_Rafael, o que você está fazendo?
_Tô procurando na internet o número de algumas imobiliárias. Nós não vamos ficar aqui!
_Claro, eu te ajudo.
Ficamos pesquisando informações sobre imobiliária, e combinamos de o quanto antes, ir até elas para pesquisar novos apartamentos. Uma coisa eu tinha certeza, ficar ali não iria ser uma boa opção, além de que alguma coisa poderia acontecer.
Como o final de semana estava chegando, resolvemos sair daquela cidade. Como a última visita a família tinha sido aos meus familiares, resolvemos partir rumo à casa dos pais do Murilo. É claro que eu só estava indo porque as coisas tinham melhorado muito entre a família dele e o nosso relacionamento.
No sábado, antes das 8 da manhã, já estávamos na estrada. Era um momento de distração, então fomos curtindo cada segundo, ouvindo nossas músicas prediletas, contando piadas, falando mal da vida dos outros (menos dela, é claro). Enfim, a ordem era diversão.
Quando chegamos, fomos recebido com surpresa, já que não tínhamos avisado que iríamos pra lá. No momento, só a mãe dele estava, já que não tinha ido trabalhar, diferentemente do seu marido.
_Meninos, que surpresa ótima! Mais uma desculpa pra não ir trabalhar!
_hahahahah, se quiser vamos embora, mãe – disse ele a abraçando – como vão as coisas?
_Depois conversamos sobre as novidades, agora vejam só – ela olhou pra mim – meu genro!!
Ninguém aguentou, e todos caímos na gargalhada.
_É um prazer vê-la de novo!
_Que felicidade ter vocês dois aqui! Venham, vamos entrando.
Ficamos batendo papo com a mãe dele por todo o restante da amanhã, até o horário do almoço.
_Mãe, e o pai, anda alando alguma coisa sobre nós?
_Ah, sim. É o que ele mais fala! É Murilo pra cá, Rafael pra lá e assim vai! Ele está sempre comentando algumas coisa de vocês. Semana passada mesmo ele estava reclamando que você não vieram. Ele pode não demonstrar, mas ele já superou tudo. É o jeito dele! Então não fiquem incomodados caso ele fique um pouco sem graça perto de vocês. Agora no início, paciência é necessária.
Não demorou muito e ele chegou do trabalho. Quando entro em casa e nos viu, um sorriso de orelha a orelha brotou de sua face.
_Eu não acredito!
Ele correu para dar um abraço no filho. Depois, me olhou, e involuntariamente, ambos acabamos ficando com um pouco de vergonha, então apenas estendi a mão para cumprimenta-lo. Ele olhou mais um pouco e acabou me puxando para um abraço!
_Vem aqui moleque!
Achei bacana a atitude dele. Passamos um dia maravilhoso, em que o Murilo e eu tivemos que contar sobre tudo o que estava acontecendo. É claro que não contamos sobre a Ana, mas aquele não era momento pra isso, além do mais, caso nossa intenção de mudar de lá viesse a ser realidade, uma boa parte dos problemas seria resolvida.
Quase ao anoitecer, enquanto tomava banho, fiquei pensando na Ana. Quem seria a amiga que ela havia feito a aposta? E por que justamente sobre mim? Tinha tantos caras mais bonitos do que eu em nossa turma e ela invocou comigo. Quando saí do banho, fui procurar o Murilo, mas só achei a mãe dele sentada no sofá lendo uma revista.
_Onde está o Murilo?
_Foi com o pai dele ao supermercado comprar algumas coisas que eu pedi. Calma, logo ele já está de volta! Rsrsrsrs
_Ah sim.
_Como vão as coisas entre vocês dois?
_Muito bem. Depois de todos os fatos recentes, acabamos ficando mais unidos.
_Alguns dias atrás ele contou sobre a traição. Não reconheci o meu filho dizendo aquelas palavras, me doeu muito saber que ele tinha feito uma coisa dessas com você.
_Bom, no fim deu tudo certo. Ele se arrependeu muito, e duvido que voltaria a fazer algo do tipo.
_Concordo. Ele disse estar muito arrependido. Sabe de uma coisa, acho que ele não conseguiria ficar longe de você sem sofrer muito.
_Eu também não suporto a ideia.
_Quem diria. Eu nunca pensei que teria um genro. Que mundo interessante, não?
_Meu pai fala a mesma coisa hahahahaha
_Sabe, meu marido disse ainda ontem, que já que tudo tinha que ser assim, ele ficava feliz por ser você o escolhido do Murilo.
_Fico feliz em saber.
_Olha Rafael, eu queria agradecer a você por cumprir até o momento, a sua promessa de fazê-lo feliz. A cada segundo que ele olha pra você, tudo o que se percebe são os sorrisos apaixonados. Espero que tudo dê certo para vocês!
_Obrigado! Ultimamente nossa convivência tem melhorado muito, e agora fazemos tão bem um pro outro que ficar algumas horas longe já é um sacrifício.
_Imagino. Mas gostaria de perguntar mais uma coisa.
_Claro, a vontade.
_Vocês pensam em elevar esse relacionamento de vocês algum dia? Desculpe, mas é só curiosidade de uma mãe.
_kkkkkk eu sei, minha mãe já me fez essa pergunta também. Olha, acho que no momento, estamos curtindo essa fase, mas depois que a universidade terminar, que nós tenhamos nossos empregos, uma mudança de status pode acontecer. Eu diria que é quase certeza.
_Que ótimo. Assim eu fico muito mais tranquila. Você é um menino de ouro.
_hahahaha que nada.
Ficamos conversando mais um pouco até que os dois voltaram. Logo o Murilo veio me dar um beijo, na frente dos pais dele mesmo, que presenciaram tudo com bom humor. Depois ambos foram preparar o jantar, enquanto o Murilo me levou pra dar umas voltas pela cidade. Fomos a pé, já que estava uma noite linda, e o bairro dele era bem iluminado e movimentado, constituído de famílias de bem.
_Sabe o que o meu pai me disse?
_O que?
_Que em breve vai me dar o meu carro.
_Cara, que ótimo pra você!
_E tem mais. Ele disse que logo, ele espera que nós dois tenhamos mais espaço, então acha que devemos nos mudar. Eu quase contei pra ele sobre a nossa procura por outro apartamento, mas deixei pra outro momento.
_Fez bem, até porque tá difícil achar um. Além do mais, deve levar um tempo. Assim, quando ele propor uma mudança, nós já estaremos fazendo tudo.
_Isso. E ele comentou sobre você também.
_O que?
_Que você está se saindo muito bem como novo integrante da família.
_Ufa kkkkkk
Andamos mais um pouco e depois voltamos, passamos o resto da noite com os pais dele e depois fomos dormir, não antes de uma “rapidinha”.
O outro dia foi legal também, e antes de anoitecer voltamos para a nossa cidade, deixando os pais dele dizendo que sentiriam saudades e que devíamos marcar uma reunião entre as duas famílias.
De volta a realidade, logo depois de chegar, ao entrarmos em casa, ouvimos a voz dela.
_Oi meninos, passaram o final de semana todo fora, ein!
Fingimos que ela não disse nada e fechamos a porta.
_Eu não acredito que ela ainda está tentando alguma coisa!
_Calma Rafael, deixa pra lá. Logo não vamos estar mais aqui pra ouvir isso.
No outro dia, uma segunda, ao sairmos de casa para ir até a universidade, demos de cara com ela e a tal amiga colega de quarto.
_Bom dia meninos!
Passamos e não respondemos nada.
Já na universidade, nos sentamos próximos ao restante dos nossos amigos. Para provocar, quando chegou, a Ana logo sentou-se atrás do Murilo, como sempre fazia, como se nada estivesse acontecendo.
O período da manhã transcorreu normalmente, e no horário do intervalo, fomos almoçar em um restaurante no centro da cidade. Apenas o Victor e a Thaís foram com nós, sendo que os outros iriam pra casa.
Durante o almoço, conversamos sobre muitas coisas, dentre elas a Ana.
_Vocês sabem o que ela me disse ontem pelo face? – disse a Thaís- Que ela foi morar perto de vocês porque sentiu que o namoro está pra acabar.
_O que? – o Murilo já estava perdendo a paciência- Será que ela não se toca mesmo?
_Bom, ela me disse também que você bateu nela.
_kkkkkkkkkkkkkkkk vish!
_Bateu?
_Claro que não.
Contei a eles a história, e ao final ficaram horrorizados com a atitude dela. O Victor estava um pouco calado, o que era estranho da parte dele, mas nem ligamos muito. Porém, em determinado momento, ele me encarou e disse.
_Nós temos que dar uma lição nela.
Fiquei interessado no assunto.
_Tipo?
_Ainda não sei. Mas eu já não suporto mais olhar a cara dela. Coincidência ou não, minha moto estava toda riscada ontem. Eu só deixei ela fora do portão por alguns minutos, tempo suficiente pra “alguém” ir até lá e riscar.
Todos ficamos chocados com isso.
_O fato é que eu não tenho sangue de barata, e se ela vier pro meu lado, a porrada vai comer solta!
Concordamos com ele, e estávamos discutindo um meio de denegrir a imagem de santinha dela perante os colegas de turma. Nenhuma festa de âmbito geral estava pra acontecer, então teríamos que ser um pouco pacientes.
Depois do almoço, ao retornarmos pro campus, e lá demos de cara com ela e algumas amigas sentadas em nossos lugares.
O Victor tomou a dianteira:
_Beleza gente, acabou o milho, cada uma pro seu puleiro!
Algumas olharam feio pra ele, que pouco se importou.
Ao levantar-se, uma amiga dela não se aguentou.
_Grosso!
_Ahhh, é mesmo! E olha que você não me viu pelado ainda!
Todos nós caímos na gargalhada, e a guria e sua galera foram para os seus lugares. A Ana, obviamente, sentou-se atrás do Murilo.
Durante a aula, o Victor mandou mensagem de que a Ana estava mandando cartinhas de papel pro Murilo. Não demorou muito, ela levantou-se e saiu da sala. Alguns instantes depois, ele foi atrás, não sem antes dizer pra mim cochichando que não era pra mim ir também.
Fiquei angustiado, já que não sabia o que estava acontecendo dessa vez. Uma meia hora depois, ela entrou na sala um pouco descabelada, pegou sua bolsa e tornou a retirar-se de lá. Foi então que eu comecei a pensar merda. O Murilo nunca voltava, então resolvi ir atrás, e o Victor foi junto. Procuramos em todo o pátio e não o encontramos, então fomos até o banheiro do nosso bloco.
Ao entrar lá, vi o Murilo lavando o rosto com marcas de sangue, que por sinal tinha um arranhado enorme que se estendia do queixo, passando pelos lábios até a região próxima aos olhos.
_O que aconteceu?
_Aquela vadia me arranhou.
_Por que?
_Por que eu a empurrei. Ela caiu, depois que se levantou voou pra cima de mim feito uma louca.
O corte tinha sido profundo em alguns lugares, mas nada que demandasse de pontos.
_E porque vocês estavam aqui fora juntos?
_Ela disse que queria conversar, acertar as coisas, e eu muito burro, acabei vindo aqui pra fora com ela.
_Puta merda! – O Victor estava perplexo – Por que você não mandou uma mensagem avisando logo depois do arranhão? Eu tô louco pra fazer ela lamber o asfalto.
_Calma. Não vamos agir com pressa. Depois vemos o que vamos fazer. Mas agora eu não vou voltar pra aula desse jeito, então vou embora.
_Claro – disse eu jogando as chaves do carro pra ele – Você me busca depois.
_Nem precisa, eu tô com dois capacetes, eu te levo depois.
_Valeu Victor. Rafa, qualquer coisa eu te ligo – me deu um beijo rápido e antes de sair, virou-se para nós – Fiquem espertos, porque os dias de aturar essa puta terminaram. É hora de vingança.
Dito isso, saiu deixando o Victor e eu por láPessoal, gostaria de agradecer a todos vocês pelos comentários e e-mails. Qualquer coisa, continuem mandando mensagens pra rafael_hanchuka@outlook.com
