"És parte ainda que me faz forte, pra ser honesto só um pouquinho infeliz, mas tudo bem, tudo bem, tudo bem, lá vem, lá vem, lá vem de novo, acho que estou gostando de alguém, e é de ti, que não esquecerei." (Renato Russo)
Gente que insônia, agora estou eu na frente do computador, fumando um cigarro, me pegando em pensamentos, como tudo poderia ser um pesadelo, eu acordando, correndo para os braços de meu amor, quanta saudade.
Continuando...
- (Otávio) Mas mãe, como a gente vai ficar? A escola? Os nossos amigos? A vovó? O vovô? Os tios? Os primos?
- (Mãe) Filho eu entendo o seu lado, mas nós viremos sempre visita-los, quanto aos seus amigos vocês não precisam perder contato, nas ferias você pode vir visitá-los, você também Ricardo, poderá vir junto.
- (Eu) Mãe eu não vou embora daqui, eu fico aqui em casa morando sozinho, por mim não tem problema nenhum.
- (Pai) E você vai se sustentar como? Como vai comer? Lavar? Passar? Hein?
- (Eu) A Maria fica aqui comigo pai. (Estava chorando)
- (Pai) Filho a Maria vai com a gente, ela não tem ninguém da família aqui, somos a família dela. E além disso já vendemos a casa.
Espanto.
- (Otávio) O que? Como assim venderam a nossa casa? Pra quem?
- (Mãe) Seu tio Augusto comprou, conversamos hoje no jantar, dizemos que iriamos colocar a casa a venda, ele disse que estaria disposto a comprar, e quando formos visitar a todos, poderíamos ficar aqui no período das férias.
- (Pai) Meninos parem, já está decidido, este era o grande sonho de sua mãe, e nós vamos ajuda-lá a realizar, portanto dentro de um mês estaremos em São Paulo, vocês irão ver que não será tão difícil assim, agora cada um no seu quarto e tratem de dormir, que amanhã é outro dia. Boa Noite.
-(Eu) Mas pai...
-(Pai) Não tem nada de pai, boa noite...
Otávio e eu subimos para o quarto, tristes, calados. Mal consegui dormir aquela noite. Acordei logo cedo, a Maria já havia colocado o café na mesa.
- (Maria) Tá doente moleque? Tá amuado porque? Parece um bezerro desmamado logo cedo.
- (Eu) Não Maria não estou doente não, apenas estou triste que teremos que mudar daqui.
-(Maria) Sério? Eu fiquei super feliz, desde quando eu vim pra cá procurar serviço, eu não me acostumei com esse frio danado que faz aqui, credo. (A Maria era da Bahia, mas ela foi pra Blumenau trabalhar, tinha 40 anos, e já era considerada da família).
-(Eu) Aí Maria credo, e lá em São Paulo pelo que eu vi na televisão parece que a gente tá queimando no inferno, sai pra lá, cidade feia...
Um mês passado, e em Junho de 1991 nós estávamos indo de carro pra Florianópolis para então chegar ao aeroporto e pegar o avião para São Paulo, nossas coisas já estavam todas lá, meu pai já havia negociado com um comprador uma nova casa, próxima a Instituição que minha mãe lecionaria na próxima segunda.
Em menos de uma hora chegamos em São Paulo, pegamos um táxi e viemos para a minha cidade, descarregamos as malas, entramos na nossa nova casa, era simplesmente linda, tinha 4 quartos, um dos meus pais, um meu, um do Otávio e o outro da Maria, era grande, na frente tinha jardim, nos fundos uma piscina, área de churrasco, não eramos ricos, apenas tinha-mos uma vida confortável por meus pais trabalharem bastante.
Desfizemos as malas, cada um em seu quarto, ajeitamos tudo, a Maria e a mamãe já iriam pra cozinha preparar o jantar, papai lia o jornal da cidade na sala, eu sentado na varanda dos fundos da casa olhando a piscina, Otávio aparece.
-(Otávio) Quer dar uma volta comigo pirralho?
-(Eu) Cala a boca seu marginal. (Nem sabia o significado dessa palavra, ouvi uma vez na televisão)
-(Otávio) Vai ficar gritando ai igual mulherzinha ou vai vir comigo?
-(Eu) Vamos logo então.
Avisamos a mamãe que iriamos sair pra dar uma volta pelo bairro, próximo havia uma praça, onde tinha vários jovens, vários deles deveriam ter a idade do meu irmão (15 anos ele é 4 anos mais velho que eu), estavam fumando, bebendo, outros se beijando, andamos mais um pouco fomos até uma sorveteria, pegamos um sorvete cada, e sentamos em um banco, próximo a esse banco havia uma parte escura da praça, olhei para o lado e vi dois rapazes se beijando, fiquei curioso, perguntei pro Otávio.
-(Eu) Olha lá Otávio, que estranho homens se beijam?.
-(Otávio) Claro que não, homens não se beijam, esses dai não homens.
-(Eu) Uai, são o que então?
-(Otávio) São viados, bichas, como o pessoal fala.
-(Eu) Viados? Bichas? Não entendi.
-(Otávio) É, você é burro? Homem que beija outro homem, é tudo viado. Quer ir la beijar eles também?
-(Eu) Ou você é louco? Deixa e ser idiota.
-(Otávio) Tú já ficou com alguma menina antes? Já beijou alguma menina? Já passou a mão nos peitos de alguma?
-(Eu) A na escola a gente as vezes brincava de dar bitocas, mas beijar igual nas novelas, ainda não.
-(Otávio) Tu não sabe o que ta perdendo, mas vamos embora que o jantar deve estar pronto e eu estou morrendo de fome.
Voltamos pra casa, o jantar estava servido, jantamos e fomos pra sala ver TV, todos já haviam ido dormir, eu e o Otávio ficamos na sala assistindo TV, eu nem prestava atenção, só estava lembrando de ter visto os dois rapazes se beijando.
- (Eu) Otávio, como será que deve ser beijar um homem?
- (Otávio) Ihhhhhhh, tu ta nisso ainda? Vai saber, tá com vontade de beijar um? Eu te encho de porrada em muleque, irmão meu tem que ser homem.
- (Eu) Nada haver ou, só to te perguntando retardado, vou dormir vai, tchau.
-(Otávio) Boa noite viadinho, hahahahahahahaha.
Eu peguei a almofada do sofá e joguei nele. Entrei no meu quarto, deitei na cama, mas não consegui dormir, fiquei deitado na cama lembrando da cena que eu havia visto há algumas horas atrás.
Continua
Pessoal mais um pouco da história como disse aos poucos ela vai se desenrolando, agradeço a todos que estão acompanhando, e mais uma vez ressaltando; meu objetivo não é ganhar votos, nem fãs nem nada, apenas desabafar os problemas de minha vida. Obrigado, até logo.