Procurei Bianca por todo lugar, minhas pernas doíam. Escorreguei no caminho e usei minhas mãos para amortecer a queda, machuquei-as. Resolvi então ir na enfermaria. Quando chego vejo Bianca abraçada a mesma enfermeira que cuidou dela. Ela esta de olhos fechados e em seu cabelo é feito carinho. Meu peito se aperta e minha cara nao fica nada boa.
- Desculpa interromper a ceninha mas eu estou precisando de alguém que trabalhe aqui. - respondo seca, com raiva.
Ambas são surpreendidas. A enfermeira logo se desprende de Bianca e toma uma atitude profissional limpando meus machucados. Bianca olha em meus olhos e abaixa a cabeça, mas nao sai da sala, permanece atenta aos cuidados que me são dados.
Assim que termina, apesar da raiva, agradeço e saio. Bianca anda ao meu lado, sem silencio. Um bom tempo se passa até que pergunta "Ta doendo?".
- Não. - seca.
- Como machucou? - sua pergunta sai quase inaudível.
Paro e me viro em sua direção.
- Fui procurar uma menina que me deixou sozinha e preocupada no refeitório. Procurei ela em todo canto e só a encontro quando machuco.
Seu olhar clareia e logo endurece.
- Preocupada por quê? Você estava em ótima companhia de sua amiga.
- Exato minha amiga. E por quê saio de lá sem dizer nada?
- Para quê ia ficar, você mal falava comigo. Só sabia dar atenção a sua amiguinha.
- Eu nao sei o que aconteceu com ela, eu tentava dar atenção as duas.
Sua expressão endurecia a cada momento mais.
- Certeza que não sabe? Ta na cara que ela gosta de você.
- Ela não gosta de mim, é só minha amiga.
- Amiga, sei.
Exausta daquela conversa respondo sem pensar, quase gritando.
- De que adianta ela gostar de mim ou não se é você esta nos meus pensamentos.
Paramos as duas. Uma de frente a outra nos encarando. Vi em sua face a raiva virar confusão e a confusão dar espaço a um brilho no olhar e um sorriso quase imperceptível.
Estava para pedir desculpas pelo o que falei quando Bianca me surpreende com um beijo. Uma pequena multidão que havia ouvido nossa briga assobiava e batia palmas. Podia quase sentir seu rosto quente de vergonha enquanto nos beijávamos. Passei meus braços por sua cintura e ela pelo meu pescoço. Logo separamos nossa boca, minha testa colada na sua.
- Como você consegue me surpreender a cada palavra que diz?
- Acredite, até eu me surpreendo. Isso é novo para mim, um novo bom. - digo antes de lhe dar um selinho demorado.