Alex esperou pacientemente a cirurgia acabar, demorando horas observando a porta do quarto dela. Quando achou que podia, entrou.
Anna estava com o rosto e partes do corpo coberto por gazes e faixas. Respirava por uma máscara de oxigênio no rosto, estava desarcordada.
- Dormindo assim até parece gente. - Contornou o rosto de Anna com os dedos da mão, delicado. - Minha irmã está morta, porquê eu deveria deixar você viva?
Tirou a máscara de oxigênio, desceu as mãos para o pescoço dela, apertando. Ele tinha pouco tempo, a máquina apitava com a falta de batimento cardíaco...
Sorriso no rosto, Anna não demonstrava qualquer reação.... A porta do quarto abriu-se bruscamente, Fernando deu uma chave de braço no pescoço de Alex, derrubando no chão, rolando em uma disputa de força. Enquanto isso o médico e enfermeiros tentavam estabilizar a paciente.
______________________________________________________________________________
Leninha foi autorizada a ver Anita de manhã, ela estava acordada e perguntava pela mãe insistentemente. Ela não sabia o quê dizer a criança, soube sobre os boatos de que Marina estava no barco que explodiu, mas não tinha certeza.
- Sinto muito, ela ainda não ligou. Houve um acidente no rio, a ponte está bloqueada não dá pra ela voltar.
- Eu sinto que ela não está bem...
- Fique calma, ela vai voltar assim que puder. Você vai fazer uns exames, vou estar aqui quando você voltar.
- Meu tio não veio?
- Ele está preso.
- Demorou. Ei, não chora, gosto muito de você Leninha. - Beijou o rosto da acompanhante.
Com o prontuário de Anita em mãos optaram por novos exames, a situação da criança não estava nada bom e o pior, o SUS demora para disponibilizar uma cirurgia de tamanha magnitude.
______________________________________________________________________________
Marina viu a bomba, restavam 7 segundos para explodir, lutou aos socos com um homem para se manter de pé... Conseguiu chegar à uma janela e pular, no exato momento que as chamas consumiram toda a embarcação.
Fragmentos de madeira voaram, uma dela bateu contra a cabeça de Marina desmaiando-a na hora.
Seu corpo flutuoou pelas águas do Rio Paraná até chegar em uma margem, sendo levada para uma cela ainda desacordada.
Acordou suando, sentia seus braços e pernas arderem, inchada. Estava queimada, sentia muita dor, foi levantada do chão pelos cabelos, segurou as roupas colocadas em suas mãos, sem vestindo com a ajuda de uma das mulheres.
- Cinco minutos e quero vocês no caminhão. Aqui não é uma colônia de férias. - Disse olhando para Marina, saindo.
- Onde estou?
- Não faça perguntas, apenas trabalhe. Se tentar fugir de novo essas queimaduras serão poucas coisas comparado ao que farão com sua família.
- Meu Deus... Anita! Tenho que sair daqui.
- Não! Fica calma. Vamos pra roça cortar cana.
- Você não entende, minha filha precisa de mim. Eu não trabalho no corte de cana, não sei o que estou fazendo aqui.
- Vamos, atrasos deixa o Urso bravo. Não faça isso, ele te estupra, mata e põe seus restos pro cachorro comer.
Marina resolveu ficar quieta, iria para a roça, trabalharia enquanto observaria a melhor forma de fugir. O dinheiro foi depositado em sua conta quando saiu da fazenda com a droga, Anita seria operada, mesmo se não conseguisse fugir, bastava uma ligação para salvar definitivamente a vida de sua filha.
______________________________________________________________________________
Alex foi preso, Fernando cuidou de Anna pessoalmente. Pediu uma ordem no comando do quartel para transferi-la para lá, tinham suporte e lá ela estaria protegida. Concedido, a ambulância a transportou para o Quartel, instalando a paciente na enfermaria.
Anna acordou delirando diversas vezes, chamando por Marina.
- Minha amiga você vai ficar bem, vou cuidar de você. Quantas vezes você me salvou? Então... Seja quem for esta Marina, deve ser uma boa mulher, pois mesmo inconsciente ela te faz sorrir. Será que enfim você se apaixonou? Acorda logo, estou morrendo de curiosidade. - Se sentou na cadeira ao lado da cama, lendo um livro.
______________________________________________________________________________
Alex foi colocado em uma cela com antigos desafeto, os policiais receberam ordens para tornar a vida dele um inferno dentro da cadeia. Não ocultaram o fato dele ter sido preso acusado por ser o culpado de mandar pôr a bomba no barco explodido no Rio Paraná. Muitos dos presos no presídio em Foz do Iguaçu tinham parentes no exército, mortos ou feridos no atentado, imigrantes paraguaio presos o jurou de morte enquanto era levado à cela, no corredor, imploravam para jogarem Alex em suas celas.
Mal pisou no chão dentro da cela começou a apanhar, foi despido e obrigado a fazer sexo com 20 homens. Retiram ele da cela somente quando acabou a tortura, Alex sangrava pelo ânus, estava muito machucado, desmaiado em uma poça de vômito.