Não é uma história de amor (2)
Luz dos olhos-Nando Reis
“ Pois meus olhos vidram ao te ver
São dois fãs, um par
Pus nos olhos vidros para poder
Melhor te enxergar”
Miriam se encontrou assustada com aquela situação, pois não sabia quem era aquela menina e nem o que ela queria de madrugada em seu quarto. Cobriu-se com as cobertas até o pescoço rapidamente e fez a pergunta:
-Quem é você? – Sua voz era assustada e ao mesmo tempo curiosa-
Então a garota a respondeu:
-Eu moro aqui, agora você que se deve apresentar para mim.
Logo Miriam deduziu que ela era a outra filha do casal onde ela passaria seis meses na casa. Depois de alguns segundos ela conseguiu se recompor do susto e falou sobre ela.
-Sou Miriam e venho do Brasil fazer intercâmbio, vou passar seis meses aqui em sua casa, estudando.
A garota apenas escutou, depois que a apresentação se concluiu ela se levantou saiu do quarto e fechou a porta sem falar palavra alguma. Miriam estava confusa com toda essa situação, não sabia ao certo dizer nada sobre essa garota que invadira seu quarto durante a madrugada e não dissera nem mesmo seu nome.
O dia tinha amanhecido, levantou-se e foi tomar café com a sua família sueca, todos estavam à mesa, inclusive a garota invasora. Deram-se bom dia e comeram um bom tempo em silêncio, até a mãe da casa afirmar que Miriam iria para sua escola nova com Alba. Pensou por um instante, quem afinal deveria ser essa Alba? Ao terminar de comer foi pegar alguns objetos que deveria levar para o primeiro dia de aula e foi para a porta esperar a companheira. Para a sua surpresa era a própria que invadiu seu quarto de madrugada, bom, pelo menos agora sabia o seu nome, Alba.
Começaram a caminhada pelas ruas de Estocolmo, nossa, Miriam ainda se impressionava com aquela cidade, as duas permaneciam em silêncio, pois como dito antes, a nossa garota brasileira era tímida demais até para conseguir dizer um oi, imagina puxar assunto com uma garota desconhecida e ainda estranha como Alba. Chegaram à escola, Alba se colocou na frente e seguiu para o seu grupo de amigas, Miriam ficou ali parada sem saber para onde ir, então lembrou que tinha que agir sozinha sempre, andou até a porta da escola e procurou seu nome. Dirigiu-se para sua sala e se sentou, fez a devida apresentação a todos e prestou atenção no restante do tempo. No intervalo comprou seu lanche e ficou perdida no meio daquelas pessoas desconhecidas e ainda suecas.
Foi então que Alba chegou perto e disse:
-Você está parecendo uma doente mental parada aqui no meio do pátio, venha comigo e se sente na minha mesa.
Ela apenas obedeceu, seguiu para fora da escola e se sentou junto com Alba e um monte de amigos, nossa, aquilo era extremamente constrangedor para Miriam, todo aquele pessoal com piercings, tatuagens, roupas estranhas, apenas ela parecia uma pessoa normal no meio daquele bando. Alba a apresentou a todos, as pessoas retribuíram com sorrisinhos ou levantadas de sobrancelha, e continuaram a comer. Falavam de tudo um pouco, festas, bebidas, namoros, drogas, e cada vez mais Miriam ficava na sua e comia em silêncio, até que uma amiga de Alba olhou para ela e disse:
-Alba, seria uma boa você convidar sua nova integrante da família para um das nossas festinhas, o que acha?
Alba apenas deu os ombros e disse:
-Não sei se ela iria se enturmar no nosso meio, apenas em olhar para essas roupas já iria ser zuada pelo pessoal.
-Então, você podia fazer um favor para ela, ajude ela nas roupas que ai ela poderá se entregar com a gente em qualquer lugar- disse a amiga de Alba.
Miriam apenas olhava para aquilo tudo sem se atrever contestar.
-Acho que isso mão é um problema meu, mas se ela quiser eu até poderia ajudar de alguma forma, mas essa caretice deve vim de família-Alba.
Foi então que Miriam se esgotou e disse:
-Talvez você tenha medo de mim, por isso não quer me integrar no seu “bando” de amigas.
Alba a fitou com os olhos se levantou e se dirigiu para a aula, sem nem olhar para trás.
Quando as aulas acabaram Miriam não sabia mais se Alba a esperaria para ir embora da escola, mas lá estava ela na porta, a sua espera. As duas andavam novamente sem se falar até chegarem a uma loja estranha de roupa, toda preta com uns desenhos de grafite, entraram. Alba virou para ela e disse:
-Aqui começa a sua mudança.
Compraram várias roupas, sapatos, acessórios, tudo muito estranho e que nunca Miriam se ousaria a comprar, pagaram e foram embora. Chegaram em um outro lugar que assustou a Miriam, era um salão de beleza punk. Alba virou e disse mais uma vez:
-Se você quer se integrar terá que passar por isso também, as roupas ajudam mas, o cabelo é essencial .
Miriam se sentou na cadeira, então veio uma moça atrás de ti e começou o corte, ela fechava os olhos pois tinha medo de desistir a qualquer momento e sair correndo daquele lugar. Alba estava do lado de fora fumando um cigarro em quanto esperava. Vinte minutos depois Miriam aparece na porta e fala:
-Estou integrada agora?
Alba olhava para a rua, mas quando decidiu voltar seus olhos para Miriam sua boca quase não parou no lugar, ela queria por tudo ficar aberta, como ela estava diferente, era mesmo a mesma garota assustada que ela viu da madrugada no quarto de sua casa?
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Obrigada a todas as meninas que comentaram no meu conto anterior, beijos.
