O cowboy dos sonhos

Um conto erótico de Beto Torres
Categoria: Homossexual
Contém 1132 palavras
Data: 27/04/2014 21:07:47
Última revisão: 02/05/2014 00:32:57
Assuntos: Homossexual, Gay

Quando recebi a notícia, foi como se meu mundo houvesse desabado. O Barão. O meu Barão. Tínhamos a vida inteira pela frente e agora a morte queria nos separar.

Calma aí! Antes de qualquer coisa, acho que tenho que contar como as coisas chegaram a esse extremo. Vamos voltar alguns meses no tempo.

Bem, meu nome é Alberto Torres, mais conhecido como Beto, tenho 18 anos e sou de uma cidade minúscula no interior do Mato Grosso do Sul. Cidade do interior é aquela desgraça que todo mundo já conhece. Todo mundo sabe da vida de todo mundo e ser gay num mundo desse é complicado.

Sempre escondi de todos meus desejos sexuais, limitando minha sexualidade durante toda a minha adolescência à punhetas batidas no banheiro, pensando nos garotos que me davam tesão, mas dos quais eu nunca conseguia me aproximar por medo. Medo de ser achincalhado, de ser vilipendiado, de ser maltratado por todos. Sempre fiquei com mulher para não dar muito na vista os meus reais desejos, até porque nenhuma pinta eu tenho. Sempre malhei, não como mais um fator que pudesse contar a meu favor no julgamento dos outros sobre a minha sexualidade, mas porque eu sempre achei legal ter o corpo malhado. Acho que, no fundo, eu esperava que algum cara se aproximasse de mim com interesse no meu corpo.

Era difícil administrar aquela vida de mentiras. Aos 17 anos, namorava com a Jaqueline, filha do pastor da cidade e, por consequência, acabei me tornando evangélico também. Não sei onde estava com a cabeça quando resolvi fazer isso com a garota apenas para esconder minha sexualidade reprimida. Acho que o que me motivou a escolher justamente ela é o fato de que, sendo ela evangélica como era, dificilmente teríamos certas intimidades, devido ao voto de castidade que essa galera de igreja geralmente faz. Tinha amigos, mas nunca me senti à vontade com nenhum deles para falar sobre o que eu realmente sentia. Não confiava em ninguém, pois sabia que o bicho ia pegar em minha casa se a verdade viesse à tona, pois meu pai e meus dois irmãos tinham sérias inclinações homofóbicas.

Sei que, de tanto mentir, estava acostumado com a mentira. Vivia sonhando com o dia em que eu encontraria um cara disposto a fazer eu me descobrir de verdade e que soubesse levar consigo esse segredo. Imaginava que esse cara fosse cair do céu. E não é que ele caiu de verdade?

Não necessariamente do céu, mas, durante um passeio de bicicleta pelas trilhas com meus amigos, nos deparamos com um cara que eu nunca tinha visto na cidade. Já estávamos voltando para casa quando o flagramos fazendo xixi à beira da rodovia. Hoje, parando pra pensar, a gente sempre imagina que o amor da nossa vida vai nos aparecer em um lugar especial, durante um dia especial, numa ocasião especial, mas isso tudo é bobagem. O Oliver mesmo surgiu na minha vida de uma forma bem incomum e comum ao mesmo tempo. Disfarçando para que meus amigos não sacassem, observei-o por completo. Era um loiro, com a barba bem feita, bem mais alto que eu, provavelmente 1,90 m, malhadão, usando uma camisa xadrez com dois botões abertos, deixando evidente seu peitoral musculoso e suado. Nem preciso dizer que meu pau subiu no mesmo instante ao ver aquela cena. Ele, por sua vez, segurando aquele pauzão, urinava e fazia aquela cara de prazer que a gente faz quando finalmente consegue urinar após um longo período sem fazer por alguma razão. Nem se incomodou com nossa aproximação, pois tínhamos necessariamente que passar por ele pra voltar pra casa. Muito pelo contrário: ajeitou o chapéu, fechou o zíper da calça, afivelou o cinto e, com um ar bem arrogante e uma voz grossa que deixava evidente algum sotaque que eu inicialmente não consegui identificar, perguntou:

– Algum de vocês sabe que horas são?

– Faltam quinze pras cinco – adiantei-me em responder.

Aquele filho da puta nem sequer agradeceu. Simplesmente entrou no carro e se foi cantando os pneus da Amarok. De imediato reconheci a caminhonete. Era do Dr. Fred, o maior fazendeiro da região. Por consequência, o até então desconhecido nada mais era do que seu novo empregado. Mas fiquei puto com a falta de educação dele. Mesmo assim, meu pau continuava duro.

Voltei pra casa pensando naquele cara e me tranquei no banheiro, gozando gostoso, imaginando aquele macho atolando aquela vara toda em mim. Deitei na cama e fiquei pensando nele. Pensei no quanto ele era bonito e no casal lindo que formaríamos se nos aproximássemos e... Peraí! Endoidou, Beto? O cara nem pra tua cara olhou. Para de viajar! Você já se masturbou, já gozou e agora já pode voltar a sua realidade.

Os dias que se passaram foram os mais normais possíveis. Eu vivia à beira de um ataque de nervos, pois cada vez que eu sentia tesão por algum cara do meu colégio ou da academia, lembrava dos anos de diversão que eu já perdi por morar nesse fim de mundo. Apesar de ser uma situação com a qual eu já estou habituado, cada vez que meu pau ficava durão, eu me sentia um idiota por não dar vazão aos meus sentimentos.

Numa dessas, assim como quem não quer nada, num dia de extremo conformismo com a minha solidão entro em casa e dou de cara com o Oliver. O que aquele cowboy arrogante e cheio de si (e gostoso, muito gostoso!) estava fazendo sentado no sofá da minha sala? Resposta: meu irmão Ney tinha se tornado o novo amiguinho de infância dele. Disfarcei a minha surpresa e fui até o meu quarto sem nem olhar na cara dele, que por sua vez também não olhou na minha. Acho que nem deve lembrar mais de mim. Melhor. Aquele idiota é exibido demais pra merecer um minuto da minha atenção. Tirei o uniforme do colégio e, só de cueca, deitei na cama. Vez ou outra, ouvia meu irmão e ele falando um monte de absurdos sobre as mulheres da cidade. Dois idiotas. Homens que não tem respeito pelas mulheres não merecem o meu respeito. Sou eu mesmo que estou falando isso? Eu que alimento o sentimento que uma menina superlegal nutre por mim só pra esconder quem eu sou? Se eu parar pra pensar, não sou assim tão diferente deles não.

Merda! Estava começando de novo. Aquela droga de crise de identidade que me acompanhava desde sempre. Porém, antes que eu pudesse deprimir de uma vez, a porta do meu quarto se abriu e a primeira coisa que eu vi foi seu chapéu preto. Aqueles olhos azuis me encararam e eu pude finalmente perceber o quanto ele faz a droga do meu coração acelerar.

CONTINUA...

Parte 2 - http://www.casadoscontos.com.br/texto/#.U2MQ8_ldWzY

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