Capítulo 6.
Takeshi e Satoru Sato estavam em uma de suas visitas as cavernas, que ficavam logo depois do rio, virando para a esquerda passando pela parte negra da floresta. Aonde nenhum homem ou Nefilim ia. Takeshi naturalmente ia à frente com seu lampião iluminando o caminho estreito. Depois de um tempo ele iluminou uma figura na parede e disse:
— Vê como a civilização antiga era parecida com a nossa? Por isso como Oyabun da Fujiwara tenho que tomar cuidado para que não aconteça o mesmo com o nosso povo.
Deixe-me esclarecer sobre o que Oyabun falava. Ele relatava a história da antiga civilização no primeiro dia que Satoru entrou nas cavernas. Contou ao filho como os homens destruíram o mundo criado por Buda e com louvor contou sobre a fúria que Buda sentiu e abriu os portões do inferno libertando os demônios, que mais tarde quase destruíram o mundo dos homens, ou o que restou dele. Mas é claro, os nefilins conseguiram salvar os de sua espécie e alguns homens bons, fugindo para o norte e formando um poderoso exercito que conseguiu mandar os demônios para o lugar de onde vieram. Depois disso alguns clãs voltaram para a destruição, todavia, nefilins sábios. Com os ancestrais de Satoru, não voltaram. Ao invés disso construíram uma nova civilização, cortando todo e qualquer contato com a civilização antiga. Antes mesmo que antiga civilização se erguer da batalha contra os demônios, foram enganados pelos egoístas anjos caídos e lutaram entre si (para ficar com maior território). Por fim, todos os homens e nefilins foram enganados pelos anjos e acabaram sendo destruídos pelo próprio Buda.
— Está escrito nas escrituras sagras — contava Oyabun com um animo de uma criança, que ouvia contos de Samurais, antes de dormir. — Que se esse mesmo mal crescer dentre os vilarejos, e dentro do nosso próprio clã, os demônios voltaram e iram terminar o que começaram a mais de mil anos.
Eles andaram por alguns quilômetros e acharam uma grande estátua de ouro, cercada por tochas. Mais perto da estátua havia velas do mesmo tom dourado, em vários formatos. O fogo dançava conforme os monges caminhavam pelo local, fazendo reverencias ao Oyabun e a estátua de Buda. Demorou, para Satoru perceber que foram colocadas três estátuas de anjos nos cantos da caverna.
— Foi à vontade de Buda termos um anjo entre nós — disse alguém que passou atrás de Satoru. Ele não teve tempo de se virar e ver quem era.
Uma das estátuas estavam de costas, era de mármore liso que refletia a luz das tochas. As luzes mostravam que era um corpo masculino definido e nu. A bunda tinha um volume grande e a luz se fez mais nela.
— Todos estão comemorando sua transformação — disse Takeshi depois que todos saíram. Este se sentou em um pequeno monte (parecia um tecido de algodão, cor vermelha) e fez um sinal para que o filho fizesse o mesmo.
— Achei que eu não deveria contar para ninguém sobre o que aconteceu — resmungou Satoru se sentando sobre as pernas.
— Você não pode contar — essas foram as ultimas palavras de Takeshi. Depois ficaram horas e horas seguidas na mesma posição. Sem água ou comida, apenas rezavam para a estátua de Buda.
Cinco horas depois Satoru chegou ao descampado. O sol já era uma pequena bola no horizonte. Jun'Ichi apareceu de trás de uma árvore e correu de encontro ao amigo. Naturalmente o abraçou.
— Pare! — ordenou Satoru lhe dando um soco em cima da cabeça.
— Ai! Eu espero você o dia todo e não posso nem lhe abraçar — resmungou Jun'Ichi caindo na relva.
— Está bem — desistiu Satoru caindo ao lado do menor e o puxou para junto do seu corpo. Colocou a cabeça negra entre os músculos e o balançou. — Feche os olhos — pediu Satoru com uma voz calma.
Obedecendo, Jun'Ichi suspirou fundo. Depois de um “já pode abrir”, sussurrado em seu ouvido, ele ficou de boca aberta.
O descampado havia mudado. A relva selvagem sumira e em seu lugar se encontrava lindas flores selvagens. Nas extremidades, ele viu como acontecia, era como mágica, a relva caia e logo depois apareciam às flores. Das mais variadas cores e tamanhos. O cheiro logo ficou muito doce e tranquilo. Jun'Ichi então descobriu que aquele lugar poderia ser melhor do que fora ontem à tarde.
— Meu pai me ensinou a usar meus novos talentos. Há muitas outras coisas que sei fazer. Mas se descobrirem que um humano presenciou tal ato, eles lhe executam — de repente a alegria pareceu deixar o corpo de Jun'Ichi. Sua espinha estremeceu, pois sabia que era verdade, seria morto se soubessem que andou vendo coisas de mais.
— Podem fazer o que quiser, mas não vão conseguir me tirar de perto de você — disse ele tentando sorrir. Não precisou de muito esforço, estava no meio dos braços de Satoru e foi fácil leva-lo para baixo e ficar em cima dele. Olhou as flores, cheirosas. Segurou o lábio inferior de Satoru entre os dentes. Depois o superior, logo e deliberadamente, estavam se beijando.
— Acho que se souberem que andou maculando o único anjo que apareceu há mais de mil anos. Também vão tentar matar você — murmurou Satoru pensando na segurança do amigo.
— Eu sei disso — começou Jun'Ichi. —, ontem à noite fiquei pensando que estava beijando um anjo. Uma criatura dos céus, eu deveria pedir coisas a você e só toca-lo com sua permissão. Sou muito inferior a você.
— Nunca mais diga isso. Eu gosto de você e somos iguais.
Sem perder mais tempo. Os dois se beijaram outra vez.
Azami chegou à casa central do clã Fujiwara minutos antes do sol se pôr. Ela iria mostrar a foto que tirara na tarde passada para o pai de Satoru, pensando que ele iria proibir o relacionamento entre os dois amigos e assim o caminho estaria livre para ela e Jun'Ichi.
Mas estava enganada!
Quando viu a imagem sendo projetada em sua frente, Takeshi precisou de alguns segundos para confirmar que era o filho. Após ter certeza disso mandou Azami esperar em outra sala. Claro que antes perguntou se mais alguém tinha visto a foto, ela negou e saiu. Takeshi chamou dois nefilins fortes e impiedosos. Cada um recebeu uma ordem. O primeiro deveria fazer o seguinte: levar Azami até a floresta negra e mata-la, depois destruir a imagem. O segundo recebeu uma ordem parecida: encontrar Jun'Ichi e mata-lo sem hesitar.
— Já está tarde Azami-san e uma nobre como você não deve andar por essa floresta sozinha. Ainda mais depois do que me mostrou. Kin-san — gritou Oyabun pelo homem que mandara levar Azami para a floresta negra. O Nefilim fez um movimento com a cabeça ao parar ao lado dos dois. — Sele dois cavalos bons e ligeiros, e acompanhe Azami-san até sua casa.
— Ouvir e obedecer — disse o homem fazendo uma reverencia e saindo rapidamente.
Sem saber do perigo que corria, Azami partiu na escuridão da noite acompanhada por seu carrasco.
Enquanto isso o segundo homem já estava longe dali em seu cavalo. O descampado não era tão longe, o cavalo nem ao menos se cansou.
Jun'Ichi estava esperando Satoru tomar água no rio. Mal percebeu o assassino chegar por trás. O homem já estava com a mão em sua boca, quando Jun'Ichi tentou gritar.
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Redenção do amor... http://www.casadoscontos.com.br/texto/