A clínica II - Pistas

Um conto erótico de Mauricio Vilar
Categoria: Homossexual
Contém 1107 palavras
Data: 30/05/2014 10:13:43

Fui pro refeitório esperar a hora do café. A sem-dentes veio falar comigo:

- Eu te conheço dos meus sonhos.-

- Eu te conheço da TV. Você deveria viver no retiro dos artistas...- respondi.

- O que você tá falando com essa louca?- interrompeu Beto, me levando pra uma mesa.

- Vem, e me beija aqui. Agora! Na frente de todo mundo, você me ama mais que tudo, só assim vou te deixar em paz. - ele apertou meus dedos sobre a mesa, depois colocou sua mão direita sobre a minha.

- Não quero que você me deixe em paz- respondi.

- Você pensa que não quer. Mas vou estar perto de você no mundo lá fora, em qualquer lugar onde você estiver.- ele continuou.

- Eu sei.- respondi resignado.

Saí do refeitório e fui pra debaixo de uma árvore, catei mangas caídas no chão e comia com a casca.

Marquito vinha falar comigo, aquelas pernas pareciam palitos que afundariam na areia, sua bunda parecia ter sido empurrada pra dentro com um tapa.

- Oi, eu vejo seu aura. Ela tá pesada, você te passar uns exercícios pra sua energização astral.- ela falou com ar de preocupação.

- Sou católico. Mas não ando me dando bem com deus, ele me mandou pro inferno antes de eu morrer.- respondi.

- Advinha porquê não tenho dentes?-

- Você arrancou pra pedir favores à fada dos dentes?- Perguntei rindo.

- Tive a impressão de que você tentou ser engraçado.- ela saiu, notei que estava com a mão sobre a barriga, como se ela tivesse levado algum golpe. Alguém machucou ela, ela queria me alertar, mas não sabia sobre.

- Volta aqui, o que aconteceu com você?- perguntei já distante.

- Você se protege da realidade, evita se deparar com ela. - ela falou, babando um pouco, como um buldog... Virou o rosto e não precisou andar muito pra desaparecer.

Fui pro campo consumar o beijo pedido no refeitório, ainda era o dia posterior a orgia, estava conversando com o Beto na área gramada -onde ocorre as atividades físicas- e ele me contara que as depilações e limpezas "profundas" eram providenciadas pelo vice diretor da clínica em troca de sexo; claro que não acreditei, eles não deveriam ter algum contato direto com alguém da administração, eles são cativos!

- Comigo é assim, só dou se eu comer. -Beto mudou de assunto.

- Se alguém chegasse aqui no campo e ouvisse, você estaria fodido e você não iria foder ninguém.- falei.

- Você já sabe que eu tenho o vice daqui do meu lado...

- E mesmo assim ele te mantém preso. Esperando a hora da tua morte, te dando gelatina depois do almoço é te comendo de sobremesa. O que é melhor você ou a gelatina?- falei é corri dele pelo campo. Pisei em uma pedra, não sabia o que era, quando parei vi que era um celular, em anos eu acabei tendo a chance de ligar pra polícia, direitos humanos, sei lá, eu tinha uma ponte até lá fora pra me libertar. Não poderia confiar em ninguém, contar a ninguém, coloquei o celular na cueca e continuei brincando com Beto.

Ligar pra polícia não iria adiantar, desliguei o celular pra poupar bateria pro que eu estava planejando. Enquanto isso, continuei cuspindo os remédios e ansiava foder com o Beto numa noite de orgia. Eu sabia que seria a última.

Quatro dias passaram, contados com cronometragem. Eu estava no refeitório, seria o dia da orgia, a miss sem dentes ou rainha do sexo oral estava lá na mesa distante, veio até mim e falou "que eu seria o próximo", depois foi embora como se ela estivesse se "borrando" a julgar pela pressa que desapareceu. Era tão magra, lembrava uma caveira, um cadáverO corpo deveria sumir em vinte metros com o fundo.

Fui pra o banheiro e liguei o celular, Beto veio e tomou ele de mim, eu não quis pensar ser verdade. Ele depois sumiu, meu coração bateu mais rápido eu poderia ouvir as batidas como sons externos, meu medo era que o som parasse e eu morresse ali, sentia que o som pararia a qualquer momento; minha respiração foi ficando tal qual a de um alpinista em ar rarefeito. Ouvi o Beto dizer em quilômetros de distância que eu estava pronto pra ser o sacrifício humano da seita; as enfermeiras da seita vieram pro banheiro com uma injeção, empurrei todas e corri pra me esconder.

Fui pra biblioteca e peguei "Hamlet", quando relia pensava no que estava passando, quando a gente se identifica com um livro (ou ensaio) ele parece ter sido escrito sob encomenda.

Não consegui dormir, via que a orgia tinha começado, fui me esconder debaixo de uma mesa objurgando aquelas pessoas em pensamento, objurgando a minha vontade de estar ali com elas, todas más. O Beto estava deitado, as pernas levantadas enquanto um qualquer puxava seu quadril e enfiava nele sem camisinha, um pau circuncidado, com a cabeça vermelha e mais grossa que o "corpo" do pau entrava e saía dele, o cu do beto era um pouco mais escuro pra o que eu pensava, mas nada que o destacasse de sua cor, a bunda tinha pêlos ralos e insignificantes. Em menos de dois minutos o que o comia gozou, o primeiro jato foi fora, o resto foi depositado dentro do filho da puta -ele era um traidor em todos os sentidos. Um outro homem apareceu, ele era muito magro, seu pênis chegava a ter a mesma circunferência do punho, a mandíbula era proeminente assim como as têmporas.

- Mais, fode mais, empurra assim, não tira muito, dá as estocadas uma a uma, deixando ele ainda profundo pra eu sempre sentir aqui dentro.- ele "gemia" essas palavras.

- Falta um pau pra você chupar e calar a boca.- o magro respondeu.

Veio um um cara baixo, pardo e também magro, e enfiou o pau na boca do Beto segurando sua cabeça, não deixando ele parar de chupar nem com a dor das estocadas ;mesmo engasgando ele chupou por uns 15 minutos no mínimo até beber toda a porra, como se ali estivesse realizado -e quem iria dizer que ele não tinha tirado o seu prazer mesmo não tendo gozado?

Lembrei do "ser comido só se comer" que ele impunha como condição, era uma mentira! Tive vontade de matá-lo por ele mentir, não me deixar ligar pra pedir ajuda e transar como se não houvesse o amanhã com todo mundo...

- Oi, você precisa de um pouco disso.- Acordei em baixo da mesa, era uma enfermeira.

Recebi uma injeção; fui transportado pra outro mundo, tinha saído do umbral pra uma terra limpa do mal.

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