Fábio partiu pra cima dele, e lhe deu um soco tão forte que o derrubou no chão. A confusão só estava começando e dona Carmem desesperada para separar aquela briga. O Fábio estava lavando a sua alma, pois batia no Rafael, não só por ele, mas também pelo Davi.
Depois de socar a cara do Rafael, finalmente, enfermeiros conseguiram separar a briga. O Rafael não disse uma só palavra, nem mesmo para a sua defesa; apenas encarou o Fábio e saiu daquele lugar.
- Nunca mais apareça nas nossas vidas. Falso!Covarde! - Fábio gritou ao longe, enquanto se limpava da sujeira do chão.
- Você pode me explicar o que foi isso? Eu jamais pensei que você tivesse este tipo de reação, ainda mais dentro de hospital. – dona Carmem olhava para ele séria.
- Eu juro que ele mereceu. Venha, vamos conversar na lanchonete e eu conto tudo a senhora.
Eles ficaram por horas conversando, e aos poucos, ela percebia que o Fábio era um bom rapaz, exatamente diferente de todos os julgamentos que não só ela, mais como o marido fizeram dele.
- Eu preciso ir em casa pegar umas roupas. Mas não vou demorar. Não quero desgrudar do meu filho.
- Claro. A senhora quer que eu chame um táxi?
- Por favor. Aproveite a minha ausência e descanse um pouco. Sua cara não está nada bem. – ela sorriu para o Fábio.
Já em casa, dona Carmem teve de encarar o marido.
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- Não grita comigo! O rapaz é uma pessoa boa. Ele ama mesmo o nosso filho!
- Você também foi corrompida por aquele marginal? Meu Deus! Isto é o quê? O fim do mundo? Pois eu prefiro ver o Davi morto, ao ter de vê-lo com outro homem
- Não seja louco! Hoje eu pude perceber o quanto eu deixei passar momentos bons com o meu filho. Eu não procurei entender o lado do Davi e sempre o pressionamos a se tonar algo que ele não era. Será que também não consegue enxergar isto?
- Enxergar? Quer dizer que se um pai educa o seu filho a se tonar um homem de Deus, andar em bons caminhos, é significar pressionar? – Hã, você está louca!
- O louco aqui é você! – ela gritou. – Nosso filho não é doente e tão pouco abominável! Ele é só um jovem que tenta ser feliz. Não há nada de errado nisso. Depois de ver o estado dele naquele hospital, a minha ficha caiu, que eu não cumpri o meu papel de amor materno. Eu amo o meu filho mais do que a mim mesma. E eu farei de tudo para vê-lo feliz. Sim... Porque ele vai sair daquela cama, e vai voltar a sorrir novamente.
- Nesta casa ele não pisa. Demônios não entram na minha casa. – o Sr. Gabriel dizia aquilo em tom de nojo.
- Minha casa! Esta casa foi e será sempre minha. Foi herança do meu pai, e se for para infernizar a vida do Davi, eu prefiro que você saia desta casa.
A dona Carmem foi firme e segura. Ela sabia de cada palavra que estava dizendo. Por muito tempo deixou-se levar pelas loucuras e fanatismos religiosos do marido, mas agora, vendo a crueldade que cometeu com o filho, ela precisava dar o máximo de amor e apoio ao seu único filho.
- Você está me expulsando de casa, por causa de um pecador?
- E quem não é? Você é um pecador, eu sou pecadora. Só o fato de virar as costas para o seu filho, isto prova o quanto você não ama nem a si mesmo.
- Você também vai queimar no fogo do inferno, por acobertar esta sujeira. Eu tenho pena de vocês. Eu achava que a minha esposa ficaria do meu lado, mas vejo que me enganei com você...
- Não Gabriel... Foi eu que em enganei com você. Às vezes eu me sentia sufocada com tanta gente de igreja, socados em minha casa, e sempre para comer e falar da vida alheia. Eu não vou deixar de amar o meu filho nunca! E é isso mesmo que eu disse; eu quero que saia desta casa, porque o meu filho, vai ficar ao lado da mãe dele. Eu quero começar do zero, e conhecer de verdade o Davi. Eu quero ser a melhor amiga dele- ela chorava ao dizer aquelas palavras.
- É decepcionante.
- Eu não quero mais saber o que você acha ou deixa de achar. Eu estou indo para o hospital e quando eu voltar não quero mais vê-lo aqui.
Ela saiu e virou as costas para ele. Estava cansada de um homem que não sabia fazer outra coisa a não ser julgar os outros e criticar de tudo no mundo. Estava se saco cheio e resolveu dar este basta de uma vez.
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- A senhora demorou. O Doutor acabou de informar que passará aqui daqui a uns minutos para dizer a situação do Davi.
- Fico feliz com isso.
E assim o médico informou aos dois que a recuperação do Davi esta indo muito bem, e que as chances de sequela caíram para 50%. Eles ficaram felizes e esperançosos.
UM MÊS DEPOIS...
- É hoje dona Carmem. Ele vai acordar e ter esta surpresa. - Fábio estava muito feliz.
O Davi ainda estava internado, e infelizmente comemoraria o seu aniversario na cama de um hospital. Na verdade, o Fábio fez surpresa e estava torcendo pelo Davi acordar e poder comer o bolo de aniversário.
- Pode entrar Doutor. – O Fábio não conseguia conter a sua felicidade. Quando soube da recuperação do namorado, a primeira coisa que fez foi encomendar um bolo para comemorar.
- Fiquem a vontade. – eles entraram.
Muito emocionada, dona Carmem não parava de chorar. O Fábio teve de segurar o choro. O Davi ainda estava frágil, mas com os seus olhos castanhos arregalados e brilhando, ao ver o seu amor ali por perto.
- Feliz aniversário meu amor. – Fábio se aproximou dele, e falou baixinho, dando-lhe um selinho na boca.
- Fábio, a minha mãe tá aqui. – ele quase não conseguiu falar a frase inteira.
- Ela está do nosso lado. – ele sorriu para o amado e acariciou o rosto dele.
- Oh meu Deus! Obrigada por salvar a vida do filho. – foi à vez dela se aproximar e abraçar o Davi. – Meu bebê, meu amor. Você vai ficar bem. Logo,logo saíra daqui e iremos pra casa.
- Mãe, eu não quero ir pra casa. Não quero mais ter o meu pai por perto.
- Não fala muito meu amor.
- Eu já resolvi isso meu filho. Seu pai não mora mais comigo. Ele é uma pessoa muito difícil.
- Vocês se separaram?
- Sim. Eu queria que você me perdoasse por todo mal que lhe causei. Eu quero me tornar outra mãe para você, meu querido.
- Eu te amo mãe. Eu também te amo Fábio. Não há nada que perdoar. Agora eu quero um abraço dos dois e estou morrendo de vontade de provar este bolo.
Todos riram. Finalmente o Davi estava de volta à vida. Ele buscou forças da alma, para sobreviver, mas Deus estava com ele. A única coisa que mudaria para sempre a sua vida, seria a mágoa eterna que guardaria do pai, até que o tempo se encarregasse de eliminá-la de seu coração, ou talvez não.
- Aproveitando que hoje é um dia de muita alegria... Eu queria pedi a senhora, dona Carmem, a mão do seu filho em namoro. Eu o amo muito e prometo cuidar dele.
- Fábio! Assim eu fico sem graça.
- Está concedido. Eu tenho certeza meu filho, de que você fará o meu Davi muito feliz. Volto a repetir, eu estou com vocês. – definitivamente ela era outra mulher!
SEIS MESES DEPOIS...
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- Você quer um pedaço de pizza? – Davi se jogou no sofá.
- Não. Eu quero os meus cachinhos castanhos hoje a noite em minha cama.
- Para Fábio. Você vai ficar de pau duro, e minha mãe pode surgir do nada. – Seu tarado! – Davi riu.
- Sou mesmo! Você não sabe o quanto foi tortuoso ficar este tempo todo sem você. Eu quero muito te amar hoje à noite. Promete que vai meu amor?
- Hummm... Deixa eu pensar... E se eu não for. – ele fazia gracinhas.
- Eu venho te comer aqui na sua cama. – Fábio partiu pra cima dele e mordiscou o seu pescoço.
- Para! Minha mãe pode ver. Vá logo levar a pizza para a sua mãe. Não quero minha sogra linda esperando.
- Ah é? Está de intimidades com a minha mãe? – Fábio roçava seu pau na bunda dele.
- Temos de agradar a sogra, não é mesmo. – Davi se esquivava das investidas dele. Agora vá! Antes que a pizza esfria.
- Eu vou, mas promete que mais tarde vai me ver?
- Prometo seu tarado. – ele riu.
CONTINUA...