O Fruto Cap.06
AQUI CONTINUA COM A VERSÃO DO MATHEO:
“É só uma ilusão” eu ouvi a voz David
E como se uma lâmpada se acendesse em minha mente eu percebi, Daniel.
Daniel era meu primo, suas habilidades eram a de ler pensamentos e plantar idéias na mente dos outros. Havia boatos de que certa vez ele sozinho matou seis homens com suas ilusões.
Vasculhei minha mente, procurando por ele, em cada parte dela. A habilidade de Daniel era considerada uma das mais perigosas entre todos nós, até mesmo Caius, tinha dificuldades de perceber a diferença, uma vez preso em uma miragem de Daniel.
Imaginei Daniel, seus cabelos loiros caídos nas orelhas, seus olhos azuis gelados e sua arrogância. Esforcei-me em sair daquela ilusão e senti como se fosse arrastado para trás, minha visão embaçou e quando voltou a ter foco me vi no chão, do lado de fora da mansão.
- Você conseguiu! Estou impressionado- Ouvi.
- Já disse que odeio quando você faz isso?- Respondi levantando e limpando minhas mãos em minha bermuda.
Daniel estava escorado em um pilar me olhando “preciso mostrar a ele quem manda” pensei suspirei...
Ao redor de Daniel houve um farfalhar e uma pequena ventania, o chão ao seu redor que antes era mármore tornou-se gelo. Minha habilidade consistia em poder utilizar qualquer elemento da natureza. O gelo começou a tomar conta de seus pés e subia até a altura dos joelhos, Daniel me olhava incrédulo;
- Muito engraçado- Falou tentando quebrar o gelo que a esta altura chegava a sua cintura.
Não dei importância e entrei, precisava de um banho, precisava tirar ele do pensamento “David” Minha mente sempre voltava para aquele momento, seu cheiro, aquela boca linda, sua pele tão branquinha... – Eu estou ficando louco isso sim!- Falei enquanto tirava minha cueca e olhava para meu membro já duro de excitação.
ALGUNS DIAS DEPOIS
NARRADO PELO DAVID:
A minha semana foi uma loucura, Matheo me atiçava e provocava cada vez que nos encontrávamos. Marcus estava sempre presente, mas ao contrario do irmão, era um cavalheiro. Sempre educado e conversava comigo, mas sem demonstrar o assanhamento que seu irmão esbanjava. E para piorar Matheus simplesmente me evitava, sempre que eu tentava falar com ele, ou puxar conversa, ele inventava uma desculpa e saia sem ao menos se despedir de mim...
-Ah sexta feira, sua linda!- Marcelle falava enquanto íamos em direção a ultima aula. Educação física.
- Pronto para ver os garotos mais lindos do “Elíseos” só de camiseta e shortinho?- Marcelle pergunta para mim.
- Claro, mas você também está linda, só que esse teu short não está um pouco curto, não?- Perguntei, era obvio que estava, mas marcelle parecia não se importa com isso, pelo contrário, ela queria!
- Claro que está! Esse é o jeito mais rápido de atrair atenção dos meninos – Falou indo em direção ao campo. –Não quero morrer virgem e frigida, sem ofensa amigo!-
Era verdade, eu prestes há completar dezessete anos era virgem! Não que eu não tivesse oportunidades, mas sentia que minha primeira vez teria que ser perfeita. Marcelle era virgem assim como eu, mas decidira que este ano ela perderia sua virgindade.
- Já te disse que quando eu me sentir pronto eu perco minha virgindade, agora fala baixo ou pega logo um auto-falante que só metade da escola ouviu.
Marcelle sorri e se encaminha para as barras, ela era do time feminino de salto. Eu por outro lado era um desastre em qualquer esporte, mas como uma disciplina obrigatória eu precisava tentar... Encaminhei-me até a pista de corrida “Será que ganho pontos por chegar em ultimo?” Pensei. Comecei a me alongar, dobrei meu corpo e com as mãos tentava tocar meus pés. quando sinto alguém perto de mim.
- Que visão linda! Já te falaram que você tem uma bundinha linda?- Matheo sorria sinicamente.
Na mesma hora levantei e olhei para ele. Como descrevê-lo se não lindo? Ele estava com uma camiseta regata branca colada, o que só destacava mais ainda seus músculos. Subi os olhos até sua boca “Como alguém consegue ter lábios tão vermelhos? Será que ele usa batom?” Desviei e olhei para seus olhos. O que foi um erro, ele me fitava serio. Senti a tensão que olhar dele tinha. Como se fosse me atravessar... Tomar-me ali mesmo.
Fui tirado do meu transe quando o professor albatroz gritou meu nome, e todos riram.
-senhor David, você quer um convite impresso para ir para seu lugar?-
Andei envergonhado para a linha de partida “Que maravilha” Pensei. Quando vi meus adversários. O time oficial de corrida já estava em posição. Minha vergonha era enorme, mas senti que Matheo ainda me observava “Se vou perder, que seja ao menos tentando” Me preparei e ouvi o apito do professor...
Em questão de segundos eu literalmente comia poeira, os garotos dispararam como flechas e corriam cada vez mais rápido. Esforcei-me para ao menos tentar alcançá-los por no mínimo uma volta (eram cinco voltas) Já na terceira volta amargava o ultimo lugar com uma volta de diferença. O professor albatroz, só aumentava minha humilhação com gritos de incentivo “Isso que você chama de correr?” “Minha mãe corre mais rápido que você, sua mocinha” Queria morrer, de preferência bem rápido. Quando olho para os bancos, vejo uma cena que fez meu sangue ferver.
Alice estava agarrada no peitoral de Matheo, esfregando seus peitos nele. Minha vontade naquela hora era ir lá e arrancar o cabelo dela fio por fio, com uma pinça ou esfregar a cara dela no asfalto. Senti uma fúria incontrolável, uma corrente de adrenalina percorreu meu corpo, como se minhas forças se multiplicassem por milhares de vezes, comecei a correr mais rápido, com uma velocidade surpreendente, alcancei os meninos e passei por ele como se fosse um bala, corri mais e mais rápido até que percorri o campo de corrida as cinco vezes necessárias.
“Pera aí, eu venci?”
O professor albatroz estava como um bobo me olhando com o apito ainda na boca.
-Mas co... Como?- ele repetia isso
Meu corpo ainda estava irradiando uma fúria tamanha, me sentia capaz de correr mais dez vezes se necessário. Eu nem cansei...
Todos me olhavam, como se eu fosse uma aberração. E não era a primeira vez, eu já tinha passado por isso, eu sempre passava por isso. Quando era criança sempre perguntava para os adultos o que eram aquelas criaturas estranhas que sempre me seguiam. “E eu pensando que ia ser normal esse ano”
O silencio pesava sobre todos. Pensei em correr e me esconder como sempre fazia, mas olhei para Matheo e ele moveu os lábios sem som, mas entendi o “Está tudo bem!” que ele me falava.
Sorri e falei bem alto;
-acho que o espinafre fez efeito!-
Todos riram e até o professor albatroz saiu do transe e nos mandou alongar-nos. Alguns mi nutos depois a aula acabou e fiquei sozinho no campo, tinha vergonha de dividir o vestiário com os outros garotos. Peguei minha bolsa e segui para o vestiário quando me aproximei da porta escutei uma conversa estranha.
-Você acha que ele vai ficar bem?-
-não sei!Isso nunca aconteceu antes. O “Fruto” não deveria desenvolver habilidades sobrenaturais.
Automaticamente, me escorei na parede e escutei atentamente;
-Precisamos informar Caius, ele deve ter uma reposta. -
- E como vamos fazer isso?-
-Vamos levá-lo ao conselho, e se ele desenvolver mais habilidades?-
- não podemos fazer isso! Ele já atrai legiões de “Darcos” dentro das barreiras dos Elíseos, levá-lo para o mundo a fora seria fatal. -
-Eu daria minha vida para protegê-lo, eu jurei fazer isso. -
-Irmão, você realmente está apaixonado por ele. Há há há. -
- Não me venha com piadas, jurei mantê-lo vivo e só! Não tenho sentimento algum por ele... –
-Admita que você o ama Matheo, até eu mesmo me sinto atraído pelo David-
-Marcus, você sabe que o dia da escolha se aproxima, e não quero ser o escolhido. Só estou aqui por que, isso é uma obrigação, me apaixonar? E ainda mais por um homem? Poupe-me de suas historias.
Aquilo me atravessou como um tiro, do que eles falavam? Quem era Caius? O que era o fruto? Minha visão ficou turva e sem querer e esbarrei em um armário fazendo um barulho. Corri com todas as minhas forças, mas senti uma sombra passar por mim e vi uma figura em minha frente...
- você?- Perguntei incrédulo ao ver Marcus na minha frente bloqueando o caminho.
Dei alguns passos para trás e senti meu corpo esbarrar em uma parede de músculos, senti o perfume de terra molhada e sabia sem me virar quem era que estava atrás de mim.
Virei-me e tentei sair pelo lado, os irmãos com uma velocidade impressionante e até sobre humana me interceptaram e me olhavam sem nenhum sentimento.
-Se afastem! – Gritei.
Continua....