PARTE 10: "O que aquele filho da puta fez?"
Era de manhã, abri os olhos e o Gabriel não estava no quarto. Fiquei mais um tempo deitado digerindo tudo que aconteceu nas ultimas 24h. “Numa hora as coisas estavam tão péssimas, e agora estou aqui deitado na cama do cara que amo.” – pensei.
Gabriel: eu já ia te acordar.
Gabriel segurava uma bandeja de café da manhã.
Ele estava parado na porta do quarto sorrindo pra mim.
Gabriel: A propósito, bom dia, Nando!
Ele veio até a cama, deixou a bandeja e me deu um beijo.
Eu ainda não estava acreditando naquilo tudo.
Eu: Isso... isso é pra mim?
Apontei pra bandeja.
Gabriel: Todo seu. Você precisa repor um pouco a energia que foi gasta ontem.
Ele riu.
Na bandeja havia um sanduiche bastante recheado, maça e um suco de pêssego!
Eu: PÊSSEGO? Você só pode tá brincando! Primeiro a lasanha e agora o suco de pêssego! Como você sabe das coisas que eu gosto?
Gabriel: A lasanha foi por acaso, já o suco de pêssego não. Corri no mercado agora de manhã pra comprar esse suco. Eu me lembrei que você havia dito na casa do Flávio que amava pêssego.
Me sentei na cama e ele se sentou do meu lado.
Eu: Gabriel, obrigado!
O sanduiche que o Gabriel havia preparado pra mim estava perfeito. Aliás, aquela manhã toda estava perfeita.
Eu: Que foi?
Gabriel ria enquanto eu mordia o ultimo pedaço do sanduiche.
Eu: Meu cabelo? Meu cabelo deve tá todo em pé.
Passei a mão que estava limpa na cabeça tentando abaixar o cabelo.
Gabriel: Não, bobo. Sua boca.
Passei a mão na minha boca e vi que estava suja de cream cheese.
Rimos.
Rimos igual duas crianças naquela manhã. Tudo era motivo de graça.
Tomei um banho e disse a ele que eu precisava ir pra casa.
Gabriel: Por favor, não.
Eu: Preciso ir, Gabriel.
Gabriel: Fica só mais esse dia comigo.
Eu sabia que no final acabaria cedendo. Então, liguei pra casa e disse que ficaria mais um dia na minha “colega”.
Como era bom passar o tempo como o Gabriel. A conversa era boa e ele sempre tinha algo interessante pra me contar.
Gabriel: “Se tem algo que eu gosto e fiz muito foi foder mulher, buceta, sabe? Mas na hora de fazer filho eu errei nas duas tentativas. Como pode?”
Rimos enquanto ele imitava o que o pai dele dizia sobre a sexualidade dele.
O irmão do Gabriel também era gay.
Gabriel é de Porto Alegre, mas há 8 anos veio pro Rio morar com a mãe. Pais separados. A mãe estava sozinha, então ele decidiu morar com ela. O irmão continua em Porto Alegre morando com o pai. O pai não é preconceituoso, nem nada. O pai aceita super bem a sexualidade de ambos os filhos. Ele ainda ironiza o fato dos dois únicos filhos serem gay.
Gabriel: Só tem um problema quando o pai e a mãe sabem.
Eu: Que problema?
Gabriel: Por exemplo, aqui em casa, tudo que é amigo a minha mãe acha que é meu namorado, ficante ou coisa assim.
Mas, é um alivio ter pais que sabem de você e te aceitam de boa. Uma hora você vai saber o quanto é bom.
Passamos a maior parte do tempo deitados na cama do seu quarto conversando.
Gabriel me mostrou algumas fotos de quando ele era criança. Naquele dia nos conhecemos mais afundo.
Ele falava sobre os lugares mais sujos do Rio de Janeiro que as pessoas tem que conhecer antes de morrer. Estávamos sentados um de frente pro outro.
Eu: Gabriel!
Cortei o assunto dele e olhei no fundo dos seus olhos.
Eu: Como vai ser a partir de agora? Digo, você ainda—
Ele me cortou antes que eu pudesse concluir a minha frase.
Gabriel: O Edson... eu sei.
Eu: Eu quero muito ficar com você! Mas você precisa terminar com o Edson!
Gabriel: Eu vou terminar com ele.
Naquele dia eu não pude dormir com o Gabriel, mas fiquei o máximo possível com ele.
No dia seguinte eu tive um compromisso logo pela manhã. Faltei a academia, pois só pude voltar pra casa quando já estava de noite. Eu havia avisado sobre esse compromisso pro Gabriel, e assim que cheguei em casa mandei uma mensagem pra ele pelo Whatsapp falando do meu dia e agradecendo por ele ter me dado o melhor final de semana da minha vida. “Sou seu para todo o sempre.” – mandei no final da mensagem. Eu estava exausto e fui dormir.
Acordei e a primeira coisa que fiz foi ver se o Gabriel havia respondido a minha mensagem. Nada de resposta. Enviei um bom dia pra ele, mas a mensagem marcou apenas um “v”, como se ele não tivesse recebido a mensagem. Tentei ignorar e fui fazer as coisas que eu havia planejado pra aquele dia.
Era inevitável. Pensei em inúmeras coisas e a sensação de que eu havia sido usado estava voltando. Chequei novamente a mensagem que eu havia mandado pela manhã pro Gabriel e ainda marcava apenas um “v”. Pensei em não correr atrás e parar de pensar nele.
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Eu estava em casa. Já era de noite quando meu telefone tocou. Era o Neko.
Neko: “Nando, por favor! Vem aqui no Gabriel, AGORA!”
A tom de voz dele me deixou assustado.
Eu: “O que aconteceu?”
Neko: “Tô aqui na casa dele e ele tá chorando muito! Ele precisa de você!”
Eu: “Como assim? Porque ele precisa de mim?”
Neko: “Nando, eu sei que você ama o Gabriel e eu sei que você vai saber cuidar dele melhor do que ninguém, então, por favor, venha depressa! Ele e o Edson brigaram!”
Eu larguei meu telefone e saí correndo pra fora de casa. Chamei o elevador, mas ele demorou e eu precisava chegar o mais rápido na casa do Gabriel. Fui de escada. Nunca desci aqueles 8 andares tão rápido como naquele dia.
Cheguei na casa do Gabriel e apertei a campainha. Neko que atendeu.
Neko: Vem!
Eu estava bufando de tão cansado.
Assim que passei pela sala eu vi mesa de centro com o vidro quebrado e os cacos espalhados pelo chão. Imaginei o que poderia ter acontecido e meu coração acelerou. Quando entrei no quarto do Gabriel eu me assustei. Ele estava sentado num canto sem camisa. Na sua mão estava uma camisa que ele usava pra estancar o sangramento do nariz.
Eu: O QUE AQUELE FILHO DA PUTA FEZ?
Eu entrei em estado de fúria. Eu queria encontrar com ele e arrebenta-lo de tanta porrada.
Neko: Nando, o Gabriel já tá sofrendo demais. Por favor!
Fui até o Gabriel e abracei ele.
Eu não sabia se eu estava chorando de raiva, ou se eu estava chorando por ver o Gabriel daquele jeito.
Ficamos quase 1 minuto abraçados chorando ali no chão.
Minha camisa ficou suja de sangue, mas pouco me importei. Eu queria confortar o Gabriel de alguma forma.
Beijei a sua teste.
Eu: Tem algum outro machucado?
Perguntei enquanto passava a mão pelos cabelos dele.
Ele respondeu que não balançando a cabeça.
Quando me dei conta o Neko já não estava no quarto.
Eu: E o nariz? Ainda tá sangrando muito?
Ele afastou do nariz a camisa que já estava bastante suja de sangue.
Gabriel: Diminuiu.
A resposta saiu tão baixa.
Dei outro beijo na testa dele.
Eu: Eu tô aqui com você!
Me sentei ao lado dele e perguntei se ele precisaria ir no hospital. Ele não quis.
Gabriel: Já tá parando de sangrar.
Eu disse que ia na cozinha pegar algum papel toalha. Neko estava na sala limpando os cacos de vidros da mesa de centro.
O filho da puta tinha que ser denunciado!
Eu: Gabriel, nós vamos na polícia!
Eu disse assim que voltei pro quarto.
Gabriel: NÃO! Não precisa!
Eu: É claro que precisa! Olha o que aquele—
Percebi que estava voltando a perder a paciência. Respirei fundo e terminei a frase.
Eu: Olha o que ele fez com você!
Gabriel: Por favor, Nando. Não quero pensar nisso agora. Eu só preciso de você aqui comigo.
::::::::::::::::::::::::::::COMENTÁRIO::::::::::::::::::::::::::::
Conforme me foi pedido, estarei descrevendo as características mais detalhada minha e do Gabriel:
Gabriel tem por volta de 1,75 de altura, branco, cabelos castanhos claros e olhos cinzas. Ele prefere usar o cabelo sempre curto. Ele usa barba, mas não deixa crescer muito. A barba dele fecha perfeitamente. 22 anos.
Eu, Fernando, por volta de 1,73 de altura, branco, cabelos e olhos castanhos escuros. Uso meu cabelo um pouco grande, mas nada tão exagerado (um exemplo do jeito e tamanho bem fies está no link que vou botar no final)*. 21 anos.
Tanto eu como o Gabriel temos corpos atléticos, mas eu sou um pouco mais forte que ele. Gabriel tem 3 Tatuagem, 2 nos braços e outra nas costas. Uma das tatuagens diz: "Seja o que você quiser ser!".
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* http://sp3.fotolog.com/photo/ghaiteirinha/_f.jpg