- Hã! – eu esbravejei. – Você procura confusão com o Felipe; sai na porrada com ele, e eu é quem fico no final para limpar ferimentos? – Nem morto! Quem procura acha. Vá pra casa, tome um banho, reflita a merda que você fez, e peça na farmácia, anti-inflamatório. Quem sabe não resolve a sua situação.
Eu virei às costas para ele, e segui para o portão da minha casa.
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Fui para o meu quarto tomar um banho; minha cabeça estava quente. Não estava nos meus planos uma briga entre o Felipe e o Arthur. Confesso que rever o Felipe depois de dois meses, mexeu muito comigo. Por várias noites, eu tive sonhos eróticos com ele. Eu sentia o gosto da sua pele, do seu beijo, da sua pegada. Mesmo namorando o Arthur, eu nunca esqueci o Felipe.
Bom, segui para o Box, mas antes, percebi umas manchas vermelhas em meu corpo. Estavam espalhadas por todo o corpo. E eu estava meio pálido. Deveria ser algum tipo de alergia... Enquanto eu tomava banho, o meu celular não parava de tocar. Com certeza deveria ser o Arthur. Ah! Ele também não dava um descanso! Deixei tocando e curti aquela água morna caindo em meu corpo. Eu precisava mesmo era de uma boa noite de sono. Me sequei e coloquei apenas um short. Eu tive a sensação de estar mais magro, mas deveria ser pelo fato de quase nunca almoçar direito.
Tranquei a porta do quarto para não ser perturbado, e apaguei!
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- Você vai me pagar Fernando. Você não devia ter feito o que fez comigo! Não devia. Eu até estou gostando de você, mas não dá pra esquecer o sofrimento que você me causou. Eu preciso me vingar. Eu preciso!
Arthur conversava sozinho, sentado ao sofá da sala, completamente desnorteado e atormentado. Ele brincava com um copo de vidro, enquanto planeja sua vingança contra o Nando. Ninguém sabia, mas o Arthur guardava um ódio mortal do Fernando, só quem não sabia disso era o próprio. Os motivos? Bom, estes serão revelados nas entre linhas que estão por vim.
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Eu acordei e estranhei que não havia ninguém em casa. Devem ter dormido na casa da tia Paula. Tive que preparar o meu café, e logo em seguida, eu iria dar uma corrida na orla da praia. Estava um lindo dia e eu queria um momento sozinho.
Fui rápido e engoli o café, tomei um banho, pus uma roupa bem leve, e parti. A praia estava lotada de gente bonita. Reencontrei alguns colegas de escola, falei um pouco com eles, e segui com a minha corrida. À medida que eu corria, eu refletia também. Será que eu estava fazendo certo em namorar o Arthur? – Não que eu desgostasse dele, mas também não o amava, e eu não queria enganá-lo. Talvez fosse melhor eu seguir a minha vida sozinho. Era isso que eu ia fazer; Resolvi ir até a casa do Arthur e terminar com ele.
Cheguei até a portaria do prédio, e como eu era conhecido do porteiro, não precisei me identificar.
- Oi seu Fernando. O Sr. Arthur saiu, mas daqui a pouco ele deve está chegando.
- Primeiro, eu já disse que não precisa me chamar de seu Fernando; segundo, eu vou esperar no apartamento dele.
- Claro! Ele deixou as chaves comigo. Pegue! – ele me entregou a chave, e decidi não sair dali enquanto não conversasse com ele.
Entrei, e nem parecia que a faxineira comparecia uma vez por semana naquele lugar. O apartamento tava uma zona. Fui até o quarto dele, e de todos, era o pior cômodo. Vi alguns papéis numa mesinha, gavetas abertas... Fiquei curioso e resolvi mexer.
Tinha muito papel em branco, e continuei mexendo... Nossa! Havia folhas escritas: “ Vou matar você” “ Me vingarei pelo sofrimento que você me causou” “ Não adianta fugir de mim” Eu odeio você... Fernando? – Meu Deus! Sou eu!
Fiquei pasmo e fui além. Comecei a revirar outras gavetas, e encontrei fotos e antigos namorados meus, em especial, dois ao qual eu tive um envolvimento mais intenso. Mas como aquelas fotos foram para ali? Vi também fotos minha, antes mesmo de conhecer o Arthur. Eu estava ficando assustado.
- Nando, o porteiro... – ele entrou no quarto e me viu com as fotos! – O que é isso em suas mãos? – o olhar dele tava estranho, e eu confesso que sentir medo.
- O que significa estas fotos? Hein Arthur?
- Me dá isso aqui! – ele veio pra cima de mim, e me empurrou na cama. – Quem mandou você mexer nas minhas coisas?
- Eu quero saber o que você está escondendo. Que frases são essas ameaçadoras? De quem você está querendo se vingar? – eu o encarei.
- Você quer mesmo saber? DE VOCÊ!
Tomei um choque!
- De mim? Mas por quê? O que está acontecendo? Nós somos namorados!
- Não se faça de burro! Olhe para estas fotos. Olhe bem! – ele gritou.
- São caras do passado! Eu nunca mais falei com eles. Isso tudo é ciúmes de mim?
- KKkkkkk... Ciúmes de você? Não... Isso é vingança. Você se lembra do Bruno? Pois é... Ele era o meu marido! O grande amor da minha vida.
Eu fiquei surpreso com a revelação dele. O Bruno foi um antigo caso meu. Mas eu não sabia daquilo.
- Eu descobri tudo de vocês dois... Nós tínhamos uma vida maravilhosa, até ele ter te conhecido e ter se apaixonado por você. Ele na verdade foi iludido.
- Arthur, a gente não namorava. Era só um envolvimento. Eu não sabia que vocês dois eram casados.
- Mas fez questão de roubá-lo de mim. Por sua culpa, ele me abandonou... – Arthur chorou e explodiu ao mesmo tempo.
- Você está muito nervoso. – eu tentei acalmá-lo.
- E do Alexandre? O que você me diz do Alexandre? Vai me dizer que não sabia que ele era comprometido?
- Eu sabia. Mas... Meu Deus! É muita coincidência! Eu jamais podia pensar que... – ele se levantou e me esbofeteou.
- Você é cínico! Seu depravado! Como se não bastasse uma primeira vez, fez pela segunda? Roubou de mim a minha felicidade. Quando eles me falaram que tinham conhecido alguém melhor do que eu; menos ciumento, possessivo... Eu criei um ódio tão grande. O Alexandre sequer apareceu na festa do meu aniversario... E sabe por quê? Porque ele tava comendo você! Seu ladrão de homens!
- Você é louco! Muito louco! – foi a minha vez de gritar!
- Eu planejei tudo seu idiota! Aquele dia na praia, não foi por acaso. Eu seguia você, eu tirava fotos suas... Eu quis me vingar! – ele começou a rir.
- Mas não conseguiu! Eu vou embora daqui!
- Você que pensa! Eu já me vinguei de você há muito tempo. Seu otário!
- Do que você está falando? Por acaso você fez algum mal a minha família? Hein seu doente?
- Belo termo, doente... Você já percebeu o quanto está magro?
Eu ainda não entendia nada, mas nisto ele tava certo. Eu estava mesmo muito magro, sem contar as manchas.
- A minha forma de vingar o sofrimento que você me causou, foi transmitindo pra você, algo incurável! – ele ria alto.
- Do que você está falando? – eu disse assustado.
- Eu passei AIDS pra você seu babaca. Agora você é igual a mim. Soro positivo.
MEU MUNDO DESMORONOU!!!
Meu coração entrou em choque. Me corpo paralisou e meu ar sumiu. Fiquei pálido e sem voz. Eu não conseguia pensar e nem falar.
- Lembra da nossa primeira vez? Eu insisti tanto para que a gente transasse sem camisinha, e você aceitou. Acho que o papai não te ensinou a dizer não nestes casos.
- AHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH... – Eu parti pra cima dele e o derrubei no chão. Minha reação foi espancá-lo. Eu bati tanto no Arthur, que quando parei, e a minha ficha caiu... O desespero tomou conta de mim. Meu Deus, o que seria da minha vida? Eu estava com uma doença incurável! Eu não seria mias o mesmo. Eu saí dali sem rumo. Aos prantos, e nem percebia o trânsito. Eu queria morrer. Tava explicado as manchas no corpo, a perda de peso... Como eu enfrentaria as pessoas agora? Eu me senti o ser humano mais podre e sujo por dentro! O suicídio era a melhor saída.
CONTINUA...
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Oiii... Bom, o conto está chegando em sua reta final. Eu disse a vocês que o Nando iria sofrer. E agora? Como vai ser daqui pra frente? E o Arthur hein? Filho da puta né? Se fez de bonzinho... Acho que depois dessa, será o fim do amor entre o Felipe e o Nando. Não posso dizer mais nada, porque muita coisa ainda promete. Cometem! Beijosss.