Um ano e meio se passou desde a primeira troca de palavras e ela no mesmo curso, cada vez mais infeliz na sua escolha. Eu a apoiava a fazer o curso de seu desejo, mas em contrapartida Matheus era totalmente contra.
Começei a perceber atitudes em Matheus que no começo não via. Sua brutalidade disfarçada, sua ganancia e seu interesse pela condição financeira de Roberto, pai de Manu. Muitas vezes vi seu olhar torto para pessoas e discutir quando sua namorada parava para ajudar alguém.
No final do segundo ano Manuella estava cada vez mais triste. Tentava a alegrar e conseguia, até que ela lembrava-se de tudo.
Brigas frequentes entre ela e seu namorado. O ano chegava ao fim e junto com ele o inevitável aconteceu. O rompimento.
No mesmo dia fui na casa de minha amiga com sorvete e chocolate, guloseimas que a alegravam muitas vezes. Esperava ter que consola-la mas fui pega de surpresa ao passar uma tarde leve e cheia de risadas com os comentários sarcásticos e irônicos que ela fazia de seu desastroso namoro. Foi chocante ouvir Manu reclamando de alguém, como reclamou das atitudes de Matheus. Ouvia atentamente pois entendi que naquele dia ela queria falar e ser ouvida, coisa que pelo que ela me disse, não acontecia com seu namorado.
Com as férias veio mais uma viagem de visita as mães. Manuella já não chamava Dona Marta pelo nome e sim por "mãe". Uma semana antes do fim voltamos pois ela queria uma conversa seria com seu pai.
Ela contou sua insatisfação com o curso e seus sonhos. Após horas de conversa ambos chegaram a conclusão de que ela tentaria uma transferência de curso.
Ela estava radiante com o rumo que sua vida seguia e eu com a minha.
Ia bem nos estudos, nas amizades e na família. Querendo ou não é necessário um esforço e atenção aos três para que haja satisfação. Minha vida amorosa estava parada, nada mais do que alguns casos de balada no calor do momento. Com uma amiga presente e atenciosa como a minha não me interessava por ninguém.
As aulas voltaram e Manu conseguiu sua transferência. Nossas aulas agora separadas mas no mesmo campus, tornando possível nossa rotina juntas. Ela estava feliz e decidida sobre seus planos pro futuro, terminar o curso, ter sucesso profissional e uma bela família. Eu tinha os meus, formar, conseguir estabilidade profissional e econômica, dar assistência a quem precisasse.
Os meses se passaram e com eles vieram os carinhos frequentes entre eu e Manuella. Seus abraços e beijos no rosto, carinhos no cabelo e pegar nas mãos se tornaram normais e retribuídos por mim.
Era normal que eu dormisse em seu imenso apartamento e ela no meu de minuto. Não que me faltasse condições, o que me faltava era a necessidade de mais espaço, o tamanho reduzido me era suficiente. Dormíamos cada uma em um lado da cama e acordávamos com ela abraçada em mim.
Nossas saídas para festas pararam um pouco, fazíamos mais programas caseiros com os amigos ou apenas nós. Raramente saiamos para alguma festa e quando o fazíamos ninguém nos interessava.
Só percebi a intensidade de minha afeição por Manuella quando o meio do ano chegou e com ele mais uma viajem para ver a família. Só que dessa vez não iriamos para o interior e sim para o litoral, nossas famílias ja estariam lá e os encontraríamos. Quartos no hotel foram reservados para nós e na divisão dos quartos ficamos juntas em um quarto lindo, duas camas de casal, mobília elegante em mogno, uma porta de vidro dando direto para uma sacada com vista para o mar