Cap.4
Imediatamente eles separaram as mãos. O coração dos dois acelerou, mas eles fingiram que nada havia acontecido e continuaram a andar pelo bosque. Conheceram o lago, e pararam no Jardim Florido.
- Até que enfim eles colocaram Camélias aqui, passei anos pedindo- ele falou, pegando e sentindo o aroma das flores.
- Pois é, e eu pedi Margaridas, mas pelo jeito meu pedido não foi atendido- falou Eduard
- Até o ano que vem acho que eles atendem o seu pedido- Jorge se afastou, e Eduard se aproximou das camélias, e apanhou uma flor.
- Vou levar comigo, pra ter uma lembrança deste momento.
Guardou a flor no bolso e correu pro pátio. Sem que Eduard soubesse, Jorge entrou no quarto e sentou na cama. Observou a cama de Eduard e imaginou ele ali. Jorge estava ficando mais confuso, com seus novos sentimentos. De repente, ele sente uma coisa dura aonde ele está sentando. Se levanta e acha um caderno, caderno de poesias.
- Não sabia que Eduard escrevia poesias- ele se atreve e abre o caderno. E percebe que não foi ele que escreveu, e sim gostou da poesia, de Luiz de Camões :
" Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói, e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É um cuidar que se ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata, lealdade.
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor? "
- Não sabia que eu tinha um amigo tão sensível - Jorge ficou rindo sozinho no quarto. O dia passou, e a noite caiu. O escuro reinava no internato, e Eduard estava voltando pro quarto. Logo ele chegou. Tomou um banho e se deitou. Olhou pra Jorge, que estava lendo um livro. Mas logo ele parou.
- Eduard, você gosta de poemas ?
- Não- ele mentiu, pois naquela época, as pessoas achavam que qualquer um que gostasse de coisas femininas (poesias, poemas, bordado, romantismo) era considerado "invertido"
- Não precisa mentir, eu vi seu caderno- os dois se olharam no olho- e eu também gosto. Só não sabia que vocês gostava de poemas de amor.
- Nesses últimos tempo eu tenho gostado bastante, alivia um pouco quando a gente sente falta de amor. Eu nunca falei nada por causa das pessoas.
- Mas você escondeu até de mim, você sabe que eu gosto de tudo que você gosta, com as poesias não seria diferente.
- Tem horas que eu acho que deviamos ter nascido irmãos gêmeos, cópias perfeitas- Eduard falou, triste
- Não- logo quando Eduard terminou, Jorge falou
- Porquê não ?
- Eu prefiro que você seja meu amigo. Assim posso falar e fazer coisas com você, que eu não faria com um irmão - os dois riram
- Eu posso ler esse livro com você ?- Eduard perguntou
- Pode. Arrasta a sua cama pra cá e a gente lê- Eduard juntou as camas e colocou os travesseiros bem pertos um do outro. Os dois ficaram com as cabeças coladas, com a luz do luar banhando, e ficaram por um bom tempo lendo o livro. Acabaram pegando no sono sem perceber. A noite foi bem longa para os dois, e Jorge acordou primeiro. E se viu numa situação diferente. Os dois garotos estavam abraçados, e com as pernas entrelaçadas. Rapidamente Jorge ficou nervoso.
Continua
Gostaram ????