Depois do aborto que Camila sofreu, Danilo surtou. Saiu correndo do hospital e deixou todos nós lá.
Todos estavam desolados.
Fiquei muito triste. Ele não era meu filho, mas eu já amava aquele garotinho como se fosse meu. Ja me imaginava jogando bola no parque com ele, levando ele a praia... O que, infelizmente, não vai mais acontecer...
Fui rodar pela cidade na tentativa de achar o Dan, mas sem resultado.
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Se eu estou sofrendo, não quero nem imaginar a dor que ele deve estar sentindo nesse momento...
Alguns dias passaram e não tive mais notícias do Danilo. Ele não estava indo para o trabalho, não atendia meus telefonemas, quando fui a sua casa seus pais disseram que ele não queria ver ninguém e não me deixaram entrar.
Pelo que soube de Liz, Camila também estava arrasada. Ela ficou mais uns dias no hospital, pois tinha que fazer uma curetagem uterina pra retirar os restos placentários.
Não soube mais nada sobre o Paulo e nem quero saber! Se eu ver aquele filho da puta na minha frente mais uma vez... Nem sei o que sou capaz de fazer!
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Ja se passaram dias. Tenho que ver meu príncipe. Ele tem que saber que estou aqui por ele. Nas horas boas e ruins.
Vou até sua casa e falo com seu pai.
Luiz - Ian, o que você quer?
Eu - Sr. Luiz, me desculpe, mas eu vou falar com o Danilo. Com ou sem sua permissão.
Entro e vou subindo até seu quarto.
Luiz - Você não pode...
Jéssica - Deixa ele. O Danilo não pode ficar nesse estado pra sempre!
Entro no seu quarto e o vejo deitado na cama.
Ele estava terrível. Nunca tinha o visto tão mal assim.
Ele levanta e vou abraça-lo. Mas ele não retribui. Fica imóvel.
Dan - O que você quer Ian?
Eu - Eu vim saber como você esta.
Dan - Como você acha que eu estou? Meu filho morreu!
Diz se afastando de mim, com a voz meio embargada.
Eu - Você andou bebendo Dan?
Noto algumas garrafas vazias espalhadas pelo quarto.
Dan - Qual o problema?
Eu - Amor, eu sei que é difícil, mas...
Dan - O que você sabe Ian? Você já perdeu um filho? Você nem queira que esse bebe nascesse!
Ele grita com os olhos cheios de lágrimas.
Não acredito que ele disse isso. Depois de tudo que nós passamos...
Eu - Sério Danilo?!
Também digo alterado.
Eu - Mesmo antes de voltarmos, eu sempre te dei apoio sobre esse bebe! Mesmo depois das suas mentiras!
Ele me olha surpreso. Acho que se toca da merda que falou, mas continuo falando tudo o que estava engasgado.
Eu - Tudo o que eu fiz foi amar você e o bebê. Eu também estou sofrendo Danilo!
Digo com os olhos cheios de lágrimas.
Eu - Eu sei exatamente o que você esta sentindo Danilo. E dói. Dói muito. Mais dói principalmente saber que você prefere se afastar de mim, do que me deixar ajudar a diminuir teu sofrimento. Nosso sofrimento. Ele podia não ser meu filho, mas eu o amava como se fosse. Porque ele era seu filho! Filho do cara que eu escolhi pra passar o resto da minha vida junto!
Ele apenas me encarava com um olhar triste.
Deixo ele lá e saiu sem rumo...
Só queira dirigir sem saber pra onde... Piso no acelerador e saio sem destino.
#Narrado por Danilo#
Quando o medico me disse que Camila perdeu o bebê, fiquei sem chão. Foi o pior momento da minha vida.
Ian veio falar comigo, mas o empurro e saio correndo. Eu não o culpo... Eu só precisava de um tempo pra mim. Precisava ficar sozinho. Longe de tudo. Longe de todos.
Começai a beber... Beber muito. Não me alimentava direito. Não ia pra faculdade. Não ia pro estágio. Não queira falar com ninguém.
Cheguei a ouvir meus pais conversando sobre me levar a um psicólogo.
Ian chega a minha casa e vem falar comigo, mas eu sou super grosseiro com ele. Eu tinha bebido, poderia culpar a bebida, mas todos estão cansados de saber que eu sou um babaca... Bêbado ou não.
Eu - ...O que você sabe Ian? Você já perdeu um filho? Você nem queira que esse bebe nascesse!
Ian - Eu sei exatamente o que você esta sentindo Danilo. E dói. Dói muito. Mais dói principalmente saber que você prefere se afastar de mim...
Eu sou um bosta. Ele também estava sofrendo muito. Por mim e por ele. Dava pra sentir pelas suas palavras.
Ian - ...Ele podia não ser meu filho, mas eu o amava como se fosse. Porque ele era seu filho! Filho do cara que eu escolhi pra passar o resto da minha vida junto!
Ele sai do meu quarto e vai embora.
Deito na minha cama e passo varias horas pensando.
Fico ainda mais triste do que estava antes. Magoei a única razão pela qual ainda vale a pena esta vivo.
Sinto um aperto no peito. Uma sensação ruim.
Lembro de uma de nossas conversas:
"Ian - Eu te amo. Eu te amo tanto que se você viver cem anos, eu quero viver cem anos menos um dia, assim nunca vou ter que viver sem você.
Eu - Isso é um trecho de um livro, não é?
Ian - O morro dos ventos uivantes. É exagerado, mas é assim que eu me sinto. Não faz sentido viver num mundo em que você não faça parte deleEu - Papo estranho Ian. Para com isso!
Ian - Calma amor, não estou dizendo que vou morrer. Só não quero que você construa sua vida toda ao meu redor. Vai que um dia algo acontece... Você sabe... Pra morrer, basta está vivo."
Eu já perdi meu bebe, não posso perde-lo também... Não de novo...
Vou até sua casa, mas ele não está. Ligo pro Gabriel e pra Elizabeth, mas eles também não sabem nada dele.
Ligo varias vezes pra ele... E nada.
Depois de algum tempo, tento mais uma vez.
— Alô.
Era a voz de uma mulher.
Eu - Quem é você? Cadê o Ian?
— Ian? Eu sou enfermeira. Esse celular pertence a um dos rapazes envolvidos num acidente.
Sinto um arrepio.
Eu - Que ac... Que acidente?! Ele ta bem?
Falo desesperado.
— Foi uma colisão entre dois carros. Eles acabaram de chegar, mas...
Eu - O que? Me diz como ele estar, por favor!
— Um dos rapazes faleceu na hora da colisão...
Eu - Nãaaaaaaaaaaaaooo!
Continua.
Muito obrigado pelos comentários de todos. Grande abraço pra vocês. Até quarta.
