4. Enamorados.
Mike se alinhou no meio de uma árvore e ali esperou alguém passar, perto de uma rua sem iluminação, seria fácil pegar alguém pelo pescoço — sem quebra-lo — e joga-la bem ali mesmo, no beco, do outro lado da rua. Mas quando um jovem passou ouvindo sua banda de rock favorita — Nickelblack — com a música mais perfeita para seus ouvidos — Far Away — e ele não se moveu nenhum centímetro para levar o corpo forte até o beco e matar sua cede, quando essa passou, ele percebeu, enfim, que não estava com fome, sua garganta ardia por uma causa desconhecida, ou já esquecida, seu “coração” estava acelerado por um motivo desconhecido, e ele varou a noite com essas sensações peculiares. Ele era distraído quando os primeiros raios de sol tocaram sua pele. Sem se mover ele deixou-se queimar, sobe uma linda luz, sua pele pálida, de repente estava marrom, preto, cinza, vermelha, em brasas, e ele sumiu, no raiar do dia, entre as sombras dos prédios da cidade que se despertava.
Recostado em seu colchão, Nico abriu os olhos, a primeira imagem que viu lhe trouxe um doce sorriso. Mike estava atrás da bateria, se lembrando da época em que era o baterista de uma banda na Inglaterra em 2001, mas saiu logo depois no ano de 2002 e se mudou para Moscou, onde aprendeu a patinação.
— O que vo-cê faz aqui? — quis saber Nico, ainda com seu sorriso forte. Sua voz falhou quando ele disse a palavra você, pois ainda era sonolento.
— Eu não quero destruir nosso acordo — Mike deslizou até a beira da cama, sem o menor barulho, o que o corpo de Nico, enquanto na forma humana, jamais iria conseguir fazer. Ali ele se sentou. E esperou o tempo passar.
— E ao seu lado, minha cede fica sufocada, eu sinto outras necessidades além de cede, então para não matar ninguém, eu corri para seu quarto, enquanto você dormia — ele deu um sorriso triste. — Quase sinto inveja de você, por conseguir dormir, sonhar com coisas impossíveis — nesse final sua voz era um sussurro que só o ouvido de Nico ouviu. — Até mesmo para nós.
Sem saber bem quais palavras usar, Nico, ficou em silencio ouvindo seu coração bater e sua respiração desacelerar. Por fim, categoricamente, ele disse triste.
— Não tenha inveja — esse pedido era sincero. — Enquanto humano sou fraco e vulnerável, por isso não quero militares aqui, eles podem facilmente me levar, sou humano e fraco.
Os olhos de Mike faiscaram ao se encontrar o do Lobo solitário. Mike poderia jurar que sentiu seu coração bater forte.
— Eu já disse — interrompeu Mike com um sorriso, esperou por dois segundos para ver se Nico iria protestar, mas de repente Nico sentia que gostava daquela voz doce, o halito perfeito, como tudo nele. — Você não é fraco e... Mesmo que os militares venham, eu vou estar aqui para proteger você.
Por instinto os dedos frios e longos de Mike voaram para o rosto daquele para quem ele prometera segurança eterna. O outro afagou sua mão na mão gelada, que fez seus pelos irisarem.
— Promete? — perguntou Nico por fim, cedendo à vontade de ficar ouvindo a voz dele por horas seguidas.
— Com a minha vida — prometeu Mike pegando a mão de Nico e a beijando.
O beijo demorou mais que o normal, mas nenhum dos dois se importou com isso.
— Então — falava Nico se sentando na cama. — Quais são os outros sentimentos que sente quando está comigo?
Demorou muito até o silencio foi quebrado por uma confissão apaixonada. Mike tentou explicar que: para um vampiro as emoções são diferentes, quando se sente raiva de uma pessoa se sente muita raiva, e geralmente essa pessoa acaba morta, e quando ele está com fome, à fome é inumana e precisa ser saciada logo. E descobrira há poucas horas que: quando se ama, a pessoa amada por um vampiro vira a coisa mais importante nesse mundo, até mais importante do que a sede, ele até poderia ficar anos sem nenhuma gota de sangue, desde que, esteja com a pessoa que ele ama. Também explicou e pediu para Nico não ficar com raiva, porque isso era fora de controle, e se fosse do agrado de Nico, Mike poderia ir embora, e só voltar depois de 100 anos, quando Nico já estiver morto pelo tempo. E no final, envergonhado mais que tudo, com os olhos em um tom rosa bebê, ele confessou que não atacou um jovem está madrugada, a primeira vez em 80 anos.
Nico estava com os olhos brilhando, também se sentia assim em ralação a ele, sentirá algo forte de mais por ele, claro que era o poder do caçador o atraindo, mas tinha algo a mais, e agora sabendo das intenções de Mike, foi mais fácil sentir o gosto do maravilhoso garoto, de 800 anos.
— Estamos em um impasse — terminou Nico, quando Mike não conseguiu mais falar.
Deliberadamente ele puxou o corpo musculoso e frio para perto de si. Sem pensar duas vezes colocou a mão na cintura de Mike e deixava a distancia cada vez menor. Foram se aproximando. De um lado um vampiro loucamente apaixonado e do outro um lobisomem solitário, que estava perdidamente enfeitiçado pelo seu inimigo natural. E aconteceu, os lábios selados pelo amor entre dois jovens enamorados, que desistiram de lutar contra seus instintos.
Nico levou seus lábios um pouco à cima dos caninos de Mike e, se cortou de propósito, nas navalhas mortais. Ele não sentiu dor, sem poderia, estava em êxtases. O sangue logo estava escorrendo para a garganta de Mike. Seus olhos não tinham cor, estavam simplesmente transparentes. O sangue continuou saindo enquanto o beijo era eternizado com um abraço descontrolado.
Nico estava tomando conta da situação, pegara o corpo de Mike com facilidade e trouxera para seu colo. Ali ele cortou outro lado do lábio, pois o primeiro fora curado rapidamente — se curar em questão de segundos, coisa de lobo.
— Pare! — arfou Mike, quando percebeu que estava sem blusa, e com a uma mão em seu zíper. — Não quero fazer isso, não agora, sem antes conhecer você de verdade, sem antes de me declarar com uma carta de 10 folhas, espere estarmos unidos para sempre. Não quero fazer isso sem antes ouvir que me ama, como eu lhe amo.
— Eu — Nico estava suado, uma reação humana a excitação. Seu corpo ofegante nunca esteve em uma situação como essa antes. Seu coração martelava como louco. — Mike, eu te amo — disse ele coma voz forte e confiante que faria qualquer marmanjo estremecer.
— Nico, eu lhe amo — disse Mike voltando a beijar os lábios com sangue de Nico.
— Eu estou ouvindo tudo daqui — grito o tio de Nico parado ao lado da porta, os dois pares de olhos, inumanos, dentro do quarto logo viram sua sombra próstata ali. — Vai se atrasar para a escola!
Os dois se sentaram sentados em menos de um segundo, Mike na frente abraçando o corpo de Nico, que beijava suas mãos longas. Conversaram por algum tempo e nem perceberam que agora o sol era forte.
— Não vou ao colégio, tio — avisou Nico, olhando para os olhos de Mike. O pálido sorriu torto e o puxou para um beijo.
O tio de Nico, ouvindo os estalos altos que Mike fazia propositalmente, se afastou da porta, sem saber o que estava fazendo. Mike entrara em sua mente e o fizera sair de casa para ir ao trabalho.
O tempo passou e os dois ficaram se descrevendo simultaneamente um para o outro. Fazia tempo que Mike não conhecia alguém que falava rápido como ele. Se divertindo ele aprendeu a ouvir outra pessoa. Na verdade aprendeu a ouvir um meio humano e meio lobo.
Nico ouvia apaixonado a voz rouca de Mike, quanto mais ele falava mais grave sua voz ficava — sempre falar mais alto que a presa, coisa de vampiro —. Depois de um tempo Nico deitou seu parceiro sobre os lençóis e tirou sua blusa, desta vez sem segundas intenções (e Mike viu isso em seus olhos e com um sorriso cedeu) e depois de cheirar deliberadamente a fragrância da seda, ele a colocou de lado e se deitou sobre o corpo gelico. Produzindo calor acima do normal — coisa de lobo — ele esperava conseguir aquecer a pedra de gelo, debaixo dele, um experimento inovador.
— Sem as roupas funciona melhor — comentou Nico quase desistindo da ideia.
— Não funcionou — disse Mike triste.
Mesmo não dado certo e desisto da ideia, ambos não se moveram, ficaram parados ali, juntos. Se olhando pelo tempo que nenhum dos dois conseguir marcar.
Até que a barriga de Nico protestou de fome, e ele teve que sair da posição prazerosa. Com tristeza, ele se arrastou até a cozinha e pegou um grande pedaço de carne, quase um quilo. Em 30 segundos ele o comeu. De repente, ele se lembro de que não tinha escovado os dentes.
— Aconteceu alguma coisa? — quis saber Mike, quando ele entrou no banheiro do quarto sem dizer nada e em uma velocidade acima da que saiu do quarto. Sem resposta, Mike foi até ele. Nico escovava os dentes com força.
— Ah, isso — disse o branco entendendo tudo. — Não se preocupe, você não tem o mau halito matinal de todo mundo — coisa de lobo, só cheirar mal na forma horrível, fora dela, não existia criatura mais cheirosa do que um lobo, até poderia passar dias sem um banho que seu cheiro era perfeito.
— Mesmo assim — disse Nico quando terminou. — Eu sempre faço minha higiene, é que você chegou e disse àquelas coisas que eu me esqueci do resto.
— Vem comigo para a cama — pediu Mike sumindo como se nunca estivesse existido.E sua voz se tornou um sussurro no ar.
Os dois dormiram juntos pelos próximos três meses, como um verdadeiro casal. Tudo era normal, sempre indo e voltando da escola de mãos dadas. Mike não era um hospede comum, não comia, não dormia, só gastava com os banhos que tomava com Nico, fora isso era um fantasma dentro da casa do tio de Nico. Com isso o tio não quis por o vampiro para fora — quem teria coragem de colocar o melhor caçador do planeta para fora de casa?! Melhor na mão do diabo do que no caminho dele, nesse caso no cardápio dele.