Aqueles momentos com o Bernardo foram mágicos para mim. Receber um amor tão puro de alguém foi como um renovo e me encorajou mais ainda em prosseguir com a adoção. Minha ansiedade era tão grande que por várias vezes tive que me conter para não contar que logo o tiraríamos dali, mas para não criar expectativas nele me contive. O Pedro e o Ricardo voltaram a infância com o Bernardo e as demais crianças do abrigo. Sem dúvida alguma aquele dia foi marcante para nós três. Na hora de ir embora foi uma choradeira de ambas as partes, o Bê só se acalmou quando juramos que voltaríamos o quanto antes.
No carro o silêncio era reinante. Eu me imaginava já com a minha família completa, o Ricardo, eu, o Bê e o Donatello. Fui tirado dos meus pensamentos com um grito do Ricardo.
Ricardo – Que isso gente!
Eu – Pra que gritar, Ricardo? Vai assustar sua vó.
Caímos na gargalhada.
Ricardo – Parece que acabaram de sair de um velório.
Pedro – Que horror!
Ricardo – Mas é o que parece. Não sei vocês, mas hoje foi um dia incrível.
Eu – Concordo com você, amor. Hoje foi um dia especial. Estou bem mais aliviado em saber que o Bê está sendo bem cuidado.
Pedro – Esse também era meu medo. Ele teve sorte, já ouvi histórias horríveis sobre esses abrigos.
Ricardo – Não se preocupem. Logo ele vai estar conosco.
Eu – Assim espero.
Ao pararmos no sinaleiro o Ricardo virou para mim e segurou minha mão.
Ricardo – Vamos ser mais felizes do que já somos.
A sinceridade em seu olhar me emocionou profundamente. Como eu o amava, poderia dizer com toda certeza que o Ricardo havia se tornado perfeito para mim.
Eu – Seremos sim.
Seguimos para casa onde iriamos comemorar. Estávamos tão felizes que queríamos compartilhar com nossos entes mais queridos, convidamos alguns amigos para um pequeno churrasco. Era por volta das 21:00hs e a casa estava cheia de amigos, todos estavam felizes e torcendo para que a adoção desse certo. Receber o amor dos amigos não tem preço, principalmente nesses momentos. Quando o Gustavo chegou a festa ficou completa, ele logo nos puxou para um canto mais afastado para saber mais detalhes da visita.
Gustavo – Quero saber sobre tudo, não me escondam nada.
Contamos tudo tentando não ocultar nenhum detalhe. A cada momento o sorriso do Gustavo só aumentava.
Gustavo – Só de falar desse menino já o amo como um neto. Quando vocês vão voltar?
Ricardo – Não sei, pai. Creio que nesse final de semana.
Gustavo – Dessa vez quero ir junto, tenho que conhecer meu neto.
A alegria do Gustavo era contagiante, ele já babava pelo futuro neto sem mesmo conhecê-lo.
Gustavo – Tenho um presente para vocês.
Ele nos entregou uma caixinha azul com laço.
Ricardo – Que isso, pai?
Gustavo – Abra!
O Ricardo olhou para mim e abriu a caixa que dentro continha uma chave.
Eu – Que isso?
Ricardo – Uma chave.
Eu – Sério? Se você não tivesse dito não saberia. Eu sei que é uma chave, Ricardo.
Ricardo – Então por que pergunta?
Eu – Estou pensando seriamente em devolver o Ricardo, Gustavo.
Gustavo – Não aceito devoluções.
Rimos do momento. O Ricardo me abraçou por trás e beijou meu rosto.
Ricardo – Você não teria coragem.
Eu – Tenta a sorte. Bobo!
Dei um selinho nele para cessar a discussão.
Ricardo – Pra que essa chave, pai?
Gustavo – Ela é da nova casa de vocês.
Nós abraçamos o Gustavo em agradecimento pelo presente e voltamos para festa que rolava solta. Nem parecia que era meio de semana, todos se divertiam como se não precisassem acordar cedo no dia seguinte. Em meio aos convidados encontrei o Paulo que estava já bem enturmado com os demais convidados que iam desde os amigos do Ricardo aos do Pedro.
Eu – Oi, Paulo! Como está? Fico feliz que tenha vindo.
Paulo – Não poderia deixar de vir, principalmente quando é um convite dos meus clientes.
Eu – Nós não somos só seus clientes, antes de tudo somos amigos. Você sempre será bem-vindo a nossa casa.
Paulo – Mais um motivo para não recusar o convite.
Conversamos rapidamente sobre o dia no abrigo.
Paulo – Fico muito feliz por vocês. Quero que saiba que vou me empenhar ao máximo para a adoção sair logo.
Eu – Tenho total confiança em você, Paulo.
Paulo – Não vou decepcionar.
A festa correu noite a dentro. Era por volta das 2:00hs da manhã quando o último convidado foi embora. O Pedro e o Paulo ficaram para ajudar a organizar a bagunça. Insistimos que eles dormissem em casa, pois estava muito tarde. O Pedro não se fez de rogado e logo aceitou. O Paulo relutou um pouco, mas aceitou depois de tanto o Ricardo insistir.
Eu – Temos um quarto e o sofá da sala. Decidam quem vai dormir onde. O Pedro já é de casa então ele vai te mostrar onde ficam as coisas. Boa noite, Paulo.
Paulo – Não se preocupe, vai descansar. Boa noite, Luca.
Dei um abraço nos dois e fui para o meu quarto onde o Ricardo já estava desacordado na cama. Eu tomei um banho e desmaiei ao seu lado. Tive um sono renovador.
No dia seguinte levantei ainda um pouco sonolento e fui direto tomar um banho para preparar o café para o pessoal. Saí do quarto e não vi ninguém no sofá, pensei que um dos dois tivesse ido embora. Voltei para o meu quarto para buscar uma blusa, pois estava muito frio aquele dia. Quando passava pela porta do quarto onde o Pedro geralmente dormia tive uma surpresa, eis que dou de cara com o Paulo saindo do quarto. Ele me olhou com espanto.
Paulo – Bom dia, Luca!
Eu – Bom dia, Paulo! Dormiu bem?
Antes dele responder o Pedro abre a porta do quarto.
Pedro – Você esqueceu sua cami...
Eu – Bom dia, Pedro!
Eu estava me contendo para não rir da cara de espanto dos dois.
Pedro – Bom dia, Luca!
Um silêncio insuportável se fez entre nós.
Paulo – Deixa eu explicar.
Ele estava muito envergonhado.
Eu – Não se preocupe, Paulo. Aqui nessa casa ninguém vai te julgar.
Dei um abraço nele e pisquei para o Pedro que sorria timidamente.
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Oi pessoal!
Sei que mereço uma voadora pela demora, mas não foi intencional. Nunca pensei que meus dias fossem ficar tão corridos. Prometo não ficar tanto tempo sem postar. Desta vez vou ficar devendo o agradecimento individual, mas no próximo irei recompensar. Agradeço imensamente o carinho de todos, vocês os melhores!
Bjos e abçs:)