Valeu pelo carinho meninas rsrs.
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Foi aquele chororo na hora da despedida, eu tinha que ir embora, as malas prontas no porta-malas do velho Fiat Uno do meu pai. Minha mãe agarrado ao meu pescoço chorando, me desejando toda a sorte do mundo e que ia sentir muita saudades. Papai foi menos efusivo, deu um abraço rápido contendo as lágrimas nos olhos, ele estava muito abalado assim como mamãe, mas ele foi ensinado a não perder a pose de durão (tipo homem não chora).
Seriam 5 horas e alguns minutos até a capital de São Paulo, praticamente uma noite inteira de viagem, guardei minhas malas, coloquei meu travesseiro no banco, encostei a cabeça nele, mas não conseguia dormir.
O quê seria de minha vida a partir dali? Faculdade, algum trabalho e talvez sobrava tempo para namorar um pouquinho. Aos poucos o sono me venceu, acordando somente na rodoviária final.
Estava parecendo caipira na cidade grande, não sabia que rumo tomar. Ônibus passavam à alta velocidade, Vans com letreiros indicando para onde iam, e eu lá abobalhada com uma mochila nas costas, duas bolsas grande nas mãos, ouvindo música no meu Smartfhone.
Uma alma bondosa me perguntou para onde eu estava indo, coloquei minha mala no chão para poder tirar os fones do ouvido, um pivete agarrou uma bolsa e saiu correndo. Droga, roubada no primeiro dia!
Uma moto policial passava na rua, viu a ação, seguiu o menino, recuperou minha mala, trazendo a mala e o menino.
- Moça, mais cuidado. Posso ver que não é da cidade, as coisas aqui são complicadas, mantenha-se sempre vigilante. - Disse o policial.
- Obrigada.
O menino estava assustado, tinha no máximo uns 13 anos, estava descalço, roupas rasgada e suja, sinceramente tive pena. O policial o segurava de maneira bruta pelo pescoço tentando mantê-lo parado.
- O quê vai acontecer com ele? - Perguntei.
- Vai ser preso, que é o quê esses malandros merecem! - Disseram as pessoas no ponto.
- Vanha registrar a queixa, moça.
O policial me intimava a ir, uma viatura policial acabava de estacionar ali. O menino estava quase chorando, seu pescoço de branco estava vermelho da mão do policial fazendo pressão.
- Sem queixa, sem prisão, né?
- Sim.
Não sei porquê, mas senti que deveria ajudar aquele menino. Imaginei se fosse minha irmã indo para a cadeia de menores, aprendendo a ser pior do que já era, sofrendo agressões físicas e estupros.
- Senhora não temos o dia todo. - Disse impaciente o condutor da viatura.
- Como você se chama, menino?
- Olha Dona, eu não me chamo de nada. Meu nome costumava ser Maicom, mas desde que tô na rua me chamam de Ligeirinho.
- Já pode imaginar por que. - Disse o policial que o capturou.
- Não vou fazer a denúncia, afinal, nada foi roubado.
Maicom ficou aliviado, o policial o soltou, ele veio correndo e me deu um abraço. Sim ele estava sujo e não muito cheiroso, mas eu me senti bem com aquele abraço.
Às vezes faz bem ajudar o próximo.
- Obrigado, Dona.
- Vê se está tudo no seu bolso, você tenta ajudar esses meninos e só recebe maldade de volta. - Disse a senhora que queria me ajudar com o ônibus no ínicio de tudo.
Foi automático, instinto, verifiquei estava tudo no lugar, carteira, celular e meu relógio banhado a ouro. (os luxos como o relógio e o Smartfhone foram presentes).
- Está com fome, Maicom?
- Muita, tia. Não me lembro a última vez que comi.
- Me ajuda com as malas, vamos ali naquele bar.
Todos me olharam como louca, mas eu certa que aquele menino não era má pessoa, as circunstâncias o fazia agir ruim.
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Nunca vi alguém comer tão rápido, parecia que os salgados e refrigerante iam fugir se ele não os devorassem. "A fome faz coisas com as pessoas" não sei se vocês já ouviram esse ditado, mas é a mais pura verdade, uma pessoa com fome é mais agressivo que um míssivel de 1.000 de mega tons.
- Poxa, vai devagar rapaz, vai engasgar.
- Tia, isso aqui tá muito bom, tá uma delícia. Ai eu morreria feliz agora aqui em cima dessa mesa.
- Não fale em morte, você ainda tem muito o que viver.
- Obrigada por ter me ajudado lá com os canas, mas já vou dizendo que eu não faço programas. Apesar de você ser linda, eu não vou transar com você.
- Eu também não sou pedofila, fica tranquilo. - Ri. - Queria saber um pouco mais da sua vida, tipo porquê você veio parar na rua e tal.
- Meu pai era traficante , minha mãe faxineira. Eles morreram em um confronto pelo ponto de tráfico. Eu e minha irmã só não morremos por que a gente tava na escola. No morro não tinha mais lugar pra gente, vazamos. Não sei onde minha irmã tá, o pai dela era magnata, minha mãe sempre lamentava não ir pedir pensão, mas meu pai não deixava.
- Sinto muito.
- Claro. Eu tenho que ir, valeu por tudo.
- Porquê a pressa?
- Vai chover e o Pai Adão não gosta que os muleques fiquem perdidos na chuva, pode dar alagamento, ele é velho de rua e sabe pra onde a gente tem que ir.
- Me ajuda a chegar na faculadade? Te dou 10 reais.
- Beleza.
A faculdade era perto dali não precisava nem de ônibus. No caminho Maicom me contou que Pai Adão é o Pai de rua (quem cuida e explora as pessoas de rua).
- Tá entregue, linda.
- Obrigada. - Dei uma nota de 10 reais para ele. - Cuidado por aí, não seja preso por pouca coisa.
- Pode deixar. Bom estudo.
Mal entrei na faculdade a chuva caiu, forte, estava escuro o corredor, só podia ter acabado a luz, estava muito escuro.
Trombei numa pessoa, minhas coisas foram parar longe, senti dois seios sobre o meu, eu deitada de costas no chão. Hum que perfume delicoso, um friozinho, confesso aquela aproximidade toda estava me excitando. E por quêm?
UMA MULHER! :0