Ambos estavam firmes e fortes para enfrentar as batalhas que estavam por vim.
Davi tomou coragem, e saiu da casa do Fábio para a sua casa. Precisa enfrentar o seu pai, aliás, ele não era mais nenhuma criancinha e todos teriam de entender o seus sentimentos pelo Fábio. Só que as coisas não seriam fáceis como ele imagina, afinal, como se não bastasse o seu pai, ainda tinha de enfrentar o ex-amigo.
Entrou em casa, disposto a uma conversa sadia, mas encontrou apenas o silêncio. Percorreu todos os cômodos e nada. Até que faltando a cozinha, se deparou com a mãe.
- Mãe. – ele a chamou num tom calmo. E ela apenas olhou para trás.
- Como tem coragem de me chamar assim? Depois da grande decepção que você causou a mim e a seu pai. Nos esforçamos tanto para lhe dar uma educação digna. Te ensinamos os caminhos de Deus... Os bons caminhos. E de repente, recebemos em troca, uma decepção tão grande, da pessoa que até então, acharíamos ser a mais honesta e limpa do mundo... Da pessoa que jamais imaginamos nos decepcionar um dia.
Davi começou a chorar...
- Está chorando? Do que adianta? O que está sentindo? – Nada! Apenas uma vontade louca de e atirar em seus pecados, não é mesmo? Seque estas lágrimas sujas!Pois sou eu, junto a seu pai, que deveríamos estar assim! Como você pôde ser tão capaz de fazer isso com a gente? COMO? – ela gritou e se pôs aos prantos.
- Mãe, eu... – ele soluçava. A dor das palavras ditas por ela foi muito forte. - Eu amo a senhora e o meu pai. Eu só queria que me entendessem.
- Entender o quê? Que você pretende namorar outro homem? Que vocês nos darão netos? Que as pessoas da rua jamais apontarão o dedo pra você, te achando sujo e promiscuo? É isso que você quer que eu entenda?
- Nos amamos mãe.
- Você não entende de amor. Você nem sabe o que significa esta palavra. Deus, Davi! Nosso pai criador, jamais permitiu e permitirá este tipo de sujeira. O pecado está entranhado no seu corpo,e você está pior do que um bandido, um ladrão!
- Mãe! Não fala isso- ele estava aos prantos. A senhora me feri por dentro.
- A ferida aqui, sou eu! – ela estava imparcial. Se é este o caminho que você quer tomar para a sua vida... Que assim seja! Mas lembre-se: você morrerá para nós.
- Mãe. Por favor. – Davi foi tentar abraça-la, mas ela virou as costas para ele, num gesto de mais pura frieza. – Eu te amo mãe. Não faz assim comigo. Eu te amo.
Ele chorava tanto, que dava pena. Nunca se sentiu tão rejeitado na vida, ainda mais por uma das pessoas que ele mais amava. Davi saiu dali sem saber o que fazer. As palavras fortes e duras de sua mãe martelavam em sua cabeça. Ele se jogou num banco de uma praça, e ali, chorou todo o seu estoque de lágrimas. A vida estava sendo cruel com ele. Não sabia o que fazer. Sua cabeça girava tanto, que nem percebeu quando atravessava a avenida e o sinal estava fechado. O pior havia acontecido e ele foi atropelado por um ônibus que vinha em velocidade média.
As pessoas se fecharam em volta do corpo dele, e um rapaz pegou o celular, discando para o Samur. Davi foi levado para o hospital às pressas. Seu estado era grave. Já no hospital, assistentes tentaram localizar um parente, e encontraram apenas um número num pedaço de papel amassado. Era telefone do Fábio.
- Calma meu rapaz! Fique calmo. – dizia um enfermeiro,tentando acalmar o Fábio, que quando soube da noticia, foi correndo para o hospital.
- Eu quero vê-lo agora! Como ele está? Me fala! Eu quero vê-lo! – ele estava exaltado demais.
- Se continuar assim,eu chamarei os seguranças para colocá-lo pra fora. As coisas não são bem assim.
- Eu não quero saber o que você pensa. Eu quero ver o meu namorado. Ele precisa de mim. Ele é menor de idade, ele precisa de mim. – Fábio não resistiu e desabou no choro.
- Ele já está sendo atendido. Neste momento, o seu... Namorado está sendo operado. O estado dele é muito grave, e só o médico poderá lhe passar as informações corretas.
- Não pode ser! Não pode ser! Eu não acredito nisso. – ele esmurrou a parede. – Não deixa ele morrer. Pelo amor e Deus, salva a vida dele. – Fábio chorava.
- Eu vou pedir para o médico que está cuidando do paciente, vim falar com você. Senta aqui e se acalma, por favor. – o enfermeiro se retirou. Ele ficou a mais de meia hora esperando, andando de um lado para o outro, inquieto, inseguro, chorando, rezando, com uma angústia que tomava sua alma.
- Você é o rapaz responsável pelo paciente Davi de Moraes?
- Sim. Sou eu mesmo. Eu sou o namorado dele.
- E onde estão os pais dele?
- Ainda não conseguir falar com ninguém. Me diz doutor,como ele está? Fala pra mim, ele vai viver?
- Bom, meu rapaz. Eu serei mais claro, com a presença dos pais do paciente. Mas o que posso lhe informar é que o estado dele é gravíssimo. Ele teve um traumatismo craniano e uma hemorragia interna. Só respira por aparelhos. Ele já foi operado e o que nos resta agora é aguardar a recuperação.
Aquilo foi um baque para o Fábio. Sem nenhuma vergonha, se escorou na parede daquele lugar, e chorou feito uma criança desprotegida. Ele sentia o seu mundo desmoronando. Era como se um pedaço do seu corpo estivesse sendo arrancada a força. Amava tanto o Davi, que só de imaginar ficar sem ele, seu coração rasgava por dentro.
Depois de ter tomado um calmante forte, dado pelos enfermeiros, ele acordou meio grogue. Foi até em casa e fez uma mochila com roupas. A sua mãe estava viajando a trabalho e ele estava tão feliz por está com o Davi. Olhou para cama, onde eles se amaram pela primeira vez, e as lembranças foram inevitáveis. Ele respirou fundo, e tomou coragem para ir até a casa dos pais do Davi. Tocou a campainha e foi atendido pelo pai do Davi.
- Eu não acredito que você tem a coragem de vir até a minha casa? Saia daqui seu marginal! Já não basta o estrago que você causou a minha família? Mas se você pensa que eu vou deixar por isso mesmo, Ahhhh... Mas não vou mesmo! Diga para aquele imundo de alma, que o olhar de Deus vai pesar sobre ele. – Fábio não suportou mais aquela ladainha, e deu um soco na cara do Sr. Gabriel.
- Escuta aqui seu desgraçado, o seu filho está neste momento entre a vida e a morte, na cama de um hospital!E só vim até aqui, infelizmente porque você ainda é a família que ele tem.
- Isso é Deus que está o castigando! Se ele está passando por isso tudo, é porque você é o grande culpado! Coseguiu desvirtuar o meu único filho... Pois que a mão do criador pese sobre ele. Agora vá embora daqui! Vá! – ele gritou.
- Ainda bem que o seu filho tem a mim! Pois pode desejar o pior. Eu tenho certeza que Deus não vai castigar o seu filho, por ele ser quem ele é. E fica tranquilo que eu não virei mais aqui. A sua presença no hospital, só faria piorar o estado dele.
- Hã! Hospital? – a dona Carmem surgiu na porta.
- Eu acabei de falar para o monstro do seu marido, que o único filho dele, está morrendo... Fábio deixou cair uma lágrima, mas vejo que vocês nunca amaram o Davi de verdade.
- Onde está meu filho? Em qual hospital?
- Você não via a lugar nenhum. Deus sabe o que faz.
- Gabriel! É o nosso filho! Eu quero e vou ver o meu filho!
Ela o empurrou e seguiu junto com o Fábio para o hospital. Acho que a vida do Davi estava mesmo por um fio...
CONTINUA...
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Galera me perdoa a demora em postar. Eu estive doente e muito ocupado. Amanhã eu viajo e tive de resolver pendências. Espero que me entendam. Me perdoem mais uma vez. A história tomará um rumo triste, mas aguardem o final maravilho que está por vim. Beijos!