- - V-v-você ouviu alguma coisa aqui?
- Ouvi, e você vai me dizer agora o que está acontecendo. - Respondi.
- Eu te conto daqui a pouco, só vou ali em baixo escovar os dentes e volto - falou a Mari
- Tá, eu vou contigo - respondi
-N-NÃO! - disse ela, gaguejando.
- Uai, por que não?
- Porque eu quero te contar aqui o que aconteceu, lá em baixo tá tudo sujo e tá todo mundo dormindo e nós podemos acabar acordando alguém. - respondeu.
- Não, eu quero ir lá porque quero falar com o Duda e saber que história é essa de rapariga - disse, vestindo uma camisa.
- Não Enzo, sério, não quero descer
- Mas tu não queria descer e agora não quer mais? Mariana, não sei se já te falaram, mas tu mente muito mal.. desembucha logo
- É o seguinte minha puta - ela fez uma pequena pausa. - O Duda tá lá embaixo com uma menina que ele tava ficando quando você tava nos EUA e agora parece que ela tá grávida. Ela veio conhecer os pais dele. - respondeu, colocando uma mão em meu ombro.
Meu mundo parecia que ia cair. O Duda tava com alguém? E esse alguém pode tá grávida? Isso não podia tá acontecendo.
- Eu vou lá. Quero ver isso com meus próprios olhos. - falei, engolindo o choro.
- Tudo bem, mas por favor, discrição. E lembre-se que ela pode estar grávida. - Mariana orienta-me.
Descemos as escadas de mãos dadas e vejo uma menina bem bonita sentada no balcão da cozinha.. ela era branca, parecia ter 1.59 de altura, bem magrinha mas com um corpo de dar inveja, os cabelos lisos até um pouco depois da metade das costas e castanho bem claro.. ela vestia um short jeans e uma blusinha azul simples.
- Bom dia. - Falei seco. - Quem é essa, Eduardo? - perguntei.
- Ela é... a Rafa.. - ele disse, engolindo o choro.
- Muito prazer, Rafa. Tenho a impressão de te conhecer de algum lugar. - falei.
O Duda automaticamente arregalou os olhos e fez uma cara de assustado.
- É, acho que você era da minha turma lá na escola xxxxxxx, mas você ficou pouquíssimo tempo já que mudou-se pros EUA. E olha que coincidência, agora namoro com seu irmão. - Ela disse, levantando da cadeira e me dando um abraço.
Olhei pro Duda, mas meu olhar já não era de decepção e sim de raiva.
- Sim, e acho que seremos bons amigos. - respondi, dando um sorrisinho pra ela e para o Duda ao mesmo tempo.
- Vamos, Mariana? - falei.
Eu e a Mariana subimos as escadas. Por fora eu parecia forte, mas por dentro eu estava devastado. As únicas coisas que vinham na minha cabeça eram as palavras grávida e namorada. Como o Duda pode ter feito isso comigo? Então era ela que ligou pra ele no dia do restaurante. Filho da Puta - Pensei alto.
Comecei a chorar descontroladamente. O Joaquim abriu a porta correndo e me deu um abraço apertado como eu nunca havia sentido antes. A Mariana também juntou-se a nós e demos um abraço triplo.
- Eu tenho que conversar contigo - diz o Duda, engolindo o choro.
- Eu não tenho nada pra falar contigo. - respondi, limpando as lágrimas dos meus olhos.
O Joaquim levantou de cama e ficou cara-a-cara com o Duda.
- Tu tá surdo ou quer ficar? Ele já disse pra ti sair, vaza daqui Eduardo - Disse o Joaquim.
- Mermão, o papo aqui é entre eu e ele, quem tem que vazar daqui é tu - Rebate o Duda, agora apontando o Dedo na cara do Joaquim.
- Não aponta o dedo na minha cara que eu não sou essas putas que tu come não seu zé mané - e os dois começaram a brigar. O Duda acertou um soco na cara do Joaquim. Nesse momento me levantei da cama, concentrei todas as forças que me restavam nos braços e puxei o Joaquim dali, deixando o Eduardo jogado no chão.
- Esse chute aqui é pelo Joaquim - disse, acertando um chute no meio dos seus ovos.
- E esse aqui é pelo que tu me fez - golpeando outro chute nas suas costelas.
Ele cuspia sangue. Ele se levantou e foi pro seu quarto, e não saiu de lá pra nada.
- Que gritaria é essa aqui? - diz meu pai na porta do quarto, junto com a Rafaela que fazia cara de espantada.
- O Duda deu uma de doido pra cima do Joaquim e deu nisso - respondi, com a mão em volta do Joaquim.
- Esse teu irmão, vou te contar.. vocês voltaram a brigar? - Diz meu pai, com uma voz desconfiada.
- Não, pai, relaxa.. tá tudo bem! - falei.
- Bom mocinha, como conheço o Eduardo muito bem, acho que ele não vai sair desse quarto tão cedo. Você vem aqui outro dia, pode ser? - Diz meu pai pra Rafaela.
- Tudo bem. - ela responde.
Após meu pai sair, tudo estava tão vazio. Eu sentia algo em mim que só havia sentido antes quando minha mãe havia morrido.
- Gente, eu queria ficar sozinho, vocês se importam? - Disse pra Mari e pro Joaquim.
- Tá, vou indo nessa, se eu ficar aqui pode ser que eu mate o fdp do Duda. - disse o Joaquim.
- Tá bom meu amor, qualquer coisa me liga, tá? - Disse a Mari, me dando um beijo na testa.
Fiz sinal que sim com a cabeça. Agora estava ali, sozinho em meu quarto, novamente pensando em tudo que havia acontecido em minha vida naquele ultimo ano. Minha mãe havia falecido, eu me descobri gay, tive um lance com meu meio irmão e com meu ex melhor amigo, quase morri caindo da escada, fui morar nos Estados Unidos, fiquei com um cara lá, voltei com a ficar com meu meio irmão e agora que tudo estava entrando nos eixos a vida da um jeitinho de foder com tudo.
E se ele fosse mesmo ser pai? Eu nunca mais teria ele. E se eu tivesse, e a criança crescesse sem pai? Eu definitivamente não queria isso, então precisava esparecer. Será que a minha vida realmente iria piorar mais ainda ou só estava perto de começar a ser boa?
Continua.
Obrigado a todos os comentários. Safadinho Gostoso sempre com excelentes comentários, e pela PRIMEIRA VEZ vi alguém que gosta do Duda aqui nesse conto HAHAH, muitas aguas ainda vão rolar, vocês vão ver e talvez vão se impressionar com o final. Um forte abraço a todos. Ah, e leiam o meu outro conto (A metamorfose aqui http://www.casadoscontos.com.br/texto/;)