Alex estava na rua vendendo um pacotinho de cocaína quando seu celular tocou, viu no visor, número estranho, mas resolveu atender:
- Alô?
- Alex sou, estou presa. Pedi pra Leninha ficar até de manhã com a Anny pra mim.
- Eu sabia que uma hora ia dá merda. E agora?
- Faça isso. Depois você fala com o advogado que defende o pessoal ai do bairro, fala pra ele que eu vou pagar quando sair daqui.
- Deixa comigo. Olha, não fala nada.
- Rápido, Alex. - Desligou.
Na enfermaria da delegacia, Marina foi atendida em uma maca, na outra a soldado Águi. Entre elas apenas um lençol estendido em uma corda improvisada.
- Eita a selvagem te pegou de jeito! - Caçoou o enfermeiro.
- Ela me atingiu quando eu estava desprevinida. Depois eu mostrei à ela quem eu sou.
- Tá bem mulher maravilha, agora fica quetinha pra eu poder passar o remédio na suas costas.
Fernando era sempre assim brincalhão, mas um ótimo profissional, já salvou soldados praticamentes mortos em linha de frente nas batalhas.
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Leninha estava usando o computador, lendo contos eróticos, com uma mão no mouse e outra dentro da calcinha, Alex chegou a surpreendendo no ato.
- Poxa gata, pode me usar pra satisfazer os seus desejos, haha.
- Sai fora você sabe que eu sou lésbica, mané. Cadê sua irmã? Ela tá atrasada.
- A Mari teve uns problemas ai e vai precisar que você fique aqui até de manhã.
- Eu quero duas diárias.
- Você acha que minha irmã é rica, fia? Se eu falar que te peguei aqui na maior siririca com a filha dela aqui deitada no colchão, além de tu não ganhar nem sua diária normal, cê ainda vai perder os outros emprego que ela te arrumou com as amigas dela. Imagem é que conta gata, e pedofila tira toda sua chance de trabalha fe babá.
- Muleque você não vale nada. - Sorriu. - Beleza fico aqui pelo combinado, mas vê lá hein, tô a fim de encrenca pro meu lado não.
- Fui nessa gata, boa diversão.
Alex chegou junto com o Advogado no escritório jorjado em um sobrado. Antes de imaginar que Alex queria que ele defendesse sua irmã, Rodrigo vulgo Rody, buscou duas cervejas na geladeira.
- Fala ai irmão... Quêm caiu em cana dessa vez?
- Minha irmã.
- Tá de zua com minha cara?!!! Sua irmã tá quase canonizada santa, como vai tá na grade?
- Pegaram ela na fronteira, mano. Veste uma beca ai, encorpora o advogado e vamo'bora.
- Já é.
Se arrumaram e foram para a delegacia.
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Águia deu seu depoimento, sendo liberada em seguida. Tirou o uniforme, não estava mais de serviço, iria aproveitar para ir à um bar beber uma cerveja antes de ir para o quartel. Mesmo em seus dias de folga ou quando não estava em serviço, pouco saía de dentro do quartel, suas economias eram poupadas e guardadas em uma conta para um dia ter uma vida descente ao lado de uma mulher digna e talvez filhos.
Na saída da delegacia trompou com um rapaz com os braços tatuados, pircing's, roupas largas, cordões, de óculos escuros, boné de lado na cabeça, acompanhado de um homem engravatado, de terno, porém cheirava a álcool e cigarro.
- Desculpa. - Alex falou, pegando a mochila de Anna que caiu ao chão, lhe devolvendo.
- Tudo bem. - Anna pôs a mochila no ombro e saiu.
Alex reparou na mochila militar, não queria nem imaginar o quanto iria fazer a pessoa que prendeu sua irmã sofrer. Desejava que não fosse uma mulher tão linda quanto o qual esbarrou.
O depoimento de Anna não acusou Marina de praticamente nada, agressão física leves. O ônibus explodiu após o acidente, danificou as mercadorias que não pode denunciar seus verdadeiroa donos. Apesar do impacto do grave acidente, a única vítima fatal foi o condutor do ônibus, morto com a batida na árvore, antes do incêndio.
- Posso levar minha cliente? Não há nada no laudo que a incrimine para ter prisão temporária decreta. Ela alegou legítima defesa com razão, afinal quêm não se defenderia de uma pessoa armada em uma mata fechada como aquela?
- Busquem-na, está livre enquanto corre o processo. Já sabem não a deixe sair do país e mantenha o telefone para contato ativo, pois caso seja procurada e não for encontrada perderá o benefício de esperar o julgamento em liberdade. Ok?
- Tamo ciente, cara.
- Alex, por favor. Estamos cientes do termo da lei. Obrigada, ótimo dia para o Senhor. - Disse Rodrigo.
Fora da delegacia, no carro de Alex.
- Cara, eu vou explodir eaaa delegacia e matar a vagabunda que te prendeu, maninha.
- Alex você está fumando demais.
- Mari, você devia estar com ódio desse povo. Esses caras fardados, essas mulheres querendo provar que é maxo sem pinto, te pondo pressão com uma metralhadora e você sem querer vingança. Sei lá vey... Tu não é normal.
- Alex abre a janela estou ficando tonta com esse fedor de maconha.
- Relaxa. Agora você vai trabalhar pra mim né? - Abriu a janela.
- Não. Conheci pouco de uma cadeia para saber que jamais quero voltar para lá. Vou viajar, ir para outro lugar onde eu ganhe mais, fazendo o que eu sei fazer: vender.
- Tu é muito burra, cara! Acho que você foi adotada, sabe? Todos da nossa família vendeu droga, fez ponto à noite e dormiu o dia todo. Qual o problema contigo, Marina?
- Eu quero passar dos 35 anos, Alex. Eu vou morrer de velhice e não de overdose ou por que contrai uma doença venéria.
Alex acelerou para chegar na casa da irmã logo, não queria mais uma vez ouvir que o mundo ainda é um lugar bom e que seus pais tiveram um triste fim por que seguiram o padrão social de que pobre preto nunca vira doutor, que mulher de bandido é puta. Muito menos admitir que sua irmã está indo pelo caminho certo enquanto ele pode morrer a qualquer minuto baleado ou drogado.
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Um mês depois no Litoral....
- Se não é minha agressora...
Marina viu a soldado Águia de bermuda curta, sutien de bíquine, um chápeu na cabeça, chinelo, uma bolsa no ombro, um livro na mão direita os olhos um óculos de grau para leitura, parada em frente sua barraquinha de bebidas. Ela sorria como se estivesse nervosa e não soubesse o quê dizer mais, Marina se repreendeu por admirar o abdômem malhado da soldado.
Olhou para o mar, respirou fundo, sentindo o vento bater em seu rosto, antes de responder:
- Quer alguma coisa?