O Mark e o tal pedro vinham em nossa direção. Aquilo só podia ser brincadeira. A princípio tentei fingir uma dor de barriga, mas não deu certo. Ambos pareciam me comer com os olhos e aquilo me incomodava um pouco, principalmente por eu estar só com uma sunga vermelha.
- Então, nossa modalidade é basicamente a estafetas (reversamento), então treinaremos em dupla. Marcelo, você vai com o Lucas. Mark, você vai com o Pedro. Primeiro vamos ver seus tempos e depois iremos começar a treinar pra valer. - o professor organizava tudo.
Logo após o professor disse os tempos. Eu fiquei em terceiro lugar, ficando acima apenas do Lucas. Era aceitável, vendo que eu estava à algum tempo sem treinar. Depois de uma série de treinos, finalmente fomos liberados.
- Mãe, vem me pegar? - eu telefonava pra minha mãe já na frente do colégio.
- Espera um pouco que to ocupada - ela desligou o telefone.
Ficamos eu, o Lucas e o Mark do outro lado da rua.
- Esse negócio entre vocês tá muito estranho, quem vê assim pensa até que vocês dois tiveram um caso.
Nessa hora eu fiquei pálido, não sabia o que responder. Eu sei que ele estava blefando, mas mesmo assim...
- É, pô, tivemos sim.... vai se foder, Lucas - dei um murro no seu ombro. Algum tempo depois seu pai foi buscá-lo e eu fiquei sozinho, com o Mark me observando. Eu já estava ficando com raiva de estar sozinho quando ele veio em minha direção.
- Ótimo - pensei alto.
- Marcelo, por favor, me escuta...
- Puta que pariu Mark, deixa de ser chato, eu não tenho nada pra ouvir de ti, o que tu quer me contar é que tu ta namorando com aquele leproso do Pedro? Se é isso não precisa se preocupar porque eu já sei.
Uma risada descontrolada saia de sua boca.
- Qual é a graça? - perguntei.
- Não sei se tô rindo do teu ciúme, da tua piada ou da tua idiotice. O Pedro é o cara mais hétero que eu conheço na minha vida. Ele foi a primeira pessoa que soube que eu era gay, e um dos poucos amigos que tenho. - ele se sentava ao meu lado.
- Amigos chamam uns aos outros de amor? Eu não sabia - me afastei.
- Do que diabos você tá falando? - ele perguntou.
- Quando você esqueceu o celular na minha casa ele ligou pra você e te chamou de amor - respondi.
Ele voltou a rir de novo.
- Seu idiota, se você não percebeu ainda, o meu celular é um iPhone e o celular que você foi me deixar naquele dia é um nokia antigão. Minha mãe não deixou eu levar o meu e mandou eu levar o velho, só que nesse velho estava o chip da minha irmã.... e bom, sim, ele namora com a minha irmã e não comigo. É isso. - ele ria.
Eu não sabia se devia acreditar, era uma história bem cabeluda.
- E o que me prova que você está falando a verdade? - perguntei.
- Se você for na minha casa com certeza vai ver ele junto da minha irmã. Aliás, eu não preciso de provar nada. Se quiser falar comigo bem, se não pouco me fodo. - ele se levantou e foi embora.
Minha mãe, por sorte, chegou na mesma hora. Cheguei em casa, tomei um banho, e tomei uma sopa. Fui pro meu quarto e fiquei pensando na merda que eu tinha feito. Eu estava disposto a me redimir. Peguei meu celular e liguei pro Mark.
- Diz. - ele falou.
- Me desculpa. - falei.
- Pelo o que? - ele deu um sorriso.
- Por ter agido como um estúpido contigo.
- Hum... tá bom. - ele respondeu. E a partir daí começamos a conversar como se nunca tivéssemos parado de nos falarmos.
- Eu vou dormir, tá tarde e amanhã tem aula - falei enquanto bocejava.
- Também já vou. Eu te amo - ele disse.
Me surpreendi quando ele disse aquilo, mas não podia negar a mim mesmo: eu também o amava.
- Tá, tchau - desliguei o telefone.
Claro que eu fui grosseiro, mas foi automático. Eu mal o conhecia. Eu sempre fui muito tímido, mas talvez fosse a hora de deixar essa timidez de lado e virar um novo Marcelo.
Bom galera, pelo que eu to vendo, esse conto terá BEM MENOS que 40 capítulos. Acho que vou terminá-lo com mais ou menos uns 16 capítulos, pra não ficar uma coisa muito grande. Já estou começando a escrever um conto novo, então não pensem que se livrarão de mim assim tão fácil. <3
