Sai junto com as meninas mas tomamos caminhos diferentes. Nos despedimos e fui ao encontro de Bianca. Minhas mãos suavam de ansiedade e nervosismo, minhas pernas bambas.
No meio das árvores mesmo com a iluminação estava escuro. Fui desviando das arvores e adentrando o lugar. Quem olhava de longe não via que no meio há bancos em frente a varias flores e postes iluminando o lugar ao estilo parisiense. Em meio as luzes com um vestido branco rendado estava Bianca me esperando mexendo sem parar as mãos.
Assim que me viu seus movimentos cessaram e seu sorriso se abriu. Sua beleza angelical me travava e por um momento desejei ir embora e afastar a pessoa ruim que era. Meu andar parou e ela sentiu minha insegurança se aproximando devagar.
Pegou delicadamente em minha mão pendurava ao meu lado e me puxou ate o banco me fazendo sentar. Achei que sentaria ao meu lado mas Bianca me surpreendeu erguendo imperceptivelmente a saia do vestido e sentando de frente em no meu colo.
Passou sua mão no meu rosto me fazendo carinho. Nossos olhos fixos, aqueles verdes que tanto me prenderam desde o primeiro segundo. Bianca me abraçou apertado e eu a puxei para meu peito, ficamos assim, parada, e por mais bobo que a situação parecesse me sentia completa. Tanta gente que eu beijei e a sensação não chegou nem perdi desse simples abraço.
- Preciso te falar algo Bianca..
Ela então levantou o rosto do meu peito e me olhou. Quando abri minha boca para falar ela colocou um dedo indicando para que não falasse nada.
- Eu preciso falar antes Marcela, por favor.
Assenti para que prosseguisse.
- A primeira vez que nos vimos achei que fosse me fazer mal, não por você, mas pela situação que me encontrava. Muitos que me conheciam riram de mim quando eu precisei e você me ajudou. Mesmo com os meus protestos você me levou à enfermaria no colo, minha vergonha era muita, mas quando você me pegou, que sua mão pressionou minha coxa, que sua pele tocou na minha, eu senti muita firmeza e vi que não adiantaria falar nada. Eu sentia seus braços tremer quando estávamos chegando e ver que você estava fazendo aquilo por mim me fez ver como você era uma boa pessoa.
Falava tudo isso fazendo carinho em meu rosto, as vezes me olhando no fundo dos olhos. Ouvia atentamente, um peso saindo de cima do meu peito.
- Você ficou comigo la, quando a enfermeira disse para que você cuidasse de mim meu estômago apertou. Te vi pegar a bolsa térmica e com a maior delicadeza e concentração pressionar no lugar que doía, te vi sobre aquela luz artificial da sala, seus cabelos castanhos escuros, sua pele tão clara, seus olhos mel tão brilhantes e preocupados, tua boca rosada linda. Eu mal podia acreditar que uma desconhecida tão linda estava cuidando com tão apreço de mim. Sem querer eu soltei um gemido de dor quando fez um pouco mais de força, vi seus olhos percorrerem meu corpo e me comerem, um arrepiou passou por todo meu corpo. Quando a enfermeira voltou eu desejei que ela fosse embora e não cuidasse de mim, só para que pudesse ficar um pouco mais contigo.
Sua testa colou na minha.
- Seu jeito me encantou desde a primeira noite Marcela. Depois naquela noite, no meu alojamento, meus pensamentos iam e voltavam para você. Tentava expulsa-los pois sabia que uma menina como você seria inacessível para mim. É o tipo de pessoa que vimos ao longe, admiramos mas não conseguimos chegar perto. Mas não foi assim, no outro dia te vi sozinha no refeitório, esqueci tudo que tinha combinado comigo mesma na noite anterior e fui falar com você. Cada momento que conversávamos e eu ia te conhecendo mais eu me encanta a pela pessoa que você é. Eu te via me provocando e parecia natural que eu fizesse o mesmo, o seu olhar para mim é impagável. Você me conquista a, mas era algo normal, quase como se não fosse de proposito. Te ouvi contar seus defeitos e enfatizá-los. Vi sua graciosidade jogando, te vi imbatível e tive a surpresa de descobrir que eramos da mesma cidade. Naquela noite na sala de jogos você me deixou louca Marcela.
Sorrimos nessa parte, os olhos faiscando com as lembranças.
- O seu provocar - roçou seus lábios nos meus - me deixou de uma forma que nunca imaginei que fosse possível. Eu queria você. Mas fiquei com medo, a insegurança me tomou. Achei que ficaria brava mas você continuou me tratando com carinho. No outro dia eu fiquei morrendo de ciúmes da sua amiga, eu não queria ter aquele sentimento, me sentia uma idiota, mas não pude controlar. Você me encontrou e pela primeira vez disse algo que concretizasse o que sentia por mim, eu me senti tão bem, tão leve. Mas entao de noite, quando eu fui te encontrar eu vi você beijando a Victoria.
Abri minha boca para protestar mas ela falou antes.
- Depois que descobri que ela te agarrou. Mas na hora eu não sabia. E foi ai que fiz a besteira de beijar o Mateus. Foi num impulso, só queria afogar aquela confusão de sentimento. No dia seguinte você sumiu ele disseram onde estava, eu não queria mas mesmo assim fui atrás de você, fiquei preocupada. Quando te encontrei e você foi de certo modo fria comigo eu vi que o "nós" não existia. Só depois descobri que assim como eu te vi com sua amiga você me viu com o Mateus. Eu estava me conformando que só teria sua amizade e tentei seguir saindo com ele, mas me pegava pensando em ti a todo momento. Ontem a noite eu falei para ele que não aguentava mais, que minha alma ja pertencia em alguém, foi nesse momento que te vi vindo em minha direção e caindo. Fiquei agoniada, achei que tinha acontecido o pior, te vi bebendo e pensei ate na possibilidade de overdose.
Ela fez cara de brava e eu sorri, pois seus olhos denunciavam a brincadeira.
- Foi naquela noite na enfermaria, enquanto você dormia que sua amiga me esclareceu tudo, todo o mal entendido. Claro que antes eu fui tirar situação e mande ela cuidar da namorada dela. - sorriu - Fiquei la, queria estar presente quando você acordasse para poder ver os olhos da menina que eu estou apaixonada se abrirem. Precisava te contar tudo isso Marcela porque eu não aguento mais ficar longe de você. Eu te quero tanto, te quero comigo, quero ser feliz do seu lado e quero te fazer feliz. Eu quero..
A falei com um beijo. Meu peito explodia de felicidade e sorria durante o beijo. Passava as mãos em seus cabelos e ela em minhas costas. E naquele momento o mundo poderia acabar.
