Enquanto eu comia na cozinha fiquei pensando no que tinha acontecido, ou melhor, tentei entender o que aconteceu e foi quando eu lembrei que deixei o Digo na cozinha por uns instantes e logo depois eu voltei e ele já tinha sumido, o sangue... A dor... O meu lençol sujo... Eu não queria pensar naquela possibilidade... Ele não podia fazer isso comigo... Não ele não faria isso... Só de pensar no que ele tinha feito eu fiquei transtornado, nem pensei direito e peguei um copo e taquei na parede fazendo um barulhão e logo a Jake apareceu sozinha preocupada com o barulho.
J:Kadu o que aconteceu, agente se assustou com o barulho de algo quebrando.
K:Não foi nada eu que quebrei um copo, e o Alan?
J:Com a sua mãe, mas o que foi... Por que você esta chorando?
K:Nada não pode deixar que eu limpo aqui.
A Jake me conhecia bem e ela sabia que algo muito grave havia acontecido para eu estar daquele jeito, então eu me sentei no chão perto da mesa e fiquei chorando de decepção, de raiva e um monte de sentimentos ruins que tomava conta de mim, eu tinha vontade de pegar uma faca e enfiar bem no coração daquele desgraçado (quando fico puto fico pensando em matar alguém, mas sempre foi coisa de momento, jamais faria isso), a todo instante tentava entender o porque min há vida era regrada a dor e tantos outros desastres que podia acontecer com uma pessoa, poxa eu não era uma pessoa má, sempre ajudei sem esperar nada em troca, até doei uma parte de mim pra salvar ele e é assim que ele retribui...Eu sei que eu não sou santo e nem exemplo de uma pessoa perfeita, não sou bonito e nem atraente, mas acredito que posso fazer alguém feliz ao meu lado ou pelo menos posso e tenho direito de ser, mas parece que estou sendo castigado com todas as tragédias do mundo em cima de mim, o que será que eu fiz pra merecer isso?
Durante todo esse pensamento eu chorei e chorei muito, não tenho vergonha de admitir e nem serei menos homem por isso, foi então que me veio a mente o rostinho do Miguelzinho, a minha mãe e por fim a Daniela... Eu estava com uma ideia na cabeça que se eu fosse seguir em frente poderia desestabilizar e destruir a “família perfeita”.
Me levantei e fui ao lavabo e lavei o rosto e precisava me recompor e esperei por um tempo, porque precisava me acalmar, então eu fui ao meu quarto e de lá eu liguei para o Deivison.
D:Oi.
K:Deivison, preciso de um favor.
D:Diga.
K:Eu preciso que você venha aqui em casa e leve todo mundo pra sair ou fazer alguma coisa, porque eu preciso conversar com o meu irmão sozinho.
D:Mas por que você mesmo não pede.
K:Só faz isso Deivison depois te explico. Leva elas para a sua casa, sua mãe ainda não conhece o Alan então pode ser uma oportunidade.
D:Ta bom , você que sabe, mas depois quero saber tudinho.
K:Ta não demora.
D:To indo.
Depois de falar com o Deivison fui para a sala esperar ele, que nem demorou muito já chegou distribuindo simpatia e convidado todo mundo para ir na casa dele, que a mãe dele tinha convidado, nem prestei atenção na conversa só vi elas indo com ele e por sorte o digo tinha ido para o quarto tomar banho e então quando elas saíram eu tranquei a porta da sala e esperei ele sentado no sofá e com tudo em silencio e após pouco mais de vinte minutos ele me aparece de bermuda e camiseta cavada, mas na hora eu nem o vi pensando com a cabeça de baixo.
D:Uai que foi, kade todo mundo?
Na hora eu demorei a responder por que tentava encontrar as palavras certas para falar, mas a raiva era tanta que eu fiquei mudo e só tremia muito, então eu me levantei e fique de frente para ele.
K:Me dê um motivo para eu não ir a delegacia agora e te denunciar, e deixar você apodrecer na cadeia.
De um jeito inesperado eu vi uma expressão confusa e de espanto na sua face. Na hora eu não liguei muito só queria que ele não me deixasse ir para a delegacia, por que eu já tinha tomado a decisão, por que estava cansado de apanhar e ficar quieto.
D:Ei ta loco do que você ta falando?
K:VOCÊ TA ME ACHANDO COM CARA DE IDIOTA, ACHA QUE EU NÃO SEI QUE VOCÊ ME DROGOU E ME ESTUPROU.
Quando eu terminei de falar ele ficou branco e com muita raiva e logo já começou a gritar conforme eu gritava. Mas nem liguei eu conhecia ele bem e sabia que ele nunca iria admitir como sempre fazia.
D:COMO É QUE É, EU ESCUTEI BEM? VOCÊ ESTA ME ACUSANDO DE QUE MESMO?
K:VOCÊ ME DROGOU NAQUELA HORA QUE EU FIZ O LANCHE E NÃO ADIANTA NEGAR QUE NÃO FOI POR QUE SÓ ESTAVA NOS DOIS AQUI NAQUELA HORA.
D:TA LOCO BATEU A CABEÇA MOLEQUE, EU SÓ TOMEI A MINHA ÁGUA FUI PARA O QUARTO E SAI, NEM DEMOREI CINCO MINUTOS, PODE PERGUNTAR PARA O PORTEIRO...MAS PERA AI ALGUÉM TE ESTUPROU?
K:NÃO ADIANTA VIR COM ESSA CONVERSA MOLE RODRIGO.
D:JURO POR TUDO QUE É MAIS SAGRADO QUE EU NÃO FIZ NADA E...
K:COMO NÃO FEZ SÓ ESTÁVAMOS NÓS DOIS... CARA EU TE AJUDEI QUANDO VOCÊ MAIS PRECISAVA...EU NUNCA FIZ NADA PRA VOCÊ FAZER ISSO COMIGO...
D:KADU ME ESCUTA PELO AMOR DE DEUS EU NÃO FIZ NADA, EU JURO PELO MEU FILHO QUE NÃO FUI EU, EU SEI QUE JÁ FIZ MUITA BESTEIRA NA VIDA E JÁ TE MACHUQUEI MUITO, MAS ISSO É PASSADO EU MUDEI E POSSO PROVAR.
Eu chorava muito, porque não aguentava tanta coisa de ruim acontecendo comigo, eu até pensei que longe dele eu poderia ter uma vida melhor, mas basta ele volta que o inferno começa.
D:Me conta o que aconteceu, mas por favor acredite em mim... Espera ai só um minuto.
Eu fiquei sentado no sofá com a cabeça entre as pernas e logo o Digo voltou com o celular entre as mãos e discou um numero lá e parece que ele ligou o viva voz e colocou perto de mim.
O telefone tocou três vezes e logo uma pessoa atendeu.
?:Alô
D:Alô seu Josè?
J:Sim é ele.
Era a voz do José, o porteiro do turno de dia do prédio era um senhor já de idade muito simpático.
D:E o Rodrigo irmão do Carlos do apt####,tudo bom.
J:A sim tudo joia.
D:Seu José, o senhor lembra a hora que eu cheguei hoje a tarde no prédio?
J:Claro que sim, mas logo o senhor já saiu nem deu pra nós conversa direito. Mas porque aconteceu alguma coisa.
D:Não é nada não seu José é que minha mulher ta aqui do lado e ta achando que eu demorei muito quando subi para buscar a minha carteira, sabe como mulher ciumenta é né.
J:kkkkk sei sim minha velha é desse jeito, mas ela pode ficar tranquila que o senhor subiu e ligeiro e já desceu.
D:Valeu seu José depois agente joga uma conversa fora.
J:Disponha, precisando só chamar.
Então encerrou a chamada, o seu José é uma ótima pessoa de confiança, mas não estava totalmente convencido de que não foi o Digo.
D:Agora acredita que não fui eu?
K:Isso não prova nada, só estávamos nós dois aqui Rodrigo...
D:Eu sei, mas eu não demorei nada e já sai, pode ser que alguém entrou ante sou depois que eu cheguei, essa porta nem tava trancada quando eu cheguei, pode muito bem ser alguém que entrou escondido.
K:Isso é ridículo, o prédio é super seguro, como um desconhecido iria entrar aqui me dopar com nós dois aqui sem ser visto?
D:Isso não quer dizer nada, mas se não acredita vamos agora na delegacia, ai você faz os exames, pra ver se foi eu, acha que eu to com medo...olha pra mim Kadu eu tenho um filho pequeno e... enfim não iria nunca fazer uma monstruosidade dessas com você.
K:Não dá para fazer exame eu tomei banho e em deve ter jeito de...
Foi então que eu me lembrei do lençol sujo e olhei para o Digo e tentar encontrar algum vestígio de culpa em seus olhos, mas ele me olhava de uma forma diferente, que dizia que ele era inocente.
K:Eu acabei de lembrar de uma coisa, eu já sei o que eu vou fazer...
D:O que ?
K:Tem um jeito de você provar que não foi você....e amanhã você vai em uma clinica comigo pra fazer uns exames, mas eu te aviso que se eu descobri que você fez isso comigo pode ter certeza que eu nunca vou descansar enquanto não te ver apodrecer na cadeia.
D:Tudo bem eu vou, não tenho nada a temer mesmo, e você vai engolir tudo isso que esta me falando.
K:Veremos.
Quando eu me virei para ir ao meu quarto ele me segurou no meu braço e olhando profundamente em meus olhos disse:
D:Eu não fiz isso e vou te provar...
Eu me soltei dele e fui para o meu quarto e peguei o lençol e coloquei em uma sacola e guardei para no dia seguinte eu levar e tentar descobrir se o material que estava impregnado no lençol era do Digo ou não. Claro que eu não falei pra ele que tinha o lençol como prova e nem disse em qual clinica nós íamos...Eu só queria muito que nada disso tivesse acontecido e que o Digo seja inocente ou então ele iria pagar pelo que fez por que dessa vez eu não iria deixar passar.
Depois dessa conversa permaneci no meu quarto, só escutei o barulho da televisão da sala e logo depois o pessoal chegou, fazendo aquele barulhão, a Jake foi ao meu quarto me ver e eu contei tudo pra ela e ela ficou pálida pelo susto e pelo que passei e nos abraçamos e eu chorei junto com ela que ficou comigo até eu melhorar e depois me deixou quando eu consegui dormir.
No dia seguinte acordei sedo, na verdade nem tão sedo assim, dei um beijo no meu pequeno que estava sendo minha única razão de sorrir naquele dia, depois do café da manhã e de conversar com todos disse ao Rodrigo para se arrumar que logo iriamos e foi o que fizemos, mas antes preciso explicar aos meus queridos leitores que eu conhecia uma grande amigo que se chamava Lucas e era professor na área de medicina la da faculdade que é gay e ele sabia de mim, mas não da minha historia com o Digo então antes de irmos logo de manhã eu liguei pra ele e expliquei o que aconteceu, mas não disse que o Digo era meu irmão, só falei que ele era um amigo e pedi para saber se ele não tinha como me ajudar a fazer esse exame sem chamar muita atenção, e ele me explicou que seria um teste de DNA, ele iria comparar o DNA encontrado no lençol e comparar com o DNA do Digo, galera eu pedi ele porque confio muito nele , então já o deixei de sobreaviso e pedi que na hora ele não falasse nada com o Digo que era para ele achar que não nos conhecemos e ele prontamente aceitou a me ajudar e disse que agilizaria para que o resultado dos exames saíssem logo e de quebra eu faria um monte de exame para ver se eu não peguei nenhuma doença, e foi ai que realmente me desesperei por que ate então eu nem tinha pensado nessa possibilidade.
Então Saímos de casa e fomos direto ao hospital universitário que era anexo a faculdade, e chegando lá pedi para chamarem o Lucas e ele logo apareceu e fingimos na frente do Digo que nem nos conhecíamos e inventei uma outra historia na hora para o Digo acreditar que o Lucas não sabia e o que seria feito, bom depois disso ele nos encaminhou a uma sala e fez a coleta do meu sangue e do Digo e depois entreguei o lençol, essa trajetória toda demorou bastante e foi muito desconfortável e logo fomos embora, agora era só esperar e rezar para que eu não tenha contraído nada e que o Digo seja inocente, pois era tudo que o meu coração pedia mesmo sabendo que caso dê negativo ainda sim não haveria chances de eu e o Digo termos alguma coisa, porque as cicatrizes ainda persistem.
