9. O fim?
A chuva caia quando Nico correu em direção ao homem vestido com uma capa preta, vale lembrar que depois que Mike viu quem era o assassino, ele saiu correndo para salvar Tio (mas não conseguiu), portanto não compartilhara com Nico a fisionomia da coisa sem rosto. Para o Lobo aquele lá longe era apenas um visitante a procurar de informações, e logo Nico não poderia deixar outro Lobo atacar ninguém. Ainda mais com tudo o que estava acontecendo.
— Você ai — disse o vulto. Uma voz quase sem forças e ao mesmo tempo totalmente do mal. Nico bateu com as batas no chão e bufou. O homem ficou meio de costas e meio virado para frente. — Eu lhe disse que se continuasse atrás de mim iria morrer.
Foi então que os olhos do Lobo brilharam. Primeiro de medo, pois agora ele sabia que estava diante daquele de conseguira passar por Mike. E segundo: por o ódio, agora, ele poderia vingar o Tio, mesmo que... Mesmo que para isso lhe custe à vida.
Nico correu tão rápido que o homem não teve muito tempo para planejar o ataque.
Quando o assassino percebeu já estava com presas em seu braço. Voltando mais um pouco vamos ver porque ele perdera um pouco da sua velocidade.
Quando Mike chegou, o assassino tentou invadir sua mente, mas com ajuda de um amuleto, Mike conseguiu impedir o controle mental por alguns instantes, fazendo da mente do inimigo um poço de loucura e conseguiu dar alguns golpes, porém, sendo mais forte que o encantamento do amuleto. O assassino conseguiu se livrar e entrou na mente de Mike mais uma vez e o fez cair duro como um morto. E assim ficaria, até que alguém algum dia matasse o mestre de sua mente. Nico não poderia saber, mas estava lutando para se vingar da morte do tio e também lutando para reviver Mike, que ficaria duro para sempre se ele falhasse.
Voltando aos nossos lutadores. Quando recuperou um pouco de sua velocidade, o sem cara deu uma longa sequencias de socos sobre o focinho cumprido. Mas de nada adiantou, mesmo sangrando, Nico não se moveu. Ele tentava, agora, conseguir colocar as patas em volta do corpo do homem, e por fim furar sua barriga tirando todas as tripas para fora.
Quase conseguiu.
Quase mesmo, mas ao perceber que seria estripado, o homem correu em direção a grande pedra e se chocou contra ela. Um som forte ecoou na floresta e um corpo foi ao chão. Era Nico desorientado.
O ferimento no braço do outro logo se curou. E ele se curvou para a lua escondida e deu mais um uivo. Quando olhou para Nico, estava com um focinho no rosto desfigurado.
Tratava-se de um híbrido — para os que não sabem. Híbridos são a mistura de Vampiro com Lobisomem, em uma só criatura. E o assassino era um dos híbridos mais antigos da terra. Pode se dizer que era um dos filhos dos primeiro Lobos que existiu.
Mata-lo? Difícil, mas não impossível.
***
— General — se apresentou um soldado. Hank lhe fez um gesto com a cabeça. — Achamos mais dois corpos na ultima casa da Rua Rafis.
— Estão vivos? — quis saber o homem olhando para a floresta, de onde acabara de sair mais uivos.
— Negativo senhor — disse o soldado e se afastou. Com um olhar diferente.
Isso fez com que o General entrasse porta adentro. Os corpos estavam no mesmo lugar. Mike jogado ao lado da porta e Tio recostado a parede da sala, ainda segurando o pedaço de bolo. Que nunca iria comer. Agora o cheiro do sangue já era sufocante.
— Porque este não está ferido? — perguntou a loira, olhando para o corpo de Mike.
— Não sabemos — falou o cientista James, que estava na casa há pouco tempo. — Mas está morto. Achamos que era uma criatura, porém tentamos de tudo para acorda-lo, mas não funcionou. Ele realmente está morto!
— Está enganado — contradisse o General se colocando de joelhos. — Ele é um os frios. Se não aconteceu nada com ele é porque já estava morto quando tudo aconteceu. Mas vai se levantar a qualquer momento.
— Senhor — indagou a mulher. Queria saber me medidas tomar. Seus olhos não saiam da pele de Mike, mesmo naquela situação ele ainda tinha influencia sobre qualquer um. Sua beleza despertou desejo em todos, não carnais como na mulher. Mas desejos variados para cada um dos presentes. No cientista desejo de conhecer coisas novas, no General desejo de luta.
— Queimem a casa com todos dentro — e todos saíram.
Os únicos que voltaram foram para jogar gasolina no chão de madeira. Ah é, não lhes contei sobre a estrutura da casa do velho Tio. Era toda de madeira retirada da floresta a mais de cem anos. Uma preciosidade como tantas outras propriedades espalhadas por Fizadih. O cheiro de gasolina cobrio o do sangue assim que se misturaram no piso. Quando terminaram, um dos homens acendeu um fósforo e o jogou no chão. As chamas tomaram toda a casa de imediato. Em menos de 20 segundos tudo estava pegando fogo, inclusive o corpo do Tio. O quarto de Nico, onde passara a maior parte do tempo com Mike, era o que mais queimava.
— Agora temos que ser cautelosos eles estão na floresta. E podem estar agindo em bando ou brigando entre eles. Então matem a primeira coisa que viram, pois se estiverem em bando será difícil — aconselhou/ordenou o General subindo no seu jipe. Com ele foram à mulher e o cientista.
Vários carros o seguiram logo depois que ele saiu.
Deixando para trás a casa em chamas. A varanda caiu antes que eles entrassem na trilha da floresta. Se Mike ou Nico pudesse vê-la, agora, com certeza ficariam tristes ao ver o primeiro lugar onde se encontraram ser destruído, assim como todo o resto.
***
Nico, ah coitado Nico, já levara uma surra daquelas do outro Lobo. Seu ódio sem controle deu lhe uma grande desvantagem. Era certo que ele iria morrer ali. Caído ao lado da pedra. Ele olhou para cima e se viu ali muito tempo atrás e ao seu lado estava à pessoa mais importante para ele.
Dizem que quando se está perto da morte se passa um filme em nossa cabeça. É claro que com Mike não poderia ser diferente. Tudo apareceu como em um sonho confuso. Lá estava ele no ginásio de frente para um estranho, muito bonito. Depois seus pensamentos estavam na pedra e sua conversa com Mike. Dali, ele se viu no quarto, todas as horas que passou ao lado do amado foram perfeitas.
Todavia não teve muito tempo para pensar nisso.
Ouviu-se um grito. A chuva ainda caia quando o homem parou na sua frente. Simplesmente parou com a mão acima da cabeça, pronta para retirar o coração de Nico.
Voltando um pouco e olhando pelos olhos de Nico. Vemos quando o homem se aproxima e uma mão entra no meio do seu peito. De imediato essa mão encontrou o coração e o esmagou ali mesmo no meio da carne sangrenta.
O híbrido se achava tão superior que se esqueceu de que também tinha um coração no peito e que poderia ser arrancado — como ele fazia com as vitimas —, logo não colocou nenhuma atenção nessa parte do corpo.
— Filho da puta! — gritou Nico. — Morra seu desgraçado — agora ele jogava o coração negro entre as folhas encharcadas.
Não se contentando, ele se pôs em cima do cadáver e começou a gritar enquanto arrancava pedaços do assassino nos dentes.
Estava feito. O assassino finalmente morreu!
Seu controle mental com Mike fora quebrado um pouco tarde. A essa altura as chamas já tinham queimado boa parte do corpo de Mike.
— Ali está — disse o General vendo a cena de um Lobo comendo o outro. Em silêncio, ele pegou a arma e colocou sobre a porta do jipe. Mirando diretamente o centro das costas de Nico. — Só mais um segundo... Iii... Foi!
Um som ecoou entre as árvores. Pássaros que acabaram de se acalmar dos uivos, cortaram o céu chuvoso mais uma vez.
O tiro foi certeiro. Nico caiu de costas. Sua forma humana chegou mais rápido que antes e sem lhe causar dor. Ele só sentia o frio e a chuva cair sobre seu lindo rosto.
— Mike — disse ele baixinho olhando para o céu.
Enquanto os soldados e o General caminhavam de encontro com o corpo. O céu se abriu e as estrelas se mostraram. Lá estavam, seu pai e sua mãe ao lado da lua. Que era uma grande bola branca no céu.
Nico não sentiu mais nada quando uma segunda bala de prata entrou no seu peito. Seus olhos se fecharam.
— Está morto — confirmou a loira tomando o pulso do jovem homem.
— Vamos leva-lo para o laboratório e examinar a estrutura genética — disse o segundo homem mais importante entre eles. James!
— Faça como quiser doutor — falou Hank olhando para a criatura e deu um chute para confirmar mesmo o falecimento, e nada aconteceu. — Meu trabalho é matar, eu deixo as experiências em laboratório a você.
Continua...
