Não é uma história de amor.(1)
Black- Pearl Jam
“All the pictures have all been washed in black, tattooed everything
All the love gone bad turned my world to black
Tattooed all I see, all that I am, all that I'll be, yeah”
Sua vida era daquele modelo, morna, sem graça, sem esperanças. Todos ao seu redor sempre falavam que ela tinha tudo, pais ricos, vida confortável, o que mais iria querer? Ela tinha sonhos, desses que pareciam longe demais de sua realidade para se tornarem verdade, ter um grande amor era um deles. Seus pais eram grandes executivos que mal paravam em casa, as vezes ela passava até uma semana sem cruzar com eles naquela enorme casa, foi acostumada a se contentar com as presenças apenas dos empregados a sua volta, uma delas até era bastante especial para Miriam.
Era uma garota demasiadamente triste, andava olhando para o chão, tinha os cabelos negros de fios retos partidos ao meio, usava roupas que a cobriam o máximo possível, não tinha amigos no colégio, em que fazia o primeiro ano do ensino médio. Mantinha-se através da leitura, mergulhava nas histórias dos livros, era uma das poucas coisas que a faziam sorrir por dentro. Seus “colegas” de sala a tratavam como uma estranha, soltavam conversinhas baixas toda vez que ela passava, faziam brincadeiras de mal gosto, a deixavam cada vez pior com a sua própria baixa estima. Sua vida se resumia a acordar de manhã, comer sozinha, sofrer na escola, voltar para casa e ler até o sono chegar, por esse motivo já era uma poliglota, inclusive falava sueco, que era a língua do seu país preferido.
Um dia em especial ela acordou cedo como sempre, foi para a escola e sofreu com uma brincadeira tão séria que a fez sair da aula correndo e chorando para o banheiro. Enquanto chorava pensava o porquê de tudo isso acontecer com ela, perguntava a si mesma, será que as “pessoas” lá de cima haviam se esquecido de que ela existe? Ficou ali por quase uma hora e decidiu voltar para casa e contar uma decisão para seus pais, esperou até a hora do jantar quando eles chegassem em casa. Sentou-se e comunicou a eles que iria fazer um intercâmbio de seis meses na Suécia. Eles concordaram, e disseram daria todo apoio que ela precisasse, tanto em dinheiro quanto no emocional.
Passaram-se dois meses após a sua decisão, suas malas estavam prontas e sua “nova” família já a esperava em Estocolmo. Pegou o avião, que a sua mãe avia reservado de primeira classe, durante toda a viagem leu um dos seus livros preferidos. Chegou ao seu amado país, nossa, como ela gostava daquele lugar, já tinha ido várias vezes, mas sempre se surpreendera com tudo toda vez que estava lá. Sua família da Suécia já estava a esperando, quer dizer, apenas o pai e a mãe, o que se resumia na metade, pois ainda havia as duas filhas do casal. Chegaram a casa, mostraram o seu novo quarto e apresentaram a filha mais nova deles, que tinha 14 anos. A outra filha, de 17, estava na rua por isso não pôde a conhecer, mas esperava ansiosa para o encontro, até porque iria passar seis meses naquele local.
Depois das devidas conversas já estava tarde e ela estava com bastante sono por causa do fuso, então entrou no seu quarto e dormiu no instante em que deitou. No meio da noite sentiu algo estranho, uma presença perto dela, então, abriu os olhos e deu de cara com aquela figura bastante estranha ao seu olhar. Tinha o cabelo curto, preto com algumas mechas em azul, tinha piercing no septo, nas orelhas e na boca, além do que ela ainda não tinha visto, usava roupas estranhas, largadas, tinha um lindo sorriso no rosto e a olhava fixamente.
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