Sala 22, ainda me lembro com clareza. Nossos nicksnames eram, no mínimo, fora de moda para os dias de hoje... Mas o que não se perdeu no tempo foram as lembranças e as reações que elas ainda me causam quando me lembro daquela vez.
Trocamos a primeira foto e ela me disse: "Sou casada! E com um homem! Ainda quer teclar?" Confesso que aquilo mexeu comigo... Fiquei brava pela situação e ao mesmo tempo, atraída pelo desafio. "Sim!" E eu sabia que iria tê-la em meus braços. O que senti ultrapassou minhas pretensões.
Ela tinha muita grana. Eu não. Morávamos em estados diferentes. E sabe? Eu estava adorando o desafio!
O marido era um cara ausente, desses que subestima a mulher e viaja muito a trabalho. Que ele me desculpe, pensava com um meio sorriso no rosto, mas não me chamo Julia se ela não vier pra mim.
Trocamos mensagens, emails, webcams, telefones... Ela nunca tinha tocado uma mulher! Dor de cabeça para alguns e absurdamente instigante para outros... Eu me encaixava na segunda opção.
Procurei deixá-la à vontade em nossas conversas e era inevitável falar sobre sexo. Eu a provocava... Ela se rendia. A curiosidade aumentava. Nossos corpos se queriam. Criamos um vinculo tão forte que ela veio me ver...
Combinou um hotel incrível e lá fui eu... Tremia de nervoso, mas não podia recuar... Foram quatro meses de conversas diárias... Vontades e mistérios prestes a serem revelados... A hora estava para acontecer.
Subi o elevador e bati na porta do quarto no fim do corredor.
Silêncio. Segundos infinitos e passos. A porta se abriu. Ela estava lá. E eu também. Palavras nos faltaram junto com a respiração que ficou presa num abraço sem fim.
Priscila era branquinha, de uma pele muito alva que contrastava com seus longos cabelos avermelhados. Não era magra, mas não tinha barriga, seios médios e uma bunda proporcional. Cara de mulher meio estrangeira. Um ar internacional. Um perfume absolutamente envolvente. Requintada e simples ao mesmo tempo. Olhar penetrante e mãos lindas.
Eu... Sempre fui meio menino com meus cabelos curtos, ao estilo rock'n roll levava a vida com minhas tatuagens e meu sorriso largo. Faço o tipo mignon de olhos castanhos.
Nosso abraço durou meses até acreditarmos que estávamos ali.
Nossos olhos se cruzaram e, silenciosamente, nos beijamos.
Foi um beijo lento de quem se reconhece... Nossas línguas procuravam nossas identidades perdidas. Eu a pressionava contra meu corpo. Nosso beijo encorpado que esquentava a alma. Era a primeira vez dela. Era a nossa primeira vez.