu ouvi" pra sua mulher. - Respondi e sai da sala, fazendo com que toda a sala caísse na gaitada. Saí da sala, fui em direção a saída do colégio, peguei um taxi e fui pro hospital. Quando cheguei no hospital, meu pai consolava a Marta e eu logo perguntei do meu pai o que havia acontecido.
- Filho, as notícias não são boas..
Continua..