Boa noite pessoal! Estou cada dia mais encantado com os comentários de vocês. É muito gratificante saber que este conto está agradando a quem o lê e isso me inspira a ainda continuar a escrevê-lo. Bom, muitos comentários descreveram essa história como triste, e na verdade ela é realmente triste. Consigo escrever apenas quando estou deprimido e isso acaba também sendo retratado na narrativa. Sei que aqui não é o lugar correto para eu expressar minhas angústias, mas é a única forma que consigo fazer para fugir um pouco da realidade. Peço que me perdoem também, pois ainda não sei se haverá relatos de sexo. Sei que aqui é um local para contos eróticos, mas não sei se estou preparado psicológicamente para retratar algo tão sublime quanto uma relação sexual. Porém, tentarei de todas as formas descrever o pouco que sei sobre isso aqui. Por fim, agradeço as palavras de carinho e reitero minha felicidade por estar repartindo um pouco com vocês sobre meus anseios, desejos, frustrações e amenizando um pouco minha amargura quanto ao amor. Bem, chega de lero lero e vamos ao conto!Amargura - Capítulo IV
Fiquei deveras espantado com a generosidade dele. Como pôde acolher em sua casa um completo estranho que conheceu a poucas horas? Era realmente de se admirar o quanto o seu coração era bom. Ao abrir aquela porta, meu coração que estava já em frangalhos, viu um lume de esperança naquele que me acolheu com tanto carinho.
- Não tenho palavras para agradecer o que está fazendo por mim. É um gesto de carinho que nem aqueles que eu considerava amigos fizeram por mim. Nem sem por onde começar a agradecer. - Ele me olha com aqueles olhos penetrantes e diz:
-Quero apenas que você seja feliz. E para comemorar: pizza! Mas enquanto o pedido não chega, se quiser pode deixar esse quarto da forma que quiser, já que a partir de hoje ele é seu. Bom, deixe-me ir arrumar a mesa, e fique a vontade... a casa também é sua!
Assim que ele saiu do quarto pude perceber o que havia nele. Era um cômodo simples, com uma cama de solteiro, um guarda-roupas, um criado mudo e uma pequena escrivaninha com meus materiais da universidade. Abri o guarda-roupas e vi que todas as minhas peças de roupa estavam lá, devidamente passadas a ferro e dobradas. Ouvi quando o entregador chegou e ele me chamou para comer.
Embora tivesse o corpo muito bem cuidado, comia como se não houvesse mais alimentos na Terra. Olhei seu rosto e estava completamente sujo e por isso, tive minha primeira garhalhada em tempos. Como era engraçado ver que até seu cabelo estava sujo de molho de tomate. Era até surreal! Como podia? Realmente ri como a nunca havia rido em toda a minha breve vida. Logo ele percebeu e me perguntou:
- Por que você está rindo? To parecendo um palhaço não é? - Eu, depois de mais calmo, disse:
- Seu rosto está todo sujo! Até molho de tomate tem no seu cabelo! Acho que vai ser necessário outro banho pra poder tirar toda essa sujeira...
Ele me olha e também começa a rir. Era algo realmente incrível como algo como uma pizza poderia alegrar uma semana tão difícil que havia sido a minha. Depois de satisfeito, ele se vira e fala que vai tomar outro banho e que depois gostaria conversar mais comigo.
- Que vergonha de mim mesmo! Não acredito que cometi essa gafe na sua frente! Bom, não sou esse esfomeado que você viu agora a pouco, isso era apenas para um meio para ver você sorrir um pouco. Vou tomar um banho, mas assim que eu sair gostaria de conversar mais com você. - Acenei com a cabeça em sinal de afirmação e ele se encaminhou ao banheiro.
Enquanto ele se banhava, retirei a mesa e lavei a louça. Acreditei que era uma boa forma de começar a agrdecer o que ele estava fazendo por mim. Assim que ele saiu do quarto, já de banho tomado e vestido com um pijama, veio até mim e me perguntou:
- Sei que deve ser chato eu querendo saber tanto da sua vida, mas gostaria de te conhecer um pouco mais também. Assim você não seria tão estranho para mim. - Assenti com a cabeça e ele continuou:
- Por que você estava chorando daquela forma na praia? Sei que tem mais coisas por trás. Não o quero forçar a nada e nem precisa responder agora, mas olhe para mim como alguém que o quer ajudar. Então eu, após uns momentos refletindo, comecei:
- Está bem. Depois do ocorrido com meu vizinho, vi realmente do que eu gostava. Mesmo sendo daquela forma bruta e animal, sabia que realmente não havia jeito. Eu gostava de homens. Mas da mesma forma que descobri isso vi que não era correto. Era completamente contra tudo o que havia aprendido. Decidi, mesmo sabendo que sofreria, reprimir isso de qualquer modo. Para não criar qualquer suspeita, passei a falar, quando perguntavam se eu ficaria com alguma garota, que não tinha tempo pra isso, que tinha de estudar. Por causa disso e de timidez acabei me afastando também dos meus amigos. Queria ficar com alguém, mas não aparecia ninguém. Menina nenhuma queria ficar comigo. Acredito que seja por causa da minha aparência. Houve apenas uma menina que quis ficar comigo. Porém por nossa timidez, não conseguimos nem nos beijar. Quando, depois de um certo tempo, tentei algo com ela, ela estava namorando outro cara. Por isso decidi usar isso de argumento quando alguém me perguntava o por quê de eu não ficar com ninguém: prefiro esperar a pessoa certa... ela...
Ele me olhava sempre com olhares que variavam entre desejo de me ajudar e piedade. Continuei:
- Por um lado achei até bom, pois não queria que ela sofresse comigo por eu ser do jeito que sou. Após um tempo, percebi que todos os meus amigos estavam namorando e eu estava ficando sozinho. Isso começou a me ferir profundamente, pois acreditava que ninguéme queria. Nem garotas por causa da minha aparência, falta de jeito e timidez; e nem rapazes, já que aqueles que ficava afim eram heterossexuais convictos. Isso me frustrava de tal forma que nem sair mais de casa eu queria sair. Sofri muito por causa disso. Cheguei a procurar em sites de bate papo alguém que me chamasse a atenção, mas as pessoas eram promíscuas demais. Diziam querer algo sério, diziam que gostaram de mim, mas ao olhar alguma foto minha, diziam não estar mais afim, diziam que não curitram.
Seus olhos demostraram piedade. Não falava nada, apenas ouvia. Então, continuei:
- Quando passei na universidade, vi que poderia ter um novo alento, começar minha vida novamente, sendo eu mesmo. Decidi, depois disso que não iria sofrer por causa do que eu sou, iria apenas viver. Tentei de toda forma ser mais sociável, o que me rendeu alguns colegas que eram até legais. Sempre conversávamos até eu começar a gostar de alguém. E sempre que tomava coragem para me declarar, eles vinham e me apresentavam suas namoradas. Tentava de todas as formas disfarçar minha frustração e seguir minha vida. Até que apareceu o Guilherme. Na época que o conheci, estava passando por dificuldades financeiras e precisava dividir minhas despesas ou voltaria para minha cidade. Ele se dispôs a dividir comigo seu apartamento e passamos a morar juntos. Devido a convivência, acabei me apaixonando por ele. Demorei a tomar coragem para me declarar a ele. Para isso, até um jantar especial eu preparei para nós. Quando estava pronto, liguei para ele e disse para ele não se atrasar pois havia feito uma surpresa. Assim que disse isso ele me rebate e disse que tinha uma também. Fiquei esperando até que ele chega. Quando ele chega e abre a porta, o vejo de mãos dadas com um rapaz amigo nosso. Fiquei espantado quando ele disse:
- Gabriel, eu e o Renato estamos namorando e ele vai morar aqui! - Tentei esboçar um sorriso e disse:
- Que coisa boa! Então deixe-me sair pois esse jantar é especial para vocês. Com lincença.
Após alguns dias, decidi sair de lá, pois não conseguiria morar com os dois. Dei uma desculpa de não querer atrapalhar a vida do casal e fui para o albergue. E foi a partir de eu não conseguir esquecer ele que conheci você. Para você ter uma ideia, nunca consegui beijar ninguém...
Já estava com os olhos marejados, até que ele vira e falaBom, esse foi o capítulo de hoje. Desculpem se não entenderem, mas tentei ser o mais claro possível para vocês entenderem um pouco dos meus sentimentos. Por fim, obrigado por tudo e até a próxima!