E fácil falar, mas agir já é outra coisa eu estava naquela festa fingindo que tudo estava bem, mas eu como um covarde de carteirinha não me atreveria a ir ao jardim onde grande parte dos convidados estavam sentados em varias mesinhas ao redor da piscina, contudo com o andar da festa eu permaneci na sala conversando com um conhecido, mas pude perceber que conforme a festa prosseguia as pessoas me olhavam enviesado como se eu fosse algum estranho ou indesejável, poderia ser só impressão minha já que a maioria que estava ali não me via a anos.
Entre conversas e risos sinto alguém esbarrar na minha perna quase me fazendo derramar a bebida que eu tinha nas mãos, mas logo vi que se tratava do Miguelzinho que corria brincando atrás de um amiguinho da idade dele e logo surge a Daniela atrás do seu primogênito.
D:Miguel eu já falei para não correr dentro de casa...Oi kadu tudo bem...
K:Oi Dani tudo bom.
D:Nossa o Miguel não da sossego, tenho que ficar de olho ou então ele coloca fogo na casa e se duvidar nos convidados srsrsrs.
K:É normal dessa idade...também aprontava muito pergunta a minha mãe...
D:Tem hora que eu quase fico loca, mas vem meu filho vem ficar com o seu pai...kadu vem sentar com a gente...
K:Daqui a pouco eu vou...
Será que eu vou mesmo? Na mesma hora que eu quero por outro lado não quero e enquanto eu estava parado ali no meio dos convidados eu ouço uma voz que me fez arrepiar dos pés até a cabeça e o meu coração em disparada, mas eu não tinha coragem de me virar em direção a voz que como sempre conversava em tom alto imponente e o som de uma gargalhada que vinha perto da saída para o jardim.
A Luana surgiu na minha frente enquanto eu me mantinha de costas para ele que acredito que ainda não percebeu minha presença já que a conversa fluía animadamente e se podia escutar perfeitamente ele contando como fora o jogo la na quadra do clube que ele jogava desde criança.
A minha irmã que com um olhar me falava para ser forte permanecia a minha frente e logo sem pestanejar me virei e o vi lá perto da porta ele estava de pé lindo como sempre foi embora esteja um pouco inchado devido ao seu problema de saúde não deixava que sua presença passe despercebido, seus braços fortes e com uma camisa que delineava seus músculos e seu sorriso que sempre me deixava sem palavras e que naquele momento me desarmou completamente mesmo nem se dando conta disso enquanto conversava com um casal.
Eu continuei ali parado olhando como se estivesse hipnotizado e logo me dei conta do mico que estava pagando e ate tive receio de que alguém tivesse percebido eu ali babando em cima do meu irmão, mas tentei disfarçar e com uma grande vontade de sair correndo dali antes que ele me veja, mas quando já me virava ele como se estivesse lendo os meus pensamentos quando pensei em sair daquele lugar ele se virou em minha direção sorrindo de algo que aquele senhor que falava, e seu olhar foi de encontro com o meu e vi sua expressão de espanto e ficando um pouco pálido, ambos ficamos congelados contemplando uma ao outro e de repente ele nem disse nada ao casal que conversava com ele e veio em minha direção e logo senti a minha mão sendo segurada pela Luana me dando força e acredito eu que prevendo uma fuga me segurava ali e eu sem saber o que fazer olhava para ela e depois para a porta e por fim para o Digo que vinha em minha direção com uma expressão indecifrável, mas entre eu e ele surge minha tia Larissa que parecia um pouco alegre demais e segurou em sua mão e escandalosamente o puxava em outra direção dizendo que ele precisava conhecer uma pessoa.
Ele sem perceber ou se deixando levar pela minha tia que era fraca com bebidas o levava em outra direção e eu o acompanhava com os olhos ate ele sumir de vista, a Luan parecendo um pouco frustrada queria ir atrás dele.
K:Não Lu deixa.
L:Kadu não adianta ficar protelando ainda mais que ele já sabe que você ta aqui...nossa parece até um conto de fadas.
B:Meu bem o Kadu tem razão deixa rolar apesar de eu ser totalmente contra qualquer aproximação...
L:Ai Bruno deixa de ser rancoroso que coisa.
B:Não sou rancoroso, só estou sendo prático você sabe quantas vezes o Kadu foi mandado para o hospital por causa dele?
L:São águas passadas e quem vive de passado é museu.
Eu nem estava prestando atenção na conversa dos dois e eles nem viram que eu os deixei e fui em direção ao andar de cima para ver o meu antigo quarto, pois para mim aquela festa já havia acabado não só pela minha desprezível tia, mas pelo medo do que poderia acontecer entre eu e o Digo, mesmo passando tanto tempo o sentimento que eu tinha por ele ainda continuava vivo.
Quando abri a porta vi que minha mãe o transformava em um quarto de hóspedes pois ela trocou a pintura e os moveis que agora eram bem diferentes dos que havia antes e enquanto eu me sentava na cama de costa para a porta varias lembranças vinham na minha cabeça de quando éramos pequenos...
“Ei Kadu minha mãe ta chamando...
Ta já vo...
Kadu o que é que você esta fazendo ai moleque?
To escrevendo uma cartinha para o papai noel...
Deixa eu ver...
Não Digo me dá...
Espera eu só quero ver o que é que você pediu.
Papai noel me comportei muito bem nesse ano então eu queria uma bola de capotão e se não for pedir demais um irmão novo por que o Digo pega muito no meu pé...
KKKKK Como tu é prego, ta achando que o papai noel vai me trocar por outro?
Ele vai sim por que você é malvado comigo.
Eu não sou malvado, sou o homem da casa e você tem que me obedecer, e anda logo senão o papai noel não vai te dar a sua bola de capotão”
K:E no dia de natal eu ganhei minha bola de capotão só não consegui trocar de irmão kkkkkkk
D:Talvez o papai noel não se convenceu que você foi um bom menino...
K:Rodrigo...
Eu quase morri de susto quando escutei ele falando parado na porta como se tivesse ali a muito tempo...
D:Até hoje com essa mania de pensar alto.
K:...
D:Quanto tempo...
Ambos permanecemos em silencio um fitando o outro, sabem quando você quer falar tanta coisa, mas na hora parece que sua língua trava e não sai nada, pois é eu estava assim pois ele me pegou desprevenido e não tinha ensaiado nada para falar pra ele quando o visse, acho que tinha esperanças de não o velo ate ir embora.
D:Eu sei por que esta aqui...e não quero a sua ajuda.
K:Certas coisas nunca muda né Rodrigo.
D:Eu mudei e vejo que você mudou e não quero que se sacrifique por mim depois de tudo que eu fiz.
K:E continua fazendo...
D:O que?
K:Esta achando que eu estou aqui por sua causa? Realmente pensou que eu sairia de Porto Alegre para vir aqui te ajudar?
D:Mas então?
K:Olha pra mim e me diga se eu não estou a sua altura para receber um rim meu, talvez o grande Rodrigo seja bom demais para receber um Rim do seu irmão que você mesmo infernizou desde criança.
Juro para vocês leitores que quando ele me disse que não queria a minha ajuda foi como se destrancasse toda a magoa e raiva reprimida por vários anos e naquele momento eu estava jogando tudo fora.
K:Escuta aqui seu desgraçado eu só vim por que minha mãe me pediu, mesmo ela descaradamente preferindo você do que eu eu só aceitei vir por ela, por que se dependesse de mim você já estava morto dentro de um caixão apodrecendo ao invés de ficar aqui bancando a vitima, por que você seria a ultima pessoa que eu ajudaria de bom grato no mundo, e nem precisa gastar a sua saliva falando que não quer a minha ajuda por que se não por Deus que eu te mato antes mesmo de você abrir a tua boca.
Eu nem havia percebido que chorava pois, meu rosto estava molhado em lagrimas de raiva, de magoa e de tristeza que fora colocada para fora. Após me recompor rapidamente coloquei o sorriso mais falso que existia e me virei para ele que estava com uma expressão triste.
K:Agora vamos voltar para a festa maninho?
E sai o deixando sozinho naquele que um dia foi o meu quarto morrendo de remorso pelas palavras que não sei dizer se representava os meus desejos ou seja se foi da boca pra fora ou não.