Estávamos deitados e abraçados, Alex cheirava meu cabelo enquanto eu estava apoiado em seu peito, ele havia tirado o uniforme e estava só de cueca, eu alisava seu corpo com a ponta dos dedos e ele suspirava.
- Eu amo você - ele disse beijando minha testa - amo você...- Sua voz estava distante, perdendo o volume lentamente.
- Eu... - tentei dizer, minha voz travou.
- É a hora de acordar Louis. - sua voz era a da Bruna, estava melancólica.
Abri os olhos muito lentamente, a brancura atingiu meus olhos.
- Louis ! - Bruna gritou aliviada.
- Bru... - minha voz estava lenta e picotada.
- Ai Meu Deus, enfermeira ! Enfermeira ! - ela gritou.
Uma mulher baixa de cabelos castanhos presos em um rabo de cavalo entrou no quarto atordoada.
- Ele acordou - disse Bruna séria.
A enfermeira se aproximou, me examinando, eu estava processando tudo lentamente ainda.
- Vou chamar o doutor. - a enfermeira me olhou.
Um médico grisalho entrou rápido, me observando e suspirando aliviado.
Minha mãe entrou em seguida, com lágrimas nos olhos, ela resistiu o impulso de me abraçar, me agarrar, e ter a certeza de que eu estava mesmo vivo
- Oh meu filho - ela segurou as minhas mãos, ela possuía olheiras bem escuras e estava mais magra, seu cabelo negro preso irregularmente.
- Mamãe... o que... - eu estava prestes a chorar.
- Louis, depois da discussão com o Alex na rua você correu pro meio da rua e...- Bruh interviu.
- Você foi atropelado - mamãe disse séria. - E entrou em coma.
Era muito difícil processar tudo aquilo, eu estava atordoado, me sentindo fraco e vulnerável.
- P-por quanto tempo ?
- 3 dias. - o olhar de mamãe estava mais aliviado, mais suave, suas mãos não desgrudavam das minhas.
- Foi tudo muito rápido, estava chovendo muito e o carro não conseguiu desviar, você não sofreu nada tão grave grave, apenas arranhões e um tornozelo quebrado, e ah, bateu a cabeça no asfalto e entrou em coma. - Bruh me olhava solenemente. - Ouvimos o barulho e em seguida Alex te trouxe pro hospital.
Alex. Ao som de seu nome veio vagas lembranças, ou melhor, ilusões. E naquele momento, meu mundo desabou. Então tudo aquilo foi mentira ? Tudo... comecei a chorar.
- Shh calma o que foi ? - Minha mãe tocou meu rosto.
- Eu quero ir pra casa, eu preciso ir - tentei me levantar, mas a enfermeira logo me empurrou de volta com delicadeza, e o médico me acudiu.
- Opa rapaz, calma, você ainda está muito frágil, você ter despertado do coma foi um grande passo, mas ainda não está em condições de receber alta.
O esforço de tentar me levantar quase me fez dormir, eu estava cansado. Alex... não ! Não pode ser - eu gritava em minha mente -
Respirei fundo. Caindo no sono lentamente.
Quando acordei, era de manhã, a enfermeira do dia anterior vinha com uma bandeja do café da manhã. Eu estava fraco, precisava comer mesmo.
- Bom dia rapaz - ela sorriu. Tinha provavelmente 50 anos e exibia um sorriso amigável e reconfortante.
- Bom dia - forcei um sorriso. Ela apertou um botão e a cama se inclinou para frente. Comi torradas, frutas e suco, estava tudo ótimo, mas não tanto quanto as de casa. Depois do café da manhã fiquei sobre observação, depois de horas a porta se abriu e meu pai e minha mãe entraram, meu pai veio correndo e me abraçou levemente.
- Oh my son - ele sorriu - Ficamos tão preocupados com você.
- I'm okay, daddy. Now i'm okay - sorri espontaneamente pela primeira vez.
Eles passaram a tarde comigo, e contaram que meus amigos, tanto os da antiga escola tanto os da nova estavam super preocupados e só não podiam me visitar porque o hospital restringia um certo número de pessoas. Foi ótimo estar com meus pais, apesar de mamãe se culpar por ter me feito ir à festa e eu ter que aliviá-la dizendo que foi culpa da minha imprudência. Naquela noite, depois deles irem embora, eu chorei tanto que meus olhos estavam inchados pela manhã, tudo o que eu "vivi" com Alex foi ilusão, coisa do meu inconsciente, eu não podia acreditar, foi tudo... tão real.
Depois de 1 semana me recuperando, recebi alta. Apesar de ter que usar muletas por causa do gesso no tornozelo eu estava bem, vestia uma bermuda azul e uma blusa preta, os médicos e as enfermeiras se despediram de mim, e eu fui pra casa, eu não estava 100% ainda, então a regra foi repouso. O gesso no tornozelo foi algo chato, era horrível ficar com aquilo, no dia seguinte, numa quarta-feira, meus amigos vieram me visitar, Gabs, Pedro, Mari, Lets, Bruh, vieram me abraçar e me paparicar, pixaram meu gesso, é claro, e passaram a tarde toda comigo, assistimos séries, jogamos jogos de tabuleiro, conversamos pra caramba até ser de noite. Fiquei feliz em recebê-los, Bruna e Letícia vinham quase todo dia me ver, então no sábado, mamãe bateu na minha porta, e entrou em meu quarto.
- Filho ?
Eu estava lendo, deixei o livro de lado e foquei meus olhos nela.
- Oi mãe.
- É, tem visita pra você...
Em seguida, Alex entrou, vestia uma blusa branca e uma calça jeans azul, ele me olhou sério e mamãe nos deixou a sós. Ele se aproximou e sentou na minha cama.
- Oi, cara, como vai.
- Estou, melhor - disse nervoso.
Seu olhar era preocupado, mas não de namorado, mas como de amigo, e naquele momento, meu mundo desabou mais uma vez, mas dessa vez, foi como se toda a minha energia vital fosse empurrada para o Tártaro.