Segundo capitulo.
Lembro-me de muito pouco daquele dia, acordei dolorido no leito de um hospital, caio estava ao meu lado e o guri do motel em pé observando a janela.
- ta, eu morri e a morte era mulher por isso não fui com ela?
-graças a Deus, eu fiquei preocupado. – o moleque parecia mesmo preocupado.
-hey carinha, não se preocupe, não é um simples adolescente que vai me derrubar. – falando isso caio acordou na cadeira, quando me viu sorriu, ah aquele lindo sorriso, veio ate mim, esperei seu selinho, mas minha face doeu com um tapa que levei – hey acho que estou em hum hospital?
-nunca mais sai assim sem me dizer nada e depois desmaie em um hotel com um guri que me liga desesperado!
-hey loirinho estou bem. – um “idiota” sai de sua boca, mas ele me deu o selinho e me abraçou.
Me sentia ótimo, o medico disse a caio que fora apenas exaustão, que caio deveria me vigiar como bom namorado.
Ficamos conversando ali enquanto o medico não passava para me dar alta, kaique se mostrou uma boa pessoa, muito doce e brincalhão fez bastante amizade com caio, e comigo também.
-ola a todos?
-ola doutor – exclamou caio, virei para encarar o medico, e que medico, moreno claro olhos negros e cabelo em rabo de cavalo, suas roupas deixavam seu corpo todo apertado o que me fazia babar. Era muito raro alguém me chamar tanta atenção.
-senhor Bavaresco, vejo que esta melhor.
-muito melhor, agora então, melhor ainda- caio me deu um soco percebendo meu interesse pelo rapaz.
-é muito bom saber isso, meu nome é Saulo, sou residente desta ala, cuidei de seu caso e digo que o senhor tem que descansar mais, sua pressão despencou. Por hora passara a noite aqui, estarei de plantão qualquer coisa me chame – poderia jurar que ele exclamou um sorriso safado para mim, se virou para os meninos e os alertou de que a hora de visita teria acabado, e se retirou do quarto.
-bom vê se descansa ok? Vou levar o guri aqui para casa, a chave do carro e seus documentos vão comigo, amanha passo cedo pra levar você para casa, e não tente dizer nada. – ganhei um abraço de cada um dos dois e eles saíram muito amigos por sinal porta a fora.
A tempos não ficara em hospital, era tedioso passar o tempo, o relógio marcava duas da manha e aquele lugar já estava morto. Nada na televisão agradava.a porta do quarto se abriu, Dr. Saulo entrou em sua melhor forma.
-não sabia que estava acordado, vim checar a pressão.
-claro Dr. Fique a vontade – o medico fazia um trabalho que não era dele, qualquer enfermeiro poderia fazer aquilo, mas ali estava ele. Ele queria algo, ele começou a medir, eu queria entrar no jogo também. – sabe Dr. Estou com dor no corpo, é normal?
-aonde dói?
-aqui no abdômen – levantei, tirei minha camiseta. – nossa esta frio, será que o senhor pode fechar a porta para não entrar ar? – ele fechou e trancou a porta, colocou a mão para examinar.
- aqui dói?
- não Dr. Parece ser mais para baixo. – ele desceu a mão ate minha virilha. – a acho que vou ter que tirar a calça também – disse em um tom que ele não resistiria. Ele arrancou minhas calças subiu em cima da minha cama e ali mesmo o tomei.
No outro dia, caio chegara cedo, Saulo já tinha ido embora e me deixado anotado seu celular.
- esse sorriso eu conheço, ah não Ju você não comeu o medico?
- é melhores amigos sempre sabem um do outro apenas pelo olhar. –rimos e fomos para o carro, caio estava diferente, uma pele mais macia, um sorriso safado diferente do sorriso que eu tanto admirava. – ah meu Deus você comeu o moleque?
-claro que não. – caio corou ele era um péssimo mentiroso.
-haha Senhor dalaqua, você não me engana, comeu ele e sim e você gostou.
-sim confesso gostei dele.
-Aleluia Irmãos, caio desencalhou, e pelo meus cálculos você vai almoçar com ele logo após a escola.
-hey você não é tão bom assim, coloca meu celular dentro do porta luva to dirigindo.
Logo chegamos em casa, o abracei, olhei fundo nos olhos:
-se ele te fizer feliz meu loirinho também me fará. – dei um selinho nele e entrei.
- e você descanse. – ouvi ele gritar la de fora do prédio. Descansar? Eu não poderia me dar a esse luxo, minha rotina voltou ao normal no mesmo dia, malhação, alimentação e clientes.
Semanas se passaram e a páscoa se aproximava, caio tinha engatado algo serio com o Kaique, sempre estavam juntos, viviam na minha casa, caio ate queria se revelar a seus pais e assumir o compromisso com o guri.
Era um dia normal aquela sexta, estava escurecendo e eu já esperava um cliente em um motel de luxo da cidade, esse era um dos maiores clientes, um deputado federal, era importante la em Brasília.
Estava deitado esperando ele quando meu telefone toca, esqueci de desligá-lo, ainda bem era caio na ligação, achei muito estranho, ele sabia que essa era hora estaria em meu serviço.
-loiro? O que houve?
-alo, ju, cara desculpa interromper. Sei que esta ocupado, mas será que poderia passar a noite na sua casa? – sua voz era de choro.
-claro, o porteiro já te conhece, vou ligar e autorizar você a usa a chave reserva, e loiro eu jaja estarei la prometo.
Liguei para o porteiro, e em seguida o cliente chegou, foi uma das piores vezes, eu me desliguei mais ainda de meu corpo para não pensar no que havia ocorrido. A noite passou lentamente, tinha outros clientes marcados. Mas assim que acabou corri para casa o mais rápido que pude.
Assim que abri a porta ouvi o barulho de choro, na minha sala estavam varias malas, corri pro quarto e deitado na cama, abraçado ao travesseiro caio chorava de soluçar, cheguei perto olhei em seus olhos, a conhecia aquele olhos tão bem quanto minha própria vida. Ele não precisou dizer nada, ele co certeza contara aos pais e o expulsaram de casa, coisa que já não era sem tempo.
Deitei ao seu lado e abracei, trouxe sua cabeça para meu colo, brinquei com o cabelo dele a noite toda, e ele acabou adormecendo.
Era incrível como ele podia ser inocente e ingênuo. Ele era extremamente sentimental, quando seu primeiro namorado foi embora ate quando seu cachorro morreu ele chorou rios de lagrimas para mim nessa mesma cama, mas agora via-se que seria muito diferente.
Não dormi a noite toda, o vigiei para que nada de ruim acontecesse, quando o relógio marcou 9 horas, em levantei para fazer café, seria um bom dia para trabalhar, mas liguei cancelando todos os meus clientes daquele dia alegando doença.
Fiz o que ele mais gostava, leite com morango e torradas, levei seu café na cama.
-hey bom dia – quando abri a porta ele já estava acordado.
-bom dia, não precisava disso tudo.
-claro que sim, afinal eu também preciso comer. - ele sibilou um sorriso amarelo, e começou a dar umas mordidas.
-obrigado por me deixar ficar, vou ligar para um hotel e reservar um vaga, e começar a procurar um lugar.
-ham? Como assim? Não, tenho uma casa enorme de frente a praia, a 10 minutos da agencia, e sempre estou muito sozinho. Fica comigo.
-não ju, serio. Melhor não – olhei para ele com cara de cachorro sem dono, ele riu e dessa vez lindamente. – ta bom, mas apenas se todas as despesas da casa forem rachadas ao meio.
-certo comandante. Agora coma - abri as cortinas e o quarto ficou iluminado, foi então que notei o olho roxo que. – aquele brutamontes não fez isso com você! – me enchi de raiva, o padrasto de caio era metido a valentão, um evangélico fanático, caio não abandonava a casa pela mãe com medo dele fazer algo a ela.
-calma ju não foi nada.
-isso não ficara assim. – sai do quarto furioso, liguei para o kaique convidando-o para um almoço, e fui tomar um longo banho para esfriar a cabeça
A semana passou tranqüila, me acostumei tanto a minha amizade com caio que adorava telo por perto.Era um sexta feira chuvosa, kaique tinha dormido em casa e caio fora levá-lo a escola, sai para correr na praia, eram 11 horas quando uma tempestade enorme atingiu a praia, eu estava la, esperei a chuva passar, e todo molhado voltei para casa.
A caminho de casa ainda chovia fraco, pelo percurso observava-se a destruição que o vento causara. Desliguei minha musica com medo de meu celular estragar. Passando pelo beco que fica atrás de casa ouvi um choro de criança, de bebe na verdade. Observei e nada avistei, olhei melhor e quando vi fiquei realmente assustado, era um bebe, de uns 9, 8 meses no Maximo. Ele estava embrulhado em um cobertor encharcado, olhei em volta assustado, nem pensei muito, o peguei no colo, e corri para casa.
Ninguém me vira entrar com a criança, no meu apartamento dei um banho bem quentinho e o cobri e embalei com um coberto em meu braços, ele já tinha parado de chorar e em meus braços acabou adormecendo.
- ju eu voltei, a luz acabou na agencia. – caio abriu a porta e entrou todo molhado, olhou em meu colo e se assustou- o que é isso?
Contei a ele toda a historia desde o começo, ele pegou o bebe do meu colo e o fez um lugar improvisado na cama para o bebe não cair enquanto dorme.
-meu Deus ju que loucura, ele é lindinho não é?!
-muito, ele uma graça e assim que o peguei no colo ele se acalmou.
-não havia nada com ele? Nenhum documento nada?
- não apenas esse cobertor mas ele esta encharcado- peguei co cobertor e caiu um carta dele
“ola, obrigado por encontrar meu filho, não posso cuidar dele. Cuide dele por mim, não quero que ele va para a adoção. Por isso junto esta um papel com os dados de adoção só faltando você assinar. Cuide de meu bebe”
- que loucura é essa ju?
- olha caio e verdade esta aqui aos documento, em um plástico não molharam.
-e agora?
- eu não sei.
-você não esta pensando e ficar com essa criança esta? – tinha uma ironia no tom de sua voz que me fez ficar preocupado.
-eu não sei, mas por que não ficaria?
-ah qual é ju você não tem condições de criar uma criança – ele apresentou uma risada que em irritou profundamente.
-como assim?
-juliano você e garoto de programa. Não pode cuidar de uma criança.
-só por isso?
-só por isso? Juliano acorda você fode os outros por dinheiro meu que pai você seria. – aquilo despertou minha raiva.
- sai da minha casa agora caio.
- o que ? olha ju desculpa me expressei mal, mas é a verdade.
-a verdade que eu perdi tudo e a única solução foi fazer isso, a verdade que eu não tenho educação e nem condições de fazer outra coisa é isso? A verdade que você deseja loucamente transar comigo, que você deseja loucamente que eu foda esse seu cu virgem é isso? Se é essa a verdade saio eu. Ligue para a policia, ou sei la quem. – ele tentou dizer algo mas não prestei atenção. Sai batendo a porta.
La fora a chuva cai ainda, caminhei ate a praia, minhas lagrimas se confundiram com a chuva, como assim naquele momento me sentia culpado por ser garoto de programa, como assim ele peque bebe que ficou comigo nem uma hora mechara tanto comigo que eu chorei depois de seis anos.
Parei perto de uma rochas, sentei na areia. A chuva caia, lava tudo.
-eu acho que esta chovendo, não esta? – alguém me disse isso, a voz veio de traz de mim, olhei, era um rapaz alto e bonito, cabelos loiros e lisos, sorriso branco e boca carnuda, branco muito branco, todo encharcado.
-sim, e você poderia me deixar em paz?
-bom acho que não. Vamos sair daqui ok?
- eu pedi pra sair daqui? – ele se ajoelhou na minha frente, olhou fundos em meus olhos, eram negros como a noite. Meu mudo parou por aquele instante, aqueles olhos me eram conhecidos. Meu coração acelerou e acalmou, minhas lagrimas param de cair.
-não sei como vim parar aqui, justo aqui, mas não me pergunte por que, apenas venha comigo. - ele me estendeu a mão, eu me contive por um tempo mas segurei em sua mão que me levantou, e caminhou comigo ate uma caverna que havia ali perto, sem desgrudar de minha mão em nenhum momento.
Chegamos nas cavernas da praia a chuva aumentou, estava intrigado, quem seria esse homem.
-a propósito, meu nome é Dimitri, sou da Inglaterra.
-Inglaterra?o que faz aqui?
-não vem ao caso.
-bom claro que vem ao caso, você chegou do nada e disse coisas estranhas, e agora vem la do outro lado do mundo. - ele se aproximou de mim, pegou em meu queixo, olhou mais uma vez no fundo de meus olhos.
-cruzei poucos oceanos para isso. Para ter um vislumbre de que você e real. – ele apenas encostou os lábios em mim. Afastou-se e sentou. – me parasse que vamos ficar por aqui um bom tempo. – agora que sabia que ele era Inglês, se fez nítido o seu sotaque. Ele me intrigava, sua ação me deixou desarmado sem reação.
Um pouco afastado dele me sentei e encarei a chuva, meu peito doía, meu coração se apertava, nunca me senti assim antes.
-é linda a chuva não é?
-se você esta dizendo. – meu temor me fez ser rude com ele.
-é assim mesmo, uma fera que esconde seus sentimentos. – ele se levantou e aproximou-se de mim. Ficou do meu lado – sabe não podemos sempre ser os durões, as vezes alguém precisa cuidar da gente.
-sempre cuidei de mim mesmo nunca pedi ajuda. – com pose de orgulho assim que as palavras saiam as lagrimas tomaram meus olhos, eu não queria chorar. Não para um estranho.
-eu sei que nunca pediu, mas eu me ofereci.
-nem sei que é você!
-isso faz de tudo mais fácil, faz eu conhecer você melhor e já criarmos intimidade, ou que sabe um sentimento.
-eu não tenho sentimentos.
-claro que tem, todos temos.
-não eu. – as lagrimas saiam sem que eu pudesse conter.
-hey, deita aqui – ele me ofereceu seu colo. Eu não queria, mas ele agarrou meu pescoço, e me fez deitar. Ali começou a me acariciar e a brincar com meus cabelos, ninguém jamais tinha feito aquilo, a não ser minha mãe. Ali me senti protegido, chorei ate cansar e adormecer. Ele não disse nada, apenas ficou ali, cuidando de mim.
Acordei assustado, onde ele estaria, não o encontrei, la fora o dia já estava acabando, o céu estava aberto, o mar estava lindo. Procurei mas não achei, mas quando observei o chão de areia da caverna tinha algo escrito.
“desculpe, tive que ir. Meu celular me ligue e me fale seu nome. Dimi”
Fiquei ali observando por um tempo, anotei o celular e fui para casa pensando quem seria esse rapaz.