Era mais um dia tedioso como qualquer outra na faculdade, o tédio reinava absoluto naquele em particular estava eu e meu amigo sentados em uma das lanchonetes da faculdade “amassando barro” esperando nossa aula começar, quando de repente entra na lanchonete um daqueles caras que é impossível não olhar tamanha a beleza da criatura, ele no alto dos seus 1,90 mais ou menos uns 90kg, cabelo preto, olhos mais negros ainda, e barba por fazer mais belo que isso era apenas o tom pálido que ele tinha, todo esse conjunto formavam uma visão impossível de ser ignorada, até o mais hétero dos homens olharia a se renderia a beleza supra mencionada, enfim... Quando esse cara entrou eu não consegui disfarçar apesar de não ser assumido e sempre me controlar para não dar muita bandeira, nesse momento fiquei meio cego e encarei mesmo, meu amigo também olhou, e depois de passado o transe ficamos nos encarando tentando entender se aquele homem tinha mesmo entrado naquele lugar, e o mais intrigante. Quem era aquele cara? O porque não o tínhamos visto ainda?
Depois do primeiro encontro passamos a vê-lo todos os dias na lanchonete sempre naquele horário, e a reposta para uma de nossas perguntas ficou bem obvia, nunca tínhamos visto ele, pois sempre chegávamos atrasados, apesar de morarmos duas ruas atras da faculdade, sempre queimávamos horário, o motivo? Eu tinha que esperar o Gustavo se arrumar para irmos estudar, e o processo é lento e envolve muitos cosméticos, ou seja, sempre atrasávamos naquele primeiro encontro chegamos cedo pois ele tinha decidido usar boné, isso economizou mais ou menos uns 20 minutos, que é o tempo que ele leva arrumando o cabelo, pois então. O Cara sempre ia comer sozinho na lanchonete, nunca tínhamos visto ele com ninguém, e decidimos que iriamos disfarçadamente segui-lo para ver qual era seu curso, e se descobríamos ao menos o nome do cara.
O Destino tem dessas coisas, quando ele foi para o caixa pagar, também fomos de modo bem discreto logico, e no caixa uma das atendentes o chamou pelo nome, e esse nome era Rafael, achei que combinou bem, já tínhamos uma informação sobre ele, o seu nome, era só seguir o cidadão para vermos qual era seu curso e assim fizemos, ele cursava Economia no bloco C da faculdade e tínhamos aulas de calculo naquele bloco uma vez por semana, ele já estava no 4º e nunca tínhamos visto ele, isso me intrigava de uma forma absurda, ainda bem que meu amigo também via ele, pois começava achar que era uma miragem, algo criado pela minha mente para suprir a falta de homem.
Meu amigo e eu somos goianos de Rio Verde, e moramos em Cuiabá desde que começamos a estudar Arquitetura e Urbanismo, não era a ideia inicial, mais uma serie de fatos me obrigaram a escolher Cuiabá – MT como cidade para estudar, sou o filho caçula em uma família com quatro crias, meus pais são conhecidos na cidade, minha mãe Bio-médica e meu pai Arquiteto, de uma época em que os arquitetos eram heterossexuais, muito, mas muito tempo atras mesmo. Meus irmãos mais velhos todos bandearam para a área da saúde deixando meu pai “órfão” na área das exatas, apesar de um dos meus irmãos ser fisioterapeuta ninguém nunca questionou a sexualidade dele, esse fardo ficou todo para mim, nunca dei bandeira, ainda mais perto da minha família sou moreno, cabelo preto e curto, olhos castanhos claro, 1,80 de altura, peso 78kg, sou bem másculo e sempre me forcei a ser assim para não desapontar minha família, eu nem sabia se ficariam ou não desapontados, mas na minha cabeça eu preferia não descobrir isso.
O Gustavo e eu estudávamos juntos desde a quarta serie e o pai dele também é sócio do meu pai, ou seja, não tinha como não sermos amigos, quando eu decidi me assumir para minha família, no final do meu ensino médio meu pai disse já saber, e que tinha plena certeza que um dos filhos dele seria homossexual, considerando a possibilidade de uma falha genética, e que sempre desconfiou que eu seria esse filho, e que por ele estava tudo bem, erá apenas uma condição que nada interferiria no orgulho que ele tinha de mim. Foi exatamente isso que meu pai disse, eu fiquei em choque, quase não acreditava, meu pai todo serio e racional, com uma postura tão vanguardista assim me chocou um pouco, já minha mãe que eu imaginei que entenderia, foi mais fechada com tudo.
Ficou sem conversar comigo mais de semana, eu prestei alguns vestibulares por sorte passei em todos, mas arquitetura apenas para Cuiabá, e quando disse a meu pai que tinha passado ele deu um sorriso sincero, e inesperado peguei ele totalmente de surpresa eu não tinha comentado sobre vestibulares na minha casa, fiz tudo escondido por assim dizer, e com resultado positivo decidi conversar com meus pais para ver as minhas possibilidades, ficou obvio pra mim que seria Arquitetura quando vi a reação do meu pai, tenho que admitir que acho meu pai o CARA, é uma admiração sem tamanho por aquele homem, o Gustavo também passou pra arquitetura aqui, e viemos os dois inicialmente iriamos morar juntos em um apartamento só, mas encontramos esses loft's bem perto da faculdade e nossos pais acharam melhor, cada um ter seu espaço o que foi bem positivo considerando a privacidade que necessitaríamos em alguns momentos.
A família do Gustavo é turca, ele tem traços bem particulares e é de fato um homem muito belo, alto e magro, quando estamos juntos e sozinhos nos referimos um ao outro no feminino, acho que por sermos os dois passivos, e foi algo natural, sempre damos risadas depois de nossas conversas lembrando das besteiras que falamos e não são poucas, ao contrario nós dois caprichamos nas asneiras, mas no contexto social somos homens, mesmo cursando arquitetura. Rsrs Os dias foram passando e eu apenas observando o Rafael de longe sem muita esperança de um dia ficar com ele, até mesmo porque ele não tinha dado uma “mancada” ainda, nada que nos fizesse ao menos suspeitar que ele fosse gay, em uma sexta-feira ele saiu da lanchonete e esqueceu uma pasta na mesa, foi minha chance de falar com ele, deixei o Gustavo na mesa e fui atras dele com a intenção de entregar a pasta quando o alcancei o chamei pelo nome.
Quando ele olhou, eu fiquei meio sem graça e ele todo serio, olhou em minhas mãos vendo sua pasta, sorriu e estendeu a mão para pegar, eu entreguei, e ele me cumprimentou se apresentando eu da mesma forma fiz, foi apenas isso que aconteceu, mas já era o suficiente pra eu me masturbar a noite imaginando uma serie de coisas que minha mãe morreria se soubesse que penso isso, voltei para lanchonete com meu coração batendo rapido me sentei ainda meio sem ar, se foi amor a primeira vista? Não mesmo, foi Tesão a primeira vista, como não sentir tesão em um cara daquele? Quando me recuperei meu amigo começou a me interrogar querendo saber tudo o que tinha acontecido...
– E ai, rainha do bate-papo da UOL, como foi com o rapaz?
– Tá boa Gustavo? Bate-papo da UOL? Nunca precisei disso minha querida, e quanto ao encontro com meu namorado foi tudo muito rápido e muito bom. Só me cumprimentou.
– Só de cumprimentar a senhora ficou toda úmida? Imagina quando te der um abraço, vai ficar toda melada, deixa de ser errada, e mantenha a calma se não vai assustar o boy.
– Está com inveja, porque eu vou casar com ele e a senhora vai ficar ai solteira, forever alone.
– Coragem né gata?!
Rimos da situação e fomos estudar, para garantir o leite das crianças, na época em que isso acontecia o Gustavo tinha um caso, com um rapaz do condomínio que morava no andar abaixo do nosso, o cara tinha namorada, e mesmo assim umas três vezes por semana ia na casa do Gustavo, descontrolar a flora intestinal dele, o menino era mesmo muito bonito, fazia Civil na mesma faculdade que a gente, porem em outra unidade, a namorada ia embora e ele já pulava para casa do Gustavo e o que mais me preocupava nisso tudo era que meu amigo estava começando a ficar emocionalmente dependente o que era péssimo para os negócios, já que ele não estava disposto a atender mais ninguém, criou quase que uma relação de fidelidade com o rapaz que ele ficava e pior que isso era eu ter que fazer comida para eles comerem depois do sexo, porque o Gustavo até o miojo ele conseguia deixar ruim.
E Como eu gosto de cozinhar nunca me queixei de fazer, até gostava, coitado do menino era legalzinho, vivia uma vida dupla e fake, mas isso prejudicava mais a ele mesmo, na outra semana, quando ia para aula no mesmo bloco que o Rafael encontrei com ele nas escadarias, ele me cumprimentou com um aceno de cabeça e um sorriso discreto foi o suficiente pra eu ficar com um sorriso bobo estampado no meu rosto o resto do dia, fui sozinho para faculdade pois meu amigo tinha dormido com visita em casa, e não seria eu a atrapalhar o romance dele com o Antonio Junior ou simplesmente “Toinzim”, quando o Gustavo chegou na faculdade eu já estava nas nuvens quase ao ponto de escrever meu nome junto ao do Rafael dentro de um coração em uma folha de caderno, ele notando meu estado já foi fazendo piada...
– Esqueceu de tomar os remédios queridinha, está com essa cara de boba o dia todo, o que aconteceu dessa vez?
– Eu nem deveria te contar, porque esta gorando meu relacionamento, mas para seu governo aconteceu algo sim, ele me cumprimentou hoje e sim, foi um momento magico.
– Estou realmente ficando preocupado com seu estado mental gata, a cada dia só vai piorando, vamos procurar uns boys pra senhora no primeiro banheirão que encontrarmos isso vai ter que melhorar, não tem logica ser apaixonada assim.
– Olha quem tá falando, a amante do Toinzim.
Sempre temos uma briguinhas antes de começar o dia, como o Gustavo mesmo gosta de dizer, tem um close antes de iniciarmos as atividades diárias, estávamos na aula mais minha cabeça já pensava na hora do almoço, fiquei louco de vontade, queria encontrar com ele logo, ao menos olhar ele de longe, mas os minutos insistiam em não passar, e as aulas que já eram massantes ficavam ainda mais desgastantes conforme o tempo se arrastava, mas eu só podia esperar até a hora de irmos almoçarDevo Continuar