-Amanda. Você é perfeita. - Eu disse me levantando e dando um beijo no rosto dela.
-Eu sei nè amor, da licença. - Ela disse mandando beijo.
-Sua vadia! Como conseguiu isso?
-Vadia ? Me devolve. - Disse ela tentando pegar o pen-drive.
-Garota linda, como conseguiu isso?! - Eu a encarava boquiaberto.
-Não foi difícil. Foi bem fácil. Eu a vigiei por dois dias. No segundo ela mostrou para o que veio. - Ela bufou.
-Mas como assim?! Como você conseguiu entrar no prédio dela? Como... como... conseguiu entrar na casa dela?
-Eu dei mole pro porteiro. -Ela bufou novamente e me encarou nervosa.
-Credo.- eu disse rindo.
-É. Ele era bonito, tinha 25 anos. Mas eu não peguei e nem quero. Eu consegui entrar la e gravar o vídeo. Ele me deu a chave extra da casa dela. E eu gravei tudo. - Amanda bateu nas minhas contas. - Anda.
-O que?
-Acaba com a vadia. Quero que esse vídeo seja como um vírus. - Ela disse com os olhos flamejantes em brilho intenso.
Eu abri a tampa do notbook e comecei.
Ela me encarou e sorriu.
Amanda fez uma cara feia.
-Credo Luca, que cheiro de sexo isso aqui ein. - Disse ela rindo.
-Seu quarto vive assim e eu nunda falo nada. - Respondi concentrado no que estava fazendo.
-Quem foi?
-O Edu.
-Eu sabia.
-Como? Sente cheiro de espermatozóide e identifica o dono, também? - perguntei teclando os comandos.
-Ele é boi magia. - Ela disse mordendo os lábios e encarando o vídeo em carregamento. - Joga no Youtube, X vídeos, Red Tube, Facebook, sei la querido, passa isso em seção 3D no cinema. - Disse ela rindo. - Essa vagabunda vai aprender a não mexer com a gente.
-Exato. - Eu sorri e nós batemos nossas mãos como um sinal de cumprimento.
'Amo coisas diabólicas.' Disse aquela voz irritante no meu subconciente.
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-Bem, acho que agora, é questão de tempo! - disse Amanda saindo da minha casa com um sorriso triunfante. - Essa vadia pão com ovo vai aprender a não mexer com a gente.
-Amanda. Você é maravilhosa! Merecia um beijo na boca e...
-FILHO! FILHO! A MÃE DE BRUNO QUER FALAR COM VOCÊ! - disse minha mãe gritando da janela.
Eu encarei Amanda boquiaberto.
Ela logo voltou e entrou pelo portão novamente.
-Vamos. Vai que é babado. - disse ela puxando meu braço e me carregando rumo a sala.
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Minha mãe passou a ligação para a sala e logo o telefone tocou.
Eu olhei Amanda pasmado.
-Que que essa raça foi se lembrar de mim da Argentina?! Eu tava tão bem! Estava até transando! - eu disse repugnando o telefone enquanto ele tocava. - Eu não vou atender. Não vou. - eu disse de braços cruzados.
-Luca! Atende! - Ela disse me sacudindo.
-Não! Eu não. - Disse me levantando.
Amanda nervosa , me encarou fervorosamente e pegou o telefone.
-Alô? - ela perguntou ao atender o telefone. -Oi! Saudades também! Ah? O que?! Não creio. O Luca? - Amanda me encarou com um olhar triste, lágrimas se formavam nos seus olhos e suspirou. Eu a encarei preocupado.
De repente meu coração bateu a mil e eu senti uma subida vontade de falar com a Fernanda. Eu puxei o telefone e suspirei fundo.
Amanda olhava para baixo.
-Oi? Alô? - Eu disse.
-Luca?! Oh. Graças a Deus eu consigui falar com você! - ela parecia preocupada.
-Ah... tudo bem tia Fer? - eu perguntei mexendo numa caneta que estava em cima do sofá.
-Não querido. Não está nada bem. Eu precisava... eu... - ela começou a chorar. - Precisava falar que... sabe. Isso é muito difícil pra mim. - Disse ela ainda aos prantos.
Senti meu coração bater mais forte.
-Tia. Diga logo. Eu estou apreensivo. - Disse encarando a janela.
-O Bruno meu amor. O Bruno. Meu Filho. - ela disse com a voz aflita. - Ele sofreu um acidente gravíssimo no Carnaval, sabe, eu não sei o que fazer. Ele está em coma já faz um mês. Passou por várias cirurgias, e eu estou desesperada. - Ela disse chorando. - Eu achei que deveria te contar , porque... ele chama o seu nome. Mesmo em coma.- ela prosseguiu essas palavras como um forte golpe no meu peito.
Lágrimas caíram nos meus olhos enquanto eu escutava atentamente as palavras dela.
-Eu vou ir ve-lo. - Eu disse enquanto encarava Amanda.
Ela me olhou surpresa, com os olhos esbugalhados.
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Logo o fim de semana chegou e eu anunciei para os meus pais que iria para a Argentina, apesar de um pouco de resistência, eles acabaram achando legal a minha idéia. Eu também consegui dar um jeito de carregar Amanda comigo, já que ela estava em recesso na faculdade. Não ficaria por muito tempo, pretendia voltar em dois dias. Mas meu coração precisava disso. Eu poderia ser um idiota por estar fazendo isso, mesmo, depois de tudo que ele me fez.
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-LUCA. VAMOS LOGO. VOCÊ É PIOR QUE EU PRA SE ARRUMAR! - disse Amanda gritando da sala.
-Espera! - eu disse descendo e tentando calçar o sapato ao mesmo tempo.
Eu peguei minha mala e beijei o rosto da minha mãe.
-Tá levando o passaporte? - disse ela me abraçando.
-Sim mãe. - eu disse fazendo bico.
-Cartão de crédito? Celular? Documentos? Tá levando tudo? Owwwnn , se cuida meu bebê. - Disse ela sorrindo.
-Verdade, eu dei meu cu pra conseguir esse passaporte em cima da hora, e convencer minha mãe a me deixar ir, pra ser barrada la? Não mesmo. - disse Amanda me puxando pelo braço. -Rápido! Eu vou dar o seu cu pra pagar o taxista. Que ele já está la a 5 minutos. - Ela disse irritada.
-Calma. Ui. Que mina chata. - Eu disse abraçando minha mãe mais uma vez.
Ela já estava acostumadissima com Amanda, já era algo normal para elas a idiotice de Amanda.
-Você também! Se cuida, desmioladinha. - Disse minha mãe rindo e beijando Amanda.
-Relaxa a pica tia, eu vou, porém, torce pra mim achar um argentino gatoso. - Disse ela pra minha mãe.
-Amanda. Acorda. Realidade. - Eu disse rindo e encarando ela.
Nós nos despedimos e entramos no táxi rapidamente, era um dia de semana, meio da tarde, o trânsito não estava intenso.
Eu encarava a janela apreensivo. De repente me bateu uma súbita vontade de desistir.
-O que foi? - perguntou Amanda me encarando.
-Não sei... só me bateu uma tristeza. Vontade de voltar. Arrependimento. Não quero sofrer mais com ele entende? - Eu disse encarando a janela.
-Sim... mas sabe Luca , eu acho que apesar dele ter sido um idiota , você está fazendo a coisa certa. - disse ela abrindo a bolsa e pegando algo que eu não sabia o que.
-Ah amiga, olha só, eu... estou triste por isso. Eu tenho medo de como ele deve estar.
-Mas o que aconteceu com ele? Eu se que ele sofreu um acidente. Mas ele está bem?
-Não. Ele está em coma. - Eu disse mordendo os lábios enquanto encarava ela.
-Mas como ele chama seu nome ?
-Não sei. Deve ser coisa da imaginação deles. - eu disse nervoso. Minhas mãos estavam asperas.
-Ou não. - Ela me ofereceu um Halls, eu logo aceitei. - Bem, e foi estranho isso, agora eu estou relacionando uma coisa.
-O que?
-Pensa comigo. O dia em que você passou muito mal, foi próximo ao acidente dele não foi?
-Não... o dele foi no carnav... É. Foi. - Eu disse pensativo.
-Ai credo. - Ela disse batendo no vidro do carro três vezes.
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-Estou nervosa. - Ela disse enquanto a aeromoça passava verificando os cintos de segurança.
-Nem me fale. Quero voltar. - Eu disse nervoso, minhas mãos tremiam desesperadamente.
-Ah. Agora pare de viadagem. - Ela disse suspirando e desligando o celular.
-Você é uma inútil. - Eu disse enquanto o avião já andava na pista de vôo.
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-LUCA. TO ME SENTINDO UMA DIVA. MEU DEUS. - ela disse enquanto esperávamos o desembarque das nossas malas.
Eu ri.
-Ainda mais escutando Jennifer Lopez e Pitbull. To com vontade de sair dançando pelo saguão. - ela disse mexendo a cabeça.
-Que música?
-Live It Up. Escuta. - Disse ela me emprestando o fone.
Eu peguei e escutei a batida da música, era bem diva mesmo, aquele som de champagne no refrão.
Recomendo, se você quer se sentir lindo e divo, indo pra fora do País, escute Live It Up.
Dica do migo.
Enfim, estávamos aguardando e eu olhava ao redor preocupado, esperando quem viria me buscar. Aquele lugar era bem mais bonito que o Brasil, Buenos Aires, o ar la parecia mais diferente, abafado, não sei explicar.
-Muy Bien. - Respondeu Amanda, em um portunhol de araque para a moça que trouxe nossas coisas, pegamos um carrinho e caminhamos pelo hall. Era fácil se comunicar ali, para Amanda era algo forçado, ela falava inglês, eu falava espanhol, italiano e um pouco de Alemão. Porém, detestava o inglês. Já cheguei até a fazer mandarim.
-Luca! - Gritou César do outro lado do hall.
Eu encarei ao redor tentando acha-lo.
Logo eu o encarei e ele sorriu, vindo em nossa direção.
Eu o abracei e ele abraçou Amanda.
-Garotos! A quanto tempo! Que saudades! - ele disse passando a mão em nossas cabeças.
-Então, como o Bruno está? - eu perguntei o encarando sério.
-Ele ainda está em coma na UTI, ele não se mexe, não fala, não se movimenta, está assim a um mês. - Ele disse nos olhando apreensivo.
-Eu preciso ver ele. - Eu disse puxando a mala enquanto andavamos pelo saguão.
-Calma garoto. Calma. - Disse César em um sorriso amistoso.
-Genten. Olha que gente linda. Meu Deus . - Disse Amanda com os olhos brilhantes encarando o aeroporto de Buenos Aires.
-Ai ai nè Amanda. - Eu disse a encarando sério.
Ela arrastou as malas para o porta mola com César e logo estávamos indo rumo a casa deles.
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-Seja bem Vindo Luca, é sua casa também. - Ele disse piscando para nós. - Fernanda! Amor! Bruna! Eles chegaram! - disse ele gritando da sala enquanto entravamos no apartamento.
Bem.
Era enorme, e luxuoso também.
Amanda sorriu para mim meio sem graça.
-Luuuuuuuuc - gritou Bruna vinco em minha direção e me abraçando.
Eu agachei e beijei seu rosto.
Olhar seu rostinho fofo e delicado me lembrava muito a ele.
Eu suspirei e a abracei novamente.
-Estava com saudades. Tenho que te mostrar meu quarto novo, e o montão de boneca que papai me deu. - Disse ela rindo e pegando na minha mão. Ela olhou para Amanda. - Oi! - E logo foi abraçar Amanda também.
Tia Fe logo veio atrás.
Ela estava bela, porém, estava com uma aparência triste.
-Ola querido! Você veio! - Disse ela me abraçando. -Amanda! Oh! Como está linda! -Ela disse beijando Amanda.
-Amor. Vou voltar para o hospital, vou voltar, tenho plantão e preciso ver se houve algum progresso. - ele disse nos encarando com um olhar caridoso.
-Tudo bem amor. - disse ela piscando.
Aquela família já não era mais a mesma. Eu sentia um enorme vazio ali, e em mim também.
Eu a encarei.
-Oh. Vamos querido. Vou levar vocês ao aposentos. - Ela sorriu.
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Eu e Amanda estávamos silenciosos. Tia Fe estava na casa fazendo seus afazeres e Bruna brincava eu outro canto.
Eu suspirei fundo e sai do quarto. Eu caminhei pelo corredor do apartamento, ao som de Stay -Rihanna ecoando profundamente na minha cabeça.
Eu cheguei de frente a uma porta e a abri.
Eu Sabia que ali era o quarto dele, eu sentia isso,estava escuro, a cama arrumada, o sol da janela queria penetrar por ali. Eu olhei os seus cabides, sua jaqueta e senti o cheiro de seu perfume, de repente tudo retornou dentro do meu peito como um flashback, doeu na alma.
Passei as mãos pelo sua mesa, seu notbook com a tampa baixada , ao lado, sua televisão e o seu tão amado x-box.
Sorri por um instante.
-Luca ? - perguntou Tia Fe.
Eu me assustei de um jeito tremendo mas a comprimentei. -Queria mesmo... falar com você. - Ela disse entrando no quarto e fechando a porta.
Ela me conduziu a cama de Bruno.
Eu me sentei e a encarei apreensivo.
-Você ama mesmo meu filho não ama? - ela disse sorrindo e passando as maos pelas minhas costas.
Eu a encarei boquiaberto. Sem.qualquer reação.
Meu coração palpitou a mil por hora.