Capítulo 8: Depois da calmaria vem a tempestade? Bom, pergunte para um meteorologista.
No fim das contas nós aceitamos participar do seu plano, mesmo não sendo exatamente ninjas, nós eramos a melhor – e única - escolha que eles tinham. Todos os que tentaram se infiltrar na escola nunca mais foi visto, o ataque da piscina foi um golpe de sorte. Eles conseguiram burlar o sistema de segurança por alguns minutos e eles também nos disseram que a explosão era só uma forma que eles acharam para sinalizar para o diretor que alguém sabia de todo o seu esquema sujo. A medica daquele acampamento me receitou diversos remédios e ordenou que eu repousasse, ela também fez um curativo no rosto de Lion. Fomos escoltados até a minha cabana por Marvo e Lago, fomos o caminho todo em silencio, eu estava apoiado em Lion (já tinha vestido minha roupa novamente) porque eu ainda estava muito fraco, mas Lion também não estava na melhor condição física e depois de alguns minutos de caminhada ele começou a bufar e reclamar, dizendo que eu estava pesado demais. Marvo me pegou no colo depois que Lion e eu caímos por que eu tinha tropeçado em uma rocha, protestei bastante, disse que não estava invalido e coisas similares. Mas era o mesmo que falar com uma porta, uma porta cheia de músculos e sexy até o último fio de cabelo, mas, mesmo assim, uma porta. Então eu me calei e mesmo sem eu perceber eu fui me inconstando em seu peito, quase sem nenhum esforço ele me carregou. Seus braços me abraçavam de uma forma tão protetora e feroz ao mesmo tempo que eu, mesmo sem querer, estava gostando de ser carregado por ele.
Já no meu chalé eles foram diretamente para o meu quarto. Logico que Lion e eu também fomos um pouquinho mais atrás, vi a minha porta no chão, com uma rachadura imensa no meio. A cadeira que eu arrastei para pular a janela estava no mesmo lugar, o meu cobertor também, tinha algumas pegadas sobre o tecido e eu soube que Marvo tinha pisado ali na presa de me capturar. Marvo virou para mim, tentando formular algumas palavras de desculpa por causa da porta, com os olhos mais culpados de todos os tempos, parecia uma criança que é pega depois de fazer arte. Ele coçou a cabela envergonhado e depois disse que concertaria a porta.
— Se você for carpinteiro – Dei de ombros – Mãos a obra.
Mas quase me arrependi das minhas palavras. Depois de já termos arrumado todo o meu quarto e faltando apenas colocar a porta, ele e Lago primeiramente tiraram os coletes, alegando que estava fazendo muito calor e que trabalhariam mais rápido sem colete. Até ai tudo bem, me deitei na cama e chamei Lion para que ele ficasse do meu lado. Decidimos que não iriamos a nenhuma aula hoje. Minha cama era de solteiro, mas tanto Lion quanto eu não ocupávamos muito espaço. Não estávamos falando sobre nada, olhávamos atentamente os movimentos dos agentes no meu pequeno quarto. Seus músculos bem-feitos faziam uma dança sexy quando eram movimentados. Teve uma hora que eles chegaram a conclusão que aquela porta não prestaria para nada, então Marvo sacou um aparelho preto do bolso, apertou em alguns botões e do outro lado da linha a voz de outra pessoa soou. Ele disse para o outro homem que trouxesse uma tábua de madeira, depois disse as dimensões da porta e depois desligou. Ai ele olhou para mim, eu olhei para ele, que cutucou Lago por está olhando Lion e o meu amigo estava quase babando pelo agente.
Me levantei e disse para que eles me acompanhassem. Como eu não sabia quanto tempo a minha nova porta demoraria eu resolvi fazer um lanche, correr pela floresta atrás de um garoto magricela quase a noite toda deixaria qualquer um com fome. Peguei alguns pacotes de salgadinho, abri a minha geladeira e peguei algumas caixinhas de suco. Chamei Lion e depois os chamei. Arqueei uma sobrancelha quando Lion apareceu na cozinha se derramando em sorrisos para o outro agente. Lago também sorria com o meu amigo. Apontei para as guloseimas que estavam sobre o balcão, quando eu ia me sentar perto do meu amigo, Lago foi mais rápido que eu e se sentou primeiro. Bufei indignado, mas não disse nada, Marvo se sentou do meu lado e nos dois ficamos olhando e escutando a conversa animada dos outros dois. Era possível ver como Lago estava jogando charme para cima do meu amigo, que não ficava atrás. Muitas vezes eu notei que a mão esquerda de Lago desaparecia por alguns minutos e sempre que ela ficava sumida Lion ficava com a respiração mais superficial. Nossa, ele não era fraco não, tecnicamente ele ainda estava namorando com James. Acho que eles notaram que estavam ficando muito íntimos ali e que tinham outras pessoas ali, primeiro Lago falou que queria fazer alguma coisa na porta antes que a nova porta chegasse, não demorou muito para que Lion também arrumasse uma desculpa esfarrapada.
— Tem camisinha na segunda gaveta do meu guarda-roupa – Disse baixinho, Lion virou para mim com um sorriso no rosto e piscou para mim.
Não demorou muito para que nós escutássemos um baque abafado surdo vindo do meu quarto. Quando eu ia levantar para ver o que eles tinham colocado na porta, mas não foi preciso, Marvo me disse, mesmo sem olhar, que Lago tinha colocado a porta antiga ali. Não estava mais com fome, mas Marvo continuava a comer sem parar. Eu estava brincando com um salgadinho, girando-o de um lado para o outro, foi quando começou o barulho, revirei os olhos em descrença. Mais que coisa! Será que eles não podiam fazer um pouquinho menos de barulho? Ou tentar se conhecerem um pouquinho melhor antes de ir para a cama? Com um sobressalto eu percebi que eles transariam na minha cama! Deus! Não, não, não. Eu teria que dormir sentindo o cheiro de suor deles dois, tremi quando vi que não seria apenas suor que sujaria a minha roupa de cama.
— Vou incinerar esses cobertores – Resmunguei, bravo.
— Acho uma boa ideia – Nem tinha notado que o meu resmungo tinha sido alto suficiente para que ele escutasse. Olhei para Marvo e ele estava com a boca cheia de salgados, não teve como não rir. Uma gargalhada mínima saiu pela minha boca depois que eu vi essa cena, me surpreendi quando ele sorriu de volta. Ele já era um gato com a cara toda emburrada, imagina ele sorrindo, tive que me segurar na borda do balcão para não cair – Eu falei para o Lago, que ele fosse com calma. Mas parece que foi só ele colocar os olhos nesse garoto para que a cabeça dele pirasse.
— E você não tem nenhum preconceito a respeito disso? — Minha curiosidade sobre humana foi acionada, na função máxima. — Nada contra dois homens se beijando? Ou – Apontei para o quarto no fim do corredor – Transando?
— Contando que ele não me assedie – Ele deu de ombros – Está tudo numa boa.
— Uau! — Apoiei meus cotovelos na pedra fria que servia de tampo para o balcão, coloquei meu queixo apoiado nos punhos – Você é uma espécie para ser estudada, Senhor Marvo.
Ele deu mais outro dos sorrisinhos dele e continuou a comer. Fiquei um pouco incomodado quando os sons que estavam vindo do meu quarto começaram a ficar um pouco mais altos. Marvo pegou todas as embalagens plásticas e as caixinhas de suco e depois jogou-as no pequeno cesto de lixo que ficava no canto esquerdo da pia. Me levantei calmamente e fui lavar a minha mão, Marvo se movia silenciosamente na minha pequena cozinha. Tinha momentos que eu achava que estava sozinho ali, mas depois sentia sua forte presença em todos os músculos do meu corpo e logo descartava a ideia de solidão. Fomos para o lado de fora do chalé, decidimos que daríamos um pouco de espaço e privacidade para os novos amantes. Como meu chalé era o último eu disse para ele que não teria problema algum dele ficar ali fora comigo, eu me sentei no degrau de madeiro e ele, depois de muita busca ao redor da área, se sentou do meu lado. Não falamos nada a princípio, e depois disso continuamos calados, eu não sabia o que conversar com ele. Muitas vezes abri a minha boca para iniciar uma conversa, mas sempre não falava nada. O que eu poderia falar? Nossa experiência de convívio foi basicamente uma perseguição, um nariz quebrado e uma veia pulsante. Será que eu poderia tecer uma conversa a respeito de uma veia pulsante?
Então, não falei nada. Olhava para os movimentos ondulantes das folhas das árvores e não sei quando isso aconteceu, mas eu fiquei nostálgico. Espalmei minhas mãos no chão de madeira da entrada do meu chalé, deixei a minha cabeça tombar para trás e fiquei olhando para cima, mas só por alguns segundos, logo depois quando os raios solares fizeram contato com os meus olhos, eu os fechei. Não sei por quanto tempo eu fiquei assim, só sei que nunca tinha me sentindo desse jeito. Sorri exultante quando percebi que eu estava amadurecendo, me tornando uma pessoa mais responsável, mas, ainda assim, um ser de extrema curiosidade. Nem os barulhos que vinham do meu quarto estavam me tirando do clima bom que eu estava. Também percebi que com Lion eu realmente encontrei um irmão, em todos os sentidos. Com Lion eu podia passar horas e horas discutindo sobre os meus problemas, poderia agir da forma que eu era, poderia contar com ele para qualquer coisa. Meus irmãos eram tão parecidos comigo quanto água e óleo são solúveis juntos. No dia da queda da cachoeira eu disse a mim mesmo que eles só não tiveram tempo de me ajudar a sair dali, por que eles estavam tentando fazer o mesmo consigo mesmos. Mas, agora, em meu estado de calmaria momentâneo, eu cai na real, eles não quiseram me ajudar! Como três homens – homens mesmo, eles tinham os músculos muito desenvolvidos – não conseguiram me tirar daquela água? Logo eu, que sou um palito de roupas!
Parei de pensar nos meus irmãos quando senti o toque quente de Marvo em minha mão. Abri os olhos e me deparei com uma cena que quase me fez gozar na calça. Ele estava do mesmo jeito que eu estava a segundos atrás, seus cabelos pretos balançavam languidamente ao movimento do vento, sua pele parecia resplandecer a luz natural do sol, sua boca estava minimamente aberta em um sorriso, frouxo nos cantos. Fui me sentando calmamente, admirando a vista, ele era tão bonito! Nem parecia com o cara bravo que eu vi depois de ter quebrado o seu nariz, e falando em nariz, o dele estava bastante inchado e roxo nas extremidades por que na área central tinha um band-aid pregado ali. Mas nada daquilo destoava em sua majestosa beleza, ao contrário disso, parecia que realçava ainda mais os traços ângulos e fortes de seu rosto. Ele se mexeu um pouco procurando uma posição mais confortável, mas não abri os olhos. Teria que parar de ficar encarando ele igual a um demente, não pegaria nada bem se ele abrisse os olhos agora e deparasse com um garoto magrelo, com o cabelo em formato de ninho de rato e boca aberta olhando para ele. Suspirando resignado eu me deitei ali no chão de madeira da entrada.
Dessa vez eu não fechei os olhos, nem seria preciso. Me deitei bem embaixo da sombra que o telhado do meu chalé produzia, cruzei meus braços sobre o meu peito e fiz de tudo para não olhar para o homem que transpirava sexo por todos os seus poros ao meu lado. Fiz de tudo mesmo, contei quantas folhas caiam das árvores — parei depois do número quinhentos -, virei meu rosto para o outro lado e contei quantas formigas passavam por ali, mas de nada isso tudo adiantou. Quando eu me vi novamente eu já olhava para ele fixamente. Daquele ângulo que eu me encontrava dava para ver uma faixa bastante grande de pele do seu abdômen cada vez que o vento soprava, depois disso eu me vi ansioso quando sentia a menor brisa sequer. Eu definitivamente estava enlouquecendo, esse homem estava mexendo com a minha cabeça, transformando meu mundinho de loucura em realidade. Mas não era para menos, ele entrou na minha vida tão rápido, abruptamente, sem aviso algum que eu ainda estava me acostumando com a ideia de tê-lo ali perto de mim.
Imagine a minha surpresa quando ele também se deitou no chão. Meu coração quase sai pela boca de tanta ansiedade quando ele virou seu rosto na minha direção. Como eu não tinha notado antes em seus olhos? Deus, como? Eles eram tão lindos, meios repuxados nos cantos, com cílios negros grossos e grandes, quando ele piscava o leque de penugem negra era magnífico. Ficamos nos encarando por não sei quanto tempo. Seus cabelos esvoaçavam lindamente ao redor de seu rosto, emoldurando-o, enquanto os meus fios vermelhos chicoteavam vorazmente em meu rosto. A cada sopro de vento, por menor que seja, eu tinha que tirar cabelos dos olhos e isso arrancava risadas roucas e divertidas dele. Então parei de querer domar o meu cabelo e passei a apreciar seu belíssimo rosto. Nós não falávamos uma palavra sequer, mas não era igual ao fisioterapeuta quando eu e ele estávamos dando uns amassos. Marvo e eu não estávamos nos comunicando com palavras por que nossos olhares já eram suficiente para disser tudo. Não sei quando foi que eu parei de temer a sua reação quando ele me visse babando por ele, só sei que aquele medo infundado já tinha a muito desaparecido. Mas nenhum de nós dois tinha coragem suficiente para colocar em palavras o que os nossos olhos diziam.
— Eles não estão fazendo mais tanto barulho – Ele quebrou o nosso silencio cúmplice, mas continuava a me olhar – Será que devemos voltar para dentro do chalé?
— Acho que não – Respondi baixinho, minha voz circulou pelo pequeno espaço que nos separava de maneira quase visível. Seus olhos se fecharam e um suspiro trêmulo saiu de sua boca depois que eu falei – Vai que eles estão fazendo outra coisa que os impeçam de falar.
— Bem pensado – Sua voz tinha adquirido um tom tão exótico que eu fiquei todo arrepiado. Sua voz já era bastante grossa, rouca e aquele sotaque melhorava ainda mais. Não sei o que era, mas sua voz estava mais bela que nunca.
Sincronizados de uma maneira quase sobrenatural nossas mãos foram deslizando pelo piso liso de madeira até se tocarem, o calor cálido de sua pele quente era tão agradável. Entrelacei os meus dedos nos seus e sorrimos abertamente um para o outro depois da minha iniciativa. Seu dedo polegar desenhava desenhos intricados imaginários na fina pele da minha mão. O sol estava ficando mais quente, mas aquilo de nada importava para nós. Com a outra mão Marvo traçava os contornos de meu rosto, eu estava com os olhos fechados, tentando ao máximo guardar a sensação de seus dedos em meu rosto. Era tão bom. O toque de qualquer outro cara depois dele foram subjugados e derrubados a terra pelo toque desse homem magnífico. Teve um momento que dois de seus dedos passaram e começaram a traçar o desenho dos meus lábios, não sabia quais dedos eram, meus olhos continuavam fechados. Dei um beijo cálido e lento em seus dedos que ali estavam.
Fui chegando cada vez mais perto dele, mais perto, mais perto. Arrastando-me no chão de madeira, não importaria se a minha roupa sujasse, eu só queria saber de Marvo. Parecia um cego que depois de anos vê a luz novamente, mas só que no meu casso a luz tinha quase dois metros de altura e estava me abraçando como se quisesse nunca mais me soltar. Afundando o meu rosto na curva de seu pescoço eu me entreguei para ele, relaxei completamente em seus braços. Um deles estava sob o meu pescoço, servindo de travesseiro, o outro braço estava ao redor da minha cintura. Minha mão esquerda estava repousada sobre o seu peito, bem sobre o coração. Abri um sorriso fraco quando constatei que seu coração batia de uma forma desgovernada, totalmente em contraste com a calma que ele demonstrava.
Sua mão livre contornava cada curva do meu corpo, por menores que elas sejam. O seu braço que estava preso sob o peso da minha cabeça, acariciava os meus cabelos desgrenhados. A brisa cálida daquela manha quente nos contornava como um cobertor quente, mantendo-nos na temperatura perfeita. Suas pernas também estavam entrelaçadas na minha, estava tudo tão perfeito. Estava tudo indo muito rápido, rápido demais, mas que se dane. Meus pensamentos pessimistas nunca me levaram a lugar nenhum mesmo, então eu joguei-os em um lugar escuro em minha mente e os deixe para que apodrecessem lá. Foi Marvo que estourou a nossa pequena bolha de cumplicidade, conhecimento, duvidas e calmaria.
— A porta já chegou, Evan – Sussurrou com sua voz maravilhosa em meu ouvido.
— Como você sabe? — Eu definitivamente não queria sair dali, não quando ali estava tão bom.
— Você não escutou as pegadas? — Levantei o meu rosto apenas o suficiente para ver seu rosto. Sobrancelhas arqueadas e um sorrisinho brincalhão nos lábios. Dei um soco fraco em seu peito – O som da madeira quando fez contato com o solo? Nem ouviu quando ele chamou o meu nome e depois foi embora?
Balancei a minha cabeça negativamente, eu não tinha escutado absolutamente nada. Estava tão envolvido com ele que o mundo a minha volta ficou em segundo plano. Nos levantamos e ele foi buscar a minha nova porta, que estava encostada em uma árvore a alguns metros do meu chalé. Abri a porta para Marvo e fui recompensado com um de seus maravilhosos sorrisos. Eu fui na frente na intenção de avisar os pombinhos que a porta já tinha chegado e que eles – Marvo e Lago – iriam aplicá-la. Bati na antiga porta que estava obstruindo a visão do que acontecia no outro cômodo. Achei estúpido bater na porta – mesmo quebrada – do meu próprio quarto. Escutei alguns barulhos ali dentro, depois vozes sussurradas e passos. Marvo já estava atrás de mim, perto o suficiente para que eu sentisse o seu calor corporal novamente. Foi Lion quem primeiro apareceu para nos recepcionar. Ele estava com os cabelos bagunçados e alguns fios estavam presos em sua testa por causa do suor. Mesmo eu nunca tenha transado eu sabia que meu quarto estava com o cheiro característico do coito. Além disso meu amigo e Lago estavam bastantes suados e bastante arfantes.
— Sua calça está aberta – Foi a primeira coisa que eu falei, assim que entrei no meu quarto. Lago ficou vermelho.
— Está fazendo calor? Não está? — Lago falou depois que Marvo olhou para ele de uma maneira bastante significativa.
— Está sim – Meu amigo respondeu. Olhei para ele com as sobrancelhas arqueadas e ele disse: - Que é? Não tenho culpa se você não sente calor por nada nesse mundo.
Fechei a cara quando ele falou isso, olhei para Marvo para ver se ele tinha captado a indireta e para a minha surpresa, ele tinha sim e estava olhando para mim também. No final das contas eles demoraram mais do que o previsto para colocar aquela bendita porta no meu quarto. No meio do processo Lago tirou a camiseta e mostrou o seu impressionante físico. Não tinha como não olhar, ele era bonito tanto de rosto quanto de corpo. Sorri quando vi que Lion não tirava os olhos dele e Marvo era obrigado a chamar a atenção do outro quase a todo estante, já que ele não tirava os olhos do meu amigo. Marvo também aderiu a campanha de tirar a camisa e eu quase tive um treco quando eu vi o seu peito e abdômen definidos a mostra. Até as gotículas de suor que escorriam por ali até se perder por dentro da calça dele eram hipnotizantes. Depois de cinco horas admirando aquele corpo perfeito, com a porta definitivamente colocada no lugar eles foram embora. Lago pegou o braço de Lion e saiu-o arrastando até a saída, não tínhamos almoçado nada. Eu não estava com fome e ninguém quis comer nada. Já estávamos na metade da tarde e eu ainda não estava com fome.
— Bom, acho que nosso trabalho termina aqui – Ele coçou a parte de trás da cabeça de uma maneira tão infantilizada que não teve como eu não rir – Qual é a graça, Evan?
— Você – Caminhei lentamente até ele, passei meus braços ao redor de sua cintura, ou melhor dizendo, tentei passar meus braços ao redor da sua cintura e olhei para cima até encarar seu rosto – Se quiser voltar para cá amanhã, considere-se convidado
— Evan, você sabe que é muito ariscado eu ficar vindo para cá todo dia? Não sabe? - Ele nem se parecia com aquele homem da floresta. Seu tom de voz era tão doce e calmo que eu me senti tão acolhido e seguro em seus braços – É arriscado tanto pra mim quanto pra você.
— Claro que eu sei – Respondi, firmemente – Não sou um babaca. Mas é só que...
— É o que? — Sua curiosidade era quase palpável, ri baixinho quando olhei para sua feição curiosa.
— Eu... eu... você sabe! Eu quero saber o que realmente está acontecendo aqui – No começo foi difícil de falar as palavras, mas depois saiu com mais naturalidade. Apontei para ele e para mim – O que está acontecendo entre nós dois.
— Eu também quero saber – Ele respondeu rapidamente. Depois, sem aviso algum, ele capturou meus lábios nos seus. Foi um beijo rápido e sem língua, era um beijo apenas de reconhecimento, apenas para sentir as texturas dos lábios de cada um. Ele se separou de mim, lentamente, quando ouvimos um barulho do lado de fora – Vou fazer o máximo para vir aqui, tudo bem?
— Tudo bem – Respondi.
O acompanhei até a entrada do chalé. Lion e Lago ainda estava conversando, Lago gesticulava bastante e meu amigo ficava apenas escutando. Por fim Marvo se despediu de mim e foi ao encontro do seu amigo e do meu. Lion veio arrastando os pés na minha direção. Ficamos os dois olhando eles irem em direção a mata fechada. Antes de eles sumirem completamente na vegetação densa, eles se viraram para nós e sorriram. Nos sorrimos de volta.
Já dentro do chalé, sentados no sofá, eis que Lion fala:
— Acho que eu estou me apaixonando – Faz uma pausa, pega um travesseiro coloca no colo, olha para mim e depois continuou a falar, agora mais parecia um choramingo – Me apaixonando pela segunda vez!
— Eu também acho que estou me apaixonando – Disse depois de vários minutos consecutivos em silencio.
— Pela segunda vez? Terceira? Quarta? — Ele olhou para mim com um pouquinho mais de atenção.
— Não – Respondi – Pela primeira.
Depois disso cada um ficou perdido em seus próprios pensamentos.
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Gente, eu realmente não sei se essa parte ficou legal. Estou tão cansado, tanto física quanto mentalmente. O Enem está me consumindo muito - e olha que ainda faltam seis meses para a prova -, até mais magro eu estou. Enfim, só queria dizer que eu não sei como vai ficar o ritmo de postagem do conto, não sei mesmo. Não vou dar prazo nenhum, só o que posso dizer é que postarei quando der e o que peço é que não desistam do meu conto. Ta bom? Beijos.