- Eu não tenho nada pra conversar contigo - respondi, deixando uma lágrima cair dos meus olhos.
- Olha, ou tu vai me escutar por bem ou tu vai me escutar por mal, porque só vão abrir essa porta quando eu mandar.. então tu quem sabe: quer fazer do meu jeito, sentar aqui do meu lado e me ouvir, ou quer fazer do teu jeito e fazer que eu levante dessa maca e te der uma surra mesmo eu estando quase morrendo?
Fiquei calado e sentei na cadeira ao lado dele, que já parecia adaptada pra minha bunda de tantas vezes que já estive sentado ali, risos.
- Então, não tenho todo o tempo do mundo - disse eu
- Tá, não sei por onde começar a falar, mas eu quero que você me prometa que vai ficar calado até eu terminar de falar.
Fiz sinal que sim com a cabeça.
- Enzo, eu tava muito confuso com os meus... sentimentos... todo esse tempo. Quando você chegou lá em casa e eu te vi dormindo no meio de todas aquelas malas me bateu um frio na espinha que eu nunca tinha sentido antes, senti uma vontade de te abraçar e não soltar mais, mas aquilo tudo era muito estranho e muito novo pra mim, achava que aquilo só era saudades já que éramos tão amigos desde crianças.. depois disso quando a gente foi pro campinho jogar bola e eu vi aquele moleque te derrubando eu senti vontade de matá-lo porque naquele instante ele tinha derrubado o meu mundo que era você, eu só não queria admitir isso pra mim mesmo. Na festa, quando eu fiquei com a Larissa na tua frente, realmente era a intenção te machucar pra você se afastar de mim e seguir a sua vida, mas eu não suportei ver você seguindo a sua vida tão bem e.. do lado do Alexandre, que era meu melhor amigo. Quando eu te vi beijando ele a minha vontade era de matar vocês dois, e aí eu percebi que realmente te amava, mas eu... eu não sou gay, Enzo! Eu só te amo. Quando chegamos na escola eu ficava olhando você e o seu sorriso, e aí o Pedro percebeu e disse que eu era gay por estar te olhando, mas eu não podia demonstrar isso pra ninguém, muito menos pra você, por isso que eu te humilhei no meio da sala, pra ninguém desconfiar de nós dois, mas aí quando você me humilhou de volta eu senti uma raiva tão grande de você que eu mandei uns caras baterem em você.. eu ia dar um jeito de fazer você sair com o carro e aí o pessoal que eu contratei iriam causar o acidente que eu sofri no seu lugar, mas aí te vi sair todo arrumado e o Leozinho falou que te viu entrando no apartamento do Alexandre, então me descontrolei e sai atrás de você, te liguei mas você não atendeu, e ai eu só lembro do baque que eu sofri, os caras bateram no carro pensando que era você quem estava dentro, mas era eu... era pra você está aqui e eu me sinto um lixo por isso!
Naquela hora eu já estava chorando muito, então ele continuou..
- Tudo piorou quando eu acordei do baque e a enfermeira me contou que você vinha aqui todos os dias e ficava chorando e até chegou a fazer uma promessa pra eu me curar, ai sim percebi que não era só uma atração que eu sentia por você e que eu realmente te amava.. todo o dia eu acordava com a esperança de ver você e esse seu sorriso abrindo essa porta e, como você não vinha, ia dormir com a esperança de acordar com você sentado nessa cadeira que me falaram que você ficava sentado. Eu não mereço o seu perdão e sei que você deve estar me odiando agora, mas olha, vamos recomeçar.. eu ainda estou confuso sobre o que eu sinto, se é amor ou gratidão, então por favor, me dá uma segunda chance? - Disse o Duda já chorando.
- Eduardo, como você pode fazer isso? Mandarem me matar? Eu podia ter morrido. Se bem que se eu tivesse morrido eu não sentiria tanta dor como eu senti, eu vinha aqui todos os dias e rezava pra você ficar bem, eu briguei com várias pessoas por sua causa, eu estava ali sempre te defendendo e quase fui expulso da escola, mas se fosse eu aqui, o que você faria? Você faria o que eu fiz por você? E outra, não precisa ficar confuso porque eu fiz uma promessa pra São Sebastião e, se você ficasse bom, eu desistiria de você, então nós até podemos voltar a nos falarmos, mas somente o básico porque não sei quando serei capaz de te perdoar. Agora, por favor, pede pra abrirem essa porta que eu não tô me sentindo muito bem. - Desabafei.
Ele me puxou pelo braço e mesmo fraco conseguiu me roubar um beijo, e eu não consegui não retribuir, nos beijamos até que nossos lábios ficassem vermelhos como sangue, que nossa língua ficasse dormente e que nossos paus ficassem duros como pedra.. mesmo com todos os medicamentos que ele tomava, aquele safado ainda podia ficar de pau duro.
- Tá vendo? É assim que eu me sinto quando eu fico perto de você - Disse ele, colocando a minha mão em seu coração.
Por que aquilo me parecia tão familiar? Ah é, porque o meu namorado havia feito o mesmo comigo há algum tempo atrás. PUTAAA MERDAAAAA, Eu traí o Alexandre, que ficou todo o tempo ao meu lado, com o Duda.
Continua..