Pessoal, primeiramente gostaria de me desculpar pela demora em voltar a postar. Neste final de semana fui para a casa dos meus pais, portanto não tive tempo para escrever. Como ainda não estou 100% fisicamente devido a um problema de saúde, estou um pouco limitado.
Estive vendo os comentários e alguns e-mails (os quais ainda não tive tempo para responder) e percebi que as opiniões de vocês leitores estão bem diversificadas.
...
_Ótimo! Eu estava mesmo querendo falar com vocês dois. E por que não ao mesmo tempo?!
Ninguém disse nada, apenas ficaram me observando.
_Qual seria o assunto dessa conversa entre vocês dois?
Mais silêncio.
_Olha, a questão é que eu não estou com muita paciência pra aturar duas pessoas que não me respondem. Vou perguntar mais uma vez: sobre o que vocês estavam conversando?
A Ana olhou para o Victor, que estava olhando para baixo.
_Conta pra ele Victor.
_Me contar o que?
_O que o Victor não está querendo te contar é que ele....
_CALA A BOCA! – pela primeira vez eu vi um desespero em sua voz – você não tem o direito de abrir sua boca pra contar a ele os meus assuntos.
_kkkkkkkk ora, que patético você se tornou Vitin. Nem parece você mesmo.
_Victor, o que está acontecendo?
_Rafa, eu já te disse que eu preciso de mais tempo para conversar com você sobre isso.
_O tempo acabou, eu já não aguento mais ver você fugindo do assunto.
A Ana, que estava assistindo tudo com um belo sorriso no rosto, resolveu intrometer-se mais uma vez.
_Rafa, a questão é que o seu melhor amigo está fazendo algo que certamente irá te deixar desapontado.
_Eu já disse para você calar a boca – disse ele se aproximando dela – e se você continuar me provocando, eu não vou me segurar. Vou esquecer que você é mulher e arrebentar a sua cara.
Nunca tinha visto tanta raiva nele. Ele tremia, a olhava com um olhar mortal, além de ficar sempre com os punhos fechados.
_Você é ridículo. Mas lembre-se que você está nessa situação por culpa própria. Não me venha com ameaças, quando na verdade você não está em posição para isso. Vou deixar vocês a sós. Sinto que o Rafael não está entendendo nada. Acho que a conversa de vocês será longa. Sendo assim, vou indo nessa. Até mais garotos.
Nisso ela foi se retirando do local. Mas eu ainda precisava conversar com ela.
_Ana, espere! Eu preciso conversar com você também.
_Isso pode esperar gatinho. Vocês precisam conversar a sós.
Ela saiu de lá rindo e olhando para o Victor. Antes de entrar no bloco do nosso curso, virou-se pela última vez e disse:
_Ah, Victor, “ele” ainda quer que você vá lá.
O observei e percebi que ele continuava tremendo e fitando o chão.
_Agora pode começar. O que está acontecendo?
_Me deixa.
_Você bebeu? Eu não sou qualquer um pra você ficar me ignorando. Me conta agora o que está acontecendo.
_Não.
Perdi a paciência. Segurei ele pelo braço e o levei até o meu carro. O coloquei lá dentro, entrei também, dei a partida e saímos do campus.
No caminho, ele não dizia nada. De relance percebi que ele chorava silenciosamente.
Dirigi até um bosque perto da casa dele. Descemos do carro e fomos caminhar pela trilha. Quando chegamos até um local calmo, sem ninguém por perto, nos sentamos no gramado à beira de um lago. Ele parecia mais calmo, porém ainda estava em silêncio.
_Pode começar.
_Eu... não quero.
_E eu já perdi a paciência com você. Primeiro você fica misterioso, foge das minhas perguntas, depois você transa com o meu irmão, e agora, você continua me ignorando. Você discute com a Ana a cada segundo, e diz não querer me contar o motivo por que não é nada relevante. Mas que porra é essa?? Eu quero respostas, e não saio daqui enquanto você não me contar tudo o que está acontecendo.
_Você é meu melhor amigo. Eu sei que estou estranho. Mas eu não quero conversar.
_Não me faça socar a sua cara. CHEGA PORRA!
_Vai em frente. Faça o que você tem que fazer.
Me levantei, o segurei pelo colarinho, e o encarei. Ele não me olhava diretamente, estava com um olhar vazio olhando para o horizonte.
_Cara, o que está acontecendo com você? Seja o que for eu posso te ajudar.
_Ficando de fora você está me ajudando.
_De fora do que?
_Isso não importa pra você.
_Claro que me importa. Eu estive com você em todos os momentos difíceis nestes últimos meses. Quando você estava doente, achando que iria morrer, eu estava lá pra te animar, segurando a sua mão no hospital antes de você ir pra outra seção de quimioterapia. Eu estava lá quando você precisou. Você esteve comigo quando o Murilo me traiu, você me ajudou a amenizar a dor. Nós estivemos sempre juntos, como bons amigos. E agora, eu não posso ignorar você. Alguma coisa está errada, e você tem que me contar. Você me deve isso. Sabe por que? Por que os amigos servem pra isso! É simples, não importa o que seja, tenho certeza que eu posso te ajudar a encontrar uma solução.
O soltei, e fiquei esperando por uma resposta. Mas ao invés disso, ele se levantou, colocou as mãos em meus ombros, olhou em meus olhos e disse:
_Eu não estou pronto. Você não vai aprovar o que eu fiz, mas não te culpo por isso.
Dito isso, foi saindo do local.
_Se você não voltar aqui e me dizer o que está acontecendo, é melhor ficar longe de mim. E também do meu irmão.
Ele parou, e ainda de costas para mim, apenas sussurrou:
_Entendido.
Foi alto o suficiente para que eu pudesse ouvir, ao passo que o impacto dessa atitude dele sobre mim foi devastador.
Ver ele saindo, chorando e sofrendo era ainda pior do que ser rejeitado. Nós éramos grandes amigos, mas eu precisava ser firme quanto as minhas palavras.
Esperei um tempo e me dirigi até meu carro. Ao dar a partida, meu celular tocou. Era um número desconhecido, e ao atender, fiquei esperando que a pessoa se pronunciasse. Sem resposta, desliguei o celular e fui pra casa.
Chegando lá, encontrei o Murilo e o Matheus assistindo TV.
_Murilo, será que você poderia sair. Preciso conversar com o meu irmão.
_Claro.
Ele passou por mim, me deu um abraço e saiu.
_O que foi? Você brigou com o Victor?
_Mais ou menos.
_Por que você fez isso? Eu já te disse que eu quis ficar com ele!
_Nem chegamos a falar sobre isso. Brigamos por outras coisas. E é por isso que, você vai embora ainda hoje.
_O que?
_Tá surdo?!
_Rafael, você só pode estar brincando. O que você fez? O que você está fazendo?
_Sem perguntas. Arrume suas coisas. No próximo ônibus, eu te mando pra casa.
_Não!
_Não discuta, apenas obedeça.
_Se não foi por mim que vocês brigaram, por que você está me mandando embora?
_Por que eu não quero que você fique perto dele.
_Por que?
_Ele está com alguns problemas, e não quer me contar. Mas eu tenho uma noção do que seja, e por isso não quero que você fique perto dele.
_Eu não vou embora.
_Independentemente disse, ele não vai se aproximar de você. Ele mesmo concordou com isso.
_O que está acontecendo? O que ele fez? O que você está acontecendo?
_O problema é esse! Eu não sei! Não ao certo. Por isso, o Victor merece um gelo. Isso inclui você. Por isso, vá para casa.
_Eu não vou. Eu quero conversar com ele.
_Impossível.
_Eu vou agora.
_Como se fosse possível você passar por mim.
_Rafael, o que é isso? Eu só quero conversar com ele.
_E eu já disse não.
_Pare de ser mandão!
_Pare de ser mimado. Dessa vez sua lábia não vai funcionar. Não pense que eu levei numa boa o fato de você ter transado com ele! Agora, acho bom você arrumar suas coisas e partir.
_Por que você está descontando em mim a briga que teve com ele? Eu não tenho nada a ver.
_Realmente. Por isso você vai embora.
_Rafael...
_Matheus, AGORA!
Ele foi para o quarto. Meia hora depois, voltou com suas coisas arrumadas e com a cara emburrada.
O Murilo me acompanhou até o terminal. Ao ver meu irmão embarcar, sem se despedir de mim (compreensível), contei tudo ao Murilo, que até então estava sem entender nada. Ele não me deu razão, mas não discutiu.
Quando cheguei em casa, liguei para minha mãe para dizer que o Matheus estava retornando. Ela quis saber o porquê, já que ainda era segunda-feira, e inicialmente ele iria voltar apenas na quarta. Dei qualquer desculpa.
Naquela noite, mesmo estando um pouco nervoso com tudo, fiquei namorando no sofá. Já fazia algum tempo desde que o Murilo e eu tivesse a oportunidade de ter um momento mais íntimo. As mãos bobas foram invitáveis, e em pouco tempo eu já estava arrancando toda a roupa dele.
Ao percorrer seu corpo com minhas mãos, notei que já estava com saudade daquilo. Nos últimos dias, o sexo não estava tendo seu tempo.
Neste momento, nossas vontades sobressaíram-se. Em pouco tempo ele já tinha me despido também, e assim nossos corpos nus fundiram-se num só, cada um entregando-se ao outro como se fosse nossa primeira vez.
Enquanto estávamos transando, o tesão chegou ao ápice, e depois que ambos chegaram ao orgasmo, o suor nos obrigou a ir tomar um bom banho.
No banho, “brincamos” mais um pouco.
Após esse momento, já quase na hora de dormir, minha mãe ligou preocupada, alegando que meu irmão não tinha ligado para ela ir o buscar no terminal.
_... depois disso, eu fui até o terminal procurar por ele. Mas ele não estava lá. Eu ligo pra ele, mas só dá na caixa de mensagens. Eu estou preocupada já. Seu pai desconfia que ele pegou outro ônibus, e que está voltando para aí. Rafael, vá investigar isso por favor. Ache o seu irmão.
_Claro mãe. Se ele está votando para cá, dentro de uma hora, no máximo, ele irá desembarcar.
Conversamos mais um pouco, então eu o Murilo fomos até o terminal esperar por ele. Eu tinha certeza de que ele tinha pegado outro ônibus, por isso não estava tão preocupado.
Esperamos um pouco até que o ônibus chegou. Porém, meu irmão não estava nele. Foi então que eu me desesperei. Mas o Murilo lembrou que aquele ônibus tinha uma parada antes de chegar ao terminal. Fomos até o ponto, mas ele não estava lá. Tentava ligar mas ele havia desligado o celular. Liguei para o Victor.
_Eu sei que ele está aí.
_Está.
_Eu vou busca-lo agora mesmo.
_Eu sei.
Chegando na casa do Victor, os avistei sentados na varanda da casa me esperando. Lá o Matheus me contou que ele nem chegou ir até a cidade dos meus pais. No primeiro ponto após o embarque, ele desceu e pegou um taxi, indo direto para a casa do Victor.
_E porque você não me ligou? – eu disse, já irritado com o Victor – pensei ter sido claro em nossa última conversa. Quando ele apareceu aqui, você deveria ter me comunicado.
_Eu insisti para que ele não fizesse isso – disse o Matheus se intrometendo – eu apenas queria conversar. Agora, se você quiser, podemos ir embora, e amanhã logo cedo, eu volto pra casa.
Saímos de lá. Já em casa, o Matheus foi dormir rapidamente. Ele não queria levar bronca. Por hora deixei barato, mas aquilo não iria ficar assim. Liguei pros meus pais para tranquiliza-los, e depois fui conversar com o Murilo.
_Murilo, amanhã eu vou levar o Matheus pra casa.
_Vai perder aula de novo?
_Não tenho escolha. Mas antes do período da tarde eu já vou estar de volta.
_O que exatamente você está indo fazer na casa dos seus pais? Apenas levar seu irmão ou algo a mais?
_Algo a mais.
_Cuidado com o que você vai fazer lá!
_Eu sei. Mas eu não vou fazer nada. Meu irmão é que vai.
_Você não pode forçar ele a dizer nada pros seus pais. Ele não fez isso com você.
_Eu sei e não vou fazer isso. Mas ele é que vai contar.
_Você não pode pressionar! Isso é errado.
_Conhecendo o Matheus, ele vai acabar ficando nervoso por mim estar lá, cara a cara com nossos pais, e vai contar por livre e espontânea pressão. Eu sei que não é muito certo, porém ele acabou transando com um cara bem mais velho, e uma hora ele vai ter que contar isso.
_E se ele não abrir o bico?
_É uma possibilidade. Mas nesse caso, eu vou voltar pra casa sem dizer nada também.
_Você acha mesmo que ele vai contar?
_Talvez não. Até porque ele nem sabe direito o que está acontecendo. Foi a primeira vez que ele saiu com um cara. Mesmo assim, eu vou estar lá pro caso de ele querer contar.
_Eu acho que ele não vai querer dizer nada. Não por enquanto.
_Você tem razão. Mesmo assim, eu vou levar ele.
No outro dia, quando avisei ao Matheus que eu iria leva-lo até a casa dos nossos pais, ele ficou nervoso, dizendo que não precisava, que não iria fugir de novo etc. Porém, minha decisão estava tomada. Antes das 8 da manhã, já estávamos na estrada.
....
Pessoal, eu queria agradecer a vocês por terem recebido essa história de braços abertos. Ontem recebi um e-mail de um leitor avisando que um dos capítulos estava no ranking do site. Uma coisa muito bacana para mim.
Abraço a todos, e até a próxima.