Primeiramente queria me desculpar pela minha ausência, mas sou apenas um garoto cursando o último ano do Ensino Médio. Espero que compreendam.
Sai do córrego em direção a casa onde todos estavam. O Mark parecia rir muito com a presença do meu irmão, o que me deixou um pouco enciumado. Passei pelos dois sem falar nada, mas percebi um olhar do Mark como se ele quisesse me comer com os olhos - me olhou de cabeça a baixo -. Claro que gostei daquilo.
Depois disso fomos almoçar e nada de interessante aconteceu. Ficamos eu e ele conversando, mas nada sobre o que havia ocorrido mais cedo. De repente, fomos surpreendidos pela minha mãe entrando no quarto.
- Filho, nós não vamos pra casa, um temporal está vindo a caminho e passar pela estrada de barro sem atolar será uma missão quase impossível. Mark, quer ligar pra sua mãe?
- Não é preciso, mãe, ele iria dormir lá em casa mesmo - falei.
Ela então se retirou e, com a chuva vindo, dormimos agarradinhos naquele fim de tarde.
Acordamos por volta de 8 da noite com um cheiro delicioso de churrasco vindo lá de baixo. Ainda chovia bastante e todos estavam reunidos na varanda da chácara, rindo e cantando. Tocava sertanejo e todos - incluindo Caleb - bebiam algumas long necks da mesma cerveja que eu havia pego mais cedo. O clima estava muito bom.
- Finalmente acordaram - Kleber veio em nossa direção nos oferecendo uma cerveja.
- Não, eu não bebo - Mark falou.
Eu peguei a minha e então fomos pra um canto mais privado, e ficamos observando a chuva cair em um clima de romance. Foi bem estranho, mas eu estava gostando.
- Tá frio aqui... - esfreguei as mãos como forma de me aquecer.
- Quer ir lá pra dentro? - ele perguntou.
- E deixar esse clima gostoso? Nem pensar - ri, dando uma golada na cerveja.
Ele tirou seu moletom e colocou em minha volta numa tentativa um pouco falhada de fazer passar meu frio. Achei fofo da parte dele.
- Sobre o que aconteceu hoje, eu queria pedir desculpas... não sei o que deu em mim - falei.
- Pare de se culpar. Eu adorei aquilo - ele corou e riu.
- Não vai acontecer de novo. - eu falei em um tom autoritário. - Eu gosto de mulher - continuei.
- Eu sei que gosta - ele se levantou, pegou um espetinho de churrasco e foi pra sala. Eu permaneci um pouco ali e depois peguei um espetinho e fui em sua direção.
Ficamos um tempo calados assistindo a um filme de comédia romântica e depois fomos pro quarto. Eu me deitei em minha cama e ele se deitou no colchão ao lado. Dormimos.
No dia seguinte, de manhã cedo, minha mãe batia na porta: era hora de partir. Eu e o Mark arrumamos nossas coisas em nossas mochilas e fomos em direção a cidade. Diferente do dia anterior, agora o sol raiava com uma intensidade impressionante no vidro do carro. Eu fui ouvindo música no meu fone de ouvido e olhando pra fora da janela. É claro que comecei a me sentir em um clipe. Não demorou muito e chegamos em nossa casa.
- Mark, quer que eu te deixe em casa? - Minha mãe perguntou.
- Não precisa, tia. Eu só vou pegar uma coisa no quarto do Marcelo e já tô indo!
- Ok então, apareça, querido! - minha mãe lhe deu um beijo no rosto.
Fomos calados até meu quarto e pegou o CD que ele queria emprestado e então se despediu e foi embora. O acompanhei até a porta e em seguida voltei pro quarto e me deitei.
Alguns minutos depois algo começa a vibrar em cima da minha cama. A princípio pensei ser o meu celular, mas não era. Era o celular do Mark. Um tal de Pedro ligava pra ele. Eu sabia que era muita falta de educação atender o telefonema, mas pensei que era ele ligando e então atendi.
- Alô? - perguntei.
- Amor, to chegando ai, me espera na portão porque tô com saudades... te amo! - era a voz de um homem.
Amor? Tô com saudades? Te amo? Que palhaçada era aquela?