Ela estava abatida, e eu não entendia nada daquela reação.
- Você quer saber o motivo?... Você e o Felipe não são primos... Vocês dois são Irmãos!
- Hã? – eu congelei completamente.
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- O que a senhora está dizendo? – eu não consegui associar as palavras dela. Aliás, eu não conseguia raciocinar direito. Por um momento, eu sentir uma dor de cabeça tão forte, que parecia que eu fosse explodir!
- Isso mesmo que você ouviu Fernando. Você e o Felipe são irmãos!
- Para com esta palhaçada mãe. Para de querer inventar coisas! – eu dizia pasmo.
- Eu não estou inventando! – ela começou a chorar. O Felipe também é o meu filho. Eu dei ele para sua tia, quando eu fui morar fora do Brasil. Ela prometeu que iria cuidar dele como se fosse filho dela. Quando eu voltei, o Felipe já a chamava de mãe. Resolvemos deixar as coisas daquele jeito.
- Diz pra mim que tudo isso é mentira! DIZ PRA MIM!!! – eu gritei. Ajoelhei aos prantos no chão. Meu mundo havia desabado. Eu suei frio, meu corpo não respondia aos meus comandos... Fiquei em estado de choque! Eu não podia acreditar que o meu namorado; o cara que eu amava tanto fosse o meu irmão.
- Resolvemos esconder isso de vocês, para preservar a nossa família. Eu sempre sofri com isso. Me martirizei durante todo esse tempo, sofrendo por dentro, vendo você e o seu irmão crescerem juntos, e terem de conviver como primos... Você não pode se envolver com ele. Seria um pecado mortal!
- A senhora mentiu pra mim. Enganou a mim e a Natasha... Os seus filhos... Eu não mereço isso que está acontecendo. Eu jamais iria imaginar que fosse passar por isso. A senhora não tinha este direito. NÂO TINHAA!
- Eu já desconfiava da proximidade de vocês dois... Do jeito como o Felipe te olhava e que você olhava pra ele. Esqueça-o! Procure outro rapaz meu filho.
- Não encosta em mim! A senhora sabe como eu estou me sentindo por dentro? Meu coração está em farelos... A minha alma esta atormentada! Por sua culpa! – eu secava minhas lágrimas que insistiam em não parar de cair. Pensa que é fácil esquecer alguém de quem você ama tanto? Hein? Eu não vou aceitar esta condição! Eu nunca vou te perdoar! NUNCA!
- Não fala isso meu filho. Eu fiz isso por amor ao Felipe. Eu era muito nova e não podia levá-lo comigo para o exterior. Como eu ia trabalhar com um bebê pra cuidar? Eu recebi uma proposta ótima! E a minha irmã se propôs a cuidar do Felipe! Estava sendo difícil pra Kátia engravidar, e como ela era a minha irmã, fizemos este acordo de que ela cuidaria do Felipe como se fosse o seu filho.
- E aí você resolveu persistir nesta mentira por todo este tempo? Você resolveu enganar os seus filhos, acreditando que o primo que éramos mais apegados, na verdade é o nosso irmão. Você está errada! Nada do que você fala, justifica o que você fez. Meu Deus! – eu levei as mãos à cabeça, querendo acreditar que tudo aquilo fosse um pesadelo, e que eu iria acordar depois.
- Você vai acabar me entendendo. Eu fiz o melhor naquela época. E eu não deixei de amar e dar carinho ao Felipe, mesmo vivendo como se fosse a tia dele.
- Eu preciso sair. Estou sufocado por dentro. Eu nunca vou te perdoar. Hoje é o pior dia da minha vida.
Eu me joguei na rua, sem rumo, com o meu coração dilacerado. Aquela revelação não saia da minha cabeça. As pessoas na rua me olhavam e viam a minha dor, o meu sofrimento. Eu queria morrer! Como ia ser daqui pra frente?
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- Oi mãe! – o Felipe abriu a porta de casa com cuidado. Percebeu o silêncio no ar. Levou um susto, ao fechar a porta e ver a sua mãe escorada na parede, com o rosto abatido.
- Porque você nunca me disse nada? – disse ela com a voz embargada.
- Oi Mãe! Que susto! Dizer o quê?
- Que você gostava de homens?
O Felipe levou um choque com a forma direta de suas palavras.
- Mãe...
-Não adianta me enrolar, nem querer justificar nada. Eu já sei de tudo! Você e o Nando... Meu Deus! Você virou um pervertido. Meu filho que tanto amo, se envolvendo com outro homem... E da mesma família.
- Mãe, calma. Não precisa ficar nervosa. Vamos conversar e eu explico tudo.
- Você está namorando a Paloma. Uma garota tão doce e educada. Isso só pode ser loucura da sua cabeça. Seu pai vai morrer quando ele souber. – ela aumentou a voz.
- Não é loucura nenhuma mãe. Eu amo o Nando. Somos namorados. – ele desabafou. Escondeu sua opção por tanto tempo, mas agora não dava mais...
- Não diga isso! – ela deu um tapa na cara do filho! Nunca mais repita isso! – ela se descontrolou.
- Mãe, eu não posso viver escondido, fingindo ser quem eu não sou. Eu sei que é difícil pra senhora aceitar isso, mas...
- Isso é pecado! É... Repugnante... É nojento.
- Não, não é! Vocês pensam que dois homens não são capazes de amar. Quê isso mãe? Hein? Então quer dizer que todo o carinho e amor que a senhora sente pelo Nando, o seu sobrinho, é tudo falso?
- Eu não disse isso! Eu só não quero que você seja gay! Eu não quero, não aceito! Você vai me dar netos! E com a Paloma.
- Mãe, eu amo o meu primo! É com o Nando que eu quero viver.
- Vocês não são primos! São irmãos! Vocês são irmãos!
- O quê? – Que papo maluco é esse?
- Isso mesmo que você ouviu. O Nando é seu irmão. Você não vai se envolver com o próprio irmão.
- Mãe, quer parar de loucura? A senhora tá me assustando. De onde a senhora tirou esta palhaçada?
- Eu estou falando sério. Uma hora dessas, ele deve está arrasado, porque a Sandra deve já ter contado para ele.
O Felipe começou a mudar o semblante. Ele viu que o assunto foi ficando sério, e pegou o telefone de imediato, e ligou para o Nando.
- Só dá caixa postal. A senhora tá louca. – ele andava de um lado para o outro, com o celular ao ouvido. – Eu não vou acreditar nesta loucura. A senhora quer me ver longe do Nando, mas não vai conseguir. – ele abriu a porta e saiu, aos berros dela.
- Volte aqui Felipe! – ela se jogou no sofá e chorou.
Felipe foi atrás do Nando, totalmente atordoado com tudo aquilo. A conversa com sua mãe foi mais difícil do que ele pudesse imaginar. Percorrendo a orla de Copacabana, ele por sorte, avistou o Nando ao longe, sentado na areia.
- Oi meu amor. Que bom que eu te achei. Porque não atendeu as minhas ligações?
O Nando permaneceu imóvel, sem dar uma palavra. Ele estava acabado. Destruído. A dor que estava sentindo era tão profunda...
- Ei! Estou falando com você. – o Felipe se aproximou para beijá-lo, mas o Nando se esquivou. – O que está acontecendo? – Felipe não quis acreditar no que a sua mãe havia dito.
Nando olhou dentro dos olhos dele, e as lágrimas começaram a escorrer em seu rosto. Olhar para o Felipe, e se lembrar da noite que tiveram na região dos Lagos... Da promessa que fizeram um ao outro... E olhar para o horizonte, e ver que tudo não passou de uma ilusão.
- Não, Felipe. Não me beija. – Nando o empurrou.
- Por acaso você está assim, por que...
- Somos irmãos Felipe! Irmãos! – Nando chorou.
- Você não pode acreditar nesta loucura. Isso é uma invenção maluca da minha mãe.
- A minha mãe me disse tudo. Ela me contou tudo. Eu estou com um vazio aqui dentro de mim... É como se tivessem arrancado a minha alma.
- Eu não vou acreditar nisso. Tá na cara de que é uma farsa. – ele se aproximou novamente do Nando.
- Não é uma farsa. É uma maldição do destino! Nós não podemos mais ficar juntos... Você entende?... – foi difícil para ele dizer aquilo.
- Não! Não! Eu te amo. Eu te amo Nando.
- Você não pode me amar nesta intenção. Somos irmãos!
- Não somos! – o Felipe gritou muito! Levou as mãos a cabeça, olhou pro céu, se desesperou.
- Eu estou tão mal quanto você. Você acha que vai ser fácil pra mim, transformar este amor que eu sinto por você, em um amor fraternal? Eu quero morrer!
CONTINUA...
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Olá galerinha. E aí? Estão gostando? Poxa, que difícil para os dois hein? Mas a vida nos surpreende. Como será que este sentimento lindo vai sobreviver a estes impasses da vida? Continuem lendo e comentando. Beijos!!!