Capitulo dez
Eu corria e corria sentindo meu rosto encharcado de lágrimas. Meu peito doía bem onde ficava meu coração que agora não passava de uma pilha de cinzas queimadas. Minha cabeça girava e eu não sabia exatamente onde eu estava, mas sabia exatamente para onde estava indo.
Tropeçei em uma pedra na calçada e caí no chão. Meus joelhos e palmas da mão doiam, mas nunca como o que houve mais cedo— Não tem ninguém em casa — Eu disse a Enzo no momento em que ele entrou em casa.
Estava feliz até ver seu rosto. Enzo tinha os olhos brilhantes e com olheiras roxas como se não tivesse dormido a noite.
— Precisamos conversar — Até sua voz era triste. Ele sentou ao meu lado no sofá e segurou minha mão — Sabe que eu te amo não é?
Naquele momento eu percebi o que ele queria.
— Não! — eu puxei minhas mãos para mim — Não precisamos terminar Enzo. Você está com medo e eu também. Vamos superar isso.
— O medo não é o único problema Gabriel! Nós nunca vamos ser felizes juntos.
— Você não tem como saber disso — lágrimas começaram a escorrer por meu rosto.
— Claro que sei Gabriel! — Enzo também estava chorando — Nunca vamos ser aceitos por ninguém. Vamos morrer sozinhos no mundo.
— Vamos morrer juntos! — corrigi — Não me deixe Enzo. Eu sou seu irmão!
— Esse é o problema! — ele gritou — Você é meu irmão droga! Isso não está certo.
Aquelas palavras não eram completamente dele.
— Ele te convenceu, não é? — indaguei — Aquele filho da puta do Miguel te convenceu!
— Não o leve a mal — ele tentou defende-lo — É meu amigo e só quer meu bem.
— Aquele viado te ama Enzo! — agora eu estava gritando — Ele quer você só pra ele.
— Agora está sendo ridículo Gabriel! — Era incrível como ele era tão cego com Miguel — Ele não gosta de mim assim e nem ao menos é gay.
— A não? — eu sorri sarcasticamente — De um beijo nele Enzo! Um só beijo e você verá a verdade.
— Eu nunca faria isso — Ele estava ofendido.
— Claro que não — desdenhei — É medroso demais para isso.
— Eu ter terminado com você não tem nada a ver com medo...
— Você tem medo de ir para o inferno, de não ser aceito e de morrer sozinho — disse — Tem certeza que não é por medo?
Me levantei e vasculhei minha mochila em busca de algo e assim que eu o encontrei, guardei em meu bolso e me dirigir a porta.
— Onde você vai? — Enzo indagou sentindo-se culpado.
— Para bem longe de você — respondi batendo a porta da frente.
...
Me levantei do chão sem me importar que as outras pessoas estivessem rindo de mem. Continuei a correr e correr e tudo o que eu via eram vultos disformes das pessoas que passavam por mim. Minhas mãos e joelhos queimavam intensamente enquanto o sangue lhes surgia através das feridas causadas pela queda. Mas ainda era o meu peito que me incomodava. Sentia o artefato em mel bolso chacoalhar a cada passo.
Enfim cheguei a sua casa. Um muro alto revestido de plantas trepadeiras. Um portão de garagem se encontrava ao lado de um menor, ambos feitos de madeira. Um interfone cercado por uma grade estava entre ambos.
— Quem é? — Uma voz feminina indagou.
— Sou o irmão do Enzo. O Miguel está?
— Está sim, pode entrar — disse.
Com um chiado que lembrava bastante a descarga elétrica de um fogão automático a porta se abriu e entrei no quintal da casa e Miguel me esperava na porta da varanda com um sorriso no rostoHoje nem vou responder aos comentários, pois estou louco para dar spoiler sobre a história e tenho certeza de que não conseguir responder sem soltar algo importante e não quero estragar a surpresa.
Espero que tenha o gostado e até o próximo capitulo e obrigado a todos que comentaram e que lêem meu conto em silencio. Até o próximo.