A bebida me deixou alegre. Dancei um bom tempo com meninos e meninas. Alguns tentaram me agarrar mas desviava, queria aproveitar. Quando o cansaço me atingiu fui na parte aberta, ainda na boate. A multidão ainda era menos espessa, grupos dançavam no ritmo do som abafado pelas paredes. Sentei-me em um banco enquanto tomava uma água.
Um casal não muito longe de mim me chamou atenção. O menino segurava a menina pela cintura enquanto esta lhe empurrava o peito para longe e dava passos para trás. Ela entao tropeçou e caiu, machucando pernas e braços. Jovens ao redor riram da cena.
Vou em direção a ela e agacho ao seu lado. Seus olhos verdes me fitam assustados. Passo meu braço por sua cintura e a levanto.
- Vem comigo - apoio seu peso pelo braço, auxiliando sua locomoção.
- O que você vai fazer? - pergunta apavorada.
- De todo mundo eu sou a única que se prontificou a te ajudar e você esta com medo de mim?
Sem mais se opor, lentamente saímos da boate.
- Você consegue andar? - pergunto evitando olha-la.
- Não muito - sinto sua voz embargada de dor.
Olho ao redor a procura de alguém que posso me ajudar. Nada.
- Ok, será do jeito difícil.
Sem que ela possa protestar passo um braço por baixo de seu joelho e outro em suas costas, pegando-a no colo. Ando apressadamente em direção a enfermaria.
- Você é louca? Eu posso ir andando!
Ignorei-a e continuei. Seu peso não é muito, mas para mim um esforço considerável. Poucos metros antes de chegar sinto meus braços doer e fraquejar. Apresso-me e assim que chego coloco ela o mais leve possível no chão. Entro com ela e a única enfermeira que está no plantão vem me ajuda. A carregamos até uma maca.
- Ela caiu e acho que machucou o pé, fora os arronhoes nos braços e pernas. - digo antes que me pergunte.
Após analisar a situação a enfermeira vai para outra sala, encosto-me inquieta na parede, sentindo o olhar da menina sobre mim. Logo a enfermeira volta com um saco térmico gelado e me entrega "Pressione na perna direita da sua amiga, onde torceu".
- Ela não é minh.. - antes que complete minha oração a enfermeira sai da sala.
Com o saco térmico em mãos aproximo-o do lugar da torção. Sem querer pressiono com uma pressão que faz a menina gemer de dor.
Em fração de segundos meus olhos viajam de seu pé até seus olhos. Vejo sua pele branca, suas coxas por baixo da saia rodada do vestido, sua cintura fina, seus volumosos seios marcados por um descompassar de seu coração, um fino fio de prata envolver seu pescoço, seu queixo fino, sua boca avermelhada na ausência de maquiagem, seus cabelos louros, seu nariz reto e seus olhos esmeraldas.
- Desculpa, vou com mais calma. - digo quase sem voz.
Ela com toda sua beleza nórdica sorri com a boca e com os olhos.
- Você não tem que me pedir desculpa por nada.
A enfermeira então volta carregando todos seus materiais. Me manda para sala de espera. Com um ultimo olhar naqueles verdes saio da sala e da enfermaria.