Gente, gente. O Secret é louco, então se ficar tudo uma merda e vocês não entenderem nada, quer dizer que sou um ótimo escritor, pois ninguém entende um louco.
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Loucos somos nós de achar que os loucos são burros.
Nas mãos do Diabo
Décimo episódio
— Paulo — a voz de Halls agora não é mais do garoto que se deixou fazer de cachorrinho. Agora ele vê o louco que Secret é. Antes tarde do que nunca, mas escapar dele não vai ser nada fácil.
— Você para de falar comigo e vem dizer que me ama, você é louco? — a pergunta foi como uma faca no coração de Secret.
— Eu não queria sentir anda por você. Evan Halls. Quem é você na alta sociedade, para mim você é ou era só um jogo. Eu investi em você para que pudéssemos ter noites de amor. Só isso noites, nada mais. Porém nos últimos dias comecei a sentir uma coisa forte por você, então me afastei porque não queria me apaixonar de novo...
— Então me deixe ir!
— Não, eu disse que não queria, mas não consegui vencer meu jogo. Eu perdi para mim mesmo. Agora estou apaixonado por você e não pense que ira sair assim tão fácil.
— E pretende me deixar preso aqui?
— Não tem outro jeito. Você não sai dessa casa.
Por dentro Halls treme mais que vara verde, mas por fora ele tenta ser forte. Não vai cair agora, agora não.
— Todos somos loucos de perto — diz Secret para o nada. Seus olhos se transformaram em pura escuridão. Seu rosto lindo, demonstra uma crueldade além do real.
Será mesmo que Secret é louco?
— Não vou ficar! — grita Evan tentando sair sem levar a mala. Ele anda ligeiro enquanto Secret olha para o nada, mas é como se... Posso jurar que ele parece estar vendo alguma coisa.
Halls para depois de perceber que Secret não moveu um músculo. Para quem estava gritando coisas sem sentido há pouco tempo, deveria correr atrás dele. Mas ele não faz nada, apenas fita o nada, ou alguma coisa que Halls não consegue ver.
A imobilidade de Paulo, faz um frio subir na espinha de Halls, formando uma bola em sua garganta.
De repente ouve-se dois estouros vindos de fora. Com eles vem dois rápidos clarões. Nos segundos depois dos estouros. Os ouvidos de Evan ficam surdos. Ele se vira e percebe que Secret fala alguma coisa.
— Se sair vai ter que correr com pneus furados não se anda... — foi o que Halls conseguiu ouvir, mas ele falou mais coisas.
“Atiraram no meu carro”, pensa Halls correndo até uma das janelas. Do lado de fora, ele avista dois vultos voltando para as sombras de um velho carvalho.
O dia é de muito vento, e com ele vem às nuvens escuras. Logo tudo parece noite.
— Se sair vão atirar em você — diz Secret quase rindo. Ele tenta beber mais um pouco de sua bebida, mas o copo está vazio.
Então ele corre em busca de mais, só que não há mais bebidas, tudo acabou. Paulo arremessa todos os fracos vazios contra a parede. Sua loucura está vindo à tona.
— Você não seria nada sem mim. Meu pai é o dono daquela gravadora. Sua musica é horrível, mas eu mandei gravar assim mesmo. E quando os discos não foram vendidos eu comprei todos eles — diz Secret andando até Halls. Falando coisas sem sentindo ele o deixa mais assustado.
— Mentira. Eu saberia se ninguém comprasse meus CDs — Halls tenta não acreditar na verdade de Secret. Mas é a mais pura verdade.
— Você não pode me manter preso a policia vai me procurar — ameaça Halls.
— A posso sim — Secret olha para o lado quando pronuncia essas palavras. Como se não tivesse falando com Halls. Mas com alguém escondido nas sombras.
— Como pode ter tanta certeza? — a voz de Halls agora não é mais de quem está lutando por sua liberdade, e sim a de uma criança que se esconde debaixo dos cobertores com medo do bicho papão.
— Acha mesmo que é o primeiro com quem eu jogo? — os olhos de Secret vão de um lado para outro. Sua bebida está começando a fazer falta.
— Mas você é perfeito, nunca houve nenhuma história de nenhum ex-namorado — Halls é melhor colocar essa cabeça para trabalhar.
“Matt, ele me disse desse Matt que se jogou do prédio, mas isso não teria nada haver com nenhum jogo”. Pensa Halls.
Suas mãos tremem e suam. Ficar nas mãos do Diabo é a pior coisa do mundo. Ele se senti inseguro, com medo de fechar os olhos e acontecer alguma coisa de ruim.
— Matt — depois de muito silêncio Evan diz o nome do antigo namorado de Secret.
— Matt — muita saliva voa quando o nome é pronunciado, Secret baba como um cão louco quando diz o nome de Matt. — Sim, eu o amava, mas um dia ele chegou e disse que iria me deixar. Eu não aceitei e o mantive preso, consegui um documento falando que ele estava doido e o levei para a Itália. Dizendo que iria trata-lo. Mas ficou chato de mais. Sabe ficar em casa com uma pessoa louca é muito chato. Então um dia ele não tomou os remédios e simplesmente caiu da cobertura.
Caiu ou foi jogado? Com certeza foi jogado. Secret não gasta seu precioso tempo em uma coisa só.
— Agora tenho certeza. Você é doente — o semblante de Evan é de nojo e repulsa.
— Eu ou você? — Secret se afasta, indo até o lixo que fez com os cacos de vidro, ele pega o maior.
— Porque fez isso comigo? — pergunta Secret cortando o braço com um pedaço da garrafa de bebida vermelha. O sangue vivo flui do corte.
— Para com isso, você está louco — grita Halls quase vomitado ao ver o sangue. Ele nunca viu tanto sangue assim na vida. Não saindo de uma pessoa viva.
Secret faz mais um corte no braço. Enquanto Halls o olha boquiaberto.
Parece que a armação está feita, agora só falta Secret comprar um médico atestando que Halls está louco. E quando Secret estiver cansado é só joga-lo de algum prédio em Roma, ou quem sabe Paris, será mais romântico.
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Será que Halls sai dessa?